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Aula 6

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Introdução: Nesta aula, discutiremos o processo de gestão democrática da escola pública, bem como as questões legais que envolvem este processo, suas implicações e pressupostos. Discutiremos também os mecanismos de participação e os conflitos consequentes da falta do exercício deste tipo de gestão. 
ATIVIDADE PRÁTICA:
1. Tomando por base os conceitos de gestão democrática do ensino público, que mudanças você faria como gestor desta escola?
	
	Formaria um conselho educacional composto com todos os envolvidos (todos os colaboradores) com a educação, inclusive com os interessados (família e comunidade) para debatermos propostas de melhorias na escola. 
2. Esta charge nos reporta a que tipo de debate, proposto pela gestão democrática?
	
	( ) Gestão financeira
(x)Qualidade do ensino
( )Recreio escolar
( )Conselho escolar
( )Gestão democrática
3. Marque a questão que traduz o problema desta escola:
	
	( ) O professor precisa saber o nome dos alunos
(x) Número excessivo de alunos x Qualidade de ensino
( ) O dinheiro da escola
( ) A melhor aula da escola
( ) O diretor dar aulas também.
4. Percebemos nesta charge a questão da falta de material nas escolas públicas, que são comprados com as verbas recebidas pelas unidades escolares. Marque a questão que se relaciona com a forma que a gestão democrática tem de resolver o que é prioritário fazer com a verba recebida pela escola:
	
	(x) Por meio de Consulta ao Conselho Escolar 
( ) É uma questão exclusiva da gestão
( ) É dever dos professores 
( ) Da administração escolar
( ) Perguntar aos alunos
Caminhos da gestão democrática da escola pública Zulmira Rangel Benfica. 
	
	Iniciaremos o texto desta aula refletindo o conceito de democracia, por meio da charge da Mafalda, que não consegue perceber na prática, democracia como “governo em que o povo exerce a soberania”.
É importante refletir o conceito de democracia para discutirmos o significado de gestão democrática, que também não é de fácil entendimento, pois muitos de nós ainda não tivemos a oportunidade de vivenciar a gestão democrática da escola, e, talvez também tivesse a mesma reação da Mafalda ao ler o que é a “gestão democrática da escola”, pois só viu o exemplo contrário do significado e muitas das vezes com o rótulo de “gestão democrática”, quando não se é de fato. Democracia: ("demo+kratos") é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos — forma mais usual. Uma democracia pode existir num sistema presidencialista parlamentarista, republicano ou monárquico.
Democracia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia 
Kratos: https://pt.wikipedia.org/wiki/Kratos 
Povo: É, usualmente, concebido como um conjunto de indivíduos que, num dado momento histórico, constitui uma nação. Se, por vezes, esta coincide com a totalidade de um território a ela associada, como normalmente acontece, é também o conjunto dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas que, mesmo que constituindo-se de diferentes etnias, estão vinculadas a um determinado regime jurídico, a um Estado. Na linguagem vulgar, a palavra "povo" pode referir-se à população de uma cidade ou região, a uma comunidade ou a uma família; também é utilizada para designar uma povoação, geralmente pequena. https://pt.wikipedia.org/wiki/Povo
Presidencialista: é um sistema de governo em que um chefe de governo também é o chefe de Estado e lidera o poder executivo, que é separado do poder legislativo e do poder judiciário. O executivo é eleito e muitas vezes intitulado presidente e não é responsável pelo legislativo e não pode, em circunstâncias normais, dissolver o parlamento. O legislador pode ter o direito, em casos extremos, de demitir o executivo, muitas vezes através de um processo de impeachment. No entanto, essas demissões são vistas como tão raras que não contradizem os princípios centrais deste tipo de sistema político, que, em circunstâncias normais, significa que o legislador não pode demitir o executivo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidencialismo
Parlamentarista: é um sistema de governo democrático, em que o poder executivo baseia a sua legitimidade democrática a partir do poder legislativo (representado pelo parlamento nacional); os ramos executivos e legislativos são, portanto, interligados nesta forma de governo. Em um sistema parlamentarista, o chefe de Estado é normalmente uma pessoa diferente do chefe de governo, em contraste ao sistema presidencial, onde o chefe de Estado muitas vezes é também o chefe de governo e o poder executivo não deriva a sua legitimidade democrática da legislatura. https://pt.wikipedia.org/wiki/Parlamentarismo
Republicano: é forma de governo na qual o chefe do Estado é eleito pelo povo ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada. A eleição do chefe de Estado, por regra chamado presidente da república, é normalmente realizada através do voto livre e secreto. Dependendo do sistema de governo, o presidente da república pode ou não acumular o poder executivo permanecendo por quatro anos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica 
Monárquico: é a mais antiga forma de governo ainda em vigor. Nela, o chefe de Estado se mantém no cargo até à sua morte ou à sua abdicação, sendo normalmente um regime hereditário. O chefe de Estado dessa forma de governação recebe o nome de monarca (normalmente com o título de Rei ou Rainha) e pode também muitas vezes ser o chefe de governo. A ele, o ofício real de governo é, sobretudo, o de reger e coordenar a administração da nação, em vista do bem comum em harmonia social. O monarca quase nunca deteve poderes ilimitados, como muitas vezes é pensado. Foi num período muito curto que houve monarquias absolutas, as mais comuns são as chamadas monarquias tradicionais. Hoje em dia a grande maioria das monarquias são monarquias constitucionais, que lhes dá quase nenhum poder de governação do seu país, que é exercido por um primeiro – ministro. https://pt.wikipedia.org/wiki/Monarquia 
Percebemos que a democracia está relacionada à tomada conjunta de decisões, pelas pessoas ou por seus representantes eleitos para decidirem questões da coletividade. Diante disto, trataremos agora do conceito de gestão democrática, como está escrito no próximo quadro: A Gestão Democrática é uma forma de gerir uma instituição, de maneira que possibilite a participação, transparência e democracia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_democr%C3%A1tica 
Visualizamos a gestão democrática também como participação coletiva que está ligada à democracia, mais ainda temos que entender porque a gestão democrática da escola pública no sistema de ensino brasileiro. Para tal, recorreremos a dois quadros que serviram de exemplos na abordagem da aula 04 – “Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus gestores” – para começarmos a desvendar os caminhos da gestão democrática da escola pública no Brasil. 
Quadro I: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Art. 260. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I – Igualdade de condições para acesso e permanência na escola. 
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento a arte e o saber. 
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. 
IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. 
V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas. 
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei. 
VII – garantia do padrão de qualidade. 
Quadro II: LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL Nº 9. 394/96 
Art. 3º O ensino será ministrado nos seguintes princípios: 
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. 
II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento a arte e o saber. 
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. 
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância. 
V – coexistência de instruções públicas e privadas de ensino. 
VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. 
VII – valorização do profissional da educação escolar. 
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta lei da legislação dos sistemas de ensino. 
IX – garantia do padrão de qualidade. 
X – valorização da experiência extraescolar. 
XI – vinculação da educação escolar, do trabalho e das práticas sociais.
Os quadros nos mostram que a gestão democrática do ensino público está prevista em lei, desde a promulgação da Constituição da República de 1988, que é a nossa lei maior e, como consequência, também está entre os princípios da educação brasileira na lei de diretrizes e bases da educação nacional nº 9.394/96. Se compararmos a educação brasileira de alguns anos atrás, ficava claro que não havia gestão democrática do ensino, principalmente em uma época que a escola pública, se dizia de qualidade, porém não era acessível a todos os cidadãos brasileiros, principalmente aos das classes populares. Atualmente, diante do conceito de gestão democrática da escola pública, a classe popular também está nesta escola, porém ainda tem que se investir na qualidade deste ensino, que cabe também às pessoas que estão envolvidas no processo de ensino e aprendizagem participarem da promoção desta qualidade de ensino nas instituições escolares.
A gestão democrática requer mudanças na dinâmica das escolas, dentre as mudanças ocorridas na educação com o advento da gestão democrática, temos a participação efetiva dos envolvidos no processo de aprendizagem. Com isso, os problemas não são somente da gestão, mas sim de todo o grupo, que envolve a gestão, a equipe técnica escolar, os professores, os funcionários, os pais e os próprios alunos, que devem estar no cerne das questões da escola. No trajeto da gestão democrática, participar é preciso, porém não é fácil trilhar este caminho, a contribuição que se segue, nos mostra a complexidade da grandiosidade da participação no cotidiano escolar, na gestão democrática: 
A criação de ambientes participativos é, pois, uma condição básica da gestão democrática. Dele faz parte a criação de uma visão de conjunto da escola e de sua responsabilidade social; O estabelecimento de associações internas e externas; A valorização e maximização de aptidões e competências múltiplas e diversificadas dos participantes; O desenvolvimento de processo de comunicação aberta, ética e transparente. Esse ambiente participativo dá às pessoas a oportunidade de controlar o próprio trabalho, ao mesmo tempo em que se sentem parte orgânica de uma realidade, e não apenas apêndice da mesma, ou um mero instrumento para a realização dos seus objetivos institucionais. (LÜCK, p. 27, 2000). A gestão democrática tem como princípios: A descentralização; a participação e a transparência. 
Para atender a estes princípios fizeram-se necessárias novas práticas, que até então não entendíamos como se daria, pois não estávamos acostumados com o Projeto Político-Pedagógico da Escola – hoje conhecido como PPP - e a organização e efetivação dos Conselhos Escolares. Quando falamos em recursos financeiros na gestão democrática do ensino público, estamos nos reportando às especificidades de cada “unidade” escolar, na decisão das suas prioridades e que “a verba é da escola”, “não do gestor”, sendo assim, a gestão junto ao grupo decidirá quais serão as aplicações feitas com as verbas recebidas, seja do governo federal, estadual ou municipal. Existem alguns programas de repasse de verbas do governo federal às escolas, sendo o PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola – um dos mais importantes, vejamos a seguir como se dá este Programa:
Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE: O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) consiste no repasse anual de recursos às escolas públicas do ensino fundamental estaduais, municipais e do Distrito Federal e as do ensino especial, mantidas por organizações não governamentais (ONGs), desde que registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). O repasse dos recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) é feito anualmente pelo FNDE às contas bancárias das unidades escolares, cabendo a elas utilizar os recursos, de acordo com as decisões dos órgãos colegiados da escola. Os recursos podem ser utilizados para as seguintes finalidades: 
Aquisição de material permanente; Manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade escolar; Aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola; Capacitação e aperfeiçoamento de profissionais da educação; Avaliação de aprendizagem; Implementação de projeto pedagógico e desenvolvimento de atividades educacionais. O valor transferido a cada escola é determinado com base no número de alunos matriculados no ensino fundamental ou na educação especial estabelecido no Censo Escolar do ano anterior ao do atendimento. Tendo em vista a importância assumida pelo PDDE no cotidiano das escolas, em razão deste programa se caracterizar pelo repasse de dinheiro direto para as escolas públicas de todo o país, vamos discutir a seguir o referido programa e o papel do Conselho Escolar na gestão do mesmo. (BRASIL, pág.66, 2006).
A participação na gestão democrática da escola pública vai muito além do financeiro, pois tudo que é decidido tem como foco principal a qualidade do ensino oferecido pelas escolas. Percebemos na charge a seguir como uma questão para ser discutida junto à gestão da escola pública, de ensino médio, todos têm que refletir as causas dos maus resultados, isto não compete só à gestão, mas a todos os envolvidos no processo de ensino da escola e, principalmente ao educando, que precisa chegar à etapa final da educação básica em igualdade de condições, para dar continuidade aos estudos, seja por meio do ENEM ou por concurso vestibular. 
A preocupação com a qualidade de ensino tem que ser uma preocupação que perpasse por toda a educação básica, para que os alunos não cheguem despreparados ao final da educação básica. Esta questão tem que ser pensada também por toda a gestão do ensino público, de forma conjunta e respeitosa. Isso é gestão democrática do ensino público. Para concluir, destacamos que a Gestão democrática na escola pública é primordial para a qualidade do ensino nos dias atuais. É papel das instituições escolares se adequar as questões legais de todo o processo de aprendizagem e investir na educação democrática e transformadora.
Até a próxima aula!
Referencias Bibliográficas:
BRASIL. Lei 9.394 de 20/12/96. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus e dá outras providências. D.O.U. de 23/12/96.
_______. Em Aberto: Gestão Escolar e Formação de Gestores. MEC/INEP. Brasília: Volume 17, junho de 2.000.
_______. Conselho Escolar e o Financiamento da Educação no Brasil. MEC/SEB. Brasília: Secretaria de Educação Básica, 2.006.
_______. Salto para o Futuro: Construindo a escola cidadã. MEC/SEED. Brasília: Secretaria de Educação a Distância, 1998.
VIEIRA, Alexandre Thomaz. Formação de Gestores Escolares: Para a utilização de tecnologias de informação e comunicação. São Paulo: Takano Editora e Gráfica, 2002.

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