Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II PRFª I.M.C. R 1 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II 1-CONSIDERAÇÕES EM ENFERMAGEM CIRÚRGICA 1.1-Conceito de Enfermagem Cirúrgica: É uma especialidade que tem como objeto o cuidado ao indivíduo submetido a um tratamento cirúrgico. 1.2-Objetivo de Enfermagem Cirúrgica: A enfermagem cirúrgica tem como objetivo o cuidado ao paciente submetido a um tratamento cirúrgico, no hospital a enfermagem cirúrgica mantém relações estreitas com o paciente e seu familiares e junto com outros profissionais como o cirurgião, a nutricionista, o fisioterapeuta, psicólogo e outros, seu principal papel é atuar ao lado de profissionais e auxiliar em tudo o que for preciso, sabendo que um hospital tem um ambiente complexo e exaustivo essa relação muitas vezes são prejudicadas pelo excesso de trabalho, por isso um bom posicionamento perante o seu trabalho é essencial. 1.3-Cirurgia: é a parte do processo terapêutico em que o cirurgião realiza uma intervenção manual ou instrumental no corpo do paciente. 1.4- A cirurgia é caracterizada por três tempos principais: • dierese: divisão dos tecidos que possibilita o acesso à região a ser operada • hemostasia: parada do sangramento • síntese: fechamento dos tecidos 1.5-Tipos de Cirurgia quanto a situação do caso :(Grau ) 1.Emergência : São aquelas em que o paciente requer atenção imediata ,pois ameaçam a vida. Ex: Hemorragia Intensa,Obstrução intestinal, Fratura do Crânio 2.Urgência : O paciente requer atenção imediata , o distúrbio pode ameaçar a vida.Entre 24hs á 30hs. Ex: Queimaduras de grande extensão,Cálculos Renais, Infecção Aguda Biliar 3.Necessária : O paciente deverá ser operado, é planejado por semanas e meses Ex: Hiperplasia da Próstata sem obstrução vesical,Distúrbios da Tireóide,Cálculos Renais ou uretrais. 4.Eletiva : o paciente deverá ser operado , mas no caso não ocorra não representa catástrofe . Ex: Reparos de Cicatrizes,Hérnia Simples,Reparo de cicatrizes,Hérnia Simples 5.Opcional : a decisão deverá vir do paciente , é uma preferência pessoal. Ex: Reparo Vaginal,Cirurgia Cosméticas PRFª I.M.C. R 2 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II 5.Paliativa : Quando precisa ser aliviada alguma dor que envolva procedimento cirúrgico. Ex: Tubo de Gastronomia é inserido para acompanhar a capacidade de deglutir alimentos. 1.6-Normas e Rotinas do Centro Cirúrgico ( unidades): 1. Normas Gerais para os Cuidados no Pré - Operatório. a) No Setor de internação: • A lavagem de mãos é, isoladamente a medida mais importante na prevenção das infecções hospitalares, devendo ser realizada antes e após a manipulação de qualquer paciente. • O banho pré-operatório tem como objetivo eliminar detritos depositados sobre a pele e consequentemente, reduzir a sua colonização, porém ele não deve ser realizado muito próximo a cirurgia pois a fricção e a água tépida removem as células superficiais e aumentam a ascensão das bactérias dos reservatórios mais profundos para a superfície. • Realizar tricotomia apenas quando estritamente necessária, devendo restringi- la aos casos em que os pelos impeçam a visualização do campo ou dificultem a colocação de curativos; realizá-la no máximo 2 h antes da cirurgia. b) No Centro Cirúrgico: • Atentar para o uso correto de touca; (deverá cobrir todo o couro cabeludo); e máscara, (deverá cobrir nariz e boca) , por toda equipe multiprofissional necessária na S.O. No caso da presença de barba, utilizar touca apropriada. • Evitar cateterização vesical desnecessária. Esta quando indicada deverá ser realizada com técnica asséptica. Usar sistema fechado de coleção de urina para os pacientes que permanecerão com o cateterismo vesical. 2. Preparo da equipe cirúrgica e do campo operatório. 2.1- Preparo da equipe cirúrgica: a) Degermação das mãos e antebraços antes do procedimento cirúrgico: • Retirar relógios, aliança, anel, pulseiras. As unhas deverão estar aparadas e limpas. • Ensaboar as mãos com PVP-I 1% detergente , ou em caso de alergia ao iodo, clorehexidina detergente. • Escovar todas as faces das mãos, dedos, unhas, e antebraços, utilizando escovas com cerdas macias. Em caso de inexistência destas escovas com cerdas macias, optar pela fricção das mãos em todas as superfícies acima mencionadas e antebraços. • O tempo de escovação deve ser de 05 (cinco) minutos antes da 1ª cirurgia e entre as próximas recomenda-se apenas a cuidadosa lavagem das mãos e antebraços com antisséptico pelo tempo de 02 minutos sem a necessidade do uso da escova. Após a escovação , retirar todo o detergente antisséptico com água corrente, no sentido PRFª I.M.C. R 3 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II dos dedos para o antebraço. • Manter os braços fletidos e voltados para cima, secando-os a seguir, no sentido dos dedos para o antebraço, com compressas esterilizadas. b) Vestir capote esterilizado com técnica asséptica e com o auxílio para amarrar os cadarços. c) Calçar as luvas estéreis. 2.2- Preparo do campo operatório: • Fazer a degermação do campo operatório com PVP-I 1% detergente, retirá-lo em seguida com compressas úmidas de soro fisiológico 0,9% (ou água esterilizada). A seguir fazer a antissepsia do campo operatório com PVP-I 1% alcoólico para pele íntegra. Para mucosas e pele não íntegra utilizar PVP-I 1% aquoso. Em caso de alergia ao iodo, fazer degermação com clorehexidina 4% detergente e a antissepsia com clorehexidina 0,5% alcoólica. 3. Comportamento durante o ato cirúrgico. • Supervisão da técnica cirúrgica pelo cirurgião-staff. • Manter o uso correto da touca e da máscara pela equipe multiprofissional necessária na S.O. • Evitar movimentos que provoquem turbilhonamento do ar, tanto de pessoal quanto de material. • Manter a porta da S.O. fechada. • Evitar conversas desnecessárias. 4. O ambiente cirúrgico. 4.1- Instrumentais: • Os artigos médico-cirúrgicos utilizados devem ser encaminhados à sala de utilidades com proteção de campo. • Na sala de utilidades os artigos devem ser imersos em solução desencrostante, durante 02 (dois ) minutos, enxaguados com água corrente e secos, antes de encaminhá-los a central de esterilização. • Encaminhar os instrumentos médico- cirúrgicos, após limpeza, à central de esterilização. • Reforçar atenção durante a manipulação do material pérfuro cortante. • Desprezar as agulhas, lâminas de bisturi e qualquer material perfurante e ou cortante em locais apropriados ( recipientes rígidos com tampa). • Não utilizar desinfetantes em artigos que serão esterilizados. • Recipientes com material orgânico (vidro de aspiração, bacias, etc.) devem ter seu conteúdo desprezado no expurgo da sala de utilidades. Em seguida, fazer a limpeza do recipiente com solução desencrostante, enxaguar e secar. Após este procedimento, encaminhar o material para a central de material e esterilização para sofrer a desinfecção ou a esterilização. 4.2- Limpeza:PRFª I.M.C. R 4 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II a) Limpar a unidade do centro cirúrgico com água e sabão 01 (uma) vez ao dia. b) Limpar o piso da S.O. com água e sabão a cada cirurgia. c) Limpar mesa cirúrgica mesas auxiliares e bancadas, com água e sabão, em seguida fazer a desinfecção com álcool etílico a 70%. Este procedimento deverá ser feito após cada cirurgia. d) Em caso de contaminação com material orgânico, as superfícies contaminadas deverão ser desinfetadas e limpas da seguinte maneira: • Retirar o material orgânico com pano de chão(trapo) ou papel toalha aplicando o hipoclorito de sódio 1% por 10 (dez minutos) na área contaminada. • Limpar em seguida toda a superfície com água e sabão. • Não utilizar glutaradeíldo ou fenol sintético na limpeza do ambiente. • Em superfície metálica, utilizar o álcool etílico a 70%. Obs.: Todo processo de limpeza e desinfecção deve ser executado pelo profissional usando E.P.I. (Equipamento de Proteção Individual). 5. Recomendações finais. • Manter toda a unidade do centro cirúrgico sob refrigeração, com portas e janelas fechadas. • Toda alimentação utilizada pelos profissionais no centro cirúrgico deve ser preparada fora da unidade. São permitidos em área afim: café, chá, leite, refresco, refrigerantes, biscoitos e sanduíches frios. Para alimentos não especificados acima (marmita, pratos e sanduíches quentes), o funcionário deverá utilizar sala na área externa do Centro-Cirúrgico, realizando a troca de roupa. Proibido qualquer tipo de alimento SO. • Desprezar o lixo em sacos plásticos resistentes, encaminhá-los fechados para área de recolhimento para ser encaminhado à área de incineração. • Manter os recipiente de lixo tampados. • Desprezar toda roupa suja do Centro cirúrgico em sacos plásticos resistentes, encaminhá-los fechados para a área de recolhimento, para ser encaminhado à lavanderia. • O sistema de ventilação e refrigeração no centro cirúrgico deve garantir o funcionamento da sala com uma temperatura média de 21º C, troca de ar na S.O. de no mínimo 15 vezes por hora de pressão positiva no seu interior. • As soluções utilizadas no centro cirúrgico deverão conter em seu rótulo a data de abertura. Manter as soluções utilizadas em quantidade suficiente para o uso de sete dias. 2-Cuidados de Enfermagem no Pré- Operatório,Transoperatório,Pós- Operatório : Definição de pré-operatório É o período de tempo que tem início no momento em que se reconhece a necessidade de uma cirurgia e termina no momento em que o paciente chega à sala de operação. PRFª I.M.C. R 5 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II Subdivide-se em mediato (desde a indicação para a cirurgia até o dia anterior a ela) e em imediato (corresponde às 24 horas anteriores à cirurgia). Transoperatório É o período do ato cirúrgico em si- passa-se dentro da sala de Cirurgia. Definição de pós – operatório É o período que se inicia a partir da saída do paciente da sala de cirurgia e perdura até a sua total recuperação Subdivide –se em: Mediato: (após 24 horas e até 7 dias depois) Tardio: (após 07 dias do recebimento da alta) 2.1-Cuidados Pré-Operatórios : 1.Observar o estado do paciente , se tem secreção , se está com tosse , ou sinal de infecção, no caso de observar falar ao enfermeiro ou o Médico; 2.Pedir ao paciente que deixe de fumar nos dias anteriores da cirurgia , explicar o efeito que causa nas vias respiratórias , é possível de infecção; 3.Observar o surgimento de febre ou qualquer alteração dos sinais vitais 4.Orientar o paciente a realizar exercícios respiratórios para aumentar a ventilação , isso ajudanos cuidados pós-cirúrgicos, após recuperar da anestesia. 5.Coletar e encaminhar exames laboratoriais 6.Acompanhar o paciente quando forem fazer exames tais como Radiografia ou Eletrocardiogramas; 7.Observar a atitude do paciente , no caso de estar abatido, ou em estado de agitação informar ao Enfermeiro ou ao Médico; 8.Orientar o acompanhante ,isso contribui para que fique mais tranqüilo e relaxado 9.Anotar no prontuário qualquer anormalidade 2.2-.Cuidados Pré-Operatórios Imediatos: São os cuidados realizados doze horas de antecedência da Cirurgia 1.Jejum por doze horas antes cirurgia , o cartaz ,deverá ser colocado visível indicando o jejum; 2.Banho na noite anterior , ou pela manhã 3.Clister na noite anterior 4.Ministrar medicamento Pré- Operatório 5.Colher amostra de sangue e urina para controlar evolução dos procedimentos cirúrgicos realizados no paciente 6.Retirar próteses não fixas , óculos ,jóias , adornos ,guardando-os de maneira adequada e indicando a localização dos pacientes e de seus familiares PRFª I.M.C. R 6 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II 7.Caso o paciente use lente , orientar limpeza , caso não traga orientar limpeza com S.F ,indicando qual corresponde ao olho D e E; 8.Necessidade Espiritual devemos atender conforme o pedido do paciente 9.Preparo da pele com tricomia do local a ser operado e limpeza com anti-séptico em região definida; Tricotomia 1.Material : Aparelhos descartáveis, água morna com sabão esponja, a região ser depilada toalha para secar, e toalha grande para evitar que se molhe a cama; Primeiramente ensaboar a região e em seguida passar o aparelho no sentido contrário do pelo, pelos longos, corta-se primeiramente com a tesoura. Verificar arranhão na pele Limpeza com anti-séptica em geral iodo , deixar agire depois agir e depois cobrir com campo estéril 2.3-Transoperatórios : Durante a cirurgia os membros da Equipe que já se escovaram deverão manusear apenas os objetos esterilizados A pele do paciente deverá ser meticulosamente limpa , o restante do corpo deverá ser coberta por lençóis estéries e permanece estéries ; Os artigos estéries não utilizados devem ser descartados ou reesterelizados para que possam ser utilizados novamente 1. Equipe Cirúrgica :As pessoas separadamente ao entrar na sala de cirurgia caso algumas deixa a sala condição estéril será perdida para que volte a sala deverá usar capote , vestir e calçar as luvas; 2. Circulante É a pessoa que ainda não se escovou mais deverá ficar a uma distância segura dos campos estéris; 3. Colocação do Campo : Devem ser presos a superfície coberta e cobrir ambos os lados ; 4. Os campos estéris são mantidos na posição com o uso de pinças ou de material aderente ,esses campos não devem ser movimentados durante a cirurgia; 5. fornecimento de Material estéril , os pacotes devem serem abertos com facilidade , os braços de circulantes não devem esbarrar em campos estéris; 6. Soluções devem ficar na altura que não encostem nas luvas do cirurgião; 7. Posicionamento na mesa Cirúrgica : PRFª I.M.C. R 7 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II Dependerá do procedimento a ser feito , bem como do estado físico do paciente : 1. Permanecer em uma posição confortável ; 2.A área cirúrgica deverá ficar exposta; 3. Não deverá haverpressão sobre os vasos; 4.Os suportes dos ombros devem ser acolchoados para evitarem a lesão do nervo , especialmente na posição de Trendelemburg; 5.Precauções de segurança devem serem observadas em pacientes: idosos, obesos,ou magros; 6.O paciente necessita de contenção gentil antes da indução, em caso de agitação também; 3-Técnicas de Transporte no pré e pós- operatório : a-Transporte de Pacientes Críticos: - Equipe de transporte: O número de pessoas que participarão do transporte depende da gravidade da cirurgia e da complexidade e do número de equipamentos exigidos. Um mínimo de duas pessoas é o necessário, pessoas capazes de providenciar suporte de vias aéreas e que saibam interpretar possíveis alterações cardiovasculares e respiratórias que, porventura, ocorram no decorrer do transporte.Esse paciente deve ser avaliado antes e após a cirurgia para o tranporte. Podem fazer parte da equipe de transporte: o enfermeiro, o médico, os auxiliares e técnicos de enfermagem e o fisioterapeuta. O médico deve acompanhar o transporte intra -hospitalar daqueles pacientes com o estado fisiológico instável e que podem precisar de intervenções agudas que estão além da capacidade técnica do enfermeiro, e técnico e do auxiliar de enfermagem. Sendo obrigatória a sua presença nas seguintes situações: • pacientes com via aérea artificial (intubação endotraqueal, Crico/traqueostomia); • presença de monitorização invasiva, tais como o uso de cateter de artéria pulmonar (Swan-Ganz). b-Transporte para a sala de cirurgia Alguns cuidados devem ser observados no transporte do paciente até a sala de cirurgia: Garantir a segurança física e emocional do paciente: as grades devem estar erguidas, o profissional deve posicionar-se à cabeceira da maca; Avaliar a expressão facial do paciente; Cuidados com acesso venoso, drenos, infusões; PRFª I.M.C. R 8 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II Não realizar movimentos bruscos e manter o paciente protegido com o lençol devido ao frio. Comunicar-se com o paciente; Garantir um transporte tranqüilo; Evitar conversas desnecessárias, brincadeiras, ruídos, etc. respeitando o estado em que se encontra o paciente. c- Transporte para a mesa de cirurgia Ao entrar no Centro Cirúrgico o profissional deve estar com a máscara devidamente posicionada na face. O paciente é transferido para a mesa cirúrgica e posicionado de acordo com a intervenção cirúrgica a que será submetido. As posições mais freqüentes são: Decúbito dorsal horizontal; Decúbito ventral horizontal; Decúbito lateral direito ou esquerdo; Posição de Trendelemburg; Trendelemburg reversa; Posição depage; Decúbito dorsal quebrado; Posição proctológica; Posição ginecológica; Posição canivete; Genupeitoral; Proclive. A transferência da maca para a mesa cirúrgica deverá ser realizada com muito cuidado, evitando-se movimentos bruscos, contando preferencialmente com a ajuda de outros profissionais presentes na sala. Cuidados sempre com próteses, como tubo oro-traqueal e ventilação mecânica, drenos e cateteres ( dreno de tórax, cateter intracraniano ) que poderão acidentalmente ser tracionados durante a passagem do paciente para a mesa de cirurgia. Se for possível contar com a ajuda do próprio paciente. d-Preparo para a Anestesia O bloqueio anestésico é utilizado para que o procedimento transoperatório ocorra de forma que o paciente não sinta dores, ou para que o mesmo não faça movimentos bruscos em áreas que estão cirurgiadas. Durante a anestesia, os cuidados são basicamente prestados pelo anestesista, cabendo à enfermagem: Posicionar o paciente adequadamente para que ele possa aplicar o anestésico; Dar apoio ao paciente; Disponibilizar material e drogas anestésicas; Humanização na Assistência de Enfermagem no Centro Cirúrgico Para uma boa assistência de enfermagem é necessário observar os aspectos humanos: Receber bem o paciente; Perguntar o nome do paciente; Olhar para o paciente; Dizer quem é e o que faz na equipe; Preservar a intimidade do paciente; Não deixá-lo sozinho; Detectar condições de: medo, ansiedade, nervosismo, etc. e PRFª I.M.C. R 9 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II passar segurança e promovendo conforto; e- Equipamentos e Materiais do Centro Cirúrgico Equipamentos fixos: são aqueles que fazem parte da estrutura da sala: Foco central; Pontos de O2 e vácuo; Negatoscópio; Interruptores de tomadas; Ar condicionado, entre outros. Equipamentos móveis: são aqueles que podem ser movimentados na sala: Mesa cirúrgica, mesas auxiliares, suporte de hampers, balde de lixo, escadinha, foco auxiliar, estrado, suporte de soro, arco, monitores, aspirador portátil, aparelho de anestesia, bisturi elétrico, mesa de mayo, mesa de instrumental, carro de anestesia, entre outros. Materiais: Esterilizado ( roupas para paramentação, campos operatórios, compressas, instrumental ); Soluções, pomadas, material para curativo ( soros, degermantes, etc. ); Sutura e procedimentos ( fios, agulhas, sondas, cateteres, próteses, seringas, luvas, etc. ); Impressos ( receituário para medicamentos controlados, requisições para laboratório e banco de sangue, folha de relação de gastos, folha de gráfico de anestesia e impressos utilizados pela enfermagem ). Posição do Paciente na Cirurgia É determinado pelo anestesiologista ou cirurgião . A equipe de enf. deve ter em mãos acessórios que auxiliem na melhor posição do pct. A posição cirúrgica é aquela em que o pcte é colocado após ser anestesiado levando em conta principalmente a via de acesso cirúrgico. As posições cirúrgicas são : dorsal ou decúbito dorsal , ventral ou decúbito ventral, posição lateral ou decúbito lateral , posição ginecológica . Outras posições são especificadas para determinada cirurgia , seus objetivos são; prevenção para problemas futuros , não comprimir terminações nervosas, não forçar posições de braços ou pernas , protegê-lo do contato com superfície metálica , proteger as proeminências ósseas ; principalmente em pcts idosos para evitar formação de escaras e cuidar para que os membros ñ fiquem pendentes em cima da mesa de operação. f-Centro de Recuperação Pós- anestésica ( CRPA ) –Indicativos de Recuperação É a unidade destinada a prestação de cuidados ao paciente submetido à intervenção cirúrgica que ainda se encontra sob efeitos anestésicos, geralmente apresentando algum tipo de instabilidade orgânica de sistemas vitais. Os pacientes permanecem nessa unidade até que os sistemas orgânicos tenham se recuperado totalmente dos efeitos da PRFª I.M.C. R 10 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II anestesia, ou seja, até que seja possível manter uma estabilidade hemodinâmica satisfatória, preferencialmente sem a utilização de medicamentos, que se restabeleçam as funções ventilatórias ou que haja uma considerável superficialização do nível de consciência. g-Assistência de Enfermagemno CRPA Uma equipe de enfermagem especializada é fundamental, assim como a presença constante de um anestesista em cada equipe transdisciplinar de saúde. O principal objetivo da enfermagem nessa unidade é cuidar do paciente no atendimento imediato das suas necessidades humanas básicas, a fim de que haja pronto restabelecimento das funções orgânicas vitais: Permanecer na sala de CRPA até o paciente recuperar 50% a 75% dos sinais vitais; Avaliar sinais vitais de 15 em 15 minutos, depois de 30 em 30 minutos; Avaliar oxigenação, estimulando o movimento respiratório; Observar ocorrência de vômitos, lateralizar a cabeça; Limpar vias aéreas e aspirar se necessário; Manter vigilância, manter curativo limpo e seco; Tomar medidas para aliviar a dor; Realizar balanço hídrico; Proporcionar conforto e segurança; Informar a família sobre o estado do paciente. h- Equipamentos do CRPA Para uma perfeita monitorização do paciente, o CRPA deve dispor de: Equipamentos de monitorização de sinais vitais como monitores cardíacos e oximetria de pulso; Cama com grade e posicionamento; Central de O2 e vácuo; Suporte para soros, drenos, bombas de infusão, etc.; Medicamentos e materiais utilizados em emergência; Equipamentos para a manutenção de suporte avançado de vida, como por exemplo, ventiladores mecânicos artificiais, balão intra-aórtico, marca-passo externo, etc. Os tipos de anestesias mais realizadas são: Anestesia Geral: Através da administração de medicamentos o paciente é mantido inconsciente, sem dor e imóvel durante todo o procedimento. Está indicada para cirugias sobre o Abdomem superior, tórax, cabeça, pescoço, cirurgias neurológicas e cardíacas. Cirurgias em crianças são realizadas, normalmente com anestesia geral para evitar movimentação brusca durante os procedimentos. Em alguns casos, é possível a administração de anestésicos locais, após a criança ter adormecido, nos locais onde as cirurgias são realizadas, para PRFª I.M.C. R 11 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II diminuir a dor pós-operatória. Atualmente, bloqueios anestésicos associados a anestesia geral são bastante comuns em crianças, dando mais conforto a este grupo de pacientes. A anestesia geral pode ser aplicada por via venosa, inalatória ou ambas. O anestesiologista é a pessoa que punciona a sua veia, coloca o soro, monitoriza todas as suas funções vitais-como batimentos cardíacos, respiração, pressão arterial, temperatura corporal e etc, mantendo-os normais ou tratando quando estes se alteram, através de monitores e avaliação clínica. Anestesia Regional: Através da administração de medicamentos obtemos anestesia de apenas algumas áreas do corpo, como por exemplo: -Anestesia Raquidiana: realizada com anestesia local, nas costas. O paciente fica com os membros inferiores e parte do abdomen completamente anestesiados e imóveis. -Anestesia Peridural: Também realizada pela adição de anestésicos locais nas costas próximos aos nervos que transmitem a sensibilidade dolorosa. Neste caso é possível se realizar o bloqueio de apenas algumas raízes nervosas ou várias - como anestesia peridural para mamoplastias, por exemplo, onde o anestesiologista pode anestesiar apenas a região do tórax onde estão localizadas as mamas. As diferenças entre raqui e peridural, são as quantidades totais de anestésicos, o local onde cada anestésico é administrado e o tipo de agulha utilizada. Ambas têm vantagens e desvantagens - O anestesiologista, durante a consulta pré-anestésica, é a pessoa mais qualificada para esclarecer suas dúvidas sobre ambas. Os bloqueios de nervos periféricos são outro tipo e, neste caso, o anestesiologista administra o anestésico apenas ao redor dos nervos que irão para o local da cirurgia a ser realziada. Por exemplo, cirurgias sobre a mão podem ser realizadas com bloqueios dos nervos que inervam a mão, através da administração de anestésicos próximos a estes, na altura da axila ou do pescoço. A anestesia local é outro tipo, e esta podeser realizada com ou sem auxílio de drogas sedativas. A Sociedade Brasileira de Anestesiologia, juntamente com todas as suas filiadas, recomenda que todo o procedimento médico anestesiológico deva ser realizado por um médico anestesiologista. Pequenas doses de anestésicos locais, como por exemplo, para retirada de sinais de pele(nevus) são comumente realizados pelo médico cirurgião com ou sem a presença de um anestesiologista. As doses máximas de anestésicos locais devem ser respeitadas durante a sua utilização e o seu anestesiologista é a pessoa indicada para realizar tais cálculos e tratar eventuais complicações dos mesmos. Durante qualquer tipo de anestesia, o anestesiologista jamais se ausenta do lado do seu paciente, controlando sua pressão arterial, seus batimentos cardíacos, sua temperatura, seu grau de consciência e a sua respiração de 5/5 min ou menos, além de cuidar da manutenção do seu PRFª I.M.C. R 12 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II bem estar e toda e qualquer complicação clínica que possa ocorrer como consequência da cirurgia que o paciente está realizando ou de doenças prévias que por ventura estejam presentes no momento da operação." 4-Tipos de Sondas SONDAGEM VESICAL:. A sondagem vesical é a introdução de uma sonda ou cateter na bexiga, que pode ser realizada através da uretra ou por via supra-púbica, e tem por finalidade a remoção da urina. Suas principais indicações são: obtenção de urina asséptica para exame, esvaziar bexiga em pacientes com retenção urinária, em preparo cirúrgico e mesmo no pós operatório, para monitorizar o débito urinário horário e em pacientes inconscientes, para a determinação da urina residual ou com bexiga neurogênica que não possuam um controle esfincteriano adequado. A sondagem vesical pode ser dita de alívio, quando há a retirada da sonda após o esvaziamento vesical, ou de demora, quando há a necessidade de permanência da mesmo. Nestas sondagens de demora, a bexiga não se enche nem se contrai para o seu esvaziamento, perdendo com o tempo, um pouco de sua tonicidade e levando à incapacidade de contração do músculo detrursor; portanto antes da remoção de sonda vesical de demora, o treinamento com fechamento e abertura da sonda de maneira intermitente, deve ser realizada para a prevenção da retenção urinária. Sonda vesical de alívio Sondas vesicais de demora de duas e três vias vias - Quando há a necessidade de uma sonda de demora, é imperativo a utilização de um sistema fechado de drenagem, que consiste de uma sonda ou cateter de demora, um tubo de conexão e uma bolsa coletora que possa ser esvaziada através de uma valva de drenagem, tudo isto para a redução do risco de infecção (ilustração abaixo). O risco de infecção é inerente ao procedimento; a colonização bacteriana ocorre na metade dos pacientes com sonda de demora por duas semanas e praticamente emtodos os pacientes após seis semanas de sondagem. PRFª I.M.C. R 13 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II DRENAGEM VESICAL SUPRA- PÚBICA - É realizada através da introdução de um cateter após uma incisão ou punção na região supra-púbica, a qual é preparada cirurgicamente, sendo que o cateter é posteriormente conectado à um sistema de drenagem fechado. Suas indicações principais são pacientes com retenção urinária por obstrução uretral sem possibilidades de cateterização, em pacientes com neoplasia de próstata ou em pacientes com plegias, ou seja quando há necessidade de uso crônico da sonda. São várias as vantagens da drenagem supra- púbica: os pacientes são capazes de urinar mais precocemente, é mais confortável do que uma sonda de demora trans-uretral, possibilita maior mobilidade ao paciente, maior facilidade de troca da sonda e principalmente apresenta um menor risco de infecção urinária. Como desvantagem é ser um método cirúrgico. TIPOS DE SONDAS OU CATETERES - variam de modelos e materiais, de acordo com o tipo de sondagem, se de alívio ou de demora. Para as sondagens de alívio, as mais utilizadas são a sonda de nelaton; para as sondagens de demora temos as sondas de duas vias, como a de Foley (figura abaixo) ou a de três vias para lavagem vesical. Cuidados de Enfermagem - quanto ao material necessário: pacote esterilizado contendo: cuba rim, campo fenestrado, pinça, gaze, ampola de água destilada, seringa de 10 ml e cuba redonda, e ainda: sonda vesical, luvas esterilizadas, frasco com solução antisséptica (PVPI), saco plástico, recipiente para a coleta de urina e lubrificante (xylocaína esterilizada). Cuidados de Enfermagem De início devemos ao paciente uma orientação sobre as necessidades e técnicas. Após lavagem adequada das mãos, deve-se reunir todo o material necessário para o procedimento. O isolamento do paciente nos quartos comunitários é humano. Quanto à melhor posição, é para as mulheres a ginecológica e para os homens o decúbito dorsal com as pernas afastadas. Após a abertura do pacote de cateterismo, calçar luvas estéreis. Nas mulheres, realizar antissepsia da região pubiana, grandes lábios e colocar campo fenestrado; entreabrir os pequenos lábios e fazer antissepsia do meato uretral, PRFª I.M.C. R 14 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II sempre no sentido uretra-ânus, levando em consideração de que a mão em contato com esta região é contaminada e não deve voltar para o campo ou sonda. Introduzir a sonda lubrificada no meato urinário até a verificação da saída de urina. Se for uma sonda de Foley, insuflar o balão de segurança com água destilada, obedecendo o volume identificado na sonda. Conectar à extensão, fixar a sonda e reunir o material utilizado. Se for uma de alívio, aguardar esvaziar a bexiga e remover imediatamente a sonda. Nos homens, após a antissepsia da região púbica, realiza-se o mesmo no pênis, inclusive a glande com movimentos circulares, e para a passagem do cateter, traciona-se o mesmo para cima, introduzindo-se a sonda lentamente. Nas sondagens vesicais de demora, com o sistema de drenagem fechado, deve-se observar algumas regras para diminuição do risco de infecção do trato urinário: nunca elevar a bolsa coletora acima do nível vesical; limpeza completa duas vezes ao dia ao redor do meato uretral; nunca desconectar o sistema de drenagem fechado, e a troca do sistema deve ser realizado a cada sete dias na mulher e a cada 15 dias no homem, ou na vigência de sinais inflamatórios. SONDAGEM GASTROINTESTINAL A passagem de sonda gastrointestinal é a inserção de uma sonda de plástico ou de borracha, flexível, pela boca ou pelo nariz, cujos objetivos são: 1. descomprimir o estômago 2. remover gás e líquidos 3. diagnosticar a motilidade intestinal 4. administrar medicamentos e alimentos 5. tratar uma obstrução ou um local com sangramento 6. obter conteúdo gástrico para análise Tipos de Sonda - Enfatizaremos as mais utilizadas que são as sondas nasogástricas, sendo as mais utilizadas para descompressão, aspiração e irrigação (lavagem): Sonda de Levin - possui uma luz única, manufaturada com plástico ou borracha, com aberturas localizadas próxima à ponta; as marcas circulares contidas em pontos específicos da sonda servem como guia para sua inserção (figura 1) Sonda gástrica simples - É uma sonda naso-gástrica radiopaca de plástico claro, dotada de duas luzes, usada para descomprimir o estômago e mantê-lo vazio. Sonda de Dobhoff – sonda utilizada com freqüência para alimentação enteral, sendo que como característica possui uma ponta pesada e flexível Sonda Nutriflex - possui 76 cm de comprimento e uma ponta pesada de mercúrio para facilitar a inserção. Sonda de Sengstaken-Blakemore - é uma sonda utilizada especificamente para o tratamento de sangramentos de varizes esofageanas, possuindo três luzes com dois PRFª I.M.C. R 15 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II balões, sendo uma luz para insuflar o balão gástrico e outra para o balão esofageano. Sonda de Miller-Abbott - é de duas luzes, sendo uma para introdução de mercúrio ou ar no balão do final da sonda e a outra para aspiração. Figura 1 Figura 2 Cuidados de Enfermagem 1. orientação ao paciente sobre o procedimento 2. lavagem das mãos 3. reunir o material e levar até o paciente: sonda, copo com água, seringa de 20 ml, gazes, lubrificante hidrossolúvel (xylocaína geléia) esparadrapo, estetoscópio e luvas. 4. posicionar o paciente em Fowler ou decúbito dorsal 5. medir o comprimento da sonda: da ponta do nariz até a base da orelha e descendo até o final do esterno, marcando-se com uma tira de esparadrapo 6. Aplicar spray anestésico na orofaringe para facilitar a passagem e reprimir o reflexo do vômito. 7. lubrificar cerca dos 10 cm. iniciais da sonda com uma substância solúvel em água (K-Y gel), introduzir por uma narina, e após a introdução da parte lubrificada, flexionar o pescoço de tal forma que o queixo se aproxime do tórax. Solicitar para o paciente que faça movimentos de deglutição, durante a passagem da sonda pelo esôfago, observando se a mesma não está na cavidade bucal. 8. introduzir a sonda até a marca do esparadrapo. 9. fixar a sonda, após a confirmação do seu posicionamento. COMPROVAÇÃO DE CORRETO POSICIONAMENTO 1. Teste da audição: colocar o diafragma do estetoscópio na altura do estômago do paciente e injetar rapidamente 20 cc de ar pela sonda, sendo que o correto é a audição do ruído característico. 2. Aspiração do conteúdo: aspirar com uma seringa o conteúdo gástrico e determinar do seu pH. O pH do conteúdo gástrico é ácido (aproximadamente 3), do aspirado intestinal é pouco menos ácido (aproximadamente 6,5) e do aspirado respiratório é alcalino (7 ou mais); também está confirmado o correto posicionamento, se com a aspiração verificarmos restos alimentares. 3. Teste do borbulhamento: colocar a extremidade da sonda em um copo com água, sendo que se ocorrer borbulha, é sinal que está na traquéia. 4. Verificação de sinais: Importância para sinais como tosse, cianose e dispnéia.SONDAGEM RETAL A mais importante utilização da sonda retal é para a lavagem intestinal, que possui como por finalidade: eliminar ou evitar a distensão abdominal e flatulência, facilitar a eliminação de fezes, remover sangue nos casos de melena e preparar o paciente para cirurgia, exames e tratamento do trato intestinal. Cuidados de Enfermagem PRFª I.M.C. R 16 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II 1. orientar o paciente 2. preparo do material: forro, vaselina ou xylocaína geléia, papel higiênico, comadre, biombos, sonda retal, gaze, equipo de soro e luvas. 3. lavar as mãos e utilizar luvas 4. adaptar a sonda retal à solução prescrita e ao equipo de soro 5. colocar o paciente na posição de Sims 6. lubrificar cerca de 10 cm da sonda com vaselina 7. afastar os glúteos e introduzir a sonda 8. no caso de lavagem intestinal, abrir o equipo, deixar escoar o líquido, fechar o equipo após e término, retirar a sonda e encaminhar o paciente ao banheiro ou colocá-lo em uma comadre. 5-Equipe Cirurgica Importância do Técnico de enf. na Sala de Cirurgia : auxilia diretamente a enfermeira é de sua função testar o funcionamento de todos os equipamentos , controle de material esterilizado, verificar prazos de validade e atuar também como Instrumentador cirúrgico ou circulante de sala. Circulante : É o profissional que pode ser o Técnico ou o Auxiliar de Enfermagem, que vai monitorar o paciente, ver as condições de perfusão do paciente e auxiliar o pessoal na sala de Cirurgia. 6-Assepsia da Sala de Cirurgia , Instrumental e Componentes Limpeza e desinfecção do Centro Cirúrgico Considerar todo líquido ou material orgânico de qualquer paciente (em todas as cirurgias) como possível fonte de contaminação, procurando confinar essa a uma restrita área próxima à mesa cirúrgica. A limpeza e desinfecção da sala de cirurgia podem ocorrer antes, durante e após a cirurgia, conforme objetivos específicos para cada um desses momentos: 6.1 - Limpeza antes do início dos procedimentos cirúrgicos do dia: O objetivo é remover a poeira porventura acumulada em móveis e equipamentos após a limpeza realizada no final do turno do dia anterior. • Realizar a limpeza das superfícies horizontais dos móveis e equipamentos com pano seco e limpo, umidificado com água ou solução desinfetante (de preferência, o álcool 70 %). 6.2 - Limpeza durante o procedimento cirúrgico: O objetivo é contribuir para a manutenção de ambiente limpo durante a cirurgia. Realizá-la, desde que não interfira com o ato cirúrgico ou a pedido do cirurgião. • Manter limpa, o máximo possível, a sala de cirurgia durante todo o procedimento. Se necessária, realizar a limpeza do piso e superfícies durante a cirurgia . Trocar os hamperes e os cestos de lixo sempre que muito cheios, para evitar que transbordem e contaminem o piso. 6.3 - Limpeza após cada procedimento cirúrgico: O objetivo é recompor e preparar a sala para a próxima cirurgia. • Após cada procedimento cirúrgico, a sala de cirurgia deve ser limpa (piso e a mesa cirúrgica, a princípio) e, se necessário, realizar a limpeza e desinfecção localizada de equipamentos, piso, paredes, portas, teto, mobiliários e demais instalações. A necessidade de desinfecção é determinada pela presença de respingo ou deposição de matéria orgânica. • Para a desinfecção é utilizado o hipoclorito de sódio para as superfícies (pisos e paredes) e PRFª I.M.C. R 17 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II álcool 70 % para equipamentos e metais. Após a desinfecção, realizar a limpeza com água e sabão de toda a superfície. Secar muito bem as superfícies e os artigos / equipamentos. • A porta da sala de cirurgia deve permanecer sempre fechada, mesmo não havendo procedimento cirúrgico. • As Normas Internas de Funcionamento do Centro Cirúrgico prevêem o tempo de 15 minutos, o qual pode ser estendido, para fins de limpeza e desinfecção entre as cirurgias. 6.4 - Limpeza no final da programação cirúrgica diária (ou do turno) e Limpeza semanal: O objetivo é a limpeza mais completa, reservando para a limpeza semanal todos os itens não atingidos, rotineiramente, pela limpeza terminal diária. Observar as Rotinas de limpeza e desinfecção de superfícies e equipamentos do Centro Cirúrgico. 6.5 – Instrumentos, roupas sujas e resíduos infectantes (sólidos) • O material a ser esterilizado na CME deve ser acondicionado em recipiente resistente à perfuração, observando os cuidados para evitar acidentes com materiais perfurocortantes (Ex.: pinças fechadas e bisturi sem a lâmina). • Os resíduos sólidos devem ser descartados em sacos plásticos próprios, sem extravasamento de material ou líquido, mantendo a superfície externa limpa. • Os materiais perfurocortantes devem ser desprezados em coletores especiais. • As roupas sujas devem ser acondicionadas em sacos plásticos especiais, evitando o extravasamento de líquidos e mantendo limpa a superfície externa do saco coletor. • O transporte de resíduos sólidos e de roupa suja deve ser feito em carrinhos próprios e fechados, que circulam apenas na área verde. O recolhimento da roupa e dos resíduos deve ser feito em freqüência que não permita o acúmulo excessivo. 6.6- Programa de educação continuada O gerenciamento voltado para a qualidade da assistência e a humanização constitui a base sobre a qual o programa de educação continuada deve ser construído. Uma vez que várias equipes profissionais atuam no setor, a harmonização das ações das várias chefias é o primeiro objetivo. A elaboração, implantação e desenvolvimento de um programa de educação continuada, além do aperfeiçoamento técnico e profissional das pessoas, devem estar voltados para o desenvolvimento da equipe multiprofissional, levando esta a uma atuação harmoniosa, efetiva e eficiente. Estrategicamente, o programa de educação continuada deve compreender algumas etapas, entre essas: 6.1 - Atualização e definição de normas e rotinas: A partir das Normas Internas de Funcionamento do Centro Cirúrgico e das normas da instituição (inclusive, as recomendações técnicas do NCIH), as atividades assistenciais devem ser revisadas, agrupadas e definidas em processos de trabalho. Estes, por sua vez, devem ser descritos em rotinas, na forma de procedimentos operacionais padronizados (POPs). Nesta etapa, o envolvimento da equipe de saúde já constitui em si, um importante elemento de educação e integração. 6.2 - Ações educativas: As ações educativas formais (cursos e treinamentos) ou informais devem ser contínuas e abrangentes. O treinamento periódico em relação às normas e rotinas do setor deve ser priorizado e sempre registrado. O objetivo é atingir, de forma regular, todos os profissionais que exercem atividades no Centro Cirúrgico: equipe de PRFª I.M.C. R 18 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II enfermagem e médica (cirurgiões, anestesistas e médicos-residentes). Adicionalmente, a equipe de limpeza e o pessoal administrativo que exerce atividades regulares no Centro Cirúrgico devem ser treinados. Os médicos residentese os novos servidores devem ser instruídos assim que iniciam as atividades no Centro Cirúrgico, conforme definido nas Normas Internas de Funcionamento do Centro Cirúrgico . 6.3 - Avaliação e supervisão sistemática: A avaliação e a supervisão sistemática do desempenho individual e da equipe contribuem para o desenvolvimento da qualidade dos processos de trabalho, orientando ainda as atividades de educação continuada. 7-Feridas e Curativos FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO A pele é o maior órgão do corpo humano, tendo como principais funções: proteção contra infecções, lesões ou traumas, raios solares e possui importante função no controle da temperatura corpórea.A pele é subdividida em derme e epiderme. A epiderme, histologicamente constituída das camadas basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea é um importante órgão sensorial. Na derme, encontramos os vasos sanguíneos, linfáticos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas, pelos e terminações nervosas, além de células como: fibroblastos, mastócitos, monócitos, macrófagos, plasmócitos entre outros. FERIDAS : As feridas são conseqüência de uma agressão por um agente ao tecido vivo. CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS : As feridas podem ser classificadas de várias maneiras: pelo tipo do agente causal, de acordo com o grau de contaminação, pelo tempo de traumatismo, pela profundidade das lesões, sendo que as duas primeiras são as mais utilizadas. QUANTO AO AGENTE CAUSAL 1. Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, lâminas, etc.; suas características são o predomínio do comprimento sobre a profundidade, bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas. Na ferida incisa o corte geralmente possui profundidade igual de um extremo à outro da lesão, sendo que na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda. 2. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força do traumatismo é que causa a penetração do instrumento, tendo como exemplo o machado. 3. Perfurante são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego, alfinete. Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade na importância deste órgão. 4. Pérfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir dois orifícios, o de entrada e o de saída. PRFª I.M.C. R 19 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II 5. Lácero-contusas - Os mecanismos mais freqüentes são a compressão: a pele é esmagada de encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou arrancamento tecidual. As bordas são irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo clássico as mordidas de cão. 6. Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos pérfuro-cortantes que possuem gume e ponta, por exemplo um punhal. Deve-se sempre lembrar, que externamente, poderemos ter uma pequena marca na pele, porém profundamente podemos ter comprometimento de órgãos importantes como na figura abaixo na qual pode ser vista lesão no músculo cardíaco. 7. Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento da pele. 8. Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda da continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue extravasado forma uma cavidade. Também as feridas podem ser classificadas de acordo com o GRAU DE CONTAMINAÇÃO. Esta classificação tem importância pois orienta o tratamento antibiótico e também nos fornece o risco de desenvolvimento de infecção. 1. limpas - são as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não foram abertos sistemas como o digestório, respiratório e genito- urinário. A probabilidade da infecção da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%. 2. limpas-contaminadas – tabém são conhecidas como potencialmente contaminadas; nelas há contaminação grosseira, por exemplo nas ocasionadas por faca de cozinha, ou nas situações cirúrgicas em que houve abertura dos sistemas contaminados descritos anteriormente. O risco de infecção é de 3 a 11%. 3. contaminadas - há reação inflamatória; são as que tiveram contato com material como terra, fezes, etc. Também são consideradas contaminadas aquelas em que já se passou seis horas após o ato que resultou na ferida. O risco de infecção da ferida já atinge 10 a 17%. 4. infectadas - apresentam sinais nítidos de infecção. CICATRIZAÇÃO: Após ocorrer a lesão a um tecido, imediatamente iniciam-se fenômenos dinâmicos conhecidos como cicatrização, que é uma seqüência de respostas dos mais variados tipos de células (epiteliais, inflamatórias, plaquetas e fibroblastos), que interagem para o restabelecimento da integridade dos tecidos. O tipo de lesão também possui importância no tipo de reparação; assim, em uma ferida cirúrgica limpa, há necessidade de mínima quantidade de tecido novo, enquanto que por exemplo em uma grande queimadura, há necessidade de todos os recursos orgânicos para cicatrização e defesa contra uma infecção. Na seqüência da cicatrização de uma ferida fechada, temos a ocorrência de quatro fases distintas: inflamatória, epitelização, celular e fase de fibroplasia. 1. Fase inflamatória - O processo inflamatório é de vital importância para o processo de cicatrização; de início, ocorre vaso-constricção PRFª I.M.C. R 20 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II fugaz, seguida de vaso-dilatação, que é mediada principalmente pela histamina, liberada por mastócitos, granulócitos e plaquetas com aumento da permeabilidade e extravasamento de plasma; possui duração efêmera de mais ou menos 30 minutos, sendo que a continuidade da vaso-dilatação é de responsabilidade de prostaglandinas.. 2. Fase de epitelização - Enquanto que a fase inflamatória ocorre na profundidade da lesão, nas bordas da ferida suturada, em cerca de 24 a 48 horas, toda a superfície da lesão estará recoberta por células superficiais que com o passar dos dias, sofrerão fenômenos de queratinização. 3. Fase celular - No terceiro e quarto dia, após a lesão, fibroblastos originários de células mesenquimais, proliferam e tornam-se predominantes ao redor do décimo dia. Agem na secreção de colágeno, matriz da cicatrização, e formam feixes espessos de actina. O colágeno é responsável pela força e integridade dos tecidos. A rede de fibrina que se forma no interior da ferida orienta a migração e o crescimento dos fibroblastos. Os fibroblastos não tem a capacidade de lisar restos celulares, portanto tecidos macerados, coágulos e corpos estranhos constituem uma barreira física à proliferação com retardo na cicatrização. Após o avanço do fibroblasto, surge uma rede vascular intensa, que possui papel crítico para a cicatrização das feridas. Esta fase celular dura algumas semanas, com diminuição progressiva do número dos fibroblastos. 4. Fase de fibroplasia - Caracteriza- se pela presença de colágeno, proteína insolúvel, sendo composto principalmente de glicina, prolina e hidroxiprolina. Para sua formação requer enzimas específicas que exigem co-fatores como oxigênio, ferro, ácido ascórbico, daí suas deficiências levarem ao retardo da cicatrização. Esta fase de fibroplasia não tem um final definido, sendo que as cicatrizes continuam modelando-se por meses e anos, sendo responsabilidade da enzima colagenase. Esta ação é importante para impedir a cicatrização excessiva que se traduz peloquelóide. A cicatrização pode se fazer por primeira, segunda e terceira intenção. Na cicatrização por primeira intenção, ocorre a volta ao tecido normal, sem presença de infecção e as extremidades da ferida estão bem próximas, na grande maioria das vezes, através da sutura cirúrgica. Na cicatrização por segunda intenção, não acontece a aproximação das superfícies, devido ou à grande perda de tecidos, ou devido a presença de infecção; neste caso, há necessidade de grande quantidade de tecido de granulação. Diz-se cicatrização por terceira intenção, quando se procede ao fechamento secundário de uma ferida, com utilização de sutura. Nas feridas abertas (não suturadas), ocorre a formação de um tecido granular fino, vermelho, macio e sensível, chamado de granulação, cerca de 12 a 24 horas após o trauma. Neste tipo de tecido um novo fato torna-se importante, que é a contração, sendo que o responsável é o miofibroblasto; neste caso, não há a produção de uma pele nova para recobrir o defeito. A contração é máxima nas feridas abertas, podendo ser patológica, ocasionando deformidades e prejuízos funcionais, o que poderia ser evitado, através de um enxerto de pele. Excisões repetidas das bordas diminuem bastante o fenômeno da contração. Deve-se enfatizar a diferença entre contração vista anteriormente, e retração que é um fenômeno tardio que ocorre principalmente nas queimaduras e em regiões de dobra de pele. Existem alguns fatores que interferem diretamente com a cicatrização normal: PRFª I.M.C. R 21 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II Idade - quanto mais idoso, menos flexíveis são os tecidos; existe diminuição progressiva do colágeno. Nutrição - está bem estabelecida a relação entre a cicatrização ideal e um balanço nutricional adequado. Estado imunológico - a ausência de leucócitos, pelo retardo da fagocitose e da lise de restos celulares, prolonga a fase inflamatória e predispõe à infecção; pela ausência de monócitos a formação de fibroblastos é deficitária. Oxigenação - a anóxia leva à síntese de colágeno pouco estável, com formação de fibras de menor força mecânica. Diabetes - A síntese do colágeno está diminuída na deficiência de insulina; devido à microangiopatia cutânea, há uma piora na oxigenação; a infecção das feridas é preocupante nessas pacientes. Drogas - As que influenciam sobremaneira são os esteróides, pois pelo efeito anti- inflamatório retardam e alteram a cicatrização. Quimioterapia - Levam à neutropenia, predispondo à infecção; inibem a fase inflamatória inicial da cicatrização e interferem nas mitoses celulares e na síntese protêica. Irradiação - Leva à arterite obliterante local, com conseqüente hipóxia tecidual; há diminuição dos fibroblastos com menor produção de colágeno. Tabagismo - A nicotina é um vaso- constrictor, levando à isquemia tissular, sendo também responsável por uma diminuição de fibroblastos e macrocófagos. O monóxido de carbono diminui o transporte e o metabolismo do oxigênio. Clinicamente observa-se cicatrização mais lenta em fumantes. Hemorragia - O acúmulo de sangue cria espaços mortos que interferem com a cicatrização. Tensão na ferida - Vômitos, tosse, atividade física em demasia, produzem tensão e interferem com a boa cicatrização das feridas. A grande complicação das feridas é a sua INFECÇÃO, sendo que os fatores predisponentes podem ser locais ou gerais. Os locais são: contaminação, presença de corpo estranho, técnica de sutura inadequada, tecido desvitalizado, hematoma e espaço morto. São fatores gerais que contribuem para aumentar este tipo de complicação: debilidade, idade avançada, obesidade, anemia, choque, grande período de internação hospitalar, tempo cirúrgico elevado e doenças associadas, principalmente o diabetes e doenças imunodepressoras. Outras complicações são a HEMORRAGIA e a DESTRUIÇÃO TECIDUAL. Curativos : Por definição, curativo é todo material colocado diretamente por sobre uma ferida, cujos objetivos são: evitar a contaminação de feridas limpas; facilitar a cicatrização; reduzir a infecção nas lesões contaminadas; absorver secreções, facilitar a drenagem de secreções, promover a hemostasia com os curativos compressivos, manter o contato de medicamentos junto à ferida e promover conforto ao paciente. Os curativos podem ser abertos ou fechados, sendo que os fechados ou oclusivos são subdivididos em úmidos e secos. Os curativos úmidos tem por finalidade: reduzir o processo inflamatório por vaso-constricção; limpar a pele dos exudatos, crostas e escamas; manter a drenagem das áreas infectadas e promover a cicatrização pela facilitação do movimento das células. O tratamento da ferida envolve, após verificação dos sinais vitais e de uma anamnese sucinta sobre as condições em que ocorreram as lesões os seguinte tópicos: 1. classificação das feriadas: se existe perda de substância, se há penetração da cavidade, se há perda funcional ou se existe corpo estranho e a necessidade de exames auxiliares. PRFª I.M.C. R 22 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II 2. anti-sepsia: básicamente a irrigação vigorosa e intensa com soro fisiológico é bastante eficaz para a diminuição da infecção. 3. anestesia 4. hemostasia, exploração e desbridamento: a hemostasia deve ser muitas vezes realizada antes de qualquer outro procedimento, até em via pública. 5. sutura da lesão. As soluções mais utilizadas nos curativos são: soro fisiológico para limpeza e como emoliente; soluções anti-sépticas como polvidine tópico ou tintura a 10% (PVPI – Polivinil Pirrolidona) ou cloro-hexidine a 4%; álcool iodado com ação secante e cicatrizante e o éter que remove a camada gordurosa da pele, sendo útil na retirada de esparadrapos e outros adesivos. Os princípios científicos relacionados à uma curativo são: microbiológico - técnica asséptica no manuseio do material estéril; físico - movimentos de execução, mobilização e imobilização; químico e farmacológico - sobre as substâncias utilizadas, e sociológicos - orientação para a paciente e família quanto aos cuidados necessários. Existem alguns tipos de ferida que devem ser particularizadas: nas lesões por mordeduras, em princípio, as mesmas não devem ser suturadas, pois são potencialmente infectadas; apenas naquelas que são profundas, com comprometimento do plano muscular, este deve se aproximado. Nas feridas por arma de fogo, a decisão da retirada do projétil deve ser avaliado caso à caso; caso haja apenas um orifício, este não deve ser suturado, devendo-se lavar bem o interior do ferimento, sendo que quando houver dois orifícios, um deles poderá ser suturado. As lesões por prego devem ser limpas e não suturadas, tomando-se o cuidado com a profilaxia do tétano. A seguir, citaremos algumas das substâncias mais utilizadas em curativos de feridas abertas e infectadas, principalmente no tocante de indicação, mecanismo de ação e maneira de utilização. Considerações mais profundas sobre o assunto, serão tratadas em futuras Disciplinas. PAPAÍNA - é uma enzima proteolítica extraída do látex da caricapapaya. Indicação: em todo tecido necrótico, particularmente naqueles com crosta Mecanismo de ação: ação anti- inflamatória, bactericida e cicatricial; atuacomo desbridante Modo de usar: preparar a solução em frasco de vidro, irrigar a lesão e deixar gaze embebida na solução Observações: a diluição é feita de acordo com a ferida: 10% em tecido necrosado, 6% nas com exudato purulento e 2% naquelas com pouco exudato. HIDROCOLÓIDE - partículas hidroativas em polímero inerte impermeável Indicação - lesões não infectadas com ou sem exudato, áreas doadoras e incisões cirurgicas Mecanismo de ação - promove barreira protetora, isolamento térmico, meio úmido, prevenindo o ressecamento, desbridamento autolítico, granulação e epitelização Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, secar as bordas e aplicar hidrocolóide e fixar o curativo à pele Observações - não deve ser utilizado para feridas infectadas TRIGLICÉRIDES DE CADEIA MÉDIA (TCM) - ácidos graxos essenciais, lipídios insaturados ricos em ácido linolêico Indicação - todos os tipos de lesões, infectadas ou não, desde que desbridadas previamente Mecanismo de ação - promove quimiotaxia para leucócitos, facilita a entrada de fatores de crescimento nas PRFª I.M.C. R 23 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II células, promove proliferação e mitose celular, acelerando as fases da cicatrização. Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, aplicar AGE por toda a área da ferida e cobrir. Observações - não é agente desbridante, porém estimula o desbridamento autolítico. OUTRAS SUBSTÂNCIAS Carvão ativado - nas feridas infectadas exudativas Alginato de cálcio - nas lesões exudativas com sangramento Filme com membrana de poliuretano - para proteção de lesões profundas não infectadas. PRINCÍPIOS PARA O CURATIVO IDEAL TURNER - 1982 1. Manter elevada umidade entre a ferida e o curativo 2. Remover excesso de exudação 3. Permitir troca gasosa 4. Fornecer isolamento térmico 5. Ser impermeável à bactérias 6. Ser asséptico 7. Permitir a remoção sem traumas PROCEDIMENTOS PRÁTICOS CURATIVO DE FERIDAS SIMPLES E LIMPAS 1. Lavar as mãos para evitar infecção 2. Explicar o procedimento ao paciente e familiares, para assegurar sua tranqüilidade 3. Reunir todo o material em uma bandeja auxiliar 4. Fechar a porta para diminuir corrente de ar 5. Colocar o paciente em posição adequada 6. Manipulação do pacote de curativo com técnica asséptica, incluindo a utilização de luvas 7. Remover o curativo antigo com pinça dente de rato 8. Fazer a limpeza da incisão com pinça de Kelly com gaze umedecida em soro fisiológico, com movimentos semi-circulares, de dentro para fora, de cima para baixo, utilizando-se as duas faces da gaze, sem voltar ao início da incisão 9. Secar a incisão de cima para baixo 10. Secar as laterais da incisão de cima para baixo 11. Colocar medicamentos de cima para baixo, nunca voltando a gaze onde já passou 12. Retirar o excesso de medicação 13. Passar éter ao redor da incisão 14. Curativo quando necessário 15. Lavar as mãos 16. Recolher o material CURATIVO DE FERIDAS ABERTAS OU INFECTADAS As diferenças básicas, podem ser assim resumidas: 1. Os curativos de ferida aberta, independente do seu aspecto, serão sempre realizados conforme a técnica de curativo contaminado, ou seja, de fora para dentro. 2. Para curativos contaminados com secreção, principalmente em membros, colocar uma bacia na área a ser tratada, lavando-a com soro fisiológico a 0,9%. 3. As soluções anti-sépticas mais utilizadas são a solução aquosa de PVPI a 10% (1% de iodo livre) e cloro-hexidine a 4%. 4. Quando houver necessidade de troca de vários curativos em um mesmo paciente, deverá iniciar pelos de incisão limpa e fechada, seguindo-se de ferida aberta não infectada, depois os de ferida infectada, e por último as colostomias e fístulas em geral 5. Utilizar máscaras, aventais e luvas esterilizadas. PRFª I.M.C. R 24 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II 7-Paramentação Cirurgica TÉCNICA DE PARAMENTAÇÃO Também é atribuição do circulante ajudar os integrantes da equipe cirúrgica a se paramentarem. Para tanto, no momento de vestir o avental, o circulante deve posicionar-se de frente para as costas do membro da equipe que está se paramentando, introduzir as mãos nas mangas - pela parte interna do avental - e puxar até que os punhos cheguem nos pulsos; amarrar as tiras ou amarilhos do decote do avental, receber os cintos pela ponta e amarrar; posteriormente, apresentar as luvas. Após auxiliar a equipe a se paramentar, abrir o pacote com o impermeável sobre a mesa do instrumentador e a caixa de instrumentais sobre a mesa auxiliar, fornecer ao instrumentador os materiais esterilizados (gaze, compressas, fios, cúpulas, etc.) e oferecer ao cirurgião a bandeja de material para antissepsia. Auxiliar o anestesista a ajustar o arco de narcose e o suporte de soro de cada lado da mesa cirúrgica, fixar as pontas dos campos esterilizados - recebidos do assistente - no arco e suportes, formando uma tenda de separação entre o campo operatório e o anestesista. Posteriormente, aproximar da equipe cirúrgica o hamper coberto com campo esterilizado e o balde de lixo; conectar a extremidade de borracha recebida do assistente ou instrumentador ao aspirador,e ligá-lo. 8-Centro Cirúrgico Planejamento e Organização da Unidade e Terminologia Cirurgica CENTRO DE MATERIAL E ESTERELIZAÇÃO PRFª I.M.C. R 25 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II Esterilização: É o procedimento utilizado para a completa destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias, fungos, vírus e esporos), com o objetivo de evitar infecções e contaminações pelo uso de artigos hospitalares contaminados, principalmente os considerados críticos. Os processos de esterilização podem utilizar agentes químicos ou físicos. Desinfecção: Redução do número de microorganismos (patogênicos ou não), na forma vegetativa (não esporulada), em artigos semi- críticos, pela ação de agentes químicos ou físicos. Assepsia: Eliminação ou redução do número de microorganismos da pele, mucosas, tecidos ou fluidos através de agentes químicos com baixa toxicidade para o usuário. Limpeza: Remoção física das sujidades visíveis, através da ação mecânica e/ou química. MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO AGENTES FÍSICOS : Meios físicos Água em ebulição: indicado na desinfecção e descontaminação de artigos termo- resistentes com um tempo de exposição de 30 minutos. Máquinas automáticas com água quente: indicadas na desinfecção de artigos de inaloterapia, acessórios de respiração, material de intubação, etc. Indicadas para limpeza de artigos críticos, antes de sofrerem o processo de esterilização ou para desinfecção de alto nível, com tempo de exposição de 30 min. a temperatura que podem variar de 60 a 95 ºC. AGENTES QUÍMICOS: Utilização de germicidas para o processo de desinfecção dos artigos. Os desinfetantes mais utilizados nos hospitais são: • Compostos clorados; • Álcoois (etílico e isopropílico); • Aldeídos (formaldeído, glutaraldeído); • Fenólicos (fenóis, cresóis, parafenóis); • Peróxido de hidrogênio; • Iodóforos; • Quaternário de amônio. Para a ação adequada dos desinfetantes, observar a forma correta de uso, concentração apropriada, tempo de exposição e validade do produto; CALOR: É o agente esterilizante maisantigo, mais conhecido, mais simples, mais econômico e mais seguro. Pode chegar até os artigos médicos através de ar úmido ou seco. Calor úmido (ou vapor saturado) Pode ser conduzido à temperatura de 100 ºC à pressão atmosférica, ou a temperaturas acima de 100 ºC sob pressão superior à atmosférica. Calor seco Sempre conduzido a temperaturas superiores a 100 ºC e à pressão atmosférica. Efeitos do Calor O mecanismo de morte pelo calor mais eficaz está relacionado com a desnaturação ou coagulação das proteínas dos microorganismos. VAPOR: (três formas mais comuns) Vapor Saturado Seco É o vapor contendo somente água no estado gasoso, agregando tanta água quanto possível para a sua temperatura e pressão. É a forma mais eficiente de vapor para esterilização. Vapor Saturado Úmido É normalmente formado quando a água da caldeira (ou o condensado das tubulações) são carregados pelo vapor quando injetado na câmara da esterilizadora. O resultado é um excesso de água que pode molhar os itens. Vapor Saturado Superaquecido Formado a partir de vapor saturado submetido a temperaturas mais elevadas. O vapor torna-se seco, diminuindo a eficiência das trocas térmicas na esterilização. A tabela mostra que quanto maior a quantidade de água (umidade) no vapor, menor PRFª I.M.C. R 26 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II será a temperatura necessária para a coagulação de uma determinada proteína. RADIAÇÕES: Esterilização por Radiação: É um método de esterilização a baixa temperatura que pode ser utilizada onde a esterilização pelo calor causa danos inaceitáveis ao produto. Pode ser uma alternativa ao óxido de etileno e formaldeído, porém por razões econômicas esse método é normalmente disponível somente em escala industrial. Aplicações: artigos médico-hospitalares (seringas, agulhas hipodérmicas, fios cirúrgicos, luvas, medicamentos, etc.). As radiações podem ser IONIZANTES e NÃO IONIZANTES, em função do comprimento de onda (energia). Radiações Ionizantes: aquelas que, quando incidem sobre um material, deslocam elétrons dos átomos devido ao elevado teor energético (Raios Gama, Raios X, Raios Alfa, Raios Beta). .. Radiações Não Ionizantes: Aquelas que, quando incidem sobre um material, produzem vibrações ou choques com alterações mecânicas, térmicas, mas não têm energia suficiente para deslocar elétrons dos átomos (Raios Ultravioletas, Ondas Curtas ou Micro-ondas, Raios Infravermelhos). Raios Gama: Os Raios Gama são radiações de elevada energia, emitidas por isótopos radioativos de Cobalto 60, Césio 137 ou Tântalo 182. LIMPEZA E DESINFECÇÃO Desinfecção é um processo gradual que, igual a todos as reações químicas, requer um tempo para completar-se. A velocidade da desinfecção depende: Da natureza e da concentração do desinfetante; Da temperatura. ESTOCAGEM DO MATERIAL: Após a esterilização é fundamental que os pacotes estejam íntegros e secos, para que possam conservar a esterilidade. Devem ser manuseados o mínimo possível e estocados em armários fechados. O prazo de validade da esterilização depende do: .. Tipo de esterilização; .. Tipo de embalagem; .. Local de armazenamento. TIPOS DE APARELHOS PARA ESTERELIZAÇÃO: Autoclaves são equipamentos que utilizam vapor saturado para realizarem os processos de esterilização. O vapor saturado, ou seja, de temperatura equivalente à do ponto de ebulição da água na pressão considerada, é o meio de esterilização mais econômica para materiais termorresistentes, além do curto tempo do processo. A esterilização só ocorrerá quando: .. Todo ar for exaurido da câmara e do interior dos pacotes; .. O agente esterilizante (vapor) atingir no microorganismo; .. A temperatura atingir o ponto ideal e permanecer por um determinado tempo. A secagem a vácuo elimina a umidade dos pacotes, evitando a recontaminação do conteúdo. Esterilização por Calor Seco: Estufas de Ar Quente (Forno de Pasteur) .. Aquecimento através de resistências (limite máx. 200 ºC); .. Controle de temperatura por termostato; .. Prateleiras com 45% do total da superfície perfurada (convecção de calor ou circulação forçada); .. Paredes da câmara de esterilização duplas, com isolamento térmico; .. Porta de fechamento hermético, com guarnições; .. Orifício regulável para saída de ar, gases e vapor no topo da câmara; .. Termômetro de mercúrio, bimetálico ou eletrônico; .. Testes bacteriológicos com cultura de Bacillus Subtilis; .. Testes químicos com fita indicadora de temperatura alcançada. Materiais e Artigos próprios para Esterilização por Calor Seco .. Vidros, instrumental metálico que não suportem vapor ou agentes químicos. Esterilização por Vapor Seco Saturado: De todos os métodos de esterilização utilizados, o calor úmido, na forma de vapor saturado sob pressão é considerado o melhor e mais eficiente. É altamente letal, facilmente obtenível, controlável e econômico. O efeito letal decorre da ação conjugada da temperatura e da umidade. PRFª I.M.C. R 27 ENFERMAGEM MÉDICO CIRÚRGICA II Entre 121 e 132 ºC o vapor sob pressão destrói todas as formas de vida atualmente conhecidas. O efeito letal decorre de sua condensação que acarreta liberação de calor latente, precipitação de umidade, penetração de materiais porosos, aquecimento rápido e coagulação de proteínas dos microrganismos. CENTRAL DE MATERIALESTERILIZADO (CME) A Central de Material Esterilizado (CME) é realizado o preparo de todo o material estéril a ser utilizado no hospital. Para tanto, é composta pelas áreas de recepção, limpeza, preparo, esterilização, guarda e distribuição dos materiais esterilizados utilizados pela equipe de saúde noatendimento ao cliente. ESTRUTURA DA CENTRAL DE MATERIAL Na estrutura do estabelecimento de saúde, a CME éuma unidade importante porque oferece à equipe de saúde materiais estéreis em condições adequadas ao seu desempenho técnico, bem como proporciona ao cliente um atendimento com segurança e contribui para que a instituição proporcione uma assistência com efetiva qualidade. Alguns estabelecimentos de saúde preparam e acondicionam os materiais que cada unidade utiliza de forma descentralizada; outros, centralizam todo o seu material para preparo na Central de Material – o qual, geralmente, constitui-se no método mais comumente encontrado. Uma outra tendência é a terceirização da esterilização de materiais. Idealmente, a CME deve ter sua estrutura física projetada de forma a permitir o fluxo de materiais da área de recepção à de distribuição, evitando o cruzamento de material limpo com o contaminado. A recepção do material sujo e para limpeza é separada da área de preparo do material e esterilização, bem como da área de armazenamento e distribuição. Esses cuidados na estrutura e fluxo proporcionam condições adequadas de trabalho à equipe de saúde, diminuindo o risco de preparo inadequado do material, com presença de sujidade ou campos com cabelo, linhas, agulhas de sutura e outras falhas. O CENTRO CIRÚRGICO ESTRUTURA DE ÁREA TERMINOLOGIA EM CIRURGIA Estrutura do centro cirúrgico (CC) A unidade de centro cirúrgico destina-se às atividades cirúrgicas e de recuperação anestésica, sendo considerada área critica no hospital por ser um ambiente
Compartilhar