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1 Punibilidade DIREITO PENAL (PARTE GERAL) www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online PUNIBILIDADE 1. PUNIBILIDADE Conceito: É o direito que o Estado tem de aplicar a sanção penal prevista na norma incriminadora contra quem praticou a infração penal. Atenção! • A punibilidade não constitui elemento do conceito analítico de infração penal, que é a soma apenas do fato típico, da ilicitude e da culpabilidade. É possível que exista um crime que não seja punível? Zaffaroni ensina que o vocábulo punibilidade tem dois sentidos: 1. Merecimento de Pena: Nesse sentido, todo delito é punível, pois todos os crimes merecem ser punidos. 2. Possibilidade de Aplicação da Pena: Nesse sentido, nem todo delito é punível, pois, em determinadas situações, por diversas razões, não se pode dar ao agente a punição que lhe cabia. 1.1. Causas Extintivas da Punibilidade Estão previstas no artigo 107 do CP: Art. 107. Extingue-se a punibilidade: I – Pela morte do agente; II – Pela anistia, graça ou indulto; III – Pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV – Pela prescrição, decadência ou perempção; V – Pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI – Pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII – (Revogado pela Lei n. 11.106, de 2005) VIII – (Revogado pela Lei n. 11.106, de 2005) IX – Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 2 Punibilidade DIREITO PENAL (PARTE GERAL) www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online a) Morte do Agente: A morte do agente extingue apenas os efeitos penais da sentença condena- tória, permanecendo os extrapenais (como a reparação do dano, por exemplo). Como é atestada a morte do agente no processo penal? Com a juntada da certidão de óbito (Art. 62 do Código Penal). E, se depois do trânsito em julgado da sentença declaratória extintiva da punibilidade, descobre-se que a certidão de óbito do réu era falsa? Para os Tribunais Superiores, essa decisão é nula e inexistente, podendo portanto ser revogada. b) Anistia, Graça e Indulto: Anistia: É concedida por meio de lei penal, a qual apaga todos os efeitos penais (principais e secundários). Os efeitos extrapenais permanecem inaltera- dos. Graça e Indulto: São concedidos por meio de decreto presidencial e atingem apenas os efeitos executórios da pena, permanecendo todos os efeitos penais secundários e extrapenais. O professor Rogério Sanches ilustra bem as diferenças entre os institutos com dois quadros bem didáticos: Anistia Graça e Indulto Lei penal Decreto Pode ser concedida antes da condenação. Pressupõem condenação. Extingue todos os efeitos penais. Extinguem somente o efeito executório: o cum-primento da pena. Graça Indulto Benefício individual, com destinatário certo. Benefício coletivo, sem destinatário certo. Depende de provocação do interessado. Não depende de provocação do interessado. c) Decadência, Perempção e Prescrição: Decadência: Consiste na perda do direito de ação pelo escoamento do prazo estabelecido em lei para o oferecimento da queixa (nos crimes de ação penal privada) ou da representação (nos crimes de ação penal pública condicionada). 3 Punibilidade DIREITO PENAL (PARTE GERAL) www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online A regra, de acordo com o art. 103 do CP, é o prazo de seis meses contados a partir do conhecimento da autoria do fato. Nos casos de ação penal privada subsidiária pública (quando ocorre a inér- cia do membro do Ministério Público), a decadência se dará após passados seis meses do dia em que se encerrar o prazo do Ministério Público. Perempção: Consiste na perda do direito de prosseguir com a ação. É uma causa extintiva da punibilidade que recai somente sobre as ações penais priva- das (personalíssimas ou exclusivas, já que não é possível falar em perempção na ação penal privada subsidiária da pública). Ocorre em quatro hipóteses previstas no art. 60 do CPP: Art. 60: I – Quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do proces- so durante 30 dias seguidos; II – Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não compa- recer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III – Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de con- denação nas alegações finais; IV – Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar su- cessor. Prescrição: É a perda, em face do decurso do tempo, do direito de o Estado punir ou executar punição já imposta. Trata-se de um limite temporal do direito de punir do Estado (jus puniendi). A prescritibilidade dos delitos se constitui em verdadeira garantia constitucional implícita do cidadão. Dessa forma, a excep- cional imprescritibilidade de determinados delitos só pode ser determinada pelo texto constitucional, a exemplo do que ocorre com os delitos de racismo e de ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o estado democrático, previstos respectivamente nos incisos XLII e XLIV do art. 5º da CF/88. 4 Punibilidade DIREITO PENAL (PARTE GERAL) www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online d) Renúncia e Perdão do Ofendido: Renúncia: É o ato unilateral do ofendido pelo qual ele abdica do seu direito de promover a ação penal privada. Em regra, a renúncia é aplicada nos casos de crimes de ação penal privada, mas excepcionalmente pode ocorrer nos crimes de ação penal pública condicio- nada à representação, desde que o crime seja de menor potencial ofensivo, pois a composição civil dos danos no rito dos juizados especiais implica em renúncia ao direito de queixa e de representação (art. 74, parágrafo único da Lei n. 9.099/1995) Perdão do Ofendido: Diferentemente da renúncia, o perdão é um ato bilate- ral. Ou seja, o ofendido oferece o perdão ao querelado, que deve aceitá-lo para que produza os seus efeitos. Vale lembrar que o silêncio do querelado implica em aceitação do perdão! e) Retratação do Agente: A retratação do agente é causa extintiva da punibilidade restrita a determina- dos crimes específicos em que há a previsão legal desse instituto. Atualmente ocorre nos crimes de: • Calúnia e Difamação (Art. 143 CP): Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. • Falso Testemunho e Falsa Perícia (Art. 342, §2º CP): Art. 342: (...) §2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. f) Perdão Judicial: Diferentemente do perdão do ofendido, o perdão judicial não demanda acei- tação do réu, sendo na verdade um direito público subjetivo sempre que estive- rem presentes todas as circunstâncias autorizadoras previstas em lei. Por meio 5 Punibilidade DIREITO PENAL (PARTE GERAL) www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online do perdão judicial, o juiz reconhece a existência de um fato típico, ilícito e pra- ticado por agente culpável, mas que não deve receber a punibilidade prevista para aquele delito. Exemplo: Art. 121, § 5º: Art. 121. (...) §5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. ���������Este material foi elaborado pela equipepedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Igor.
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