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FÁBULAS DE DUSS
 
Avaliação Psicológica III
Profª Daniela Heitzmann Amaral
HISTÓRICO: 
Foi apresentado em 1940, tendo sido publicado em 1950.
Foi a psicanalista francesa LOUISE DÜSS que elaborou um método projetivo à base de contos incompletos, cada qual com um determinado objetivo, ou seja, a detecção de presença e do estágio de desenvolvimento de complexos psicoemocionais. 
OBJETIVO: 
O objetivo não era o desenvolver um instrumento que chegasse a uma classificação nosológica do caso em estudo, mas de obter o diagnostico dos conflitos ou complexos presentes mais importantes, como o desmame, rivalidade, Édipo etc. 
Criou pequenas fábulas cujo herói - animal ou criança – se encontra em determinada situação que representa uma fase do desenvolvimento psicossexual;
São situações suficientemente ambíguas e simbólicas para facilitar a projeção da criança, permitindo a identificação de conflitos;
Existe a presença de conflitos inconscientes e também conscientes nas verbalizações, assim como fatores educacionais, intelectuais, etc
DESCRIÇÃO: 
Compõe-se de 10 fábulas sendo que cada uma corresponde a um estágio do desenvolvimento afetivo.
 Se a criança der uma resposta simbólica, se tiver dificuldade em responder ou ainda se sentir chocada com a fábula, pode-se concluir que a situação despertou nela o complexo correspondente, estando o seu desenvolvimento afetivo fixado em tal complexo. 
Atualmente o teste de Düss apresenta duas formas: um verbal e uma forma pictórica.
VANTAGENS:
É um teste de aplicação fácil; permite uma rica avaliação de sujeitos com escassez de vocabulário, timidez excessiva, dificuldade de elaborar estórias a partir de estímulos visuais; 
Pode ser utilizado como reteste, pois não desenvolve hábito ou aprendizado como ocorre com outros instrumentos; 
É econômico, uma vez que não necessita material especial; 
Não requer escolaridade; 
É interessante pois, em geral, as crianças gostam de ouvir estórias; 
Pode-se selecionar algumas fábulas para fins específicos
APLICAÇÃO: 
Individual, tempo livre.
Depois de estabelecida uma boa relação com o menor, dizer-lhe: "Vou lhe contar uma série de pequenas estórias para você dar continuidade. Em cada estória, você vai dizer como termina. Pode dizer o que você quiser. Qualquer resposta que você disser está bem".
Devemos narrar as fábulas uma a uma, de forma viva, colorida, tendo o cuidado de não cair num tom sugestivo nem fazer muita ênfase em certos detalhes a fim de não induzirmos a criança a nos dar respostas tendenciosas.
Também não devemos recorrer a uma dramatização excessiva ou à introdução de elementos capazes de sugerir a resposta. Neste caso o material colhido não seria do inconsciente e sim do ego e o teste perderia sua finalidade.
Deve-se evitar ainda questões diretas (E você?) pois isto pode ativar a resistência e não levar muito longe as perguntas. É necessário que a criança se identifique com o herói e transfira para ele o material não tolerado pelo seu próprio ego ou superego.
De modo geral, a resposta da criança é muito breve. 
É preciso pois interrogá-la sobre os "porquês" para que possamos conseguir o maior número de informações possíveis. 
A fábula deve ser adequada ao sexo da criança.
A administração é utilizada em processo psicodiagnóstico. 
Com crianças de até aproximadamente oito, nove anos recomenda-se utilizar a forma pictórica concomitantemente com a forma verbal. 
Após esta idade pode se utilizar apenas à forma verbal.
Com adolescentes e adultos, as fabulas são apresentadas como teste de imaginação.
INTERPRETAÇÃO: 
Por ser um teste baseado na teoria psicanalítica, é necessário que o examinador tenha uma boa fundamentação na mesma. Apesar de não haver processos suficientemente padronizados para a avaliação e interpretação, LOUISE DÜSS apresentou alguns elementos para a análise do teste
Para cada fábula as respostas dadas por sujeitos normais, a resposta da criança é comum, banal, insignificante. Da indicio de equilíbrio psíquico;
As diferentes espécies de respostas neuróticas ou significativas: a criança da resposta que exprime culpa, insegurança, agressividade, angustia ou ansiedade;
Seis critérios indicadores de algum conflito emocional específico quais sejam: resposta imediata e inesperada; resposta cochichada rapidamente; recusa a responder; desejo de recomeçar o exame (necessidade de descarga), demora em dar a resposta, repetição da resposta e rejeição.
 Tempo de reação (TR): 
Três segundos tempo médio;
Um a três segundos respostas rápidas; 
Dez segundos resposta demorada;
FÁBULAS:
1 - FÁBULA DO PÁSSARO: Para averiguar a fixação do sujeito em um dos pais ou sua independência.
 Um papai e uma mamãe pássaros e seu filhote passarinho estão dormindo num ninho, no galho. De repente começa a soprar um vento muito forte que sacode a árvore e o ninho cai no chão. Os três passarinhos acordam num instante e o passarinho papai voa rapidamente para uma árvore, enquanto a mamãe voa para outra árvore. O que vai fazer o filhote passarinho? Ele já sabe voar um pouco.
2- FÁBULA DO ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO: (Para verificar se o sujeito sofreu algum choque emocional no quarto dos pais ou se tem ciúmes da união dos mesmos).
 É a "festa de casamento" do papai e da mamãe. Eles se amam muito e dão uma bela festa. Durante a festa, a criança se levanta e vai ficar sozinha no fundo do quintal. Por quê?
3 - FÁBULA DO CARNEIRINHO: (Para explorar o complexo do desmame e o complexo irmão-irmã, ou seja, rivalidade fraterna).
 Lá no pasto estão uma mamãe ovelha e seu carneirinho. O carneirinho pula todo dia ao lado da mamãe e todas as tardes a mamãe lhe dá um bom leite quente que ele adora. Mas ele já come capim também. Um dia, trouxeram para a mamãe ovelha um pequeno carneirinho que estava com fome, para que a mamãe lhe desse leite. Mas a mamãe ovelha não tem leite bastante para os dois e diz para seu primeiro carneirinho: "Como eu não tenho leite bastante para dar aos dois, vá comer capim fresco". O que o carneirinho maior vai fazer?
Obs.: Se o examinador quiser apenas verificar o complexo de desmame, deve suprimir a chegada do outro carneirinho e apenas mencionar que como a ovelha não tem mais leite, o carneirinho deve comer o capim.
4 - FÁBULA DO ENTERRO: (Para explorar a agressividade, os desejos de morte, culpabilidade, a autopunição e o medo de abandono).
 Um enterro está passando nas ruas de uma cidadezinha e uma criança pergunta: Quem morreu? Alguém responde: É uma pessoa da família que mora naquela casa. Quem é que morreu?
 Alguém da família de um menino pegou o avião que partiu para bem longe, longe, longe e não vai voltar mais para casa. Quem é?
 Obs.: Existe uma variação para o caso das crianças que não conhecem o significado da palavra morte (geralmente até 7 anos de idade):
5 - FÁBULA DO MEDO: (Para verificar a angústia e a autopunição).
 Uma criança diz baixinho: "Ai que medo". Do que ela tem medo?
6 - FÁBULA DO ELEFANTE : (Para o exame da angústia e complexo de castração).
 Uma criança tem um elefantinho do qual gosta muito e que é lindo, com sua tromba bem comprida. Um dia, voltando de um passeio, a criança entra em seu quarto e encontra seu elefantinho muito mudado. O que ele tem de diferente? Porque ele mudou tanto?
7-FÁBULA DO OBJETO FABRICADO: (Para testar o caráter possessivo e obstinado - complexo anal).
 Uma criança conseguiu fabricar um objeto de barro, por exemplo, uma bonita torre que ele acha linda, linda. Sua mãe pede o objeto de presente e a criança é livre para dar ou não. O que esta criança vai fazer?
8 - FÁBULA DO PASSEIO COM UM DOS PAIS: (Para detectar o Complexo de Édipo). Relaciona-se à de nº 2.
 Um menino (ou menina) fez um lindo passeio na floresta, sozinho com sua mamãe (ou com seu papai, no caso de menina). Eles se divertiram muito juntos. Voltando para casa, o menino (ou menina) acha que seu papai (ou sua mamãe) não está com acara de sempre. Por que?
9 - FÁBULA DA NOTÍCIA: (Para conhecer melhor os desejos e os medos do sujeito)
 Uma criança volta da escola e sua mãe lhe diz: "Não comece já a lição, pois tenho uma noticia para lhe dar". O que a mamãe vai contar?
10 - FÁBULA DO SONHO MAU: (Para controle das fábulas precedentes). 
 Está relacionada à de número 5 pois quando uma culpabilidade ou medo existem em profundidade, pode não se manifestar na 5, mas é raro não aparecer na 10.
 Uma criança acorda de manhã, muito cansada, e diz: "Ai que sonho mau eu tive." O que ela sonhou?
Teste das Fábulas
 
Identificação: Caso n° 1
Idade: 5:6
Sexo: F
Nível de escolaridade: educação infantil
Informações sobre o caso: Criança de família intacta, de renda média. A mãe fala da filha apenas que é eventualmente muito exigente consigo mesma, se irritando ou chorando se não faz bem as coisas e que, às vezes, quando se irrita, faz "cenas". Além disso, apresenta somente alguma reação alérgica a certos alimentos.
Observações durante a testagem: Sem particularidades.
Respostas do sujeito
F 1 - TR 2s — "Foi atrás da mãe e do pai. (P) Foi, acho que foi voando e, aí, con­seguiu chegar até os pais. Ficou junto com eles. Eles fizeram outro ninho."
F2 - TR 2s — "Acho que não gostou da festa. (P) Acho que não gostou, porque eles fizeram festa para eles. Não gostava que ficassem juntos. ("Como assim?") Não sei... Não gostava deles juntos... Não sei... Não sei mais..."
F3 - TR 2s — "Ficou comendo capim. (P) Acho que não muito feliz. Sentia falta da mamadeira. Então, ficou pastando. Não havia leite para ele."
F4 - TR 4s — "Morreu a mãe ou o pai ou a filha. ("Como assim? Quem morreu?") Não sei. Um deles, mas não sei quem... Não sei..."
F4a - TR 3s — "A mãe. ("Por que ela foi embora?") Porque ela não está aqui." (Mostra a lâmina.)
F5 - TR 3s - "De escuro. (P) Não gosta de escuro. Tem medo."
F6 - TR 3 s - "Acho que está grandão. Cresceu, ficou grande. ("Cresceu?") Ficou maior. Todos crescem. Todos os pe­quenos crescem e ele também. A criança ficou feliz, porque ele cresceu."
F7 -TR2s - "Deu. (P) Porque gosta da mãe. (P) Bem, deu de presente."
F8 - TR 3 s - "Acho que ela não gos­tou que eles fossem sozinhos no parque. Ela não quer mais que isto aconteça. (P) Por­que ela vai ficar mais braba. Não é para deixá-la sozinha.“
F9 - TR - "Não sei, não sei..." (R)...
F10 - TR 3s — "Com monstro. Acho que ia pegar ela. (P) Foi pesadelo. Acordou chorando. Sentiu medo: o monstro queria pegar ela.
Interpretação dos resultados
Na F 1, dá uma resposta ativa, indepen­dente, e o enredo é adaptativo. Ducros (1959) considerou respostas em que o herói vai se reunir com seus pais como compatí­veis com uma boa adaptação familiar, o que confirma a primeira impressão causada pelo. As interações adequadas na área familiar se evidenciam também pela resposta dada à F7, em que se sente bem dando à mãe o objeto por ela fabricado, indicando, além disso, boa superação da fase anal.
Confirmando a boa ultrapassagem do processo de separação-individuação, sugerida pela resposta à F1, vê-se que, na F3, enfrenta o conflito de maneira apropria­da, demonstrando apenas algum pesar por não ser mais um nené, que é alimentado de forma mais infantil. Mas reage à frustração sem ansiedade. A resposta à F6 corrobora a impressão de sua aceitação das exigências de crescimento, de forma bastante positiva. Nota-se, entretanto, que a criança se mostra intensamente mobilizada ante estí­mulos capazes de deflagrar comportamen­tos, estados emocionais e defesas, associ­ados ao conflito edípico. Assim, na F2, embora dê espontaneamente uma resposta popular, o inquérito revela fantasias de re­jeição, ciúme de conteúdo edípico, entran­do em ansiedade e bloqueando o pensamen­to e a produção verbal
Na F4, sua resposta é mais demorada, mas a agresssão possivelmente suscitada pelo conteúdo da F2, talvez levemente exa­cerbada pela frustração a que se expôs na F3, provoca a natureza da verbalização que apresenta. A agressão se dirige basicamente à figura rival, à mãe, como ficou corroborado pela utilização adicional da fá­bula da viagem. Entende-se a dinâmica subjacente à fá­bula do enterro: depois de "matar" a mãe, diz que também poderia ter sido o pai, já que, além de sentir ciúme, ainda houve a fantasia de ser rejeitada por ambas as figuras parentais, na F2. 
Então, projetou a culpa na mãe, depois no pai, cuja "morte", em conse­quência de sua agressão, também poderia ser vivenciada como castigo. Procura negar tal possibilidade. Introjeta a culpa, dirigindo a agressão contra si mesma, o que fica claro pela presença da referência: pode ter sido a filha quem morreu. Entra em ansiedade e bloqueia. Entretanto, o tema da viagem suscita ansie­dade de separação, comum na fase, produ­zindo a resposta popular da F5, mas mostran­do-se impotente frente à situação. Todavia, recupera-se facilmente, o que é evidente pela forma adaptada como en­frenta o conflito na F6 e na F7.
Na F8, a verbalização espontânea apro­xima-se muito da popular—"não gostou que saíssem" — mas a inclusão da palavra "so­zinhos" denuncia a fantasia edípica. O ciú­me que sente do pai, por causa da mãe, é nela projetado como razão do desagrado. Defensivamente, nega que tenha sido ciú­me, fantasiando que a mãe pode ter se sen­tido rejeitada, como ocorreu consigo na F2, racionalizando o ocorrido. Mas a racionalização não é suficiente para o manejo da ansiedade, de modo que a mobilização afetiva da F8 se transpõe à F9, produzindo um bloqueio. Na F10 o conteúdo, "mons­tro", costuma ser usado como represente simbólico das figuras parentais, que po­dem castigá-la por suas fantasias. O medo de castigo denuncia culpa, possivelmente um resíduo da culpabilidade edípica, já manifes­tada anteriormente.
Conclusão
O protocolo sugere que se trata de uma criança normal, que está enfrentando, de forma típica, uma crise de desenvolvimento sintônica com a fase em que se encontra.
 
Identificação: Caso n° 2
Idade: 7:1
Sexo: M
Nível de escolaridade: 1º ano 
Informações sobre o caso: Filho de um casal de zeladores de um edifício, procedentes do interior do Estado. Família muito rígida, sempre temendo a ocorrência de queixas ou críticas dos condóminos em relação ao filho. É uma criança ansiosa, carente, desejosa de alguma atenção. Antecedentes familiares de doença mental.
Observações durante a testagem: Apesar de se mostrar geralmente bastante ansioso, não apresentou problemas especiais na testagem, parecendo se sentir valorizado por ter sido convidado a se submeter ao teste.
Respostas do sujeito
F 1 - TR 3s - "Ficou atirado no chão, eles fugiram do passarinho pequeno e fo­ram para uma árvore. O pequeno fica atira­do no chão, com frio. Vai morrer de frio. ("Eles fugiram do pequeno?") Eles não que­riam mais ele e o deixaram abandonado. O pequeno dava muito trabalho. O pequeno estava fraco, com frio, morreu."
F2 - TR 2s - "Porque não queria fi­car mais na festa. (P) Acho que a festa es­tava ruim e ele foi embora. Não havia nin­guém para brincar com ele. ("Como se sen­tia a criança?") Triste, pensando... ("Pen­sando?") Pensando... Não sei... Pensando no que ia acontecer... ("O que ia aconte­cer?")... Não sei, pensando..."
F3 - TR 3s - "Foi comer capim. Foi embora e não gostou mais dela. ("Foi em­bora?") Porque ela não alimenta mais ele. Ficou com ciúmes do pequeno. Foi para lon­ge, procurar outra mamãe, mais atenciosa. Não gosta mais desta, que não o alimenta."
F4 - TR 3s - "A mamãe. ("Por que ela foi?") Porque não gostou da família. Brigou com eles e foi embora. ("Brigou? Como assim?") Eles brigavam muito... Não sei... Foi embora e não volta. Eles ficaram com o pai e ficaram com saudade dela, mas ela não voltou."
F5 - TR 2s - "Do escuro, de ficar sozinho. E, daí, ficou com medo e por isso talava baixinho."
F6 - -TR Is - "Ficou sozinho e com medo e, daí, estranhou, estranhou e ficou triste e diferente, assim com medo."
F7 - TR 2s - "Deu. (P) Porque ela a queria de enfeite, para botar nasala."
F8 - TR 3s - "Porque saíram e não levaram ele. ("E daí?") O pai brigou com os dois. E os pais se separaram e o guri ficou com a mãe."
F9 - TR 2s - "Primeiro, a comida, depois, os temas."
F10 - TR 2s -"Sonhou com coisa ruim; por exemplo, que estava no circo e um robô-dragão assustava todos. Sonhou com aqui­lo. Soltava chama. Ficou assustado."
Interpretação dos resultados
Na F 1, nos deparamos com um tipo de res­posta notavelmente depressiva. O sujeito en­frenta de maneira muito sofrida a situação, a partir de fantasias de rejeição, abandono e pri­vação, resignando-se ao seu desamparo e vol­ta contra si mesmo a agressão que não conse­gue dirigir para as figuras parentais, deixando-se morrer. Chega a projetar a culpa nas figu­ras parentais, mas termina introjetando-a.
Na F2, inicia a verbalização com uma resposta popular, mas, pelo inquérito, pode-se perceber que se sente rejeitado, aparecendo tristeza, ansiedade e solidão. Novamente, tenta manejar a situação utilizando o mecanismo de projeção, mas que não é eficaz, surgindo sinais de ansiedade, com bloqueio do pensamento e da verbalização. De forma igualmente depressiva, submete-se de novo à situação, incapaz de reagir de maneira agressiva contra as possíveis causas de seu desconforto.
Na F3, consegue dar uma resposta popu­lar, mas são claros os seus sentimentos de ser rejeitado. Agride a mãe, dizendo não gostar mais dela e indo embora e, ao mesmo tempo, sente-se privado por ela e tem ciúme. Manifesta um comportamento de onipotência, mas que encobre uma posição ambivalente. Na F4, simbolicamente "mata" a mãe, por quem se sentiu rejeitado na F2 e na F3 e que tentou substituir nesta última. Mas as sanções do superego fazem com que introjete a agressão que tentou projetar na mãe. Assume a culpa ("eles briga­vam muito"), demonstra ansiedade e a resposta tem conotação de perda ("ficaram com saudades"), que é fantasiada como castigo ("ela não voltou"), por sua agressão.
O tema da separação, o medo de ser abandonado, persiste na F5, usando o medo do escuro como forma de expressá-lo.
Na F6, o tempo rápido demais denuncia um choque e não consegue enfrentar o conflito, apresentando uma perseveração da F5.
Novamente, a fantasia é de abandono e o estado emocional é de tristeza. A perseveração pode ter acontecido não apenas pela mobilização anterior, mas como forma de escapar ao conflito da F6, o que insinua o tema de ansiedade de castração.
Na F7, dá uma resposta popular, compatível com a superação adequada de conflitos da fase anal, mas a análise de sequência aparentemente demonstra, pelas diferenças na atitude frente à mãe, na F3 e na F4 em comparação com a da F7, que a relação com ela é bastante ambivalente; ambivalência esta não associada à fase anal, mas a conflitos internalizados em época mais precoce.
Embora dê uma resposta popular na F8, a continuidade da verbalização sugere uma fantasia de triunfo edípico. Talvez grande parte da ambivalência, aparentemente dirigida para a figura materna, também tenha a ver com ciúme (F3), além de uma fantasia de ser por ela rejeitado (F1, F2, F3). Na realidade, comparando a resposta à F4 (em que a mãe foi embora e eles ficaram com o pai) com a resposta a F8 ("o pai brigou com os dois" e o "guri ficou com a mãe"), fica clara a existência de ambivalência também em relação à figura paterna.
Na F9, o tema é oral, o que corrobora o nível precoce dos conflitos internalizados e, finalmente, na F10, desloca a agressão para o ambiente, numa fantasia de castigo, como sanção do superego, ainda que haja uma tentativa de negar a importância da agressão, uma vez que tudo acontece "no circo".
Conclusões:
Trata-se de uma criança de 7 anos e 1 mês, que ainda não conseguiu resolver a problematica da fase edípica, o que foi dificultado pela existência de conflitos internalizados em fases muito precoces. Apresenta características de um quadro depressivo, embora a presença de respostas populares sugira que a problemática interior ainda não está afetando seu comportamento de forma manifesta, devendo-se, entretanto, considerar que as pressões de um ambiente rígido devem levá-la a desenvolver um esforço extra no sentido de atender às expectativas sociais.

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