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Soldagem MIG MAG A Soldagem MIG-MAG: Soldagem a Arco elétrico com Proteção gasosa A soldagem MIG-MAG assim como no eletrodo revestido se utiliza de um arco elétrico para produzir o aquecimento do metal de adição e produz a união dos metais. No entanto o processo MAG utilizará um eletrodo metálico contínuo e consumível sem nenhum revestimento. Para realizar a proteção do arco contra a contaminação da atmosfera será utilizado gases ou uma mistura de gases que podem ser inertes ou ativos. Na figura 1 é possível visualizar uma breve descrição desse processo. No Brasil, o processo e conhecido como MIG quando a proteção usada é inerte ou rica em gases inertes ou MAG quando o gás usado é ativo ou contém misturas ricas em gases ativos. Figura 1: Representação esquemática do processo MIG /MAG A soldagem com alimentação continua do arame e proteção gasosa, tais como: MIG/MAG e arame tubular (FCAW) têm sido as que apresentaram um maior crescimento em termos de utilização nos últimos anos, em escala mundial. Este crescimento ocorre principalmente devido à tendência em substituir, sempre que possível, a soldagem manual por processos semiautomáticos e mecanizados, para a obtenção de maior produtividade durante a soldagem. Estes processos têm se mostrado os mais adequados dentre os processos de soldagem arco, à soldagem automática e soldagem com utilização de robôs. Na figura 2 temos um comparativo (do tempo em que minha avó ainda era virgem) que mostra o crescimento do processo MIG-MAG referente aos outros processos. Hoje a soldagem MIG-MAG é um dos processos a arco elétricos mais utilizados nos EUA, Europa e Japão, sendo que o Brasil segue a mesma tendência. Figura 2 – Comparativo referente ao crescimento dos procedimentos de soldagem ao longo dos anos. VANTAGENS DO MIG MAG De um modo geral, pode-se dizer que as principais vantagens da soldagem MIG/MAG são: alta taxa de deposição e o alto fator de ocupação do soldador, grande versatilidade quanto ao tipo de material e espessuras aplicáveis, e limpeza e exigência de menor habilidade do soldador com total visibilidade, além de serem capazes de soldar quase todos os materiais estruturais: aços: carbono, baixa liga e inox; alumínio, níquel, magnésio, titânio, cobre; ferros fundidos e revestimento duro. Desvantagens A principal limitação da soldagem MIG/MAG é a sua maior sensibilidade à variação dos parâmetros de operação do arco de soldagem, que influenciam diretamente na qualidade do cordão de solda depositado, além da necessidade de um ajuste rigoroso de parâmetros é dificultada pela forte interdependência destes e por sua influência no resultado final da operação. O maior custo do equipamento, a maior necessidade de manutenção deste, em comparação com o equipamento para soldagem com eletrodos revestidos, Sensibilidade as correntes de ar que pode desviar o arco e menor variedade de consumíveis são outras limitações do processo. Abaixo segue uma tabela com um breve resumo do que foi discutido nessa seção. Corrente elevada e alta produtividade O processo é normalmente operado de forma semiautomática, podendo ser, também mecanizado ou automatizado. É o processo de soldagem a arco mais utilizado com robôs industriais. Como trabalha com um arame contínuo e relativamente finos (Entre 0,6 e 2 mm) (o que permite um elevado fator de ocupação do operador) e com elevadas densidades de corrente no eletrodo (elevada taxa de deposição) e apresenta uma elevada produtividade. Estes aspectos têm levado a uma utilização crescente deste processo (e da soldagem com arames tubulares) em países desenvolvidos onde há elevados encargos trabalhistas, (“acho que vou virar soldador”) e a necessidade de maior produtividade tem promovido a substituição da soldagem com eletrodo revestido pela soldagem MIG/MAG. A tabela I mostra uma comparação entre os processos eletrodo revestido e MIG-MAG, Repare como a taxa de deposição é praticamente o dobro e com um fator de trabalho be maior. Tabela I – Comparação entre algumas características dos processos Eletrodo revestido e MIG-MAG. Fontes de Energia Para a grande maioria das aplicações de soldagem usa-se polaridade inversa, CC+. O cabo positivo deve ser conectado à tocha de soldagem e o cabo negativo à peça de trabalho. Essa configuração apresenta melhor penetração e estabilidade do arco. Figura 3 – Tipos de ligação e polaridade (Direta e inversa). Para melhores explicações abrir a apostila de parâmetros de soldagem . PROCESSO DE ALIMENTAÇÃO ARAME A soldagem MIG/MAG é um processo normalmente semi-automático, em que a alimentação de arame eletrodo é feita mecanicamente, através de um alimentador motorizado, e o soldador é responsável pela iniciação e interrupção da soldagem, além de mover a tocha ao longo da junta. A manutenção do arco é garantida pela alimentação continua do arame eletrodo, o comprimento do arco é, em principio, mantido aproximadamente constante pelo próprio sistema, independentemente dos movimentos do soldador, dentro de certos limites, nos sistemas mais comuns com este processo. Mecanismo de correção do arco elétrico A extensão do eletrodo (stick-out) é a distância entre o último ponto de contato elétrico, normalmente a extremidade do bico de contato, e a superfície da peça. A Figura 4 mostra esquematicamente a extensão do eletrodo. É nessa região que ocorre o efeito Joule. Figura 4 – Efeitos dos paramentos de soldagem com a variação do Stick-out. Ao aumentarmos a distância entre o bico de contato e a peça, causamos um aumento na extensão do eletrodo, e isso exige uma maior corrente de soldagem necessária para fundir todo esse arame a uma dada velocidade de alimentação. Porém, quando essa distância é aumentada, o aquecimento devido ao efeito Joule aumenta, uma vez que haverá uma maior extensão do eletrodo se chocando com os elétrons (lembrar do conceito físico de efeito joule) e consequentemente será necessário uma menor corrente de soldagem para fundir o arame e vice-versa. Basicamente, quando essa distância é aumentada, o aquecimento devido ao efeito Joule aumenta e a corrente de soldagem necessária para fundir o arame é diminuída e vice-versa. Devido o eletrodo estar sendo agora alimentado mais rápido do que poderia ser fundido, o comprimento do arco retornará ao seu valor original, estabelecendo um equilíbrio entre os demais parâmetros de soldagem. Tabela 2 – Variação dos Parâmetros de soldagem com stick out, repare que após uma leve perturbação, os parâmetros retornam aos valores normais. Assim, qualquer perturbação nas condições de soldagem devido a falta de habilidade do operador é absorvida. Esta capacidade de manter o comprimento do arco de soldagem relativamente constante e a fácil abertura do arco são as principais razões da grande popularidade, ainda hoje, desta forma de operação. Corrente com o diâmetro do Eletrodo Tabela III – Faixas de correntes utilizáveis com arames de diferentes diâmetros e de diferentes materiais. MODO DE TRANSFERÊNCIA Na soldagem com eletrodos consumíveis, o metal fundido na ponta do eletrodo tem que se transferir para a poça de fusão. O modo de ocorrência desta transferência é muito importante na soldagem MIG/MAG, pois afeta muitas características do processo, como, por exemplo, a estabilidade do arco, a quantidade de gases (principalmente hidrogênio, nitrogênio e oxigênio) absorvida pelo metal fundido, a aplicabilidadedo processo em determinadas posições de soldagem e o nível de respingos gerados. Os tipos de transferência metálicas são determinados por: • O valor da corrente de soldagem; • Composição e diâmetro do arame; • Tipo de gás de proteção • O comprimento da extensão do eletrodo De uma forma simplificada, pode se considerar que existem quatro formas básicas da transferência do metal de adição do eletrodo para a peça:. Modos de transferência • Curto-Circuito • Globular • Spray • Pulsado Transferência por curto Circuito A transferência por curto circuito ocorre quando se usam baixos valores de tensão e corrente é o modo normalmente usado para soldagem fora da posição (posições diferentes da posição plana) ou na união de peças de pequena espessura, quando baixa energia de soldagem é necessária. Uma gota de metal se forma na ponta de eletrodo e vai aumentado de diâmetro, até tocar na poça de fusão, sendo rapidamente atraída para esta, como consequência da ação da tensão superficial. Conforme mostrado na figura 4. Figura 4 – transferência por curto-circuito. Este modo de transferência caracteriza-se por uma grande instabilidade no arco, podendo apresentar a formação intensa de respingos. Entretanto a quantidade de respingos pode ser limitada pela seleção adequada de parâmetros de soldagem e ajuste da indutância na fonte de corrente durante a soldagem, com um valor máximo de corrente durante o curto-circuito ocorrem de forma suave, com um valor máximo de corrente durante o curto-circuito de modo que a ponta do eletrodo fique parcialmente mergulhada na cratera da poça de fusão. A figura 5 mostra a formação e transferência de uma gota metálica e a parte (b) mostra variações típicas da tensão e de alta corrente de soldagem de uma sequência curto-circuito. Figura 5 - Transferência por curto-circuito (a) variação de corrente durante o processo (b) variação de tensão durante o processo Transferência Globular A transferência globular ocorre com valores intermediários de tensão e corrente de soldagem e resulta em arco mais estável que no caso anterior, contudo, a transferência é mais caótico e imprevisível. O diâmetro médio das gotas transferidas varia com a corrente, tendendo a diminuir com o aumento desta, mas, em geral, é maior que o diâmetro do eletrodo. A transferência globular é caracterizada por um nível de respingos relativamente elevado e, como gotas de metal fundido se transferem principalmente por ação da gravidade, sua utilização estaria limitada à posição plana, mas em função de seu caráter casual, é evitada. Figura 6 - Formato da gota durante a transferência globular e sua corrente e voltagem que é intermediária a transferência entre curto circuito e spray Corrente de transição de globular para spray A figura 8 (a) mostra uma transferência globular e a parte (b) mostra a variação típica da corrente com este modo de transferência Figura 7 – Transferência globular (a) a variação de soldagem durante o processo (b). Transferência por Spray Na transferência por spray, as gotas metálicas sofrem a ação de vária forças de origem eletromagnética, que se sobrepõem à ação da força gravitacional e, assim em principio, este método seria aplicável a qualquer posição de soldagem. Entretanto, como esta transferência só é possível com correntes relativamente elevadas, não pode ser usada na soldagem de chapas finas, e sua utilização fora da posição pode ser problemática, devido ao tamanho elevado da poça de fusão, de difícil controle. Figura 8 - estrangulamento gerado pelo campo magnético para altas correntes durante o modo de transferência em spray. Figura 9 – (a) Transferência “spray” (b) a variação tópica da corrente e tensão de soldagem durante o processo (b). Soldagem Pulsada O Objetivo da soldagem a arco pulsado será Combinar os benefícios da transferência por curto circuito com o benefício da transferência por spray. Assim, podemos usar baixo aporte de calor, que permite a soldagem fora da posição e o uso em chapas finas (características da transferência por curto- circuito) como produzir um arco estável e firme, isento de respingos (características da transferência por spray). A transferência controlada mais usada é a pulsada que é uma transferência aproximadamente globular, porém mais estável e uniforme. Isto é conseguido pela pulsação da corrente de soldagem em dois patamares um inferior à corrente de transição e outro superior a esta, de modo que durante o período de tempo em que a corrente é baixa uma gota se forma e cresce na ponta do arame e esta é transferida quando o valor da corrente salta para o valor elevado. O resultado é que a corrente média de soldagem consegue ser mantida em valores muito abaixo da necessária para transferência por spray, mas mantendo suas características. Figura 10 – Variação típica de corrente durante o arco pulsado Consumíveis Os arames para soldagem são constituídos de metais ou ligas metálicas que possuem composição química, dureza, condições superficiais e dimensões bem controladas. Arames da má qualidade podem produzir falhas de alimentação, instabilidade no arco e descontinuidade no cordão de solda. Tabela III – Especificações AWS de materiais de adição para soldagem MIG/MAG Arames Um dos mais importantes fatores a considerar na soldagem MIG é a seleção correta do arame de solda. Esse arame, em combinação com o gás de proteção, produzirá o depósito químico que determina as propriedades físicas e mecânicas da solda. Basicamente existem cinco fatores principais que influenciam a escolha do arame para a soldagem MIG/MAG: • a composição química do metal de base; • as propriedades mecânicas do metal de base; • o gás de proteção empregado; • o tipo de serviço ou os requisitos da especificação aplicável; • o tipo de projeto de junta. Tabela V – Arame de soldagem do processo MIG-MAG. Os arames de aço para soldagem MIG/MAG e a arco submerso são tradicionalmente cobreado. A justificativa comumente dada para esse tipo de revestimento é que a camada de cobre protege o arame contra a corrosão e melhora contato elétrico entre este e o bico de contato na tocha de soldagem. Gases utilizados O processo MAG é utilizado apenas na soldagem de materiais ferrosos, tendo como gás de proteção o CO2 ou misturas ricas neste gás, enquanto a soldagem MIG pode ser usada tanto na soldagem de ferrosos quanto de não ferrosos, como alumínio, cobre, magnésio, níquel e suas ligas. Na tabela V e VI temos uma tabela com relação entre gás e metal a ser soldado, e a tabela VI as posições de soldagem e tipos de transferência. Os gases de proteção tem influência na: • Nas características do arco; • No tipo de transferência metálica; • Na velocidade de soldagem; • Na perda por projeção (respingos); • Na penetração e formato do cordão de solda; • No custo final da operação de soldagem; • Nas perdas de elementos químicos; • Na temperatura da poça de fusão; • Na sensibilidade à fissuração e porosidade; • Facilidade da execução da soldagem em diversas posições. Tabela V – Gases utilizados para cada aço e aplicação Tabela VI - Gases e misturas disponíveis comercialmente mais utilizadas na soldagem dos aços C-Mn e baixa liga, aços inoxidáveis e ligas de alumínio. Gases inertes puros: São usados na soldagem de metais não ferrosos, principalmente os mais reativos como titânio e magnésio. Soldagem demetais ferrosos: Adição de pequenas quantidades de gases ativos melhora a estabilidade do arco e a transferência do metal. Aços C-Mn e Baixa liga Os gases inertes são muito caros, porém os custos da soldagem podem ser reduzido com a utilização de mistura de gases de proteção como CO2, permitindo melhor estabilidade do arco e transferência do metal em certas aplicações. Nos aços ele também reduz a quantidade de respingos e melhora a qualidade de penetração do aço. () Em temperaturas elevadas o CO2 se decompõem em CO e O2. CO e O2 podem provocar porosidade no cordão de solda. 2𝐶𝑂2 → 2𝐶𝑂 + 𝑂2 O uso de CO2 puro poderá causar uma redução das propriedades mecânicas e da resistência a corrosão causadas por oxidação dos elementos (Olha o oxigênio ali na equação pessoal) de liga bem como pelo aumento do teor de carbono. É aconselhável o uso de argônio puro, ou argônio e oxigênio em ligas de maior responsabilidade ou elementos desoxidantes. Abaixo segue o efeito dos gases de proteção para o aço carbono. Figura 11 - Perfil típico do cordão de solda para diferentes gases e misturas. Gases inertes Usados para soldagem de metais não ferrosos. Em ligas ferrosas, quando puros, causam instabilidade do arco e respingos. O hélio apresenta maior condutividade térmica do que o argônio. Resultando em maior penetração da soldagem para mesma corrente de soldagem, o hélio apresenta maior potência de arco. Uso na soldagem de materiais de elevada espessura, e materiais de elevada condutividade térmica. Hélio é cerca de 10 vezes mais leve que o Argônio. Resulta em maior consumo para garantir a mesma proteção. Devido ao seu custo proibitivo a utilização do Argônio é muito maior. E o hélio apresenta pouco uso industrial • Melhoram a transferência metálica; • Estabilizam o arco; • Minimiza a quantidade de respingos na soldagem dos aços. • Melhoram o perfil de penetração do cordão de solda. • Pode causar porosidade e perdas de elementos de liga (Cr, V, Ti, Mn e Si) devido ao poder oxidante do O2 e CO2. • Para evitar este problema é necessário usar arames com grande quantidade de desoxidantes.
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