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SUA PETIÇÃO S4 PENAL fazer

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Direito Penal
SEÇÃO 4
SUA PETIÇÃO
Seção 4
Direito Penal
Sua causa!
Olá operadores do Direito! 
Em primeiro lugar, você, caro aluno, merece, mais uma vez, 
nossos cumprimentos. Afi nal, suas contrarrazões foram 
fundamentais para que o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, 
à unanimidade dos votos, negasse provimento ao recurso em 
sentido estrito interposto pelo Ministério Público, mantendo a 
rejeição da denúncia em relação à imputação de associação 
criminosa (art. 288 do CP). 
Assim, a denúncia permanece recebida apenas em relação ao 
delito de corrupção passiva (artigo 317 do CP). Mas, para que 
você não se esqueça, segue a denúncia anteriormente oferecida: 
“Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca 
de Conceição do Agreste/CE
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ, por 
meio de seu Órgão de Execução infra-assinado, vem, 
perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 129, 
inciso I da Constituição Federal, c/c art. 41 do Código 
de Processo Penal, e com base no incluso Inquérito 
Policial, oferecer DENÚNCIA em desfavor de:
JOÃO SANTOS, vulgo “João do Açougue”, 
(nacionalidade), (estado civil), vereador, (naturalidade), 
(data de nascimento), (número de identidade e CPF), 
residente e domiciliado à (endereço);
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NPJ – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA VIRTUAL
DIREITO PENAL - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 4
FERNANDO CAETANO, (nacionalidade), (estado 
civil), vereador, (naturalidade), (data de nascimento), 
(número de identidade e CPF), residente e domiciliado 
à (endereço);
MARIA DO ROSÁRIO, (nacionalidade), (estado civil), 
vereadora, (naturalidade), (data de nascimento), 
(número de identidade e CPF), residente e domiciliada 
à (endereço);
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, vulgo “Zé da Farmácia”, 
(nacionalidade), (estado civil), vereador, (naturalidade), 
(data de nascimento), (número de identidade e CPF), 
residente e domiciliado à (endereço), pela prática do 
fato delituoso a seguir exposto: 
Em primeiro lugar, cumpre ressaltar que os denunciados, 
sob a liderança do acusado José Percival da Silva (Zé 
da Farmácia, Presidente da Câmara dos Vereadores 
e liderança política do Município), valendo-se da 
qualidade de vereadores do Município, associaram-
se em unidade de desígnios, com o fim específico de 
cometer crimes. 
E, dentro deste propósito, no dia 3 de fevereiro de 2018, 
na sede da Câmara dos Vereadores desta Comarca, 
durante uma reunião da Comissão de Finanças e 
Contratos da Câmara, exigiram do Sr. Paulo Matos, 
empresário sócio de uma empresa interessada em 
participar das contratações a serem realizadas pela 
Câmara de Vereadores, o pagamento de R$ 100.000,00 
(cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar 
de um procedimento licitatório que estava agendado 
para o dia seguinte.
Desse modo, como a mera solicitação de vantagem 
indevida já configura o crime de corrupção passiva, a 
discussão sobre a (i) legalidade da prisão em flagrante 
realizada é irrelevante para a configuração do delito. 
Ante o exposto, estão os denunciados incursos nas iras 
dos artigos 288 e 317, na forma do art. 69, todos do 
Código Penal. 
Pelo que requer o Ministério Público, seja recebida a 
presente denúncia, com a consequente citação dos réus 
para apresentarem defesa no prazo legal, designando-
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
se em seguida audiência de instrução, para que ao 
final sejam condenados pela prática dos supracitados 
crimes.
Apresenta-se o competente rol de testemunhas, 
requerendo sua intimação para oitiva em juízo: 
1 - Paulo Matos, endereço.
(LOCAL), (DATA)
NOME DO PROMOTOR
PROMOTOR DE JUSTIÇA ” 
Contudo, assim que os autos retornaram da instância superior, 
o Promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do 
Agreste/CE, juntou aos autos e anexou à referida denúncia, um 
Termo de Colaboração Premiada firmado entre o Ministério 
Público do Estado do Ceará e o então acusado João Santos. 
Neste termo, o acusado-colaborador João Santos, em 
depoimento prestado ao Ministério Público do Estado do Ceará, 
acompanhado de sua esposa, a dona de casa Laura Santos, em 
troca de uma futura redução em sua pena, admite a prática 
do crime de corrupção passiva que teve como vítima o Sr. 
Paulo Matos, afirmando que a exigência do pagamento partiu, 
exclusivamente, do acusado Zé da Farmácia, autor intelectual 
da referida conduta criminosa.
Ao ser pessoalmente citado pelo Oficial de Justiça, Zé da 
Farmácia, surpreendido com a delação premiada de João Santos, 
faz contato imediato com seu escritório, muito preocupado 
com essa “novidade” e questionando o que poderá ser alegado 
em sua defesa.
Considerando o caso prático que lhe foi submetido, e uma vez 
tendo sido citado por ocasião do recebimento de denúncia, cabe 
a você, caro aluno, traçar a estratégia defensiva que satisfaça os 
interesses do seu cliente. 
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
ADVOGADO: Qual a peça defensiva a ser elaborada? 
Quais as teses as serem arguidas? Considerando que Zé 
da Farmácia foi citado em 04 de setembro de 2017, date 
sua peça com o último dia do prazo.
Fundamentando!
Relembrando as aulas de processo penal, sabemos que a citação 
é o ato processual que tem por fi nalidade o chamamento do réu 
ao processo, para tomar conhecimento do teor da acusação, 
bem como para oportunizar, desde já, o pleno exercício da 
garantia constitucional da ampla defesa, nos termos do artigo 
5º, LV da CR/1988.
Já o CPP, nos artigos 396 e 396-A do CPP (procedimento 
ordinário), prevê o seguinte:
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou 
queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação 
do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o 
que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justifi cações, especifi car 
as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualifi cando-as e requerendo 
sua intimação, quando necessário.
Como já é sabido, existe a preocupação de não se antecipar as 
teses defensivas de mérito, uma vez que estas serão debatidas 
após a fase de instrução, sob pena de se prejudicar o réu. Contudo, 
como nosso foco neste projeto é exclusivamente acadêmico, 
direcionado integralmente à preparação para o exame da OAB, 
seremos fi éis ao texto legal. 
Assim, você, enquanto advogado(a) contratado(a) para defender 
os interesses de Zé da Farmácia, deve, desde já, alegar todas as 
Fonte: Código de Processo Penal (Decreto-Lei n° 3.689, de 3 de outubro de 1941).
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
teses que possam, de alguma forma, beneficiar seu cliente. Afinal, 
nosso objetivo aqui é treiná-lo da forma mais eficaz possível.
Como em qualquer outra peça, é fundamental o cuidado com sua 
estrutura lógica, composta de narração dos fatos, fundamentos 
jurídicos (questões preliminares e teses de mérito), requerimento 
de provas a serem produzidas (em especial, rol de testemunhas) 
e pedido.
Assim, antes de analisar as possíveis teses de mérito, deve-se 
analisar a existência de questões processuais que deverão ser 
arguidas em sede preliminar. 
Para isso, é preciso, em primeiro lugar, estar atento às regras de 
competência, para saber se a ação foi proposta perante o Juízo 
correto. Para tanto, deve-se observar o que diz nossa Constituição 
Federal no art. 5º, incisos XXXVII e XXXVIII, além do previsto no 
Código de Processo Penal em seus artigos 69 a 91 (em especial 
o art. 74) e 394.
Em seguida, deve-se analisar a necessidade de arguir alguma 
das exceções previstas no Código de Processo Penal. Para isso, 
cumpre a verificação do disposto nos artigos 95 a 111 do CPP.
Logo após, é necessária a análise da existência de alguma nulidade 
ocorrida emtodo o procedimento até então realizado, nos termos 
dos artigos 563 a 573 do CPP. 
Esgotadas as questões preliminares (processuais), passa-se à 
análise das teses de mérito, que são aquelas que se referem ao 
fato supostamente criminoso imputado ao réu. Nos crimes de 
procedimento ordinário e sumário, a arguição destas teses neste 
momento processual é fundamental, por cauda da possibilidade 
de absolvição sumária do réu, caso algumas das hipóteses do 
artigo 397 do CPP esteja presente: 
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste 
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, 
salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente.
Fonte: BRASIL, 1941.
Além destas, por se tratar de preparação para o Exame da OAB, e 
considerando que o artigo 396-A do CPP fala expressamente em 
“alegar tudo o que interesse a sua defesa”, você deverá explorar 
qualquer outra tese de mérito que vier a beneficiar seu cliente. 
Para tanto, deve-se analisar se o fato existiu; se a classificação do 
crime está correta; se existem provas de autoria e materialidade, 
dentre outras questões. 
No caso em exame, Zé da Farmácia foi denunciado pela suposta 
prática do delito previsto no art. 317 do Código Penal: 
“Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem 
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”
Fonte: BRASIL, 1941.
Desta forma, em se tratando de imputação de crime contra o 
patrimônio, torna-se indispensável que você, caro advogado, 
faça uma análise detalhada acerca do crime de corrupção passiva 
e suas particularidades.
Além disso, você deve revisitar o instituto da colaboração premiada, 
utilizada pelo Ministério Público para incriminar seu cliente. 
Como é sabido, a colaboração premiada pode ser conceituada 
como uma técnica especial de investigação por meio da qual o 
coautor e/ou partícipe da infração penal, além de confessar seu 
envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis 
pela persecução penal informações objetivamente eficazes para 
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
a consecução de um dos objetivos previstos em lei, recebendo, 
em contrapartida, determinado prêmio legal1.
Deste modo, caracteriza-se a colaboração como um meio de 
obtenção de prova em que um prêmio é dado a um autor que 
colabora voluntária e efetivamente para o esclarecimento de um 
determinado fato criminoso.
Embora a doutrina majoritária considere sinônimas as expressões 
“delação premiada” e “colaboração premiada”, há uma corrente 
que as considera diversas.
Segundo essa corrente, liderada pelo Prof. Renato Brasileiro 
(2014), a delação premiada exige a revelação de algum coautor, 
enquanto a colaboração premiada é mais ampla e abrange 
diversas formas de colaboração sem que necessariamente haja 
uma delação2.
Entretanto, como nosso objetivo aqui é prepara-lo para o 
Exame da OAB, vamos adotar a corrente majoritária, tratando, 
portanto, delação premiada e colaboração premiada como 
institutos sinônimos. 
E tais institutos encontram-se atualmente previstos nos artigos 4º 
a 7º da Lei n.º 12.850/2013: 
Da colaboração premiada
Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, 
reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por 
restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente 
com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração 
advenha um ou mais dos seguintes resultados:
1 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: 
JusPODIVM, 2014, p. 728-729. 
2 Idem, p. 729-730. 
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa 
e das infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização 
criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização 
criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações 
penais praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
§ 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a 
personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a 
repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, 
a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, 
com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar 
ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse 
benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que 
couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código 
de Processo Penal).
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao 
colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual 
período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-
se o respectivo prazo prescricional.
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de 
oferecer denúncia se o colaborador:
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida 
até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os 
requisitos objetivos.
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a 
formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de 
polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, 
ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado 
e seu defensor.
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo, acompanhado 
das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao 
juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e 
voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na 
presença de seu defensor.
§ 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos 
requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
§ 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre 
acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério 
Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações.
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas 
autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas 
exclusivamente em seu desfavor.
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o 
colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por 
iniciativa da autoridade judicial.
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos 
meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, 
inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença 
de seu defensor, aodireito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal 
de dizer a verdade.
§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, 
o colaborador deverá estar assistido por defensor.
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento 
apenas nas declarações de agente colaborador.
Art. 5º São direitos do colaborador:
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica;
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados;
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes;
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser 
fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou 
condenados.
Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por 
escrito e conter:
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia;
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de 
polícia, do colaborador e de seu defensor;
V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, 
quando necessário.
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, 
contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o 
seu objeto.
§ 1º As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas 
diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 
(quarenta e oito) horas.
§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado 
de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-
se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos 
de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente 
precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em 
andamento.
§ 3º O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que 
recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5º.
Fonte: BRASIL, 1941.
Ademais, não se pode esquecer de requerer a produção de todas 
as provas em direito admitidas e aplicáveis ao caso (testemunhal, 
pericial, documental, etc). Por fim, nos termos do artigo 396-A do 
CPP, o arrolamento das testemunhas é obrigatório deste ato, sob 
pena de preclusão.
Por fim, com relação aos requerimentos, deve-se atentar para que 
todas as teses arguidas ao longo da peça tenham sido reiteradas 
no pedido final, sob pena de inépcia da mesma. 
No tocante à data da peça, vale analisar o disposto no art. 
798 do CPP.
Observe o quadro a seguir com uma síntese dos 
fundamentos legais: 
Resposta à acusação no 
procedimento comum
Arts. 396 e 396-A do CPP.
Competência 
Art. 5º, incisos XXXVII e 
XXXVIII da CF/88 e arts. 69 a 
91 e 394 do CPP.
Exceções Arts. 95 a 111 do CPP
Nulidades Arts. 563 a 573 do CPP.
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
Hipóteses de absolvição 
sumária no procedimento 
comum
Art. 397 do CPP.
Crime de corrupção passiva Art. 317 do CP.
Colaboração premiada
Arts. 4º a 7º da Lei n.º 
12.850/13
Fonte: elaborado pelo autor.
Com todos os elementos fornecidos, vocês agora já estão 
aptos a elaborar a resposta à acusação, adequada à defesa do 
Zé da Farmácia? 
Mãos à obra!
PRIMEIRA FASE! 
Questão 01
Texto-base: Marcos, acusado de participar de organização 
criminosa, procura o Ministério Público, interessado em celebrar 
acordo de delação premiada. Uma vez, celebrado o acordo, este 
foi submetido à apreciação do juiz competente, nos termos do 
art. 4º da Lei n.º 12.850/2013.
Enunciado: São resultados que condicionam a aplicação do 
benefício da colaboração, EXCETO: 
a) A identificação dos demais coautores e partícipes da 
organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas.
b) A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da 
organização criminosa.
c) A prevenção de infrações penais decorrentes das atividades 
da organização criminosa.
d) A recuperação parcial do produto ou do proveito das 
infrações penais praticadas pela organização criminosa.
e) A localização de eventual vítima com a sua integridade física 
preservada.
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Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
Resposta: LETRA D. 
Comentário: Artigo 4º, IV da Lei n.º 12.850/2013 – “a recuperação 
total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais 
praticadas pela organização criminosa.” 
Questão 02
Texto-base: A lei n.º 12.850/2013 define organização criminosa 
e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção de 
prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Dentre 
os meios de obtenção de prova, permite a colaboração premiada. 
Enunciado: Nos termos do art. 5º da Lei n.º 12.850/2013, são 
direitos do colaborador, EXCETO: 
a) Usufruir das medidas de proteção previstas na legislação 
específica.
b) Ter nome, qualificação, imagem e demais informações 
pessoais divulgadas.
c) Ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores 
e partícipes.
d) Participar das audiências sem contato visual com os outros 
acusados.
e) Cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais 
corréus ou condenados.
Resposta: LETRA B. 
Comentário: Artigo 5º, II da Lei n.º 12.850/2013 – “ter 
nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais 
preservados.” 
1313
Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ 
Vamos peticionar!
Você já sabe que qualquer peça começa pelo endereçamento, 
que, obviamente, não pode estar errado.
Conforme dito anteriormente, devemos nos atentar aqui às 
regras de competência. Deste modo, sugere-se analisar a 
Constituição Federal no art. 5º, incisos XXXVII e XXXVIII, bem 
como o Código de Processo Penal em seus artigos 69 a 91 (em 
especial o art. 74) e 394.
Como em qualquer outra peça, é fundamental o cuidado com sua 
estrutura lógica, composta de narração dos fatos, fundamentos 
jurídicos (questões preliminares e teses de mérito), requerimento 
de provas a serem produzidas (em especial, rol de testemunhas) 
e pedidos.
Sobre as provas, não se pode esquecer de requerer a produção 
de todas as provas em direito admitidas e aplicáveis ao caso 
(testemunhal, pericial, documental, etc.). 
Além disso, o rol de testemunhas é obrigatório, sob pena de 
preclusão. 
Com relação aos pedidos, deve-se atentar para que todas as 
teses arguidas ao longo da peça tenham seu respetivo pedido.
Lembre-se de que no exame de ordem você será avaliado 
pela correta indicação do foro competente, preâmbulo, 
qualifi cação das partes, fundamentação jurídica, pedidos e 
requerimentos, lógica e argumentação, além de ortografi a e 
gramática. Vamos peticionar?
141414
Direito Penal - Sua petição - Seção 4NPJ

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