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ANÁLISES CLÍNICAS URINÁLISE VOLUME ÚNICO Governador | Eduardo Campos Vice-Governador | João Soares Lyra Neto Secretário de Educação | Anderson Stevens Leônidas Gomes Secretário Executivo de Educação Profissional | Paulo Dutra Gerente Geral da Educação Profissional | Luciane Pulça Gestor de Educação a Distância | George Bento Catunda Coordenador do Curso | Manoel Vanderley dos Santos Neto Professor Conteudista | Sérgio Roberto Salsa Burégio Equipe Central de Educação a Distância Andréia Guerra | Augusto Andrade | Carlos Cunha | Domitilla Silva Eber Gomes | Jannine Moreno | Marcos Vinícius Clemente Maria de Lourdes Cordeiro Marques | Maria Helena Cavalcanti | Mauro de Pinho Vieira | Oscar Neto | Pedro Luna Imagem da capa: http://blogdoyogue.blog.uol.com.br/arch2008-06-01_2008-06-07.html 4 SUMÁRIO EMENTA..........................................................................................................05 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ...............................................................06 HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA DA URANÁLISE............................................07 SISTEMA URINÁRIO......................................................................................09 INTRODUÇÃO AO EXAME DE URINA..........................................................14 EXAME FÍSICO DA URINA.............................................................................24 EXAME QUÍMICO DA URINA.........................................................................33 ANÁLISE MICROSCÓPICA DO SEDIMENTO...............................................39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................50 5 EMENTA Estudar a Urinálise, entendendo sua importância para a Medicina Laboratorial, bem como compreender as etapas de um sumário de urina, divididas em: exame físico, exame químico e análise microscópica do sedimento ou sedimentoscopia. Entender a importância de que a coleta correta da amostra biológica é fundamental para que os resultados obtidos após a realização do sumário de urina seja fidedigno e corresponda à realidade clínica do paciente. 6 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Bem vindo(a) à Disciplina de Uranálise ! Esta integra o cronograma didático do Curso Técnico de Nível Médio em Análises Clínicas e tem como objetivo capacitá-lo para a realização do exame de urina de rotina, conhecido como sumário de urina. O conteúdo programático corresponde a 60 horas/aulas e será desenvolvido de forma clara e didática, de maneira concisa, abrangente e cuidadosamente estruturada. Para uma melhor compreensão da análise de urina, você aprofundará o conhecimento sobre a importância histórica do exame de urina, bem como a anatomia e fisiologia renal . Em seguida, você aprenderá como ocorre a realização de um sumário de urina, desde a coleta da amostra, os tipos de amostras, preservação, as etapas do exame e suas correlações clínicas. Temos muito a aprender! Bons estudos! 7 1.0 HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA DA URANÁLISE Caro aluno, Antes de nos aprofundar no estudo da Uranálise propriamente dita, vamos primeiramente entender sua contribuição histórica para elucidação e o entendimento de várias patologias, bem como sua importância na medicina laboratorial. ATENÇÃO!! A análise da urina foi, realmente, o início da medicina laboratorial. As referências para o estudo da urina podem ser encontradas nos desenhos dos homens das cavernas e em hieróglifos egípcios. Gravuras dos primeiros médicos os mostravam examinando um frasco em forma de balão com urina. Embora eles não tivessem os procedimentos analíticos sofisticados atualmente disponíveis, eram capazes de obter informações diagnósticas a partir dessas observações fundamentais como cor, turbidez, odor, volume, viscosidade e até mesmo a presença de açúcar ( observando que alguns espécimes atraiam formigas) . Veremos, mais adiante, que essas mesmas características da urina ainda são relatadas pelos laboratórios. O exame de urina sofreu evoluções ao longo da História ! Muitos nomes bem conhecidos da história da medicina estão associados com o estudo da urina, inclusive Hipócrates, o qual no século 8 V a.C. escreveu um livro sobre “uroscopia”. Durante a Idade Média, os médicos concentraram seus esforços muito intensamente sobre a arte da uroscopia, recebendo instruções referentes ao exame de urina como parte da sua formação. Em 1140 d.C., cartazes coloridos foram desenvolvidos para descrever o significado de 20 diferentes cores. Ensaios químicos evoluíram do “ teste da formiga” e do “teste do sabor” para glicose quando Frederik Dekker descobriu, em 1694, a detecção da albuminúria por fervura da urina. A invenção do microscópio, no século XVII, levou ao exame do sedimento urinário e ao desenvolvimento, por Thomas Addis, de métodos para a quantificação do exame microscópico do sedimento. Importante : veremos mais adiante a importância do exame do sedimento urinário ou sedimentoscopia para complementar o exame de urina . Em 1827, Richard Bright introduziu o conceito de exame de urina como parte do exame médico de rotina do paciente. Devido ao número e a complexidade de testes que são realizados no exame de urina, ele começou a desaparecer dos exames de rotina. A partir da década de 1930, o desenvolvimento de modernas técnicas recuperou o exame de rotina de urina, o qual tem se mantido como parte integrante de exame do paciente. Duas características únicas da amostra de urina contribuem para a manutenção dessa popularidade: 1. amostras de urina são prontamente disponíveis e facilmente coletadas; 2. a urina contém informações que podem ser obtidas por exames 9 laboratoriais baratos a respeito de muitas das principais funções metabólicas do organismo. Importante ressaltar : o exame de urina fornece muitas informações das principais funções metabólicas do organismo, não só as doenças renais, mas também o início assintomático de doenças como o Diabetes mellitus e as hepatopatias. Antes de realizarmos o estudo da urina, precisamos saber como ela é formada. Para entendermos como ocorre a formação da urina, vamos revisar o sistema urinário. 2.0 SISTEMA URINÁRIO O sistema urinário é constituído pelos órgãos uropoéticos, isto é, incumbidos de elaborar a urina e armazená-la temporariamente até a oportunidade de ser eliminada para o exterior. Os componentes do sistema urinário são: dois rins, dois ureteres, a bexiga urinária e a uretra. Os rins são os principais órgãos do sistema urinário. Situados na cavidade abdominal, na região lombar, um de cada lado da coluna vertebral e rodeados por um tecido gorduroso. São órgãos em forma de feijão, de cor vermelha escura. Pesam entre 115 e 155 gramas nas mulheres e entre125 e 170 gramas nos homens. O lado côncavo está voltado para a coluna vertebral e é por esse lado que entram e saem os vasos sanguíneos, do qual a artéria renal e a veia renal são os mais importantes. O rim direito normalmente situa-se ligeiramente abaixo do rim esquerdo devido 10 ao grande tamanho do lobo direito do fígado. Além dos rins, as estruturas restantes do sistema urinário funcionam como um encanamento constituindo as vias do trato urinário. Essas estruturas – ureteres, bexiga e uretra – não modificam a urina ao longo do caminho, ao contrário, elas armazenam e conduzem a urina para o meio externo. Fonte: http://www.auladeanatomia.com/urinario/sistemaurinario.htm 11 Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Na margem medial côncava de cada rim encontra-se uma fenda vertical – o HILO RENAL – onde a artéria renal entra e a veia e a pelve renal deixam o seio renal. No hilo, a veia renal está anterior à artéria renal, que está anterior à pelve renal. O hilo renal é a entrada para um espaço dentro do rim. 12 Cada rim, quando aberto longitudinalmente, apresenta um a região periférica, o córtex renal, e uma outra ventral, a medula renal. No córtex renal está a unidade funcional do rim, o néfron. Cada rim contém aproximadamente um milhão néfrons , ou seja, de “unidades filtradoras” . Cada néfron é um tubo longo e enovelado, com uma porção inicial semelhante a uma taça, a cápsula de Bowmann. A continuação da cápsula é o túbulo contorcido proximal, seguido da alça de Henle e de um túbulo contorcido distal. Essa última porção desemboca em um ducto coletor, onde terminam os túbulos distais de outros néfrons. Esquematização da estrutura do néfron A urina formada nos néfrons flui pelos túbulos coletores em direção à 13 pelve renal e desta para os ureteres. Em seguida a urina desce à bexiga, que é capaz de armazenar até 800 ml. O esvaziamento da bexiga ocorre com o fluxo da urina ao longo de um canal, a uretra, que corre pelo pênis ou abre-se na região dorsal da vagina. Atenção, aluno !! RESUMINDO A FILTRAÇÃO GLOMERULAR: Fonte : Ivan Stalio http://www.medicinapratica.com.br Em cada rim existe, aproximadamente, um milhão de néfrons, unidades funcionais do rim. Eles são formados pelo glomérulo, uma estrutura vascular ligada, em sequência, à estruturas tubulares. O sangue chega ao glomérulo pela arteríola aferente (seta vermelha), é ultrafiltrado em um tufo de capilares (glomérulo), que está cercado por uma cápsula, a cápsula ou membrana de Bowman, e deixa o glomérulo pela arteríola eferente (seta azul), de onde nascem os capilares peritubulares, que irrigam os túbulos. O ultrafiltrado formado atravessa toda uma estrutura tubular, composta dos túbulos contornado proximal, alça de Henle, contornado distal e dutos coletores, onde ocorrem processos de secreção e reabsorção do ultrafiltrado, modificando-o. Forma-se, assim, a urina (seta marron), que será drenada na pelve renal. Desta maneira, conservamos substâncias e eliminamos produtos finais do nosso metabolismo. 14 Caro aluno, agora que vimos a importância histórica do estudo da urina e anatomia e funcionamento do sistema renal, estamos prontos para avançar para o estudo do exame de urina. 3.0 INTRODUÇÃO AO EXAME DE URINA Atenção!! A urina é uma substância biológica potencialmente perigosa que exige a observância de precauções-padrão. 3.1 Composição da urina Em geral, a urina é constituída por uréia e outros produtos químicos orgânicos e inorgânicos dissolvidos na água. A urina é, normalmente, 95% de água e 5% de solutos, apesar de que considerações variáveis nas concentrações destes solutos possam ocorrer em razão da influência de fatores como ingestão alimentar, atividade física, metabolismo corporal, funções endócrinas e, até mesmo, a posição corporal. A uréia, um produto final do metabolismo do fígado a partir da degradação de proteínas e aminoácidos, é responsável por quase metade do total de sólidos dissolvidos na urina. Outras substâncias orgânicas incluem, principalmente, creatinina e ácido úrico. O principal inorgânico dissolvido é o cloreto, seguido pelo sódio e pelo potássio. Pequena quantidade ou vestígios de muitos outros produtos químicos inorgânicos também está presente na urina. A ingestão dietética influencia, significativamente, as concentrações desses compostos inorgânicos, o que torna difícil estabelecer níveis normais. Outras substâncias encontradas na urina incluem hormônios, vitaminas e medicamentos. Embora não seja parte do plasma filtrado original, a urina também pode conter elementos formados, 15 como células, cilindros , cristais , muco e bactérias. O aumento da quantidade desses elementos formados é, muitas vezes, indicativo de doença. 3.2 Volume urinário O volume urinário depende da quantidade de água que os rins excretam. A água é um importante constituinte corporal e, portanto, o volume excretado é, geralmente, determinado pelo estado de hidratação do organismo. Os fatores que influenciam o volume urinário incluem a ingestão hídrica, a perda não renal de fluido, as variações na secreção do hormônio antidiurético e a necessidade de excretar quantidades aumentadas de sólidos dissolvidos, como a glicose ou os sais. Tomando esses fatores em consideração, embora a produção diária normal da urina seja, em geral , de 1.200 a 1.500 mL, um intervalo de 600 a 2.000 é considerado normal. A oligúria, uma diminuição do débito urinário inferior a 1mL/kg/h em bebês, menos de 0,5 mL/kg/h em crianças e menos de 400mL/dia em adultos, geralmente é vista quando o corpo entra em estado de desidratação, como resultado da excessiva perda de água por vômitos, diarréia, suor ou queimaduras graves. A oligúria leva á anúria, que é a cessação do fluxo de urina, pode resultar de qualquer dano grave aos rins ou de diminuição no fluxo de sangue para os rins. Os rins excretam duas a três vezes mais urina durante o dia do que durante a noite. O aumento na excreção de urina noturna é denominado nictúria. A poliúria, aumento no volume de urina diário ( superior a 2,5 L/dia ) é, frequentemente, associada com diabetes mellitus e diabetes insipidus; contudo, pode ser artificialmente induzida por diuréticos, cafeína ou álcool, os quais suprimem a ação do hormônio antidiurético. 16 3.3 Coleta da Amostra As amostras devem ser coletadas em frascos limpos, secos e à prova de vazamento. Recipientes descartáveis são recomendados porque eliminam a possibilidade de contaminação por causa da lavagem inadequada. Esses recipientes descartáveis estão disponíveis em uma variedade de tamanhos e formas, incluindo sacos com adesivo para a coleta de amostras pediátricas e grandes frascos para a coleta de amostras por 24 horas. Tampas de rosca corretamente aplicadas têm menos probabilidade de vazamento que as tampas de encaixe. Recipiente descartável com tampa de rosca Fonte : www.plugbr.net 17 Recipiente para coleta por 24 horas Fonte: http://www.deskarplas.com.br Saco com adesivo para amostra pediátrica de urina Fonte: http://catalogo.eopen.com.br Os recipientesesterilizados, embalados individualmente, com tampas seguras, devem ser utilizados para estudos microbiológicos da urina. Recipientes esterilizados também são sugeridos se mais de duas horas 18 decorrerem entre a coleta e a análise. Todas as amostras devem ser adequadamente etiquetadas com o nome do paciente e o número de identificação, a data e a hora da coleta. As etiquetas devem ser anexadas ao recipiente e não à tampa, e não devem se soltar se o recipiente for refrigerado ou congelado. Atenção, aluno !! Dica importante: situações inaceitáveis incluem amostras em recipientes não identificados, etiquetas e formulários discordantes, amostras contaminadas com fezes ou com papel higiênico, recipientes contaminados no lado de fora, amostras com volume insuficiente, e transporte inadequado da amostra. É preciso manter a qualidade de seu trabalho. Uma amostra biológica coletada corretamente gera resultados fidedignos e útil para a elucidação da patologia do paciente. 3.4 Preservação da amostra O fato de a urina ser tão disponível e facilmente coletada, muitas vezes leva ao descuido no tratamento da amostra após a coleta. As mudanças na composição da urina têm lugar não só in vivo, mas também in vitro, exigindo assim procedimentos de manuseio corretos, o que inclui a entrega imediata da urina ao laboratório após a coleta, bem como a realização do sumário de urina no prazo de duas horas. Caso a amostra não pode ser entregue e analisada no prazo de duas horas, 19 deve ser refrigerada ou ter um conservante químico adequado adicionado. O método de conservação mais rotineiramente usado é a refrigeração de 2 a 8ºC, o que diminui o crescimento bacteriano e o metabolismo. ALTERAÇÕES NA URINA NÃO CONSERVADA As amostras mantidas à temperatura ambiente por mais de duas horas, sem conservantes, podem apresentar as alterações abaixo: - aumento do ph; - diminuição da glicose; - diminuição das cetonas; - diminuição da bilirrubina; - aumento da turvação; - diminuição do urobilinogênio; - aumento do nitrito; - aumento do números de bactérias; - desintegração das hemácias; - alterações na cor. 3.5 Tipos de Amostras Primeira Amostra da manhã Amostra ideal para exame de rotina ou Tipo I. Deve ser colhida, de preferência, no laboratório. Se não for possível, deve ser levado ao laboratório dentro de 2 horas. Este tipo de amostra é essencial para evitar resultados falsos negativos no teste de gravidez e para avaliar a protenúria 20 ortostática (deitado). Trata-se de uma amostra mais concentrada, o que garante a detecção de substâncias que podem não ser observados em uma amostra aleatória diluída. Urina Aleatória É útil para detectar anormalidades que sejam bastante evidentes, em caso de pacientes no pronto-socorro e urgências. Algumas vezes geram resultados errados devido à ingestão de alimentos ou à atividade física realizada pouco antes da colheita da amostra. Amostra de Jejum ( Segunda Amostra da Manhã) Uma amostra de jejum difere da primeira amostra da manhã por ser a segunda amostra coletada após um período de jejum. Esta amostra não conterá nenhum metabólito de alimentos ingeridos antes do início do jejum. É recomendada para monitoramento da glicose. Amostra Duas Horas Pós-Prandial O paciente é instruído a urinar pouco antes de consumir uma refeição habitual e coletar uma amostra de urina duas horas após se alimentar. A amostra é testada para glicose e os resultados são utilizados, principalmente, para o monitoramento terapêutico de insulina em pessoas com diabetes mellitus. Amostras do Teste de Tolerância à Glicose 21 As amostras de tolerância à glicose são, por vezes, coletadas concomitantemente com as amostra de sangue durante o teste de tolerância à glicose. O número de amostras varia com a duração do teste. A urina é testada para a glicose e as cetonas, e os resultados são apresentados juntamente com os resultados do exame de sangue com o auxílio na interpretação da capacidade do paciente para metabolizar uma quantidade medida de glicose e estão correlacionados com o limiar renal para a glicose. Amostra de Urina de 24 horas (ou com tempo marcado) Muitas vezes é necessário medir a quantidade exata de determinada substância química na urina, ao invés de registrar apenas sua presença ou ausência. Deve-se usar uma amostra colhida cronometrada cuidadosamente para conseguir resultados quantitativos exatos. Se, por outro lado, sua concentração permanece constante, a amostra pode ser colhida por um período mais curto. Entretanto deve-se tomar cuidado para manter se hidratado durante os períodos de coletas curtas. Para conseguir uma amostra precisamente cronometrada, é necessário iniciar o período de colheita com a bexiga vazia. 1º dia – 7 h da manhã: Urinar e descartar a amostra. O paciente então colhe toda urina nas próximas 24 horas. (as amostras colhidas devem ser mantidas refrigeradas). 2º dia – 7 h da manhã: o paciente urina e junta toda esta urina com aquela previamente colhida. E leva até o laboratório todo volume que foi recolhido. 22 Coleta Estéril – Jato Médio, com assepsia para realizar Urocultura Coletar em pote (frasco) estéril. É útil para realização de cultura em urinas suspeitas de infecção bacteriana. Como coletar a urina: Mulheres: de preferência no vaso sanitário, sentar com as pernas afastadas, fazer assepsia da vagina (lavar com água e sabão, enxaguar bem e secar) destampar o frasco estéril. Com uma das mãos afastar os grandes lábios e com a outra segurar o frasco já destampado. Desprezar o primeiro jato (primeira porção da urina que sai). Colher a porção média no frasco estéril, urinando em jato para que a urina não escorra na região genital. Desprezar o restante da micção. Tampar o frasco imediatamente. Salvo casos graves evitar coletar em período menstrual. Homens: fazer assepsia do pênis (lavar com água e sabão, enxaguar bem secar), destampar o frasco estéril, retrair o prepúcio com uma das mãos e com a outra segurar o frasco já destampado. Desprezar o primeiro jato de urina. Colher a porção média no frasco estéril urinando em jato para que a urina não escorra na região genital. Desprezar o restante da micção. Tampar o frasco imediatamente. Amostra Cateterizada Esta amostra é coletada sob condições estéreis, pela colocação de um tubo oco (cateter) através da uretra até a bexiga. O teste mais comumente solicitado em uma amostra cateterizada é a cultura para bactérias. Se um 23 exame de rotina de urina também solicitado, a cultura deve ser efetuada em primeiro lugar, para evitar contaminação da amostra. Punção Suprapúbica Ocasionalmente, podem ser coletadas amostras de urina pela introdução de uma agulha através do abdômen na bexiga. Como a bexiga é estéril, em condições normais, a punção suprapúbica fornece uma amostra de urina para a cultura bacteriana que está completamente livre de contaminação externa. A amostra pode, também, ser utilizada para o exame citológico. Amostra Pediátrica A coleta de amostras pediátricas pode representar um desafio. Sacos plásticos transparentes, macios, com adesivo hipoalergênico para fixá-los na área genital tanto de meninos quanto de meninas estão disponíveis para a coleta de amostras de rotina. Caro aluno, estudaremos,a partir de agora, a análise da urina, ou seja, o sumário de urina propriamente dito. É importante observar as três etapas de um sumário de urina: 1 – Exame Físico da Urina 2 – Análise Química da Urina 3 – O exame microscópico da urina ou sedimentoscopia, ou seja, análise microscópica do sedimento urinário. 24 EXAME FÍSICO DA URINA O exame físico da urina inclui a determinação da cor , o aspecto e a densidade. Como já vimos, os primeiros médicos fundamentavam muitas decisões médicas na cor e no aspecto da urina. Hoje, a observação dessas características fornece informações preliminares relativas à distúrbios como hemorragia glomerular, hepatopatia, erros inatos do metabolismo e infecção do trato urinário. Os resultados da parte física da urina também podem ser utilizados para confirmar ou explicar achados na área de química e microscópica da uranálise. COR A terminologia para descrever a cor normal da urina pode variar ligeiramente entre os laboratórios , mas deve ser consistente dentro de cada laboratório. Descrições comuns incluem amarela-clara, amarela, amarela-escura e âmbar. Cuidados devem ser tomados para analisar a amostra com boa fonte de luz, olhando para baixo, através do recipiente contra um fundo branco. A cor amarela da urina é causada pela presença de um pigmento, chamado de urocromo. O urocromo é um produto do metabolismo endógeno e, em condições normais, o corpo produz em uma taxa constante. Quanto mais hidratada a pessoa estiver, mais clara a urina será. Uma urina acastanhada ou amarelo-escura normalmente é uma urina extremamente concentrada devido a pouca quantidade de água para diluí-la. Algumas doenças como hepatite, que cursam com a presença de bilirrubina 25 na urina, podem apresentar uma urina escurecida, às vezes semelhante ao mate ou até mesmo Coca-Cola. A presença de sangue em pequenas quantidades também pode levar a uma urina amarelo escuro. Urina Roxa Uma urina arroxeada é normalmente causada por infecção urinária; em geral, por bactérias que alcalinizam a urina. É um achado raro e ocorre mais em pacientes com cateter vesical. Fonte: http://www.mdsaude.com Urina Amarela escura/ Âmbar/Laranja A urina amarela escura ou âmbar nem sempre significa um concentrado normal da urina, mas pode ser causada pela presença anormal do pigmento 26 bilirrubina. Se a bilirrubina estiver presente, ela será detectada durante a análise química; no entanto, sua presença é suspeita se uma espuma amarela aparece quando a amostra é agitada. Fonte: http://www.mdsaude.com Urina Azul/Verde Normalmente causada pela ingestão de corantes; pode ocorrer também com medicamentos como amitriptilina, propofol e indometacina. Outras causas de urina verde são: - Ingestão de aspargos e corantes artificiais como azul de metileno. - As causas patológicas da urina de cor azul/verde estão limitadas às infecções bacterianas, incluindo infecção por espécies de Pseudomonas e de trato intestinal. 27 Fonte: http://www.mdsaude.com Urina Vermelha/Rósea/Marron Uma das causas mais comuns de cor anormal da urina é a presença de sangue. Vermelho é a cor normal que o sangue produz na urina, mas a cor pode variar do rosa ao marrom, dependendo da quantidade de sangue, do pH da urina, bem como o período de contato. Hemácias que permanecem em uma urina ácida durante várias horas produzem uma urina marrom por causa da oxidação da hemoglobina. Além de hemácias, duas outras substâncias, hemoglobina e mioglobina, produzem urina vermelha e fornecem resultado positivo na análise química para sangue. 28 Fonte: http://www.mdsaude.com Urina Castanha/Preta È recomendada a realização de ensaios adicionais para amostras de urina que se tornem marrons ou pretas e tenham resultados negativos para os testes químicos para sangue, uma vez que elas podem conter melanina ou ácido homogentísico. A melanina é um produto da oxidação do pigmento incolor, melanogênico, produzido em excesso quando o melanoma maligno está presente. 29 ASPECTO A urina recentemente expelida em geral, é clara, especialmente se for uma amostra com coleta de jato médio, co assepsia. A precipitação de fosfatos e carbonatos amorfos por causar uma ligeira opalescência branca. A presença de células epiteliais escamosas e muco, especialmente em amostras de mulheres, podem resultar em urina ligeiramente opalescente, mas normal. As amostras mantidas em repouso ou refrigeradas também podem desenvolver turvação que não é patológica. Dica importante – A má conservação de uma amostra resulta em crescimento bacteriano, o que aumenta a turvação da amostra, mas não é representativo da amostra real. Amostras refrigeradas, frequentemente desenvolvem uma turvação espessa causada pela precipitação de fosfatos, carbonatos e uratos amorfos. Os fosfatos e os carbonatos amorfos produzem um precipitado branco na urina com pH alcalino e os uratos amorfos produzem um precipitado que se assemelha ao pó de tijolo na urina ácida. Outras causas de turvação não patológica incluem sêmen, contaminação fecal, meio de contraste radiográfico, talco e cremes vaginais. As causas mais comumente encontradas de turvação patológica em amostras recente de urina são hemácias, leucócitos e infecção causada por bactérias. Outras causas menos freqüentes de turvação patológica incluem quantidade anormais de células epiteliais não escamosas, leveduras, cristais 30 anormais, fluido linfático e lipídeos. Urina límpida nem sempre é normal. No entanto, com o aumento da sensibilização dos testes químicos de rotina, a maioria das anormalidades na urina límpida será detectada antes da análise microscópica. Os critérios utilizados, atualmente, para determinar a necessidade da realização de um exame microscópico da urina em todas as amostras incluem tanto o aspecto quanto os testes químicos para hemácias, leucócitos, bactérias e proteínas. ASPECTO DESCRIÇÃO Límpido Partículas não visíveis, transparentes. Opalescentes Poucas partículas, texto impresso facilmente visualizado através da urina. Ligeiramente turvo Muitas partículas, texto impresso borrado através da urina. Turvo Texto impresso não pode ser visto através da urina. Leitoso Podem precipitar ou ter coágulos. 31 Fonte: Portal da Educação DENSIDADE A densidade ajuda a avaliar a função de filtração e concentração renais, bem como o estado de hidratação do corpo. É obtida por meio de densitômetros, ou verificada na própria fita de urina. Normalmente a densidade oscila entre 1.005 e 1.030 ou mais. A densidade urinária depende diretamente da proporção de solutos urinários presentes ( cloreto, creatinina, glicose, fosfatos, proteínas, sódio, sulfatos, 32 uréia, ácido úrico) e o volume de água. Normalmente varia entre 1.015 a 1.030. Densidades diminuídas podem ser encontradas na administração excessiva de líquidos por via intravenosa, reabsorção de edemas e transudatos, na insuficiência renal crônica, uso de drogas, quadros de hiportemia, aumento da pressão intracraniana, diabetes insipidus e hipertensãomaligna. Densidades elevadas podem ser encontradas na desidratação, diarréia, vômitos, febre, diabetes mellitus, glomerulonefrite, insuficiência cardíaca congênita, insuficiência supra-renal, proteinúria, síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético, toxemia gravídica, uropatias obstrutivas, e no uso de algumas substâncias, como contrastes radiológicos e sacarose. DENSITÔMETRO 33 Fonte: catalogohospitlar.com.br Caro aluno, após a análise física da urina, seguiremos para a segunda etapa do sumário de urina, a análise química. EXAME QUÍMICO DA URINA Nos últimos anos, numerosos avanços têm sido notados com relação às tiras reagentes, objetivando tornar a análise química urinária e mesmo a dosagem de elementos da urina mais rápida, simples e econômica. O exame químico de rotina da urina mudou dramaticamente desde os primórdios testes na urina, em razão do desenvolvimento do método de tiras reagentes para a análise química. Tiras reagentes permitem, atualmente, um meio simples e rápido para a realização de análises químicas da urina, de parâmetros significativos, que incluem pH, proteínas, glicose, cetonas, sangue, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, leucócitos e gravidade específica. As tiras reagentes consistem em almofadas absorventes impregnadas com substâncias químicas aderidas a uma tira de plástico. Uma reação química ocorre quando a almofada absorvente entra em contato com a urina. As reações são interpretadas pela comparação da cor produzida na almofada com uma tabela fornecida pelo fabricante. Diversas cores ou intensidades de uma cor para cada substância a ser testada aparecem na tabela. Através da comparação cuidadosa das cores da tabela e da almofada, um valor semiquantitativo de traços, 1+, 2+, 3+ ou 4+ pode ser relatado. Uma estimativa em miligramas por decilitros presentes está disponível para algumas áreas de análise. Leitores automatizados das tirar reagentes também fornecem resultados no sistema internacional de unidades. 34 Técnica das tiras reagentes - Mergulhe a tira reagente brevemente em uma amostra de urina bem homogeneizada, não centrifugada e em temperatura ambiente; - Retire o excesso de urina, raspando a borda da tira no recipiente; - Toque a borda da tira sobre um material absorvente descartável; - Espere o tempo especificado para a reação ocorrer; - Compare a cor das almofadas da tira de reação com a tabela de cores fornecida pelo fabricante, com boa iluminação. A técnica imprópria pode levar a erros. Elementos formados, como glóbulos vermelhos e brancos, sedimentam na parte inferior da amostra e não serão detectados em uma amostra não homogeneizada. Permitir que a tira permaneça na urina por período prolongado de tempo pode provocar a saída de reagentes das almofadas. Do mesmo modo, o excesso de urina na tira após sua retirada da amostra pode produzir uma mistura entre produtos químicos das almofadas adjacentes, levando a distorções das cores. Para evitar a mistura, é recomendado encostar a borda da fita em um papel absorvente e segurar a tira em posição horizontal quando é feita a comparação com a tabela de cores. O tempo necessário para s reações ocorrerem é diferente entre os testes e os fabricantes e varia de uma reação imediata para o pH para 120 segundos para leucócitos. 35 Fonte: portuguese.alibaba.com Fonte: parcomed.com.br CORPOS CETÔNICOS Os corpos cetônicos, principalmente a acetona, é um subproduto do metabolismo da gordura e dos ácidos graxos que proporciona fonte de energia para as células quando as reservas de glicose estão exauridas ou quando a glicose não pode penetrar nas células devido à falta de insulina. A acetona que passa para corrente sanguínea é quase totalmente metabolizada no fígado. Quando é formada em velocidade maior do que o normal, é excretada na urina. O jejum ou a dieta podem determinar o aparecimento de corpos cetônicos na urina. O uso de algumas drogas pode levar aos resultados falso-negativos, entre elas o captopril, a levodopa e o paradeíldo. BILIRRUBINAS São oriundas do metabolismo da hemoglobina, formadas pelas células do sistema retículo-endotelial. Encontra-se no sangue sob as formas livres 36 (não-conjugadas) e combinadas (conjugada ao ácido glicurônico e à albumina). A bilirrubina na urina é observada quando a bilirrubina sérica conjugada encontra-se acima de 2mg/dl, e pode ser detectada antes da coloração amarela da pele e mucosa. A elevação da bilirrubina sérica conjugada (direta) é a responsável pelo aparecimento de bilirrubina na urina, uma vez que a mesma pode ser filtrada no glomérulo quando em concentrações elevadas. Portanto, valores elevados, podem ser encontrados em doenças hepáticas e biliares, lesões parenquimatosas, obstruções intra- hepáticas e extra-hepáticas, neoplasias hepáticas ou do trato biliar. Ao contrário, estará sempre ausente nas icterícias por hemólise. Alguns casos de doença biliar obstrutiva crônica podem cursar com níveis alterados de bilirrubina sérica e ausência de bilirrubina na urina. Falso-negativos podem ser induzidos pelo uso de ácido ascórbico e exposição da urina à luz intensa por longo tempo. UROBILINOGÊNIO O urobilinogênio é um produto de redução formado pela ação de bactérias sobre a bilirrubina conjugada no trato gastrintestinal. A maior parte do urobilinogênio é excretada nas fezes. Pequena parte é reabsorvida através da via êntero-hepática e reexcretada na bile e na urina, onde rapidamente se oxida a urobilina. Os níveis urinários de urobilinogênio geralmente são maiores do inicio ao meio da tarde, mantendo-se em níveis inferiores a 1mg/dl. O aumento do urobilinogênio na urina indica a presença de processos hemolíticos ou disfunção hepática. Acha-se elevada também na policitemia, 37 no cisto hemorrágico do ovário, na doença hemolítica perinatal, em alguns estágios da malária, na insuficiência cardíaca e na cirrose hepática. HEMOGLOBINA A presença de hemoglobina na urina pode ser proveniente de diferentes estados de hemólise intravascular, em que uma quantidade excessiva de hemoglobina satura a capacidade de ligação com a haptoglobina. Nessas condições, fica livre no plasma, sendo filtrada pelo glomérulo e em parte reabsorvida pelo sistema tubular. O restante é excretado na urina. A outra causa é a presença de hemácias liberadas no trato urinário por pequenos traumas, exercícios extenuantes ou patologias das vias urinárias, em que as hemácias são lisadas, liberando hemoglobina. A verdadeira hemoglobinúria é rara, sendo mais freqüente a segunda situação, em que a hemoglobinúria é acompanha pela presença de hematúria. GLICOSE Vários hidratos de carbono (glicose, lactose, galactose e frutose) podem ocasionalmente estar presentes na urina. O mais freqüente é a glicose, constituindo a glicosúria. A glicose presente na urina reflete os níveis séricos da glicose associados à capacidade de filtração glomerular e de reabsorção tubular. Normalmente, a glicosúria só se manifesta quando os níveis séricos se encontram acima de 160/180 mg/dl. A glicosúria pode ser causada tanto pelo diabetes mellitus como por outras patologias, como doenças renais que afetem a reabsorção tubular e 38 nos quadros de hiperglicemiasde outras origens que não a diabética. NITRITO A presença de nitrito na urina indica infecção das vias urinárias, causadas por microrganismos que reduzem nitrato e nitrito. O achado de reação positiva indica a presença de infecção nas vias urinárias, principalmente por bactérias entéricas. PROTEÍNAS Em indivíduos normais, uma pequena quantidade de proteína é filtrada pelo glomérulo, sendo sua maior parte reabsorvida por via tubular e eliminada em pequenas quantidades pela urina. São considerados normais valores de até 150 mg/24h. O aumento da quantidade de proteínas na urina é indicador inicial de patologia renal. Entretanto, não são todas as patologias renais que cursam com proteinúria, a qual não é uma condição exclusiva de doença renal, podendo aparecer em patologias não-renais e em algumas condições fisiológicas. As proteínas são excretadas em velocidades diferentes e em momentos variáveis durante o período de 24 horas, sendo maior durante o dia e menores durante a noite. As proteinúrias podem ser classificadas, quanto à sua origem, como pré-renal, renal e pós-renal. Por fim aluno, chegamos à última etapa do sumário de urina: a sedimentoscopia, ou seja, a análise microscópica do sedimento urinário. 39 Etapa tão importante quanto às outras, pois é muito importante analisar bem o sedimento, bem como quantificar os elementos anormais encontrados. ANÁLISE MICROSCÓPICA DO SEDIMENTO Para proceder ao exame microscópico do sedimento urinário, a urina deve ser recente, ao contrário, os elementos organizados ( cilindros, hemácias, leucócitos ) perdem sua estrutura normal, dificultando ou tornando impossível a identificação.sempre que possível à urina deve ser mantida no refrigerador até o momento da centrifugação. Para obtenção do sedimento, mistura-se a mostra de urina, de preferência a primeira da manhã e coloca-se 10 ml em um tubo cônico, resistente, levando a centrífuga. Centrifuga-se, durante 5 minutos, a cerca de 1.500 rpm. Formado o sedimento, por meio de centrifugação, decanta-se o líquido sobrenadante, agita-se o resíduo que fica no fundo do tubo, transfere uma pequena porção para lâmina e recobre com lamínula. Leva-se a lâmina, assim preparada, ao microscópio e examina-se com luz reduzida e pequeno aumento para visão de conjunto e, em seguida com objetiva de 40X, para identificação e contagem dos elementos observados. A finalidade da análise microscópica é detectar e identificar os elementos insolúveis. Esses elementos incluem: eritrócitos, leucócitos, células epiteliais, bactérias, leveduras, parasitas, muco, espermatozóides, cristais e artefatos. Como alguns não tem significado clínico e outros são considerados normais, a menos que presentes em quantidades muito grandes, o exame do sedimento urinário deve compreender tanto a identificação quanto a quantificação dos elementos encontrados. O exame microscópico ainda é um 40 auxiliar valioso no diagnóstico. No sentido de melhorar sua fidedignidade a padronização das técnicas, do aprimoramento do controle de qualidade e da educação constante do pessoal técnico. CÉLULAS EPITELIAIS É comum o achado de algumas células epiteliais. Podem ser de três tipos de acordo com seu local de origem: células pavimentosas, transicionais e dos túbulos renais. A maioria não tem significado clínico, representando uma descamação de células velhas do revestimento epitelial do trato urinário. O achado de células com atípicas nucleares ou morfológicas pode indicar a presença de processos neoplásicos necessitando de investigação específica. A presença de fragmentos epiteliais e de células de origem tubular pode estar ligada a processos de necrose tubular aguda e a lesões isquêmicas renais, entre outras lesões do rim. Fonte: biomedicinapadrao.com 41 HEMÁCIAS Podem estar presentes em pequena quantidade na urina normal ( 3 a 10 por campo ), porém a presença aumentada de hemácias na urina tem relação com lesões na membrana glomerular ou nos vasos do sistema urogenital. O seu numero também ajuda a determinar a extensão da lesão renal. A observação de hematúria microscópica pode ser essencial para o diagnóstico de cálculos renais. Também é preciso considerar a possibilidade de contaminação menstrual em amostras de urina feminina. A presença de hematúria indica lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas dos rins ou vias urinárias. O exercício extenuante pode levar a hematúria discreta. A forma da apresentação das hemácias, segundo alguns autores, pode indicar sua origem, servindo como um diagnóstico diferencial de hematúrias de origens glomerular e não-glomerular. Quando se apresentam em sua forma esférica habitual, seriam de origem mais distal no trato urinário; quando crenadas (irregulares), teriam origem glomerular. Fonte: scielo.br 42 LEUCÓCITOS Podem estar presentes em pequenas quantidades na urina norma (5 a 10 por campo). Quantidades aumentadas indicam a presença de lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas em qualquer nível do trato urinário. O numero elevado de leucócitos na urina é chamado de piúria e indica a presença de infecção ou inflamação no sistema urogenital. Entre as causas mais freqüentes da piúria estão as infecções bacterianas, tais como pielonefrite, cistite, prostatite e uretrite, mas a presença de leucócitos também pode ser observadas em doenças não-bacteriana, como a glomerulonefrite, o lúpus eritematoso e os tumores. Os leucócitos são maiores que as hemácias, medindo cerca de doze mícrons de diâmetro. São mais facilmente observados e identificados porque contém grânulos citoplasmático e núcleos lobulados. Fonte: biomedicinafacil.blogspot.com 43 CRISTAIS É um achado freqüente na análise do sedimento urinário normal, raramente com significado clínico e com ligação direta com a dieta. Os cristais são formados pela precipitação dos sais da urina submetidos à alteração de pH, temperatura ou concentração, o que afeta sua solubilidade. A principal razão para a identificação dos cristais urinários é detectar a presença de alguns tipos relativamente anormais, que podem representar um sinal de distúrbios físico-químicos na urina ou tem significado clínico específico, como os de cistina, leucina, tirosina e fosfato amoníaco magnesiano. Podem também ser observados cristais de origem medicamentosa e de componentes de contrastes urológicos. A cistina está ligada ao defeito metabólico cistinúria, além de responder por cerca de 1% dos cálculos urinários. Como a tirosina e a leucina são resultados de catabolismo protéico, seu aparecimento na urina sob a forma de cristais pode indicar necrose ou degeneração tecidual importante. Os cristais de fosfato amoníaco magnesiano estão relacionados a infecções por bactérias produtoras de uréase. Apesar de não existir uma relação direta entre a presença de cristais e o desenvolvimento de cálculos, alguns autores apontam à existência de diferenças morfológicas entre os cristais dos pacientes que desenvolvem calculose com uma apresentação de formas maiores, agregadas e bizarras. O recurso mais útil na identificação dos cristais é o conhecimento do pH da urina, pois ele determinará o tipo de substancias químicas precipitadas. Os cristais geralmente são classificados nãosó como normais e anormais, mas 44 também segundo a urina em que está presente: ácida ou alcalina. CRISTAIS NORMAIS: Urina ácida: os cristais mais comumente encontrados na urina ácida são os uratos, constituídos por ácido úrico, uratos amorfos e uratos de sódio. Como o nome indica, os uratos amorfos são constituídos por grânulos castanho-amarelados organizados em grumos. Os cristais de oxalato de cálcio também são freqüentes na urina ácida e são facilmente reconhecidos como octaedros incolores em forma de envelope. Urina alcalina: a maioria dos cristais observados na urina alcalina é formada por fosfatos, como o fosfato triplo, o fosfato amorfo e o fosfato de cálcio. Os cristais de fosfato triplo são talvez os mais facilmente identificáveis, porque costumam ser constituídos por prismas incolores denominados “tampa de caixão”. Cristais de Urato amorfo Cristal de Fosfato triplo Fonte: biomedicinapadrao.com Fonte: biomedicinapadrao.com 45 Cristais de oxalato de cálcio Fonte: terraquegira.blogspot.com CRISTAIS ANORMAIS: Os cristais anormais mais importantes são: cistina, colesterol, leucina, tirosina bilirrubina, sulfonamidas, corantes radiográficos e medicamentos. A maioria dos cristais anormais tem formas características, sendo também encontrados em urina ácida ou neutra. Existem provas bioquímicas para sua possível identificação. CILINDROS São elementos exclusivamente renais composto por proteínas e moldados principalmente na luz dos túbulos contornados distais e túbulos coletores. Indivíduos normais, principalmente após exercícios extenuantes, febre e uso de diuréticos, podem apresentar pequena quantidade de cilindros, geralmente hialinos. Sua formação é influenciada pelos elementos presentes no filtrado e pelo tempo de permanência dentro do túbulo. Nas doenças renais, se apresentam em grandes quantidades e em diferentes formas, de acordo com o local da sua formação. Os mais comuns são os cilindros hialinos. São compostos principalmente pelas proteínas de Tamm-Horsfall, considerados normais em pequenas quantidades (0 a 2 por campo) e, em maior quantidade, em situações como febre, desidratação, estresse e exercício físico intenso. Os cilindros podem estar presentes em diferentes patologias como os hemáticos (doença renal intrínseca), leucocitário (pielonefrites), de 46 células epiteliais (lesões túbulos renais), granulosos (doença renal glomerular ou tubular e algumas situações fisiológicas) e céreos (insuficiência renal, rejeição a transplantes e doenças renais agudas e estase do fluxo urinário). A aparência dos cilindros também é influenciada pelos materiais presentes no filtrado no momento da sua formação e pelo período de tempo em que eles permanecem no túbulo. Cilindros Hialinos: são os mais freqüentes. A presença de 0 a 2 desses cilindros por campo de pequeno aumento é considerada normal. Assumem significado clínico quando seu número é elevado, como é o caso de glomerulonefrite, pielonefrite, doença renal crônica e insuficiência cardíaca congestiva. Cilindros Hemáticos: os cilindros celulares podem conter hemácias, leucócitos ou células epiteliais. A presença de cilindros celulares geralmente indica grave doença renal. A existência de cilindros hemáticos é muito mais específica, indicando que o sangramento provém do interior do néfron. Cilindros leucocitários: o aparecimento de cilindros leucocitários na urina significa infecção ou inflamação no interior dos néfrons. São refringentes, tem grânulos e, serão visíveis os núcleos multilobulados. Cilindros granulares: é freqüente observar cilindros granulares grosseiros e finos no sedimento urinário; podem ter significado clínico ou não. Sua excreção aumenta após estresse e exercício físico rigoroso. 47 Cilindros céreos: são representativos da estase urinária extrema, que indica insuficiência renal crônica. Eles são, em geral, vistos em conjunto com outros tipos de cilindros relacionados à condição que tenha causado a falência renal. BACTÉRIAS Normalmente a urina não tem bactérias. No entanto, se as amostras não forem colhidas em condições estéreis, pode ocorrer contaminação bacteriana sem significado clínico. As amostras que ficarem à temperatura ambiente por muito tempo, também podem conter quantidades detectáveis de bactérias, que representam apenas a multiplicação dos organismos contaminantes. A presença de nitrito na fita reativa é um dado complementar a presença de bactérias na urina, mais precisamente Enterobactérias. MUCO Produzido pelo epitélio do túbulo renal e células epiteliais. A presença excessiva de muco decorre de processos inflamatórios do trato urinário inferior ou do trato genital. O muco é um material protéico produzido por glândulas e células epiteliais do sistema urogenital. Não é considerado clinicamente significativo e sua quantidade é maior quando há contaminação vaginal. Microscopicamente, é visto como estruturas filamentosas com baixo índice de refração, o que exige observação em luz de baixa intensidade. LEVEDURAS As leveduras, geralmente Candida albicans, podem ser observadas na 48 urina de pacientes com diabetes mellitus, de mulheres com candidíase vaginal. São facilmente confundidas com hemácias e por isso deve-se observar atentamente se há brotamentos. PARASITAS O parasita encontrado com mais freqüência na urina é o Trichomonas vaginalis, devido à contaminação por secreções vaginais. Esse organismo é flagelado, sendo facilmente identificado por seu movimento rápido no campo microscópio. Contudo, quando não se move, o Trichomonas vaginalis pode ser confundido com um leucócito. ESPERMATOZÓIDES Por vez encontram-se espermatozóides na urina após relações sexuais ou ejaculação noturna: não tem significado clínico. CÁLCULOS RENAIS O achado de grumos de cristais em urina quente, recém eliminada indica que existem condições para a formação de cálculos, tendo-se observado aumento da cristalúria nos meses de verão em pessoas que formam cálculos renais. A análise de cálculos renais excretados é importante 49 no tratamento do paciente. Aproximadamente 75% deles contêm oxalato de cálcio, sendo possível evitar formações futuras através de mudanças da dieta. ARTEFATOS Podem ser encontrados contaminantes de todos os tipos na urina, principalmente nas amostras colhidas em condições impróprias ou em recipientes sujos. O que mais confunde os estudantes são as gotículas de óleo e os grânulos de amido (pó de talco), por se parecerem com hemácias. 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ∙ BIRNER, E. Biologia , vol. Único, Ed.: Harbra, São Paulo, 2001. ∙ STRASINGER, S.K. ; Di LORENZO, M. S. , Urinálise e Fluidos Corporais, 5 ed. Ed.: LMP, São Paulo, 2009. ∙ www.biomedicinapadrao.com.br acessado em 05/09/2011. ∙ www.biomedicinafacil.blogspot.com acessado em 05/09/2011. ∙ www.portaleducacao.com.br acessado em 07/09/2011. ∙ TERRA, P., VIAS URINÁRIAS Controvérsias em exames laboratoriaisde rotina, 2 ed. Ed.: Atheneu, Rio de Janeiro, 2010.
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