Aula+2 Camagni intro

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Economia Urbana
Aula 2: /introdução Camagni
é possível teorizar sobre as cidades? Mesmo que limitada a categorias históricas?
o economista trabalha com um nível de abstração maior que o geógrafo e o sociólogo. Tenta buscar padrões sobre a estrutura interna e funcionamento das cidades;
o risco da urban economics continuar uma aplicação dos princípios da economia ao objeto cidade, "mais do que uma análise do urbano como paradigma interpretativo da realidade, como modelo original de organização das atividades econômicas e do trabalho social“;
Elementos importantes ficam de fora. Ex: raramente a terra urbana foi teorizada na sua especificidade, separada dos outros fatores de produção;
a contradição entre cidade e campo, geralmente é deixada de lado nas reflexões:
é o "motor da História": subordinação do indivíduo à divisão do trabalho, a uma atividade que lhe é imposta
a oposição cidade campo aparece também no trabalho de vários filósofos e sociólogos: Ex. Weber: "O ar das cidades nos faz livres”
mas como fazer a passagem da cidade como simples objeto de investigação econômica, para uma categoria econômico-espacial autônoma?
A cidade e as representações da cidade
Considerando a economia urbana como uma ciência social, seria enganoso buscar um só princípio unificador. 
É necessária a integração coerente de princípios distintos.
 Por outro lado, a pouca profundida das análises econômicas sobre a cidade constitui também algumas vantagens: 
1) usar a economia como um método de investigação e análise, mais do que um corpo disciplinar fechado de axiomas e teoremas.
Ex: estudar a cidade como fenômeno relevante do ponto de vista da produção e distribuição de renda. ("as naturezas e as causas da riqueza"), evitando o foco neoclássico na eficiência alocativa
2) incentiva o pesquisador a descobrir "fragmentos de reflexão teórica" nos grandes autores da economia;
3) permite usar criticamente representações e metáforas usadas em outras disciplinas, mas com o enfoque econômico;
o economista se sente à vontade com algumas metáforas, como as metáforas funcionalistas, que tratam a cidade como um simples cenário (retirando relevância teórica das variáveis espaciais);
e as metáforas orgânicas? focadas nas leis internas..
A Divisão social do trabalho:
imaginar um astronauta, o que lhe chamaria a atenção? 
diferenças morfológicas, mas também funcionais...(ex na exploração direta do solo)
1) como alguém pode viver sem trabalhar a terra?
forças produtivas na agricultura e surgimento das cidades;
a relação cidade-campo é um princípio de identificação
mas como se dá a transferência de excedente agrícola do campo para a cidade?
1) através de um ato de força e domínio;
2) através da fixação coercitiva dos preços relativos (campo X cidade);
3) através do mercado;
Em 3), a relação seria puramente competitiva?
R: Que produtores tem maiores possibilidades de impor preços?
nas funções diretivas, as vantagens da aglomeração ficam ainda mais claras, favorecendo o controle territorial
ocorre também uma diferenciação entre trabalho manual e trabalho intelectual
Em termos econômicos, o poder territorial pode ser entendido como: 
1) o controle sobre a distribuição territorial da renda;
2) discricionariedade sobre o controle da técnica e ritmo de introdução do progresso técnico, influenciando na própria distribuição de renda
o diferencial (vantagem comparativa) da cidade:
1) espaço de localização de atividade produtivas;
2) espaço de controle sobre a divisão social do trabalho;
3) espaço de controle sobre a distribuição da renda;
mas tb há vantagens para o campo...
haverá uma " vingança do campo"?
o controle territorial não pode se sustentar apenas em meras relações de poder: precisa se apoiar uma funcionalidade reconhecida e aceita;
A cidade como sistema:
a cidade como sistema: também pode ser representada como um complexo de relações internas entre elementos individuais;
Ex: modelos baseados no princípio de acessibilidade. Ex: localização, áreas de mercado, fluxos de transporte;
Várias analogias com ciências: sistemas de fluxos, campo de forças gravitacionais, sistema vivo, etc
o economista geralmente se sente confortável com esses modelos...
biologia: abertura, finalidade, diversidade, autoreprodução;
a metáfora cibernética: a cidade dos fluxos. Não só comunicação, mas também controle, cooperação e coordenação. Poder não desaparece.
nível máximo de abstração e desterritorialização: a fricção do espaço é superada. O espaço contínuo (e seus conceitos tradicionais) perde importância, superado pela dicotomia: estar ou não em rede;
Próximos passos...
o princípio da aglomeração: por que existe a cidade?
o princípio da acessibilidade: onde, na cidade?
o princípio da hierarquia: quais e quantas cidades?
autores clássicos econômicos: Marshall (aglomeração), Schumpeter (inovação) e Marx (controle econômico)