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Prova de G2 DIP (Senechal)

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Prova de G2 DIP
1 – ONU. Órgãos. Influencia na ordem atual.
R: A ONU nasceu da tentativa de se reestruturar a ordem internacional após um conflito mundial. Tem seus órgãos a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, Conselho Econômico e Social, Conselho de Tutela e o Secretário Geral que é o principal funcionário administrativo da Organização, e a Corte Internacional de Justiça. 
2 – Reconhecimento de Estado. Condições para o reconhecimento, natureza jurídica, características, efeitos e formas.
R: Quando surge um novo Estado na ordem internacional, este precisa ser reconhecido. O reconhecimento é um livre ato pelo qual um ou vários Estados constatam a existência sobre um território determinado de uma sociedade humana politicamente organizada independentemente de qualquer outro Estado existente, capaz de observar as prescrições do Direito internacional e, manifestam, consequentemente, a vontade de considera-la como membro da sociedade internacional. Ele é um ato livre e discricionário, discricionariedade essa que está limitada pela necessidade de observância das normas imperativas de Direito Internacional e pela necessidade de verificação dos elementos constitutivos do Estado. Ele é incondicional, porque os estados não podem impor condições, os únicos entes que podem impor condições ao reconhecimento são as organizações internacionais. É também irrevogável, um ato unilateral e retroativo. Produz consequências como a homologação de sentença estrangeira, possibilita o uso das capacidades legais do Estado reconhecido. Quando há o reconhecimento, podem haver estabelecimento de relações diplomáticas. Com o reconhecimento há o aumento da sua influência, fazer valer seus direitos na ordem internacional (responsabilidade internacional) e permite que o Estado reconhecido se beneficie de privilégios concedidos mutuamente entre os Estados. O reconhecimento permite demandar diante de tribunais de outros Estados a imunidade de jurisdição e execução. A natureza do reconhecimento é declaratória, ou seja, Estado existe politicamente antes do reconhecimento, mas que por ele um Estado aceita a personalidade política do novo Estado. A teoria constitutiva defende que o reconhecimento cria a personalidade internacional do Estado. A teoria mista defende a posição declaratória, mas admite que o reconhecimento institui direitos e deveres para os novos Estados.
3 – Comentar o art. 38, 1, b “O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito”. É possível a existência de um costume negativo? Em que circunstâncias? Explique a teoria do objetor persistente.
R: Sim, costume negativo é aquele formado pela abstenção de algum comportamento, obrigação de não fazer. O objetor persistente é aquele que quando uma norma está sendo criada um Estado sistematicamente objeta a sua criação. Assim quando ela entrar em vigor, não produzirá obrigações a esse Estado. Só diz respeito ao costume geral. 
4 – Comentar o art. 2º alínea 7ª da Carta da ONU: “Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado ou obrigará os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta”. Critérios de identificação dos assuntos.
R: O Estado soberano é aquele superior na ordem interna e independente na ordem externa. A independência do Estado lhe confere a exclusividade de competência dentro seus territórios. O domínio reservado determina os assuntos de jurisdição interna, tudo que é de competência do estado. Uma das obrigações oriundas da igualdade formal dos Estados é o respeito à integridade territorial dos Estados e à sua independência política, a não ingerência. Há matérias de competência exclusiva dos Estados, onde não podem ser reguladas pelo DI, há aquelas matérias reguladas completamente pelo DI, a matérias reguladas pelo DI em que há margem de discricionariedade do Estado, como os assuntos de Direitos Humanos. 
5 – Embora a Carta da ONU expresse que “a Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus Membros, há uma desigualdade real entre os Estados que se manifesta na capacidade econômica, poder militar, recursos existentes no território, etc. Diante desse quadro, como explicar a igualdade jurídica entre dos Estados? A existência de membros permanentes no Conselho de Segurança com direito de veto invalida a igualdade jurídica dos Estados?
R.: Há uma grande discussão a respeito dos fatores reais de desigualdade e como superá-los, pois apesar de todos os Estados serem juridicamente iguais, há desigualdades. Essa igualdade é contemplada na Carta da ONU e se manifesta na Assembleia Geral onde todos têm direito a um voto, pois o Conselho de Segurança traduz a desigualdade real, a explicação é que os Estados delegaram a esses a função de proteção da paz e segurança internacional. A desigualdade econômica reflete nas organizações financeiras e econômicas, a Convenção de Direito do Mar também reflete a desigualdade real. Baseando-se na igualdade jurídica busca compensá-las. A igualdade formal possui algumas obrigações, como o respeito à integridade territorial e a independência política dos Estados, o comportamento de acordo com o DI, cumprindo obrigações e cooperação entre os Estados para a manutenção da paz e segurança internacionais.
6 – O Estado como pessoa de DIP. Elementos. O papel do Estado na ordem internacional. Como você analisa as relações entre soberania, interdependência e dependência de auxílio na ordem internacional? 
R: O Estado é pessoa primária e plena de DIP, é a figura formadora das demais pessoas de Direito Internacional – as organizações internacionais. O Estado é uma comunidade composta por território e uma população submetidos a um poder político organizado (governo) cuja nota característica é a soberania. É exigido população permanente, território determinado e capacidade de ter relações internacionais. O Estado representa os interesses dos grupos políticos e econômicos dominantes. Há uma dupla função desses sujeitos na Ordem Internacional pois ao mesmo tempo eles criam e cumprem as normas, doa seus órgãos para cumprir o DI, mas também se sujeita a ele. O estado por mais que seja soberano, não está sozinho na ordem internacional. A teoria da interdependência é aquela que diz que os estados são soberanos absolutos e podem agir como bem entendem, eles estão subordinados a suas próprias necessidades e limitações. Logo, um estado precisa do outro para se desenvolver, em menor ou em maior grau. Existe uma dependência interna de um Estado em relação a outro, como por exemplo quando se trata de alimentação. 
7 – Analise a questão da imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro. Que tipo de atos do Estado podem ser apreciados por tribunais estrangeiros? Justifique. 
R: O Estado estrangeiro possui imunidade de jurisdição, que diz respeito aos atos de império, ou seja, atos que o Estado pratica como Estado, poder público, pois não há poder de império quando se trata de entes igualmente soberanos. Também se fundamenta no princípio de não ingerência nos assuntos internos do Estado. Esse costume começou como uma imunidade absoluta, com relação a todos os atos do Estado estrangeiro, mas como o Estado age cada vez mais como empresa privada, foi importante a diferenciação entre os atos de império e gestão. Os atos de império possuem natureza pública e imunidade de jurisdição, já os atos de gestão possuem natureza privada e um Estado pode ser julgado por outro quando disser respeito a eles. A exceção à imunidade de jurisdição também se dá por ação trabalhista, mas mesmo que a pessoa ganhe, não pode entrar com uma ação de execução ao consulado, por exemplo.

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