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Controle de Constitucionalidade Teoria Geral Profa. Dra. Valdira Barros • O que é o Controle de Constitucionalidade? Premissas • Ordenamento Jurídico – Sistema – Unidade de partes – • O Controle de Constitucionalidade é o mecanismo de manutenção da unidade do sistema. Definição • Consiste na verificação da compatibilidade entre norma infraconstitucional e a Constituição. • A norma incompatível com a Constituiçaõ é retirada do Sistema através do Controle de Constitucionalidade. DEFINIÇÃO Consiste em uma atividade de fiscalização da validade e conformidade das leis e atos do Poder Público à vista de uma constituição rígida, desenvolvida por um ou vários órgãos constitucionalmente designados. • Do ponto de vista prático, constatada a inequívoca lesão a preceito constitucional, a norma violadora é declarada inconstitucional e tem retirada, em regra retroativamente, a sua eficácia, deixando de irradiar efeitos, quer para o caso concreto (no controle concreto) quer para todos ou “erga omnes” (no controle abstrato). 2. Pressupostos: O controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos possuem os seguintes pressupostos: a) A existência de uma Constituição Formal: ou seja, um conjunto normativo de princípios e regras escritas, condensadas em um texto supremo. B) A Constituição como norma jurídica fundamental, rígida e suprema: Com o objetivo de distinguir a Constituição das leis comuns, por seu status de norma superior. RIGIDEZ E SUPREMACIA CONSTITUCIONAL CONSTITUEM PRESSUPOSTOS INDECLINÁVEIS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, DE MODO QUE INEXISTIRÁ ESTE INEXISTINDO AQUELES. C) A previsão de um órgão competente A atividade de controle só existirá se a própria Constituição previr, expressa ou implicitamente, um ou mais órgãos com competência para realizá-lo. Esse órgão pode exercer função jurisdicional como política (o importante é ter competência constitucionalmente prevista). TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE • A maioria da doutrina adota a seguinte classificação: A)INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL • É aquela em que o conteúdo fere a Constituição. B) INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL – Se divide em dois tipos • Inconstitucionalidade formal orgânica – a lei ou ato normativo é elaborada por órgão INCOMPETENTE; Ex: O Estado faz uma lei sobre matéria de competência da união • Inconstitucionalidade formal propriamente dita – é aquela que traz um vicío no processo de elaboração da lei; CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE QUANTO AO MOMENTO a) CONTROLE PREVENTIVO b) CONTROLE REPRESSIVO CONTROLE PREVENTIVO • Acontece antes do nascimento da lei ou ato normativo; evita o nascimento de uma lei/ato inconstitucional; a) Comissões de Constituição de Justiça (CCJ) – A CCJ filtra os projetos de lei que são insconstitucionais. b) VETO JURÍDICO – aprovado o projeto de lei pelo legislativo, o Poder Executivo poderá vetá-lo por inconstitucionalidade. c) Pelo JUDICIÁRIO – • Como o Judiciário pode fazer o controle do projeto lei? CONTROLE PREVENTIVO • O judiciário pode exercer o controle preventivo somente em um caso: quando um parlamentar impetra Mandando de Segurança para obstar o prosseguimento de um projeto de lei inconstitucional. • Ex. CLAUSULA DE BARREIRA CONTROLE REPRESSIVO • Via de regra é realizado pelo poder Judiciário. • 1.2.2 CONTROLE REPRESSIVO REALIZADO PELO JUDICIÁRIO – o Brasil adota o Sistema Misto. • a) CONTROLE DIFUSO (influencia norte- americana) Apareceu primeiro no Brasil, na Const. 1891 • b) CONTROLE CONCENTRADO (influencia europeia (alemã) • O Brasil adota o sistema misto - combinação entre os métodos difuso-incidental e o concentrado-principal. • Método difuso-incidental: Qualquer juiz ou tribunal pode exercer, por ocasião de uma demanda judicial CONCRETA, o controle de constitucionalidade dos atos e omissões do poder público. Exemplos: Mandado de Injunção • Método concentrado-principal: Cabendo ao Supremo Tribunal Federal exercer, em sede de ação direta e em ABSTRATO, o controle de constitucionalidade dos atos normativos federais e estaduais em face da Constituição Federal e somente os Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal podem exercer, também diante de uma ação direta, o controle de constitucionalidade dos atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual. • Quanto à natureza do órgão com competência para controle: a) Político ou não judicial; b) judicial ou jurisdicional. No Brasil, dupla natureza. • Quanto ao número de órgãos com competência para o controle: a) Controle difuso ou b) controle concentrado ou eclético. No Brasil, existem as duas formas de controle. • Quanto ao modo de manifestação do controle: Por via incidental ou por via principal; Abstrato ou em tese; ou concreto. No Brasil, as quatro formas de manifestação. • Quanto a finalidade do controle: Subjetivo – proteção de direitos subjetivos. Objetivo – proteção da ordem constitucional objetiva. No Brasil, há possibilidade de cumprimento das duas finalidades. 3. Antecedentes históricos e evolução do controle de constitucionalidade * Idade Média: o Direito Natural como lex divina e status de norma superior. Todas as normas deviam ser inspiradas nela, sob pena de nulidade. * Inglaterra, primeira metade do século XVII: apregoava-se a superioridade do Common Law em face do Rei e do Parlamento. Portanto, os juízes deveriam controlar a legitimidade das leis votadas pelo Parlamento, negando aplicação àquelas contrárias ao Common Law. * Sistema Americano ou Difuso de controle de constitucionalidade: A historicidade remonta o caso Marbury versus Madison em 1803 julgado por John Marshall. Representou a consagração da supremacia da Constituição em face de todas as outras normas jurídicas como também o poder e dever dos juízes de negar aplicação às leis contrárias à Constituição. O modelo norte-americano define-se como um controle judicial de constitucionalidade das leis e atos do poder público que qualquer juiz e tribunal, ante um caso concreto, pode desempenhar. É, portanto, JUDICIAL, DIFUSO E INCIDENTAL • Sistema Austríaco ou Concentrado de Constitucionalidade (Kelseniano): A jurisdição constitucional originária na Austria (1920) só poderia ser provocada mediante propositura de uma AÇÃO ESPECIAL diretamente no Tribunal Constitucional (os juízes e tribunais ordinários eram proibidos de fazer o controle de constitucionalidade e não podiam deixar de aplicar as leis que reputassem inconstitucionais) No sistema austríaco, em virtude de uma Revisão Constitucional em 1929, além dos órgãos políticos legitimados (Governo Federal e o Governo dos Lander) que atuam pela VIA PRINCIPAL POR MEIO DE AÇÃO DIRETA, conferiu- se legitimidade às Cortes Supremas das causas cíveis, penais e administrativas para atuarem INCIDENTALMENTE. * Na Itália e na Alemanha: Apesar de adotarem o sistema austríaco de controle concentrado de constitucionalidade, aperfeiçoaram seus sistemas. Além de todos os tribunais e juízes provocarem, incidentalmente, a jurisdição concentrada do Tribunal Constitucional, as Constituições atribuiram a legitimidade para outros órgãos, porém não judiciários, para instaurar a jurisdiçã constitucional • Na Itália, estendeu-se aos órgãos de governo das regiões e ao governo central; • NaAlemanha, a legitimidade foi deferida a inúmeros órgãos e pessoas: ao Governo Federal, ao Governo dos Estados, a um terço dos membros do Parlamento e até mesmo as pessoas individualmente consideradas. A EVOLUÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL Constituição de 1824 (Império): não adotou nenhum sistema de controle de constitucionalidade dos atos ou omissões do poder público. Cabia ao Poder Legislativo “elaborar leis, interpretá-las, suspendê-las e revogá-las”. • Constituição de 1891: influenciada pela doutrina norte-americana, esta Carta fez previsão do controle judicial de constitucionalidade das leis. O Texto Constitucional assegurou aos juízes e tribunais a competência para discutir a constitucionalidade das leis (FISCALIZAÇÃO INCIDENTAL E DIFUSA). • A Constituição de 1934: Manteve o controle JUDICIAL DIFUSO, INCIDENTAL e introduziu métodos concentrados de controle de constitucionalidade das leis ao fazer a previsão da AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA confiada ao Procurador–Geral da República competência para processamento e julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (quando houver mácula aos princípios constitucionais sensíveis) • A Constituição de 1937: manteve o modelo de controle já existente mas pretendeu enfraquecer a atuação do Poder Judiciário no exercício do controle de constitucionalidade ao prever a possibilidade do Poder Executivo tornar sem efeito a decisão de inconstitucionalidade proferida pelo Tribunal quando esta fosse confirmada pelo voto de dois terços de cada uma das Casas Legislativas. • A Constituição de 1946: mantido o modelo difuso-incidental de 1891 e reinseridas as inovações trazidas em 1934 e suprimidas em 1937 (representação interventiva e suspensão pelo Senado Federal da execução de lei declarada inconstitucional pelo Judiciário). Inseriu também a possibilidade de controle de constitucionalidade dos atos normativos municipais em face da Constituição Estadual. O JUDICIÁRIO RECONQUISTA SEU ESPAÇO DE ATUAÇÃO, CABENDO A ELE A ÚLTIMA PALAVRA EM QUESTÕES DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. * A Constituição de 1967: Manteve os mesmos mecanismos de controle. Não manteve, todavia, a possibilidade de controle das leis municipais em face da Constituição Estadual. • PRÓXIMA AULA • CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE.
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