Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CRIMES CONTRA A HONRA 1. CONCEITO DE HONRA É o conjunto das qualidades físicas, morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de respeito no meio social e promovem sua autoestima. Trata-se de: o Sentimento natural, o Inerente ao homem o Cuja ofensa produz dor psíquica, abalo moral o Acompanhados de atos de repulsão ao ofensor A honra é patrimônio moral, protegido como direito fundamental do homem (art. 5º, inc. X, da CF – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação) 2. ESPÉCIES DE HONRA a. Honra objetiva: é a visão que as demais pessoas da coletividade tem acerca das qualidades físicas, intelectuais e morais de alguém, ou seja, é a reputação de cada indivíduo no meio social em que está inserido. Em suma: é o julgamento que as pessoas fazem de alguém. b. Honra subjetiva: é o sentimento que cada pessoa possui acerca das suas próprias qualidades físicas, intelectuais e morais, o juízo que cada um faz a si mesmo. É a autoestima. Subdivide-se em: Honra-decoro: conjunto de qualidades físicas e intelectuais Honra-dignidade: conjunto de qualidades morais do indivíduo c. Honra comum: é a atinente à vítima enquanto pessoa humana, independente das atividades por ela exercidas. d. Honra especial: ou profissional, é a que se relaciona com a atividade particular da vítima. 3. SUBSIDIARIEDADE (aplicação do princípio da especialidade) Os crimes contra a honra estão previstos nos artigos 138 a 140 do Código Penal, mas sua aplicação é subsidiária, quando não for caso de aplicação de legislação especial, a saber: Código Penal Militar Código Eleitoral Lei de Imprensa Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7170/83) – quando a vítima forem os Presidentes da República, da Câmara, do Senado ou do STF; 4. CLASSIFICAÇÃO São classificados como crimes de: Dano: deve-se efetivamente lesionar a honra da vítima, não bastando a exposição do bem jurídico a uma situação de perigo Formal: quando a intenção do agente é presumida de seu próprio ato, que se considera consumado independentemente do resultado o No entanto, são delitos formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado: o tipo penal contem conduta e resultado naturalístico, bastando a prática daquela para a consumação. Forma livre: praticado por qualquer forma, não havendo vínculo de método. Comissivo: praticado por uma ação; Instantâneo: consumação se dá com uma única conduta; Unissubjetivo: podem ser praticado por uma pessoa; Unissubsistente ou plurissubsistente (conforme o caso): pode ser praticado por um ou vários comportamentos, constituindo-se, sempre crime único. 5. SUJEITO ATIVO a. Qualquer pessoa (crime comum) b. Isenções. Não as praticam, ainda que ofendam a honra alheia, pois ordenamento jurídico as afastam da incidência do Direito Penal: DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES - Imunidades parlamentares (imunidade material), art. 53 da CF: proteção ao parlamentar (opiniões palavras e votos); DEPUTADOS ESTADUAIS: idem, conforme permissivo do art. 27, § 1º, da CF VEREADORES: idem, pelo permissivo do art. 29, VIII, da CF, no exercício do mandato e na circunscrição do município ADVOGADOS: de acordo com art. 7º, § 2º, da Lei 8906/1994 o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade profissional. o O STF, na ADIN 1127-8, declarou a inconstitucionalidade da expressão “ou desacato”. o A imunidade profissional do advogado não se estende ao crime de calúnia. 6. SUJEITO PASSIVO a. Pode ser qualquer pessoa física, pois os crimes contra a honra supõem a existência de sujeito passivo: Determinado Conhecido b. Não é necessário que a pessoa seja objeto de expressa referência nominal: basta que o ofendido seja designado de maneira que torne possível de identificação. c. Desonrados, doentes mentais e menores de 18 anos podem ser vítimas de crimes contra a honra d. Pessoa jurídica pode ser vítima somente de calúnia e apenas em relação a crimes ambientais e difamação (nunca de injúria) e. Mortos, é possível em relação à calúnia (art. 138, § 2º, do CP). O morto não pode ser sujeito passivo do crime, mas a lei protege: o A honra dos falecidos relativamente à memória da boa reputação; o O interesse dos familiares em preservar sua dignidade. As vítimas do crime são o cônjuge e os familiares do falecido. 7. ELEMENTO SUBJETIVO a. Em regra, é o dolo, direto ou eventual. b. Não há modalidade culposa. c. No art. 138, § 1º, do CP, só se admite o dolo direto, em decorrência da expressão: sabendo falsa a imputação. d. Não basta praticar a conduta descrita pelo tipo penal de cada um dos crimes contra a honra. Exige-se o especial fim de agir, consistente na intenção de macular a honra alheia (animus diffamandi vel injuriandi). 8. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO A honra é bem jurídico disponível. Portanto, o consentimento prévio do ofendido, emanado por pessoa capaz e livre (sem coação ou fraude), exclui o crime. 9. EXCEÇÃO DA VERDADE a. O que é? É o instrumento adequado para viabilizar àquele a quem se atribui a responsabilidade pela calúnia ou difamação (caso de funcionário em fato relativo às suas funções) a prova da veracidade do fato criminoso por ele imputado a outrém, e se fundamenta no interesse público em apurara a efetiva responsabilidade pelo crime para posteriormente punir seu autor, coautor ou partícipe. b. Trata-se de: Incidente processual e prejudicial, pois impede a análise do mérito do crime de calúnia (ou difamação); Medida facultativa de defesa indireta, pois o acusado pelo delito contra a honra não é obrigado a se valer da exceção da verdade, e pode defender-se diretamente (negativa de autoria). c. A regra é a admissibilidade da exceção da verdade, não sendo possível nas situações expressamente previstas no art. 138, § 3º, do CP CALÚNIA – Art. 138 do CP Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 1. Sujeito Ativo Qualquer pessoa 2. Sujeito Passivo Qualquer pessoa, inclusive a jurídica, desde que, neste caso, a imputação diga respeito à pratica de crime ambiental 3. Objeto jurídico É a honra objetiva (reputação ou imagem da pessoa diante de terceiros) 4. Objeto Material É a reputação da pessoa 5. Núcleo do tipo Caluniar – fazer acusação falsa, tirando a credibilidade de uma pessoa no seio social, imputando-se a prática de fato definido como crime. Necessário que fato definido como crime, se contravenção, será difamação. Fato deve ser verossímil (semelhante com a realidade). Do contrário, será calúnia. Ofensa deve ser dirigida a pessoa certa e determinada. 6. Elemento normativo do tipo – “falsamente” A imputação do fato definido como crime deve ser falsa. Significa que: A falsidade deve recair sobre fato: o crime atribuído à vítima não ocorreu; ou Sobre envolvimentono fato: o crime foi praticado, mas a vítima não tem nenhum tipo de responsabilidade em relação a ele. 7. Elemento subjetivo É o dolo A vontade deve ser específica no sentido de macular a imagem de alguém (animus diffamandi). Por isso, as brincadeiras (embora de mau gosto), narrativas como simples fofocas, relatórios em locais de trabalho, depoimentos prestados em juízo emitindo opiniões etc. não seriam crimes. 8. Classificação É crime comum; formal; forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; unissubsistente (ex.: ofensa oral) ou plurissubsistente (Ex.: carta que se extravia), conforme o caso. 9. Tentativa Admissível na forma plurissubsistente. 10. Momento consumativo Ocorre no momento em que a imputação falsa de crime chega ao conhecimento de terceira pessoa, sendo irrelevante se a vítima tomou ou não ciência do fato. 11. Particularidades Trata-se de subtipo da calúnia (art. 138, § 1º, do CP), quando alguém depois de tomar conhecimento da imputação de um crime à vitima, leva adiante a ofensa, transmitindo-a a outras pessoas. Calúnia contra os mortos (§ 2º) – lei tutela a honra das pessoas mortas relativamente à memória da boa reputação, bem como o interesse dos familiares em preservar a dignidade do falecido. 12. Exceção da verdade Regra: é a admissão Exceção: Não admissão, nos casos do art. 138, § 3º, do CP: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141 (contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro); III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 13. Ação Penal Ação Penal Privada, salvo: Ação penal pública condicionada à requisição do MJ, quando a vítima foi o PR ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, § único); Ação Penal Pública Condicionada à representação: praticado contra funcionário público no exercício das funções (art. 145, § único). DIFAMAÇÃO – Art. 139 do CP Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 1. Sujeito Ativo Qualquer pessoa 2. Sujeito Passivo Qualquer pessoa, inclusive a jurídica, desde que tenha imagem a preservar. 3. Objeto jurídico É a honra objetiva (reputação ou imagem da pessoa diante de terceiros) 4. Objeto Material É a reputação da pessoa 5. Núcleo do tipo Difamar – significa desacreditar publicamente uma pessoa, maculando os atributos que a tornam merecedora de respeito no convívio social. Não se trata de fato inconveniente ou negativo, mas sim de fato ofensivo à sua reputação. Estão afastados fatos definidos como crimes, assim como vinculação à falsidade ou veracidade dos mesmos. Ofensa deve ser dirigida a pessoa certa e determinada. 6. Elemento subjetivo É o dolo A vontade deve ser específica no sentido de macular a imagem de alguém (animus diffamandi). Por isso, as brincadeiras (embora de mau gosto), narrativas como simples fofocas, relatórios em locais de trabalho, depoimentos prestados em juízo emitindo opiniões etc. não seriam crimes. 7. Classificação É crime comum; formal; forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; unissubsistente (ex.: ofensa oral) ou plurissubsistente (Ex.: carta que se extravia), conforme o caso. 8. Tentativa Admissível na forma plurissubsistente. 9. Momento consumativo Ocorre no momento em que a imputação falsa de crime chega ao conhecimento de terceira pessoa, sendo irrelevante se a vítima tomou ou não ciência do fato. 10. Exceção da verdade Regra: é a não admissão, pois pouco importa se há falsidade da imputação (não funciona como elementar típica) Exceção: Admissão, se praticado contra funcionário público no exercício das funções (art. 139, § único, do CP). 11. Ação Penal Ação Penal Privada, salvo: Ação penal pública condicionada à requisição do MJ, quando a vítima foi o PR ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, § único); Ação Penal Pública Condicionada à representação: praticado contra funcionário público no exercício das funções (art. 145, § único). INJÚRIA – Art. 140 do CP Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem: (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) 1. Sujeito Ativo Qualquer pessoa 2. Sujeito Passivo Qualquer pessoa física, pois a jurídica não tem autoestima ou amor-próprio. Assim como não pode a criança em tenra idade, doente mental, dependendo do caso e do estágio da doença (verificar no caso concreto). 3. Objeto jurídico É a honra subjetiva (autoimagem da pessoa) 4. Objeto Material É a autoestima da pessoa 5. Núcleo do tipo Injuriar – significa ofender, insultar ou falar mal, de modo a abalar o conceiro que a vítima tem de si própria. Podem ser praticados por várias formas: xingamentos, gestos, recusa de cumprimento, usar vestimenta inadequada em local de respeito etc. 6. Elemento subjetivo É o dolo. A vontade deve ser específica no sentido de magoar e ferir autoimagem de alguém (animus injuriandi). Por isso, as brincadeiras (embora de mau gosto), narrativas como simples fofocas, relatórios em locais de trabalho, depoimentos prestados em juízo emitindo opiniões etc. não seriam crimes. 7. Classificação É crime comum; formal; forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; unissubsistente (ex.: ofensa oral) ou plurissubsistente (Ex.: carta que se extravia), conforme o caso. 8. Tentativa Admissível na forma plurissubsistente. 9. Momento consumativo Ocorre no momento em que a imputação falsa de crime chega ao conhecimento do ofendido, independente do resultado naturalístico. 10. Exceção da verdade Regra: Não se admite. Exceção: Não há. O crime de injúria é incompatível com a exceção da verdade, pois é irrelevante a natureza falsa ou verdadeira da ofensa. 11. Ação Penal Ação Penal Privada, salvo: Ação penal pública condicionada à requisição do MJ, quando a vítima foi o PR ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, § único); Ação Penal Pública Condicionada à representação: praticado contra funcionário público no exercício das funções (art. 145, § único). DISPOSIÇÕES COMUNS Disposições comuns Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas,ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Exclusão do crime Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n.º I do art. 141, e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
Compartilhar