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1- Por que o Realismo se difere do Romantismo? No Romantismo, utiliza-se a subjetividade, a imaginação, sentimentos, emoções, verdade individual, fantasias, narrativa lenta obedecendo o tempo cronológico, linguagem cultura em estilo metafórico e poético, mulher idealizada comparada a um anjo em sua pureza e perfeição. Já no Realismo, seu propósito está relacionado com o materialismo, objetividade, realidade social, racionalidade, verdade universal, fatos observáveis, preocupação com o presente, linguagem cultura e direta, numa narrativa de ação e aventura e mulher mostrada com seus defeitos e qualidades. Enquanto que no Romantismo o foco da narrativa, centra- se no individuo de acordo com a sua subjetividade, no Realismo volta-se para observar o mundo. 2- Qual foi o contexto histórico europeu no período oitocentista, que ocasionou o surgimento do Realismo? O contexto histórico europeu em meados do século XIX é marcado por algumas transformações, políticas e consequentemente sociais, que acabou despertando novas concepções de mundo. No âmbito político, o declínio da Monarquia, para instalar-se a República. Na economia, o advento da Revolução Industrial e o capitalismo. Na sociedade, controle de classes dominantes, luta dos trabalhadores e teorias socialistas. Na mentalidade, estudos científicos , que contrariaram o criacionismo pregado desde então pela igreja. E assim, surgindo novos grupos com ideais anarquistas, chegou-se à arte, que provocou o desuso do Romantismo e instaurando o Realismo, com a estética que expressasse sentimentos e ideias à favor da liberdade e sociedade. 3- Como se deu o Realismo em Portugal ? O contexto histórico oitocentista sofreu mudanças sociais, econômicas, políticas e científicas, ocasionando uma reorientação universal sobre os indivíduos. Contudo, Portugal mantinha-se aquém em relação à tais transformações, vivendo ainda numa cultura concepção passada da Monarquia. Vendo a necessidade de Portugal trilhar o mesmo caminho que os demais países europeus, surgiu-se a “Geração de 70”, liderada por Antero de Quental à jovens escritores, que propunham uma liberdade estética sobre as artes, especificamente na literatura, a fim de trazer a mesma reorientação universal em Portugal. Dessa forma, em vez de expressar o subjetivismo, a melancolia, o sentimentalismo, a arte realista utilizou-se da racionalidade, críticas à sociedade, questionamentos sociais, análise da verdade, psicologia humana, cientificismo, determinismo, etc. 4- Qual a relação de Antero de Quental com a Questão Coimbrã? As transformações políticas, sociais e científicas no período oitocentista, que norteara por toda a Europa, influenciou-se também no âmbito artístico, ocasionando o declínio do Romantismo. A necessidade de um movimento que pudesse transcrever de acordo com tais mudanças, mostrava-se cada vez mais necessário, pois partiria em prol do “Nós”, em vez do “ eu”. Especificamente nos textos literários, o subjetivismo, a emoção, as fantasias e o individualismo, foi trocado pela objetividade, realidade, razão, social, verdade universal, ou seja, pelo Realismo. Contudo, Portugal ainda permanecia mais tradicional e preso ao movimento antecedente. Em prova disso, Feliciano Castillo, adepto ao Romantismo Português, acreditava que a literatura deveria se negar à condizer com tais movimentos revolucionários, fazendo uma crítica no seu posfácio, denominando o Realismo de “enfermidade”. Antero de Quental, por sua vez, sendo a favor da instauração do Realismo em Portugal, respondeu numa carta aberta à Castillo, desconsiderando o Romantismo como forte movimento influente para o contexto vigente, devido o período exigir um posicionamento dos escritores para abordarem temas voltados aos problemas sociais, em busca de uma reorientação universal. Enquanto Castillo permanecia preso a um movimento artístico já considerado ultrapassado, por defender a naturalidade poética, Quental, por sua vez defendia a responsabilidade da literatura na sociedade. E assim, viu-se a necessidade de criar algo forte, que com ele pudesse combater tais pensamentos e abrir os olhos da sociedade sobre a realidade que viviam. Antero, formou e liderou, na universidade de Coimbrã, um grupo formado por jovens escritores, “Geração de 70”, que compartilhavam do mesmo pensamento. 5- Relacione a produção literária realista ao eixo existência: Tal produção, colocou-se contra algumas situações de existência humana e social, ao defender os mais pobres e àqueles que fora submetidos ao poder autoritário. 6- Caracterize a escrita de Antero de Quental e Guerra Junqueiro no período oitocentisca: No período oitocentista, Portugal foi proibido de seguir os mesmos parâmetros dos demais países europeus, por aderir uma reforma social, cultural e política. Todavia, mesmo sendo censurados, os movimentos anarquistas, mantinham-se na esperança de apresentar ao povo português uma nova concepção da realidade. As obras de Antero de Quental e Guerra Junqueiro, seguiam-se esse mesmo parâmetro. O realismo sempre procura abordar temas universais, fazendo com o que as poesias de Quental sejam interpretadas na atualidade. Com viés político, republicado e socialista assumido, defendia a união das nações simultaneamente ao respeito a diversidade cultural de cada. Sua escrita passou por algumas fases, que podem ser justificadas pelo seu transtorno bipolar, sendo expressada por sentimentos de pessimismo à esperança nacional. Guerra Junqueiro também era a favor da República e lutara por transformações políticas e social. Com toque mais sátiro, denunciando a miséria, as malícias, a monarquia e a religião a quem Portugal submetia-se. Pode-se considera-lo um poeta combatente. 7- Qual a importância da literatura para o debate de questões importantes da sociedade portuguesa do século XIX? Segundo Eça de Queirós, o Realismo é a “negação da arte pela arte”. Em outras palavras, o contexto oitocentista exigiu uma postura artística que acompanhasse as transformações externas que estavam acontecendo. Em vez de manter uma literatura subjetiva, que valorizasse o indivíduo e suas emoções, buscou-se valorizar o indivíduo inserido numa conjuntura social. E com ele, levantar questionamentos que pudessem trazer uma reflexão e transformação social. 8- Quais são os núcleos temáticos mais importantes na narrativa de Eça de Queirós? Eça de Queirós seguiu-se o pensamento dos intelectuais da “Geração de 70”, no qual também fizera parte. Discutia-se sobre a modernidade europeia e a necessidade de aproximar Portugal à ela. Por isso, seus núcleos temáticos, relacionam-se a crítica e polêmica religiosa e burguesa, levando a censura diversas vezes. 9- Quais são as marcas realistas presentes nas obras de Eça de Queirós? Eça de Queirós foi um dos autores realistas, que fez parte da “Geração de 70”, em Portugal no período oitocentista, seu nome é tão associado ao movimento, que este só chegou-se “ao fim”, em 1900 com o falecimento de Eça. Uma de suas características relevantes são temas voltados ao povo português, através de um olhar questionador e reflexivo sobre a sociedade e como ela pode prejudicar o avanço do individuo, que nela esteja inserido. Uma de suas obras mais conhecidas “O crime do Padre Amaro”, procurou levantar questões polêmicas sobre o celibato e a opressão religiosa para com o povo e sacerdotes. Outra obra que merece destaque é “O primo Basílio”. Desta vez, o autor descreve os problemas que norteavam uma família da época, promovendo para atualidade, um conhecimento social oitocentista. Se Eça tinha como objetivo seguiruma linha realista ou realista-naturalista, nela é perceptível que a relação estabelecida com o Romantismo é de contrariedade 10- Por que Eça de Queiros é considerado um dos maiores escritos realistas de Portugal? Antero de Quental na “QUESTÃO COIMBRÔ, enfatiza para Castilho que o escritor tem um papel fundamental na sociedade, pois é através dele que os problemas vigentes serão apurados e os conceitos culturais defendidos. Eça de Queirós elaborou narrativas provocativas sobre a sociedade, a igreja e a psicologia humana, despertando um ar questionador ao contexto oitocentista. Sua influência foi tão marcante, que o Realismo findou-se juntamente com a sua morte em 1900. 11- Podemos considerar as obras de Eça de Queirós presentes em nosso tempo? Se uma das principais características do Realismo é apresentar temas universais, estes ultrapassam o tempo cronológico. A mesma abordagem feita pelo escritor no século XIX à XX, podem ser inseridas na sociedade atual, por ele apresentar o cotidiano, o psicológico das personagens e o registro da realidade e seus problemas. 12- Como se deu as manifestações do espírito finissecular no contexto histórico- cultural português? No final do século XIX a Europa vivia o auge do capitalismo, devido as derrotas socialistas, estabilidade social e desenvolvimento tecnológico, provocando o avanço da modernidade. Contudo, Portugal além de se manter distante de tais transformações, também passara por problemas internos, como o “Ultimatum inglês”, economia agrária de subsistência e uma sucessão de crises, que o levou à proclamação da república, posteriormente. Portugal vivia um contexto decadente, afetando para o surgimento de um sentimento também decante nas pessoas, que manifestara pelas artes. Na literatura, denominado de Simbolismo, suas principais características era expressar o desencantamento com o mundo, distanciando-se da realidade para busca do inconsciente, podendo ser inclusive antirrealista, antimaterialista, antiobjetivista, mas valorizando a subjetividade crítica em relação ao mundo. Na poesia, o uso do arcaísmo, neologismo, metáforas, religiosidade, espiritualidade, musicalidade intensa, fora uma das suas principais características. 13- Quais são as principais características das obras de António Nobre e Camilo Pessanha? Tanto Nobre, quanto Pessanha focaram no espírito finissecular, mas cada um à sua maneira. Nobre, segue uma tendência simbolista, considerado um dos poetas mais populares e renomados de seu tempo, devido sua sensibilidade estética, refletida por um espírito romântico e doentio. Sua escrita é mais coloquial e poética, numa estrutura cinematográfica, abrindo espaço para o modernismo, que deu continuidade. Lamentava-se por Portugal, todavia, não ignorava o Portugal glorioso e assim, resgatava lembranças que tivera na zona rural em sua infância. Além disso, por mais que ele apresentasse uma obra finissecular, procurava se afastar do drama através da ironia. E Pessanha, também seguindo- se uma tendência simbolista, porém de maneira diferente em relação a Nobre, relaciona-se sua poética com sua própria perturbação, como sujeito inserido no mundo. Tem uma visão pessimista, sentimento de perdição, trabalha com o tempo passado, jogo de intertextualidade com diversas artes e sua escrita apresenta uma linguagem coloquial, mas com metáforas, símbolos, musicalidade, mas num tom dramática, recebendo um toque de filosofia oriental. Sua poética fora tão importante, que chegou a influenciar consideravelmente o “fazer literário” de Fernando Pessoa. 14- Qual a diferença entre o Romantismo e o Simbolismo? A diferença começa pelo contexto histórico. O romantismo surgiu no século XVIII, podendo ser escrito tanto em prosa, quanto em poesia. Sua visão de mundo é centrada no indivíduo, para retratar o drama humano, amores trágicos e distração mental de obrigações ou realidades desagradáveis. E estendeu-se até meados do século XIX. Já o Simbolismo ocorreu no final do século XIX, por isso é considerado finissecular, em que está desencadeado com o mundo, por este estar em crise. Só há poesias e os autores refugiam-se num universo imaginário, cheio de desesperança e rejeição da sociedade burguesa. 15- O que é literatura finissecular? A expressão finissecular não está vinculada a um movimento artístico, mas significa traços de um fim de século, que afetam as produções artísticas do momento. Nesse período, essas produções preocupam-se com o destino português e uma inclusão dos aspectos sociais. 16- Faça uma relação A poética de António Nobre e Camilo Pessanha com o Eixo Existência do nosso curso? Os dois autores apresentam questões existenciais (e se alinhama ao nosso eixo da existência de nosso curso) que podem ser percebidas por temáticas como a morte. A temática da morte é comum aos autores Antonio Nobre e Camilo Pessanha, mas ela assume também aspectos formais nos textos a partir de recursos estéticos operados por estes. Esses recursos estão relacionados à capacidade destes dois autores de se outrarem, ou seja, assumir a posição de um outro. No caso de Camilo Pessanha essa capacidade aparece a partir de sua tendência a encenação, pela dramatização. Assim, é possível que “O poeta não só fala sobre a morte, mas fala da morte – em outras palavras, como se já estivesse morto!”. O poeta também traduz em linguagem um desencanto pela existência, explorando aspectos sensoriais como Simbolista que é. No plano da linguagem ele diz de maneira sempre indireta, evitando nomear os objetos diretamente. No caso de Antonio Nobre a morte atinge uma relação a nível formal do texto, com o processo de despersonalização do autor, ao criar uma personagem que seria uma espécie de outro de si mesmo, processo que adiante Fernando Pessoa irá desenvolver em sua heteronímia. “Essa cisão do eu indica um gesto negativo, uma subtração assinalada no nome (António – Anto), mas que está estreitamente ligado a uma mutilação vivida, sentida na pele. Este movimento de inter-relação de mundo e linguagem, sob uma existência em falta, é marca de uma profunda modernidade e um dos maiores legados deixado por esta poesia.” 17- Modernismo Português X Modernismo Brasileiro: O modernismo português surgiu com a publicação da revista Orpheu, em 1915, sendo portanto anterior ao brasileiro, 1922. As vanguardas europeias são certeiras nos dois países, mas no modernismo brasileiro há valorização dos traços locais, como a linguagem, buscando uma aproximação popular. Antes da instauração do Modernismo em Portugal, fora marcado pela estética finissecular, em que todas as reflexões e conflitos e crises da nação eram abordadas nas artes. Contudo, já no início do século XX, a Europa vive sob a utopia da Revolução Francesa, segunda revolução industrial, ou seja, o progresso. Portugal, entretanto, não compartilhava totalmente, ficando a parte em relação aos demais países. Os românticos do início do século, buscavam um mundo idealizado, enquanto que o grupo da “geração de 70”, equipar o país com o restante da Europa. Se para os românticos o poeta possuía uma missão de cantar à inspiração das musas, para os realistas o desvendar e relacionar-se com os aspectos da sociedade. Como por exemplo, a vida de aparências. Após o desencanto com esta inserção social, o Modernismo português surgirá, buscando desvencilhar-se do trato de temas sociais. “O modernismo europeu apresenta um caráter marcadamente antidemocrático e antipopular”. Embora, o modernismo no Brasil tenha sido influenciado pelas vanguardas, seu propósito era à valorização dolocal, já o europeu apresenta um aspecto antipopular, voltado para a própria criação literária, sem qualquer inserção social. 18- Explique como era o contexto histórico em Portugal, quando surgiu o Modernismo: Em Portugal, surgiu durante um período conturbado da história. Época de guerras, permaneceu na primeira e segunda guerra mundial, conheceu o surgimento da Teoria da Relatividade, por Einstein, a psicanálise de Freud, as transformações tecnológicas ( eletricidade, estrada de ferro, avião, cinema, etc), que definitivamente modificaram o comportamento social. As crises sucessivas em Portugal, levou-o para o declínio da Monarquia e instauração da República. Não só isso, mas também o surgimento de dois partidos com ideais opostos, Inconformados VS Patriotismo, fez com que Portugal mantivesse numa economia agrária e gradativamente uma crise econômica. Todavia, entre o século XIX e XX, em Lisboa, mesmo num ritmo mais lento, conheceu a modernidade, com ferrovias, ruas pavimentadas, urbanização planejada nos grandes centros, iluminação à gás, telefone, cinema, inauguração de lojas, restaurantes, café, tudo que uma cidade atualmente têm acesso. Em contrapartida, aumentou a desigualdade social de trabalhadores industriais, que viviam em situações precárias em guetos e periferias. E o êxodo rural, levando camponeses à cidade e nela a miséria como consequência da falta de oportunidade. A modernidade urbana não só modificou a estrutura lisboeta, como também seus indivíduos, tornando-se mais consumistas, vaidosos e com poucas relações humanas. É como se o indivíduo vivesse numa solidão, em plena multidão. 19- Quais são as características do Modernismo Português? Distanciamento do sentimentalismo, espírito dinâmico que acompanha as transformações tecnológicas, espírito questionador e crítico, linguagem cotidiana, oposição as normas em prol do anarquismo, originalidade e desvio, ruptura com o passado, numa atitude inovadora. 20- Identifique as figuras femininas urbanas na obra poética de Cesário Verde: Cesário Verde vivenciou todo o processo de urbanização, pois estava inserido nele. Vivendo entre o Campo e a cidade, pode perceber, sentir e descrever suas respectivas diferenciações. A mulher urbana é destacada em sua obra e assim dividida em três tipos: “Dama fatal aristocrática”, “A mulher frágil e natural” e “A mulher do povo”. 1- Dama Fatal: é aquela que pertence a elite urbana. Veste-se usando a última tendência de Paris e Inglaterra; tem acesso aos perfumes, por isso anda sempre perfumada; porta-se como uma rainha ao andar; tem caráter autoritário, ar “senhoril”; Fria; Cesário Verde destaca essa mulher como sedutora, numa mistura de perigo e morte. O seu mistério atraí todos à sua volta, especificamente aos homens, mostrando-se orgulhosa e afastando-se deles. Ela causa curiosidade e ao mesmo tempo receio. 2- Mulher frágil e natural: pertence a classe média. Usa vestido simples e sem enfeites; não ostenta luxo quaisquer; personalidade meiga, fraca, assustada, dócil; recatada; está sempre na companhia da mãe; Cesário Verde destaca que esse tipo de mulher é vista pela sociedade, como casta, pura e deve ter habilidades matrimoniais para construir uma família. 3- Mulher do povo: é o reflexo da desigualdade social, pertencendo à uma classe desprovida pela modernidade. É trabalhadora; não despertam nenhuma atração física ou amorosa; são rústicas; anda sempre sujas; repudiada pela sociedade; trabalha para os ricos, mas ganha tão pouco, que tem uma vida miserável; Contudo, Cesário Verde mesmo apresentado tais características depreciativas desse tipo de mulher, ele destaca que ela é uma mulher feliz, que mesmo pertencendo à uma classe considerada medíocre no período vigente, trabalhava cantando e animada. 21- Explique abaixo sobre... - Crise do sujeito: Se no século XIX, prevalecia um “eu”, que narra o mundo, de acordo com a sua própria subjetividade ( Romantismo), na modernidade, por questões conflituosas da história, o sujeito entrará em crise. O “ eu” é vazio, incompleto, irreconhecível e desconhecido. Essa crise do sujeito acredita que um ser inteligente, sensível, racional e pensante, o levará a complexidade existencial, pois ao pensar sobre si, conhecerá as sensações mais ruins. - Crise da linguagem: também denominada de “crise da mimese”, está em contrapartida ao poeta romântico, que precisa estar inspirado para escrever, tornando seus versos sinceros sobre as emoções que sentira. Na “crise da linguagem”, o poeta é um fingidor, pois a linguagem deixará de ser uma representação da realidade, para sua recriação. A linguagem é entendida, como àquela que não tem capacidade de representar fielmente a realidade, como acreditavam os realistas. Se um poeta escreve sobre seus sentimentos em relação ao amor ou a raiva, tornar-se um fingidor. Não só ele, como também o leitor precisa fingir sentimento, com a mesma emoção descrita no texto. Isso acontece, porque os leitores terão que criar as mesmas sensações para interpretar a obra. Dessa forma, segue-se essa linha: A dor inicial ( sentida) -> dor recriada pelo poeta, através da linguagem ( fingida)-> dor projetada pelo leitor, a partir da leitura ( dor lida) -> dor que o leitor não tem ( dor não tida). -Crise de memória: Se no período oitocentista, acreditavam que o tempo era cronológico, na modernidade o tempo se embaralha entre o presente, passado e futuro, mostrando a possibilidade de viver no passado, mesmo estando no presente. 22- Distingue o conceito de pseudônimo, heterônimo e ortônimo: Os pseudônimos são usados para esconder a verdadeira identidade do sujeito, mas mantém um posicionamento artístico. O heterônimo usa outro nome, outra biografia, outra visão de mundo. Ou seja, é um sujeito ficcional, dentro de um sujeito real. E o ortônimo é o nome civil e declarados pelo próprio denominado. 23- Explique sobre “ drama em gente”, no projeto poético de Fernando Pessoa: Uma das ideias centrais presentes no modernismo é não referir-se ao individuo propriamente dito, mas àquele que utiliza a linguagem para assumir seu lugar de sujeito. Além disso, a linguagem tem o poder de permitir que o poeta se expresse pela própria voz ou voz de outrem. Por isso, a linguagem é valorizada pelos modernistas. As pessoas de Pessoa são apenas ficção por intermédio da linguagem, em que ele assume-se como poeta fingidor. De forma geral, o fingimento é o seu principal adjetivo. Outra característica que o fortalece são seus heterônimos, que são entendidos como multiplicidade de sujeitos, representados de maneira dramática. Isso explica o termo utilizado “drama em gente”. Seus heterônimo tem uma linguagem dramática, por relatar a vida pessoal e sentimentos. 24- Quais são os traços predominantes da escrita ortônima de Pessoa? Há diferença entre Pessoa cidadão e Pessoa poeta, pois à arte para ele é fingimento. Como ortônimo, tem características na linguagem, que mostra uma grande sensibilidade musical ( aliteração, ritmo, verso curto, predomínio de quadra, etc); uso da adjetivação expressiva, pontuação emotiva, frases nominais, comparações metafóricas, antíteses e símbolos tradicionais ( natureza). É considerado um poeta de contradições, por demonstrar sinceridade/fingimento; sentir/pensar; consciência/inconsciência; além de angústia, crise existencial, dor de viver, dor de pensar, tentativa de superação, refúgio em sonhos e intelectualização da emoção, esta promove seu fingimento poético. 25- Faça uma relação entre Fernando Pessoa (ortônimo) com cada um de seus heterônimos: Fernando Pessoa ortônimo, nãodeve ser confundido com o cidadão, uma vez que ele considera-se um poeta fingidor. É através da linguagem que Fernando Pessoa assume diversas vozes, como por exemplo, em seus heterônimos e suas respectivas singularidades. Sabendo-se que heterônimo é uma identidade criada com outro nome, biografia, endereços, opiniões e características estéticas, vale ressaltar que os heterônimos, não só se diferenciam do ortônimo pessoano, como também entre si. Embora, tenha escritos muitos textos assinados com nomes diferentes, a Crítica considera Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos seus principais heterônimos. E cada apresenta sua singularidade. Caeiro, foi um poeta que viveu no campo, não teve estudos considerados adequados para época, mas isso não o impediu de escrever poesias. Apresenta uma linguagem aparentemente simples, com vocabulário limitado, mostrando-se sua simplicidade de camponês, porém, engana-se que é ingênuo. Pessoa o considera o mestre dos demais heterônimos, por guardar uma filosofia própria admirável em relação ao mundo, aos homens e as coisas. Caeiro, consegue usar os cinco sentidos, que são capazes de formar sua poesia, deixando sua visão sobre o mundo mais inocente. Ricardo Reis, por sua vez tinha um estudo elitizado, porém não ignorou a simplicidade da poesia. Suas ideias são mais tradicionais, por ser a favor da monarquia, acabava se esquivando da modernidade sócio política. Sua característica predominante é usar a mitologia greco-romana, como a do Arcadismo, numa mistura de destino humano. Reis, focalizava muito na racionalidade humana, levantando reflexões tão filosófica, quanto os gregos antigos. Já Álvaro de Campos, também estudado, passou por fases poéticas ( decadentista ,futurista e pessimista),diferentemente dos outros, seus olhos estão fixos à modernidade, fazendo referências a mesma, porém, com toque de emoção. Pode-se considera-lo um poeta emotivo.
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