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GRUPO DE ESTUDOS SOBRE FRATURA DE MATERIAIS DEMET/EM/UFOP DESCONTINUIDADES ESTRUTURA DE MATERIAIS Introdução Cristais perfeitos Resistência coesiva teórica e real Tipos de descontinuidades Descontinuidades eletrônicas Descontinuidades pontuais Descontinuidades lineares Descontinuidades superficiais Descontinuidades volumétricas DESCONTINUIDADES (DEFEITOS) Terraço Degrau Lacuna Adátomo BordaDobraFresta Adátomo Terraço Borda Degrau As descontinuidades atômicas são responsáveis pelas reduções nas emissões de gases poluentes dos motores dos automóveis atuais. Um conversor catalítico é o dispositivo de redução de poluentes, o qual está localizado no sistema de exaustão dos automóveis. As moléculas dos gases poluentes ficam presas a defeitos na superfície de materiais metálicos no conversos catalítico. Enquanto presas nesses sítios, as moléculas sofrem reações químicas que as convertem em outras substâncias não poluentes ou menos poluentes. (a) (b) (c) (d) (e) (a) Micrografia eletrônica de transmissão de alta resolução, que mostra os defeitos de superfície em monocristais de (Ce0,5Zr0,5)O2 usado em conversores catalíticos. (b) Monólito cerâmico sobre o qual o substrato catalítico metálico é depositado. (c) Diagrama esquemático de um conversor catalítico. (d) Diagrama esquemático mostrando a localização do conversos catalítico no sistema de exaustão de um automóvel. (e) Representação esquemática de defeitos de superfície que são sítios de adsorção potenciais para catálise. Os sítios de átomos individuais estão representados como cubos. POR QUE ESTUDAR: Descontinuidades (defeitos)? As propriedades dos materiais são profundamente influenciadas pela presença de descontinuidades (defeitos). Consequentemente, é importante ter um conhecimento sobre os tipos de imperfeições que existem e sobre os papéis que elas desempenham ao afetar o comportamento dos materiais. Por exemplo, as propriedades mecânicas dos metais puros apresentam alterações significativas quando esses materiais são ligados (isto é, quando são adicionados átomos de impurezas) – por exemplo, o latão (70%Cu + 30%Zn) é muito mais duro e resistente que o cobre puro. Também, os dispositivos microeletrônicos nos circuitos integrados encontrados em nossos computadores, calculadoras e utensílios domésticos funcionam devido a concentrações controladas de impurezas específicas, que são incorporadas em regiões pequenas e localizadas nos materiais semicondutores. OBJETIVOS DO APRENDIZADO: Após estudar este Capítulo, você deverá ser capaz de fazer o seguinte: 1. Caracterizar uma lacuna e um intersticial. 2. Dadas as constantes relevantes, calcular o número de lacunas ou de intersticiais em equilíbrio em um material a uma temperatura específica. 3. Caracterizar os tipos de soluções sólidas. 4. Caracterizar uma discordância cunha, hélice e mista. 5. Mostrar a influência da presença de uma discordância nos fenômenos de deformação plástica e de endurecimento dos cristais. 6. Apresentar as principais subestruturas de discordâncias em função da temperatura, do nível de deformação e da energia de falha de empilhamento do material. 7. Caracterizar um contorno de grão, um contorno de macla e uma falha de empilhamento. 8. Caracterizar um precipitado coerente, semi-coerente e incoerente com a matriz. Empilhamento perfeito de átomos. CRISTAIS PERFEITOS Os materiais cristalinos foram considerados isentos de descontinuidades até aqui neste curso. Por outro lado, mesmo os cristais crescidos cuidadosamente em laboratório apresentam descontinuidades cristalinas. Na realidade, cristais perfeitos não existem, pois como veremos neste capítulo, acima de 0K sempre existe uma determinada concentração de defeitos puntiformes em equilíbrio termodinâmico dentro dos cristais. Portanto, os materiais cristalinos apresentam uma microestrutura. A microestrutura dos materiais cristalinos é constituída basicamente de descontinuidades cristalinas e constituintes microestruturais tais como fases e inclusões. A microestrutura de um material é determinada principalmente pela sua composição química e pelo seu processamento (solidificação, conformação mecânica, tratamentos térmicos, etc.). Algumas vezes a microestrutura do material se modifica durante sua utilização. RESISTÊNCIA COESIVA TEÓRICA E REAL DOS CRISTAIS Um cristal perfeito (sem descontinuidades) tem uma resistência mecânica “teórica” controlada exclusivamente pelas ligações químicas entre os seus átomos ou moléculas constituintes, pela temperatura e pelo estado de tensões. Vamos utilizar o cálculo desta resistência teórica para mostrar que os cristais não são perfeitos. Neste sentido, serão apresentados modelos que prevêem a separação do empilhamento atômico por clivagem ou cisalhamento. Decomposição de uma tensão de tração em duas componentes: uma normal e uma paralela a um plano de deslizamento. eixo de tração direção de deslizamento plano de deslizamento normal ao plano de deslizamento Representação esquemática de dois mecanismos pelos quais um cristal se comporta, quando submetido a uma força F: (a) ruptura de ligações atômicas e fratura; (b) deformação plástica. RESISTÊNCIA COESIVA TEÓRICA Resistência Mecânica Comportamento Frágil Comportamento Dúctil Modelo de Orowan Modelo de Frenkel 0a E máx Inclinação inicial = d/dx = c sen(x/d) RESISTÊNCIA TEÓRICA DE CLIVAGEM Tensão requerida para separar planos atômicos. 0a E máx a bG máx 2 RESISTÊNCIA TEÓRICA DE CISALHAMENTO Tensão requerida para deslizar planos atômicos. a bG máx 2 WHISKERS MATERIAL LR (GPa) E (GPa) Grafita 19,6 686 Al2O3 15,4 532 Ferro 12,6 196 SiC 20-40 700 Silício 7 182 AlN 7 350 Cobre 2 192 Resistência mecânica por tração: comparação entre materiais. Tensão limite de resistência de whiskers na temperatura ambiente. Curva tensão-deformação de um whisker de cobre, com uma direção <100> da fibra. O diâmetro da fibra é de 6,8μm. Whiskers de estanho crescendo a partir de um dispositivo de aço estanhado. Como parte de uma investigação sobre falhas em condensadores elétricos, realizada em 1952 no Bell Telephone Laboratories, R.G.Treuting encontrou whiskers de estanho (2 x 10-6m de diâmetro) crescendo nas paredes dos condensadores. Um fato que chamou a atenção dos pesquisadores da época foi que estes whiskers foram ensaiados, obtendo-se uma resistência mecânica maior do que 2.300MPa. “Da noite para o dia” este material tornou-se o mais resistente conhecido pelo homem. Imediatamente, whiskers de outros metais, como cobre e ferro, foram ensaiados, obtendo-se resultados similares: o estanho logo perdeu a sua distinção. Materiais de Engenharia Deformação plástica Presença de descontinuidades A resistência mecânica é bem menor do que as estimativas anteriores. Tensão limite de escoamento (teórica e experimental) de diversos metais. Tipos de descontinuidades cristalinas. DESCONTINUIDADES CRISTALINAS (a) lacuna e intersticial; (b) discordância; (c) falha de empilhamento; (d) vazio. Características microestruturais. Tipos de aparelhos utilizados para observar a microestrutura. • A.F.Padilha: Materiais de Engenharia – Microestrutura e Propriedades, Hemus, 2000. • W.D.Callister e D.G.Rethwisch: Ciência & Engenharia de Materiais, 8a Edição, GEN/LTC, 2012 • R.E. Reed-Hill, R,Abbashian, L.Abbashian : Physical Metallurgy Principles, 4th Edition, Cengage Learning, 2009. • R.E.Smallmane A.H.W.Ngan: Physical Metallurgy and Advanced Materials, Elsevier, 2007. • G.E.Dieter : Mechanical Metallurgy, 3rd Edition, McGraw-Hill Book Co., 1988. • M.A.Meyers & K.K.Chawla : Mechanical Behavior of Materials, 2nd Edition, Cambridge University Press, 2009. • J.P.Bailon e J.M.Dorlot: Des Materiaux, 3th Edition, École Polytechnique de Montréal, 2000. Bibliografia
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