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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

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EXTINÇÃO
DA
PUNIBILIDADE
Módulo 1
Reabilitação
Legislação
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
Conceito
Medida declaratória de competência do juízo da condenação, que visa promover o sigilo dos registros criminais e a recuperação de prerrogativas cuja perda, incapacidade ou inabilitação fora decretada como efeito secundário da condenação.
Consiste em “declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o processo e atinge outros efeitos da condenação” (MIRABETE).
Objetivo
Estimular o condenado a regenerar-se permitindo sua reinserção no meio social de maneira integral e completa, mediante: 
· o sigilo dos registros criminais contra si; 
· recuperar o gozo e o exercício dos direitos cassados por força dos efeitos da condenação (Ex.: incapacidade para exercer o poder familiar, a tutela ou curatela; exercer cargo público, mandato eletivo; ou a reabilitação para conduzir veículos automotores).
 Cabimento
Somente em decorrência de sentença condenatória com trânsito em julgado, cuja pena tenha sido cumprida ou extinta. 
Assim, não cabe reabilitação criminal em face de mero inquérito policial. 
Também não cabe em IP. Não cabe quando da ocorrência da prescrição em abstrato. Cabe na Prescrição da Pretensão Executória.
Natureza jurídica
Causa suspensiva de alguns efeitos secundários da condenação (art. 92) e dos apontamentos em registros criminais. 
Sigilo dos registros criminais 
Como mencionado acima, o objetivo que se busca alcançar por meio da reabilitação criminal é duplo: o sigilo sobre os registros criminais; e a recuperação do gozo ou exercício de direitos cassados em decorrência de sentença penal condenatória. 
A crítica que se faz gira em torno do art. 202 da Lei de Execução Penal, que dispõe:
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei.
Como se nota, o sigilo é consequência do cumprimento ou extinção da pena. Logo, nesse aspecto, seria desnecessário socorrer-se da reabilitação para alcançar o sigilo que a própria lei já assegurado ao seu interessado.
Contudo, na prática, o sigilo não é automático; depende de providências de cunho administrativo para a inserção de dados em sistemas informatizados, o que se dá, embora de forma lenta, em descompasso com a expectativa ou necessidade do interessado, que vê na reabilitação a forma de se obter efetivo sigilo.
 Por outro lado, é indiscutível a utilidade da reabilitação para a superação dos efeitos secundários da sentença condenatória, estipulados no art. 92 do Código Penal:
 Art. 92 - São também efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:         (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
        a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;         (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
        b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.         (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Mandado de segurança
Relevante registrar que o interessado pode se valer de mandado de segurança, diante de qualquer embaraço ou dificuldade em se obter quaisquer direitos que se pretenda alcançar com a reabilitação criminal, pois se trata de direito líquido e certo, assegurado por lei. 
Em tal situação, a impetração de mandado de segurança deverá se voltar contra ato da autoridade administrativa responsável pela organização do cadastro estatal do qual a informação foi extraída. 
Caráter relativo do sigilo dos registros criminais
O sigilo não é absoluto, eis que o juízo criminal pode solicitar informações, que terá acesso à todas informações acerca do reabilitado, como se extrai do art. 748 do Código de Processo Penal:
Art. 748.  A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz criminal.
Justifica-se a relatividade do sigilo porque, para efeitos judiciais, o acesso a todas as informações relativas aos antecedentes penais deve servir à análise de diversos pleitos, tais como a concessão de transação penal ou sursis processual, além de interferir na dosimetria da pena em relação à primariedade, antecedentes e conduta social do agente.
Relevante notar que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o livre acesso aos terminais de um instituto de identificação fere direito daqueles protegidos pelo manto da reabilitação. Impõe-se, assim, a exclusão das anotações das bases de dados de tais institutos, mantendo-se tão somente nos arquivos do Poder Judiciário.
Requisitos objetivos 
a) Tempo de cumprimento de pena (94, caput)
. transcurso de 2 (dois) anos do dia, contados do dia em que tiver sido extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar a sua execução, computando-se o período de prova do sursis e do livramento condicional, se não sobrevier revogação. 
Importante: inicia-se a contagem do prazo na data em que ocorreu a prescrição, independentemente do momento em que se deu o seu reconhecimento judicial.
b) Reparação do dano causado (94, III)
. ressarcimento do dano causado; ou
 . demonstração de absoluta impossibilidade de fazê-lo, até o dia do pedido; ou
. comprovação de renúncia da vítima ou novação da dívida
Importante: o estado de pobreza, em acepção jurídica, justifica a dispensa da reparação do dano.
 Requisitos subjetivos 
a) domicílio no país (94, II)
. necessário que o condenado tenha tido domicílio no País no prazo de 2 (dois) anos, a contar do cumprimento ou extinção da pena.
 b) bom comportamento público e privado
. o condenado, no prazo de 2 (dois) anos após a extinçãoda pena, deve ter apresentado bom comportamento, de forma efetiva e constante.
Importante: o bom comportamento não deve estar limitado aos 2 (dois) anos seguintes à extinção da pena, mas deve acompanhar o condenado em todo o período, como sinal de regeneração do condenado
Procedimento para a reabilitação
  O procedimento relativo à reabilitação criminal está previsto nos arts. 743 e seguintes do Código de Processo Penal:
Art. 743.  A reabilitação será requerida ao juiz da condenação, após o decurso de quatro ou oito anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou reincidente, contados do dia em que houver terminado a execução da pena principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar as comarcas em que haja residido durante aquele tempo.
Art. 744.  O requerimento será instruído com:
I - certidões comprobatórias de não ter o requerente respondido, nem estar respondendo a processo penal, em qualquer das comarcas em que houver residido durante o prazo a que se refere o artigo anterior;
II - atestados de autoridades policiais ou outros documentos que comprovem ter residido nas comarcas indicadas e mantido, efetivamente, bom comportamento;
III - atestados de bom comportamento fornecidos por pessoas a cujo serviço tenha estado;
IV - quaisquer outros documentos que sirvam como prova de sua regeneração;
V - prova de haver ressarcido o dano causado pelo crime ou persistir a impossibilidade de fazê-lo.
Art. 745.  O juiz poderá ordenar as diligências necessárias para apreciação do pedido, cercando-as do sigilo possível e, antes da decisão final, ouvirá o Ministério Público.
Art. 746.  Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício.
Art. 747.  A reabilitação, depois de sentença irrecorrível, será comunicada ao Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere.
Art. 748.  A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz criminal.
Art. 749.  Indeferida a reabilitação, o condenado não poderá renovar o pedido senão após o decurso de dois anos, salvo se o indeferimento tiver resultado de falta ou insuficiência de documentos.
 Art. 750.  A revogação de reabilitação (Código Penal, art. 120) será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Competência (art. 743 CPP)
É competente o juízo de conhecimento (responsável pela condenação) e não o juízo da execução criminal competente.
Legitimidade (art. 93 CP)
Somente o condenado tem legitimidade (“personalíssima”), para requerer a reabilitação, representado por quem tenha habilitação para postular em juízo (advogado constituído ou dativo ou defensor público)
Assim, em caso de falecimento do condenado, sucessores ou herdeiros não o sucederão no procedimento porque não mais subsistirá a necessidade de reinserção social do condenado.
Instrução (art. 744 CPP)
O pedido de reabilitação deve ser instruído com certidões, atestados e quaisquer outros documentos que comprovem a regeneração do reabilitando, além de provar o ressarcimento do dano causado pelo crime ou a real impossibilidade de fazê-lo.
Reexame necessário (art. 746 CPP)
O deferimento do pedido de reabilitação criminal provoca o reexame necessário – outrora denominado recurso de ofício – ou seja, a análise da sentença por órgão jurisdicional hierarquicamente superior. 
Quanto ao indeferimento, dele cabe recurso de apelação (art. 593, II, do CPP).
Efeitos da reabilitação
a) assegurar o sigilo dos registros referentes ao processo e à condenação.
Como já observado acima, o sigilo é relativo, pois não alcança o juízo criminal, que pode solicitar informações (art. 748 CPP) 
b) excluir os efeitos secundários da condenação (art. 93, parágrafo único, do CP), desde que aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; ou quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.         
Hipóteses
Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (art. 92, I) 
Importante destacar que o interessado jamais será reintegrado, ou seja, a partir do deferimento da reabilitação, ele poderá ser prestado novo concurso, receber nova nomeação.
Incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela (art. 92, II) 
Nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado.
Importante frisar que a reabilitação jamais será restabelecida em face da pessoa sobre a qual o reabilitado perdeu tal poder  
 Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso (art. 92, III) 
Importante ressaltar que a inabilitação para dirigir veículo automotor é imposta para crimes de trânsito praticados de forma intencional. 
 Revogação – art. 95 CP
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do MP, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão def, a pena que não seja de multa.
 De ofício ou a requerimento ministerial, a reabilitação será revogada se a pessoa, já reabilitada, for condenada, como reincidente, por decisão definitiva, a pena privativa de liberdade ou convertida em pena restritiva de direitos.
Logo, decorrido o prazo de 05 anos, contados a partir do cumprimento ou da extinção da pena do crime anterior, a nova condenação não acarretará a revogação.
Módulo 2 
Medida de Segurança
Legislação
Art. 96. As medidas de segurança são:
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.
Imposição da medida de segurança para inimputável
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Prazo
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
Perícia médica
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
Desinternação ou liberação condicional
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos.
Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. 
Direitos do internado
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tratamento.
Notas introdutórias
A medida de segurança diz respeito às hipóteses de inimputabilidade, a saber:
· decorrência de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que retire do agente a capacidade de entendimento e autodeterminação (art. 26 e parágrafo único CP);
· menoridade (art. 27 CP);
· embriaguez completa e involuntária proveniente de caso fortuito ou força maior, que retire do agente a capacidade de entendimento de autodeterminação (art. 28 CP).
Importanteressaltar que a medida de segurança somente se aplica à hipótese mencionada na primeira hipótese supra.
No tocante à menoridade, é aplicável a medida socio-educativa, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90). 
Em relação à embriaguez, na hipótese acima destacada, comporta absolvição própria, sem aplicação de qualquer sanção penal.
Conceito
Espécie de sanção penal imposta pelo Estado aos inimputáveis (art. 26, caput, CP), e passível de aplicação aos semi-imputáveis (art. 26, parágrafo único, CP) visando a prevenção do delito, com a finalidade de evitar que o agente que apresente periculosidade volte a delinquir.
Pressupostos de aplicação das medidas de segurança
1) prática de fato típico e ilícito
Embora exista prova para a condenação, aplica-se a medida de segurança diante da inviabilidade da pena.
2) periculosidade do agente
Diz respeito à potencialidade de praticar ações delituosas (o chamado “juízo prognose”).
A periculosidade se divide em presumida e em real:
a) periculosidade presumida . decorre de previsão legal. Logo, a presunção é absoluta e independe de prova.
Assim, o magistrado é obrigado a impor ao agente a medida de segurança.  Ex. inimputável (art. 26, caput, CP).
b) periculosidade real . deve ser provada no caso concreto. Ex. semi-imputável (art. 26, parágrafo único, CP)
 
3) não tenha ocorrido a extinção da punibilidade
Para que se aplique legitimamente a medida de segurança é necessário que o Estado ainda possua pleno direito de punir (art. 96, parágrafo único, CP).
Finalidade
O objetivo da medida de segurança é nitidamente preventivo. Visa tratar o inimputável e semi-imputável que demonstram potencialidade para promover futuras ações delituosas.
Espécies de medida de segurança
Detentiva (art. 96, I)
. internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Destina-se àqueles envolvidos em crimes apenados com regime de reclusão (art. 97).
Restritiva (art. 96, II)
. sujeição da pessoa a tratamento ambulatorial (sem internação). Destina-se àqueles envolvidos em crimes apenados com regime de detenção (art. 97).
Aplicação da medida de segurança
a) INIMPUTÁVEL (art. 26, caput)
O inimputável que pratica uma infração penal é absolvido (art. 386, VI, CPP). Não se aplica pena por ausência de culpabilidade.
Diante da periculosidade do agente, é imposta uma medida de segurança (art. 386, parágrafo único, III, CPP, denominada ‘sentença absolutória imprópria’).
Importante consultar a súmula 422 do STF, segundo a qual a absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando couber, ainda que importe privação da liberdade.
b) SEMI-IMPUTÁVEL (art. 26, parágrafo único)
O semi-imputável que pratica uma infração penal é condenado (art. 387 CPP).
Nessa hipótese, embora diminuída a culpabilidade, autoriza-se a imposição de pena, com redução de 1/3 a 2/3.
Hipótese de substituição de pena reduzida por medida de segurança
Esta hipótese é específica ao semi-imputável!
Assim, se a periculosidade do condenado necessitar de tratamento curativo, a pena reduzida pode ser substituída por medida de segurança.
Justifica-se a substituição diante da vedação de dupla sanção, ou seja, aplicação conjunta ou subsequente de pena e medida de segurança.
Sistemas de aplicação de sanção penal
Vicariante ou unitário (atual art. 98 CP) 
Só se pode aplicar uma das sanções: pena ou medida de segurança.
Então, ao semi-imputável somente se admite aplicar pena reduzida ou medida de segurança.
Duplo binário
O sistema do duplo binário permite a imposição de pena e de medida de segurança, em razão de mesmo fato ilícito.
No Brasil, o sistema do duplo binário foi substituído com a reforma da Parte Geral do Código Penal, pela Lei nº 7.209/84.
Até tal substituição, era possível a imposição ao semi-imputável perigoso de cumprimento de pena privativa de liberdade e, ao final desta, caso subsistisse a periculosidade, o sujeito era submetido à medida de segurança.
Prazos referentes à medida de segurança
Prazo mínimo
A internação ou o tratamento ambulatorial tem duração mínima de 1 a 3 anos (art. 97, § 1º, parte final, CP).
Importante ressaltar que o prazo não é de um ou três anos, mas intervalo temporal que varia de 1 a 3 anos, obrigatoriamente definido na sentença judicial, no caso concreto.
Finalidade do prazo mínimo 
A fixação do prazo mínimo se destina à realização do exame de cessação da periculosidade.
Prazo máximo
A internação ou o tratamento ambulatorial não apresenta um prazo máximo determinado. 
O art. 97, § 1º, primeira parte, do CP prevê que a medida de segurança durará “enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade”.
A razão jurídica é a proteção própria do indivíduo e a proteção da coletividade.
O panorama sobre a incerteza do tempo máximo de sujeição à qualquer medida de segurança provoca debates no meio jurídico.
Afinal de contas, a Constituição Federal veda pena de prisão perpétua (art. 5°, XLVII, “b”).
Por outro lado, o Código Penal prevê que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não podem ser superior a 40 (quarenta) anos (art. 75 do CP, com redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).
A razão é simples: o agente deve manter a esperança de liberdade e, assim, aceitar a disciplina estatal. 
Posição jurisprudencial do STF sobre o prazo máximo
Se o imputável é protegido pelo limite temporal de 40 (quarenta) anos    para o cumprimento de pena privativa de liberdade (art. 75 CP), não pode um inimputável, doente, ser internado por prazo indeterminado. Do contrário, a sanção poderia assumir natureza de perpetuidade.
Convém observar o excerto da decisão abaixo reproduzida:
“(...) A prescrição da medida de segurança deve ser calculada pelo máximo da pena cominada ao delito cometido pelo agente, ocorrendo o marco interruptivo do prazo pelo início do cumprimento daquela, sendo certo que deve perdurar enquanto não haja cessado a periculosidade do agente, limitada, contudo, ao período máximo de 30 (trinta) anos, conforme a jurisprudência pacificada do STF. (...)” RHC nº 100383 AP-AMAPÁ, Rel. Min. LUIZ FUX, 1ª T, DJe 4⁄11⁄11.
Como a posição da jurisprudência do STF compreende que a medida de segurança deve ser limitada ao período máximo admitido pela legislação penal, o tempo deverá saltar de 30 (trinta) para 40 (quarenta) anos, em decorrência da mencionada alteração legislativa. 
Posição jurisprudencial do STJ sobre o prazo máximo
O inimputável não pode ser tratado de forma mais gravosa do que o imputável. 
Dessa forma, o tempo de duração máxima da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo de pena cominada em abstrato ao delito praticado, com fundamento nos princípios constitucionais da isonomia e da proporcionalidade.
Nestes termos, a súmula 527-STJ dispõe que o “tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado”, posição que se mostra mais adequada.
Perícia médica
Art. 97 § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
É facultado ao sentenciado a contratação de médico particular de sua confiança pessoal, com o fim de orientar e acompanhar o tratamento.
Se houver divergência entre o entendimento oficial público e o particular, o juízo das execuções decidirá a respeito (art. 43 e parágrafo único, da LEP).
A finalidade da perícia médica é constatar a cessação de periculosidade.
Desinternação e Liberação condicionais
Se o magistrado concluir pela cessação de periculosidade, ele deverá determinar a SUSPENSÃO da execução da medida de segurança, determinando a:
a) desinternação de quem esteja submetido a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico;
b) liberação de quem esteja sujeito a tratamento ambulatorial
Em qualquer uma das hipóteses acima, são impostas condições obrigatórias e, porventura, facultativas a pessoa.
Condições obrigatórias (arts. 132 e 178, da LEP)
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se forapto para o trabalho;
b) comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
Condições facultativas (arts. 132 e 178, da LEP)
a) não mudar de residência sem comunicar ao juízo e à autoridade responsável pela observação cautelar e de proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não frequentar determinados lugares.
Hipótese de revogação da desinternação e da liberação de medida de segurança
Se o agente praticar fato indicativo da manutenção da sua periculosidade (art. 97, §3º, CP), antes do decurso de 1 (um) ano.
Direito da pessoa sujeita à medida de segurança
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tratamento
 
A sentença impositiva de medida de segurança detentiva não pode obrigar o sujeito à internação em estabelecimento prisional comum, sob pena de ser submetido a constrangimento ilegal.
Casuística
Internação compulsória para o dependente químico
Caso o dependente não queira se internar, recorre-se às internações involuntária ou compulsória, com fundamento na Lei nº 13.840, de 05 de junho de 2019.
De acordo com a referida lei, a internação compulsória de dependentes químicos não necessitam de autorização judicial. 
A internação involuntária deverá ser realizada em unidades de saúde e hospitais gerais, desde que sob prazo não superior a 90 (noventa) dias, para a devida desintoxicação da pessoa, em sintonia com o entendimento médico. 
Aplicabilidade cautelar
Dentre as hipóteses de medidas cautelares diversas do cárcere, o art. 319 prevê:
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Então, podemos considerar a hipótese acima como medida de segurança provisória?
Bem, não se trata de medida de segurança porque esta depende de sanção penal.
Contudo, sem dúvida, cuida de providência acautelatória, dispensada àqueles que praticam delitos mediante violência ou grave ameaça, condicionada à laudo pericial que constate ser o agente inimputável ou semi-imputável, com risco potencial de reiteração criminosa. 
MÓDULO 3
Ação penal – arts. 100 a 106 do Código Penal
Legislação:
Ação penal pública e ação penal privada
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
A ação penal no crime complexo
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
Irretratabilidade da representação
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.
Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
Perdão do ofendido
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.
Conceito
Ação penal é o direito de invocar-se o Poder Jurisdicional, no sentido de aplicar o direito penal objetivo (José Frederico Marques).
Critérios de classificação
 As ações penais são classificadas de acordo com o objeto jurídico do delito e em conformidade com o interesse da vítima na persecução criminal.
Espécies de ação penal
Pública 1. incondicionada
           2. condicionada . à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça
Privada 1. exclusiva 
            2. personalíssima 
            3. Subsidiária
	Natureza
	Titularidade
	Órgão
	Peça
	Pública
	Estado
	Ministério Público
	Denúncia
	Privada
	Ofendido
	Particular
	Queixa-crime
Espécies
	Pública
	Incondicionada
	Pelo Ministério Público
	No silêncio da lei ou seja: desde que não condicionada ou mediante queixa.
	
	Condicionada
	Representação do ofendido ou representante legal
	Menor de 18
Incapaz
Morte: Cônjuge, ascendente, descendente o irmão
	
	
	Requisição do Ministro da Justiça
	 
	Privada
	Exclusivamente/
propriamente dita
	Titular ou representante legal
	Menor de 18
Incapaz
Morte: Cônjuge, ascendente, descendente o irmão
	
	Personalíssima
	Somente pode se intentada pelo próprio ofendido
	Art. 236 CP
	
	Subsidiária da Pública
	Quando o MP perde o prazo (inerte).
 
 
	Direito da vítima ou seu representante legal têm de oferecer a queixa-crime nos delitos de APPública em 6 meses.
Ação penal pública (art. 100, 1ª parte, CP)
Noções gerais
A conduta do sujeito lesa um interesse jurídico de intensa relevância. 
Ocorrido o delito, a autoridade policial procede de ofício.
Em juízo, a ação penal deve ser exercida privativamente pelo Ministério Público (art. 129, I, CF)
 Princípios específicos 
Obrigatoriedade ou legalidade – art. 24 CPP
O Ministério Público tem o dever de ajuizar a ação penal, desde que presentes a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria delitiva. Isso se dá em razão de que as infrações penais não podem ficar impunes, pois há um interesse público indisponível na apuração da autoria e na punição dos verdadeiros culpados.
Exceção: lei 9.099/95. Prevê que nas infrações penais de menor potencial ofensivo o MP pode oferecer denúncia ou propor transação –penal. Todavia a opção não se dá com base em critérios subjetivos, pois depende do cumprimento de requisitos legais – art. 76. É o denominado princípio da oportunidade ou discricionariedade regrada.
Indisponibilidade
O Ministério Público não pode abrir mão da ação penal ajuizada (art. 42 CPP), abandonando-a ou desistindo do processo movido ou do recurso interposto (art. 576 CPP). 
É corolário da obrigatoriedade, eis que de nada adiantaria obrigar a ingressar com o procedimento se posteriormente lhe fosse permitido dela desistir.
Oficialidade
Os órgãos incumbidos de atuar na persecução penal na ação penal pública devem ser públicos – oficiais - pois a atividade ali desenvolvida é uma das finalidades do Estado.
Indivisibilidade
O Ministério Público deve processar todos os coautores e partícipes da infração penal. Ora, se o exercício da ação penal é pública, não pode o órgão ministerial escolher quem pretende processar.
Intranscendência
A ação penalsomente pode ser intentada contra os supostos sujeitos ativos da infração penal, nunca contra seus sucessores.
Tal regra decorre do princípio da personalidade da pena (art. 5º, XLV, CF), dela não cabendo responsabilidade aos seus herdeiros. 
Portanto, caso ocorra a morte do agente, será reconhecida extinta sua punibilidade.
Espécies de ação penal pública
Ação penal pública incondicionada
Seu exercício não se subordina a qualquer requisito.
Ação penal pública condicionada 
Seu exercício depende de certas condições:
a) representação por iniciativa do ofendido, então a ação será denominada ação penal condicionada à representação do ofendido;
b) requisição do Ministro da Justiça, então a ação será chamada ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
Ação penal pública incondicionada
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Procedimento
. denúncia (art. 41 CPP):   
. fato criminoso 
. circunstâncias do crime 
. qualificação do acusado                                                        
. classificação do delito 
. rol de testemunhas 
 A denúncia é a petição inicial acusatória apta a produzir efeitos em uma ação penal pública. 
Com ela, busca-se instaurar a ação penal competente para a apuração de crime, podendo ser de natureza condicionada ou incondicionada.
A denúncia é narrativa e demonstrativa. Narrativa, porque deve revelar o fato com todas as suas circunstâncias, isto é, como a pessoa que praticou, os meios que empregou, o malefício que produziu, os motivos que o determinaram a isso, a maneira por que a praticou, o lugar onde a praticou, e o tempo. Demonstrativa, porque deve descrever o corpo de delito, dar as razões de convicção ou presunção e nomear as testemunhas e informantes (João Mendes Junior)
Requisitos – art. 41 CPP
Os requisitos da denúncia estão elencados no art. 41 do CPP. São eles:
Exposição do fato criminoso
A exposição do fato criminoso significa abordar todas as particularidades presentes ao acontecimento, aptas a influir acerca de sua presença. 
Nesse contexto, releva tratar de qualificadoras, casos de aumento de pena ou agravantes genéricas de pena, data, horário, local, dentre outros aspectos. 
Deve-se, também, abordar se o delito foi consumado ou tentado; se culposo, qual a modalidade de culpa; a presença de coautoria ou participação delitiva, etc. 
Qualificação do acusado
Qualificar o acusado significa lançar os dados de identificação ao acusado. Caso não seja possível, deve-se descrever outros elementos capazes de individualizá-lo, como apelidos, descrição física e eventual presença de características que possam contribuir para a sua identificação, como cicatrizes. 
O CPP permite que a qualificação do acusado possa ser emendada, a qualquer tempo, inclusive na fase de execução (art. 259 CPP).
Qualificação jurídica do crime
É o enquadramento legal dos fatos à norma; a atribuição de um tipo penal correspondente à conduta adotada pelo acusado. 
Importante sua correta atribuição, pois determina a fixação da competência, do rito processual, do cabimento de benefícios legais como o sursis processual. 
No entanto, em caso de equívoco no enquadramento típico, prevalecerá, para efeito de competência, a correta classificação legal a ser efetuada pelo juiz, ao final da instrução probatória, antes ou ao prolatar a sentença.
O erro não causa inépcia da inicial ou nulidade do processo, pois o réu se defende dos fatos e a ele imputados (art. 383 CPP). Só ocorrerá inépcia da inicial se a descrição dos fatos for de tal forma deficiente que impeça à defesa determinar qual o objeto da acusação.
Rol de testemunhas
Devem ser arroladas na denúncia, sob pena de preclusão (perda de um direito pelo não exercício no tempo e/ou modo prescritos em lei) e a acusação não poderá exigir a oitiva de pessoa alguma.
Todavia é possível que a acusação requeira que o juiz ouça testemunhas na qualidade de testemunhas do juízo, que ficará ao arbítrio do juiz.
Prazo para o oferecimento
O prazo para oferecimento de denúncia é de 5 dias, se o réu estiver preso, e de 15 dias, se solto (art. 46 CPP).
Ação penal pública condicionada à representação do ofendido
Nesta modalidade de ação penal o interesse do ofendido prevalece diante do interesse público na repressão do crime.
Justifica-se a imposição de condição para o exercício do poder dever estatal diante da possibilidade de o processo pode gerar mais danos à vítima do que aqueles resultantes do delito em si.
Assim, o Estado confere à vítima ou ao seu representante legal a possibilidade de expressar seu desejo ou não de ver iniciada a ação penal.
Portanto, a representação consiste em o ato pelo qual o ofendido ou seu RL expressa a vontade de que a ação penal seja iniciada (39 CPP).
Procedimento para a representação
Como regra geral, observa-se o conteúdo do art. 39 do CPP, ou seja, o ofendido ou representante legal, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, declaração escrita ou oral ao juiz, ao Ministério Público ou à autoridade policial.
Prazo para oferecimento de representação
O prazo para o oferecimento de representação é de até 6 meses, contado da data do conhecimento da autoria delitiva, sob pena de decadência (art. 38 CPP). 
É possível a retratação da representação, ou seja, voltar atrás em sua intenção de ver determinada pessoa responsabilizada criminalmente, desde que assim aja até o oferecimento da denúncia (art. 102 CP). Depois disso, é considerada irretratável. 
Exceção à possibilidade de retratação vem estampada na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), que impede a retratação, como restou decidido pelo Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 17.025, de relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgado em 19/03/2014).
Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça
São duas as hipóteses que envolvem a ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça:
· crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, desde que não configurem crimes contra a segurança nacional (art. 145, parágrafo único, 1ª parte, CP);
· crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, §3º, CP). 
Em ambas as situações, não há prazo certo para a promoção da referida requisição, podendo ser realizada enquanto não for extinta a punibilidade do agente.
Condições da Ação
· Legitimidade;
· Interesse processual;
· Possibilidade jurídica do pedido.
Aferível no início do processo: caso ausente algum destes o juiz deverá declarar o autor CARECEDOR DA AÇÃO, nos termos do art. 395 CPP, rejeitando a Denúncia ou Queixa.
Aferível no curso do processo: gera nulidade processual, desde o início, nos termos do art. 563, II, CPP.
Isso se dá por se tratar de questão de ORDEM PÚBLICA, razão pela qual podem ser conhecidas pelo juiz de ofício, a qualquer tempo e grau de jurisdição.
LEGITIMIDADE DE PARTE ‘ad causam’
. É a pertinência subjetiva da ação. Nos 2 polos da ação (ativa/passiva). 
Ex. ATIVA: quando a ação penal deve ser proposta pelo MP nas ações penais públicas e pelo particular nas ações penais privadas.
Ex. PASSIVA: quem deve ocupar validamente o polo. Somente pode ser o sujeito ativo de crime, isto é, pessoa maior de 18 anos.
INTERESSE DE AGIR
. Também chamado ‘interesse processual’.
Far-se-á presente sempre que o ajuizamento da ação penal for necessário para a satisfação do direito material e além disso quando for proposta a ação correta (adequada).
É a verificação do binômio necessidade-adequação. Quando alguém pratica um crime, o Estado não pode imediatamente colocar o agente para cumprir a pena prevista em lei. Precisa antes de processá-lo e obter uma sentença condenatória definitiva (necessidade). E a ação penal deve respeitar o seu titular – seja o MP, seja o Ofendido.
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
. É o tipo legal que dá o carátercriminoso ao fato. Se se processar alguém por fato atípico é carecedor da ação por este motivo.
Ação penal privada (art. 100, 2ª parte, CP)
Na ação penal privada, o direito do ofendido pelo crime sobrepõe-se ao interesse público. 
Por isso, o Estado transfere ao particular o direito de acusar, mas mantém o direito de punir. 
Espécies
Ação penal exclusiva. somente pode ser proposta pelo ofendido ou pelo seu representante legal (art. 100, §2º, CP).
Ação penal personalíssima. somente pode ser proposta pelo ofendido (art. 100, §2º, CP).
 Ação penal subsidiária. cabível na hipótese de o Ministério Público deixar de oferecer denúncia no prazo legal (100, §3º).
Princípios da Ação Penal Privada
Oportunidade, discricionariedade ou conveniência
O ofendido poderá optar livremente por ajuizar ou não queixa-crime segundo lhe convier, desde que dentro do prazo legal decadencial de seis meses, em regra. Funda-se no interesse particular do ofendido na solução criminal da lide.
Disponibilidade
Uma vez ajuizada a queixa-crime, o ofendido poderá desistir da ação penal privada a qualquer tempo. É corolário do princípio anterior. Se não é obrigado a propor a ação não pode ser obrigado a continuar nela. Pode se utilizar da perempção e o perdão do ofendido para tanto.
Indivisibilidade
A ação penal privada deve ser motivada em face de todos os agentes conhecidos. 
Se algum dos autores do crime não for mencionado na queixa-crime, haverá, com relação a ele renúncia tácita ao direito de queixa. 
Como a lei estabelece que a renúncia com relação a um dos agentes a todos se estende (art. 49 CPP), tal situação enseja a renúncia em relação a todos os outros do crime e, consequentemente, a extinção da punibilidade.
Intranscendência
A ação penal somente pode ser ofertada contra os supostos sujeitos ativos a infração penal e nunca contra seus sucessores. É consequência do princípio da personalidade da pena (art. 5º XLV, CF), sem falar que com a morte do agente ocorre a extinção da punibilidade pela morte do agente.
Procedimento para a Ação Penal Exclusiva
Forma 
Em sede de ação penal privada, a petição inicial é denominada queixa-crime, em regra apresentada em forma escrita, mediante pessoa com capacidade postulatória (advogado ou defensor).
A procuração deve conter poderes especiais, isto é, deve mencionar a existência de outorga de poderes específicos para o ingresso de queixa-crime, além de a peça conter um resumo dos fatos delituosos, não bastando a mera referência ao tipo penal e o nome do querelado. 
O objetivo de tais cautelas é resguardar o profissional de um futuro processo por suposta denunciação caluniosa. 
Se a petição de queixa-crime for assinada pelo advogado e pelo querelante em conjunto, fica suprida a necessidade de transcrever na procuração os fatos narrados na queixa-crime.
Requisitos – art. 41 CPP
. queixa-crime (art. 41 CPP): 
. fato criminoso 
. circunstâncias do crime 
. qualificação do acusado                                                    
. classificação do delito 
. rol de testemunhas 
Requisitos – art. 41 CPP
Os requisitos da queixa-crime, assim como na hipótese da denúncia, estão elencados no art. 41 do CPP. São eles:
Exposição do fato criminoso
A exposição do fato criminoso significa abordar todas as particularidades presentes ao acontecimento, aptas a influir acerca de sua presença. 
Nesse contexto, releva tratar de qualificadoras, casos de aumento de pena ou agravantes genéricas de pena, data, horário, local, dentre outros aspectos. 
Deve-se, também, abordar se o delito foi consumado ou tentado; se culposo, qual a modalidade de culpa; a presença de coautoria ou participação delitiva, etc. 
Qualificação do acusado
Qualificar o acusado significa lançar os dados de identificação ao acusado. Caso não seja possível, deve-se descrever outros elementos capazes de individualizá-lo, como apelidos, descrição física e eventual presença de características que possam contribuir para a sua identificação, como cicatrizes. 
O CPP permite que a qualificação do acusado possa ser emendada, a qualquer tempo, inclusive na fase de execução (art. 259 CPP).
Qualificação jurídica do crime
É o enquadramento legal dos fatos à norma; a atribuição de um tipo penal correspondente à conduta adotada pelo acusado. 
Importante sua correta atribuição, pois determina a fixação da competência, do rito processual, do cabimento de benefícios legais como o sursis processual. 
No entanto, em caso de equívoco no enquadramento típico, prevalecerá, para efeito de competência, a correta classificação legal a ser efetuada pelo juiz, ao final da instrução probatória, antes ou ao prolatar a sentença.
O erro não causa inépcia da inicial ou nulidade do processo, pois o réu se defende dos fatos e a ele imputados (art. 383 CPP). Só ocorrerá inépcia da inicial se a descrição dos fatos for de tal forma deficiente que impeça à defesa determinar qual o objeto da acusação.
Rol de testemunhas
Devem ser arroladas na denúncia, sob pena de preclusão (perda de um direito pelo não exercício no tempo e/ou modo prescritos em lei) e a acusação não poderá exigir a oitiva de pessoa alguma.
Todavia é possível que a acusação requeira que o juiz ouça testemunhas na qualidade de testemunhas do juízo, que ficará ao arbítrio do juiz.
Prazo para o oferecimento
O prazo para oferecimento de queixa-crime é, em regra, de 6 (seis) meses, contados do dia do conhecimento da autoria delitiva sob pena de decadência.
Ação Penal Personalíssima 
A titularidade do direito de ação é conferida por lei apenas e exclusivamente ao ofendido, sendo inviável o seu exercício por intermédio de representante legal. Portanto, não há sucessão por morte ou ausência.
Exemplo de aplicação está previsto no art. 236 e parágrafo único, CP, que trata da figura do “induzimento a erro essencial e oocultação do impedimento”.
Ação penal subsidiária 
A ação penal subsidiária é cabível na hipótese de o Ministério Público deixar de oferecer denúncia no prazo legal (art. 100, §3º, CP).
Prazo
A ação deve ser intentada em até 6 (seis) meses, contado da data em que esgotar o prazo para manifestação do Ministério Público.
Posturas que o Ministério Público poderá adotar
Diane de uma ação penal subsidiária, caberá ao Ministério Público:
. repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva: somente se a queixa-crime não preencher os requisitos previstos no art. 41 CPP
. aditar a queixa-crime para corrigir; incluir corréu ou crime conexo não mencionado na queixa-crime; ou inserir qualificadora ou causa de aumento de pena.
AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS – art. 101 CP
O crime complexo resulta da fusão de dois ou mais tipos penais. Ex. roubo (art. 157) = furto + lesão corporal ou ameaça
Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
Nestes casos, a titularidade da ação penal é do Ministério Público se, em qualquer dos crimes que compõe o crime complexo, se proceder mediante ação penal pública.
Obs. Ação penal adesiva
Denomina-se ação penal adesiva aquela movida pelo ofendido nos crimes de ação penal privada em litisconsórcio com o Ministério Público, nos crimes de ação penal pública (Tourinho Filho), ou nos casos em que o ofendido se introduz no processo ao lado do Ministério Público, na qualidade de assistente da acusação (José Frederico Marques).
Ação Penal Popular
Qualquer do povo é titular legítimo para propositura da AP. Não existe em nosso ordenamento. Qualquer legislação que dispusesse da criação de tal possibilidade seria inconstitucional em virtude dos art. 129, I e 5º, LIX CF. 
Ação Penal Popular subsidiária
Criada pela MP 153/1990, que permitia a qualquer cidadão oferecer ação penal pelo crime de abuso de poder econômico caso o MP excedesse os prazos legai sem adoção de providências a seu cargo. Hoje revogada pela Lei 8.035/90.
Módulo 4
Legislação:
Extinção da Punibilidade
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redaçãodada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial deste Código;(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso anterior, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração;(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Introdução
Com criação da norma penal, o Estado passa a ostentar o direito de punir em abstrato ou “jus puniendi” em abstrato, por meio do qual exige de todos que abstenham de praticar a ação ou omissão definida no preceito primário do tipo penal.
Quando a infração penal é praticada, surge para o Estado o direito de punir em concreto ou “jus puniendi” em concreto. Através dele, o Estado exige do infrator que se sujeite à sanção prevista no preceito secundário do tipo penal.
A punibilidade não é requisito do crime, mas sua consequência jurídica. Nesse sentido: TACrimSP, 613.785, RT, 663:314-5. 
Os requisitos do crime, sob o aspecto formal, são o fato típico e a antijuridicidade. A culpabilidade constitui pressuposto da pena. A prática de um fato típico e ilícito, sendo culpável o sujeito, faz surgir a punibilidade.
Nesse contexto, nto que surge a punibilidade, entendida como a possibilidade jurídica da aplicação da sanção penal. Observe-se, contudo, que o direito de punir concreto não é auto-executável, tratando-se de verdadeiro direito de coação indireta, uma vez que sua satisfação depende da utilização de um processo penal – “nulla poena sine judicio”.
Condições objetivas da punibilidade
Por razões de Política Criminal, por vezes, a lei condiciona o surgimento da punibilidade com o concurso de requisitos ou circunstâncias de caráter objetivo, independentes da conduta do agente e exteriores ao dolo. 
Tais condições objetivas de punibilidade encontram-se dispersas na legislação – art. 7º, § 2º, “b” a “e”, CP.
Causas extintivas da punibilidade
O conteúdo do art. 107 do CP não é taxativo, mas exemplificativo. Isto porque causas extintivas da punibilidade que extrapolam  o rol desse dispositivo legal. 
Como exemplo, note:
a) art. 82 CP: o término do período de prova do sursis, sem motivo para revogação do benefício, faz com que o juiz decrete a extinção da punibilidade;
b) art. 90 CP: o término do período de prova do livramento condicional, sem motivo para revogação do privilégio, opera a extinção da punibilidade;
c) art. 7º, § 2º, “d”, CP: se o agente cumpriu pena no estrangeiro pelo crime lá cometido, opera-se a extinção da punibilidade em relação à pretensão punitiva do Estado brasileiro;
d) art. 312, § 3º, 1ª parte, CP: a reparação do dano no peculato culposo, antes da sentença final irrecorrível, extingue a punibilidade;
e) art. 236 CP, em decorrência da morte da vítima;
f) pagamento da contribuição previdenciária antes do início da ação fiscal – artigo 168 – A, p. 2º, CP;
g) art. 520 CPP: a desistência da queixa nos crimes contra a honra, formulada em audiência judicial;
h) art. 59, parágrafo único, LCP: aquisição de renda superveniente na contravenção penal de vadiagem;
i) art. 34, Lei nº 9.249/95: pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia;
j) art. 89, § 5º, Lei nº 9.099/95: decurso do prazo de suspensão condicional do processo sem revogação;
k) art. 171, § 2º, VI, e Súmula 554, STF: ressarcimento do dano antes do recebimento da denúncia no crime de estelionato mediante emissão de cheque sem provisão de fundos.
O momento de ocorrência, em regra, pode se dar antes da sentença final ou depois da sentença condenatória irrecorrível. Cumpre salientar que determinadas causas fazem desaparecer o direito de punir do Estado, impedindo-o de iniciar ou prosseguir com a persecução penal. 
Efeitos das causas extintivas da punibilidade
Em regra, as causas extintivas da punibilidade só alcançam o direito de punir do Estado, subsistindo o crime em todos os seus requisitos e a sentença condenatória irrecorrível. 
Excepcionalmente, a causa resolutiva do direito de punir fulmina o fato praticado pelo agente e rescinde a sentença condenatória irrecorrível.
 Assim, os efeitos das causas extintivas da punibilidade operam “ex tunc” ou “ex nunc”. 
No primeiro caso, as causas extintivas têm efeito retroativo; no segundo, efeito para o futuro, i. e., produzem efeito a partir do momento de sua ocorrência. 
Possuem efeito “ex tunc” a anistia e a lei nova supressiva de incriminação; as outras causas têm efeito “ex nunc”, não retroagindo para excluir consequências já ocorridas.
As causas extintivas da punibilidade poderão ter efeitos amplos e restritos, conforme o momento em que se verifiquem.
Caso operem antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, impedirão quaisquer efeitos decorrentes de uma condenação criminal, pois fazem extinguir a pretensão punitiva estatal.
Por outro lado, se ocorrerem depois do trânsito em julgado, de regra, somente tem o condão de apagar o efeito principal da condenação, que é a imposição da pena (ou medida de segurança).
As exceções são a anistia e a “abolitio criminis”, as quais, mesmo sendo posteriores ao transito em julgado, atingem todos os efeitos penais da sentença condenatória, principais e secundários, permanecendo intocáveis, somente, os efeitos civis. Para saber quais os efeitos das causas extintivas da punibilidade a seguir examinadas, basta ter em mente essa regra.
Espécies de causas extintivas da punibilidade
Estão previstas no art. 107 CP as hipóteses de extinção da punibilidade, mas ainda há outras causas de extinção de punibilidade previstas em outros artigos do próprio Código Penal, em leis específicas e também na Constituição Federal, conforme supracitado.
Segundo o artigo 107, do Código Penal, extingue-se a punibilidade:
i) pela morte do agente;
ii) pela anistia, graça e indulto;
iii) pela retroatividade da lei que não considera mais o fato como criminoso;
iv) pela prescrição, decadência ou perempção;
v) pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
vi) pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Hipóteses de extinção da punibilidade 
MORTE DO AGENTE – (art. 107, I, CP)
Por força do princípio “mors omnia solvit” (a morte tudo resolve), o óbito do sujeito ativo da infração apaga todos os efeitos penais possíveis da prática de um delito. 
Nem poderia ser diferente, pois a Constituição Federal foi clara ao determinar que a pena não poderá passar da pessoa do condenado – salvo a obrigação de reparar o dano e a declaração do perdimento de bens (art. 5º, LXV). 
Trata-se de causa extintiva personalíssima. Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o Estado perca o “jus puniendi”, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer obrigação de natureza penal.
Dessa forma, se o agente é condenado à pena de multa e morre antes de efetuar o pagamento, a obrigação não se transmite aos herdeiros, sob pena de infringir preceito constitucional, que diz que nenhuma pena passará da pessoa do delinquente (CF, art. 5º, XLV). 
Entretanto, se se tratar de reparação do dano, ocorrendo a morte após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o interessado pode ingressar no juízo cível com a execução para efeito de reparação do dano contra os herdeiros ou sucessores universais do condenado falecido (art. 63 CPP). 
Ocorrendo a morte do agente antes do trânsito em julgado da sentença final, o ofendido pode intentar a “actiocivilis ex delicto” (art. 64, CPP), vide o art. 5º, XLV, da Constituição Federal.
A prova da morte do agente deve ser realizada por meio de certidão de óbito (art. 62, CPP), não tendo validade a presunção legal do art. 6º do Código Civil, não sendo suficiente a simples informação verbal.
Se, porventura, uma vez decretada a extinção da punibilidade pela morte do agente, ficar provada a falsidade da certidão de óbito, há duas posições distintas da jurisprudência:
1ª) se a sentença que decretou a extinção da punibilidade ainda não tiver transitado em julgado, deve o órgão acusador interpor recurso em sentido estrito, em face do que a ação penal terá prosseguimento, sem prejuízo da responsabilidade penal do autor ou autores da falsidade. Se a sentença que decretou a extinção da punibilidade já transitou em julgado, o processo não pode ter andamento e contra o suposto morto não pode ser intentada ação penal pelo mesmo objeto, restando a ação penal contra o autor ou autores da falsidade. Não se admite revisão contra o réu. No sentido do texto: RT, 580:349 e 476:396;
2ª) ainda que a sentença que declarou extinta a punibilidade já tenha transitado em julgado, o processo pode ter prosseguimento, salvo a ocorrência de outra causa de extinção, como a prescrição (RTJ, 104:1063 e 93:986; RJTJSP, 98:485; RT, 475:293).
Entende, a maioria da doutrina, caso se apure, após o trânsito em julgado da decisão que extinguiu a punibilidade, que a certidão era falsa, não ser possível a reabertura do processo, sob pena de se permitir uma revisão da coisa julgada penal “pro societate”, o que é vedado em nosso ordenamento jurídico. Restaria, apenas, apenas processar os autores que promoveram a falsidade.
Todavia, a jurisprudência tem tomado novos rumos quando a isso, eis que o que gera a extinção da punibilidade é a morte do agente e não o documenta que a atesta indevidamente.
O STF já se posicionou contrário ao entendimento da impossibilidade de agressão à coisa julgada:
Processual penal. Extinção da punibilidade amparada em certidão de óbito falsa. Decisão que reconhece a nulidade absoluta do decreto e determina o prosseguimento da ação penal, Inocorrência de revisão ‘pro societate’ e de ofensa à coisa julgada (HC 104.998, Rel. Min.Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe 085, p. 83).
O STJ segue no mesmo sentido:
Penal. Habeas corpus. Decisão que extinguiu a punibilidade do réu pela morte. Certidão de óbito falsa. Violação à coisa julgada. Inocorrência.
O desfazimento da decisão que, admitindo por equívoco a morte do agente, declarou a punibilidade, não constitui ofensa à coisa julgada. Ordem denegada. (HC 31234/MG – 2003/0190092-8 – 5ª Turma, julgado em 16/01/2003).
A declaração da extinção da punibilidade deverá ser precedida de oitiva do Ministério Público e somente poderá fundar-se em certidão de óbito original (art. 62 CPP).
Evidentemente que a extinção da punibilidade constitui circunstancia incomunicável em se tratando de concurso de pessoas.
ANISTIA, GRAÇA E INDULTO – (art. 107, II, CP)
Breves considerações
Os três institutos contemplam situações de “clemência soberana” em que o Estado, por razão de Política Criminal, abdica de seu “jus puniendi”, em nome de uma pacificação social. 
Há diferenças entre eles: a anistia se refere a fatos e depende de lei de competência do Congresso Nacional (art. 21, XVII, e artigo 48, VII, CF); a graça e o indulto, por sua vez, se referem a pessoas, e têm como instrumento normativo o decreto presidencial (art. 84, XII, CF), delegável a Ministros de Estado, ao Procurador- Geral da República ou ao Advogado- Geral da União (art. 84, parágrafo único, CF).
Todos os três institutos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto os crimes hediondos e assemelhados – tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e tortura (art. 5º, XLIII, CF e art. 2º, da Lei nº 8.072/90).
A Lei nº 9.455/97, ao dispor sobre o crime de tortura, veda a anistia e a graça, embora silente sobre o indulto. Apesar disso, entende-se que também o crime de tortura é insuscetível de indulto, por força da interpretação sistemática conferida ao art. 5º, XLIII, da CF.
É indiferente, de outra parte, a natureza da ação penal para fins de admitir a anistia, graça ou indulto. Incidem, portanto, em crimes de ação pública e de ação privada. 
Lembre-se que, na última hipótese, o “jus puniendi” continua sendo estatal, pois o ofendido somente recebe o “jus persequendi in judicio” – direito de ajuizar a ação.
Anistia – (art. 107, II, CP)
A anistia consiste em o esquecimento jurídico do ilícito. Seu objeto são fatos – e não pessoas - definidos como crimes, em regra, de natureza política, militar ou eleitoral, excluindo-se os crimes comuns. 
Pode ser concedida antes ou depois da condenação e, como o indulto, pode ser total ou parcial. 
Uma vez concedida, a anistia extingue todos os efeitos penais, inclusive o pressuposto de reincidência, permanecendo, contudo, a obrigação de indenizar.
É veiculada por meio de lei penal, cujo efeito é benéfico. Portanto, é retroativo e não pode ser revogada por lei posterior.
Classifica-se em:
· Própria: se anterior ao trânsito em julgado da sentença condenatória;
· Imprópria: quando posterior ao trânsito em julgado da sentença condenatória. 
· Geral ou plena: quando não impõe o preenchimento de nenhum requisito;
· Parcial ou restrita: quando o faz, isto é, impõe o preenchimento de requisitos.
· Incondicionada: quando independe da prática de algum ato por parte dos beneficiários;
· Condicionada: se depender da prática de algum ato por parte dos beneficiários, por exemplo, deposição de armas, demonstração pública de arrependimento, obrigação de satisfazer os danos causados pelo crime.
· Especial: caso se refira a crimes políticos;
· Comum: quando abrange outros crimes que não os de natureza política.
Graça ou Indulto individual – (art. 107, II, CP)
Consiste em a concessão de clemência – perdão - ao criminoso pelo Presidente da República, por meio de decreto (art. 84, XII, CF).
Como já mencionado, esta atribução é delegável a Ministro de Estado, ao Procurador Geral da República; e ao Advoga-Geral da União (art. 84, parágrafo único, CF). 
A graça ou indulto individual é concedido individualmente, a partir de requerimento do interessado, do Ministério Público, do Conselho Penitenciário ou de autoridade administrativa do estabelecimento prisional (art. 188 LEP).
Na prática, a petição é encaminhada ao Conselho, para parecer. Após segue ao Ministro da Justiça e, enfim, ao Presidente da República ou à autoridade porventura delegada.
Uma vez concedido, o magistrado determinada a juntada do decreto e determina a manifestação do Ministério Público e da Defesa. Por fim, decreta extinta a punibilidade ou promove a redução de pena (art. 112, § 2º, LEP).
 Como modalidades, a graça pode ser plena ou parcial.
A graça plena implica extinção da pena imposta ao condenado.
A graça parcial implica diminuição da pena imposta ao condenado ou sua comutação - substituição por outra de menor gravidade.
Indulto ou Indulto coletivo – (art. 107, II, CP)
Trata-se de modalidade de clemência concedida espontaneamente pelo Presidente da República a todo o grupo de condenados que preencherem os requisitos apontados pelo decreto.
Não é necessário o trânsito em julgado da sentença condenatória para a sua eventual concessão.
Como forma de concessão, o indulto é promovido com abrangência geral, independendo de requerimento.
Os requisites comuns são divididos em subjetivos, podendo tratar da primariedade ou bons antecedentes; e objetivos, que podem lidar com o cumprimento de pena parcial ou crimes cometidos sem violência ou grave ameaça, por exemplo. 
Na prática, o magistrado, de ofício ou a requerimento do interessado, do Ministério Público, do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa (art. 193 LEP).
Em seguida, deve ser juntado o decreto de indulto; são ouvidos o Ministério Público e a Defesa (art. 112, § 2º, LEP). Por fim, o juiz declara extinta a punibilidade. 
Em caso de comutação parcial, eventual cometimento de falta grave não interrompecontagem, conforme Súmula 535 do STJ.
ABOLITIO CRIMINIS – (art. 107, III, CP)
Perfaz-se a “abolito criminis” quando lei posterior não mais tipifica como delito fato anteriormente previsto como ilícito penal. Ou seja, com o advento da lei nova a conduta perde sua característica de ilicitude penal, extinguindo-se a punibilidade (art. 107, III, CP). 
A lei posterior mais benigna (“lex mitior”) retroage para alcançar inclusive fatos definitivamente julgados (art. 2º CP). Assim, são afastados por completos os efeitos penais da condenação, persistindo unicamente os efeitos civis.
Toda lei nova que descriminaliza fato praticado pelo agente extingue o próprio crime e, consequentemente, se iniciado o processo, este não prossegue; se condenado o réu, rescinde a sentença, não subsistindo nenhum efeito penal, nem mesmo a reincidência.
Exemplos: adultério; rapto consensual; e sedução.
DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO – (art. 107, IV, CP)
DECADÊNCIA
Decadência é a perda do direito de ação privada ou do direito de representação, em razão de não ter sido exercido dentro do prazo legalmente previsto. A decadência fulmina o direito de agir, atinge diretamente o “jus persequendi”.
Com efeito, inadmissível seria que o direito de queixa ou de representação subsistisse indefinidamente. Estipula-se, de conseguinte, determinado prazo decadencial – fatal e improrrogável – e, com o seu término, há a extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP).
De acordo com o art. 103 CP, o ofendido ou o seu representante legal decai do direito de queixa ou de representação, salvo disposição em sentido contrário, se não o exerce dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que veio, a saber, quem é o autor do crime, ou na hipótese de ação privada subsidiária da pública (art. 100, § 3º, CP) di dia em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia (art. 38 CPP).
Todavia, sendo a vítima menor de dezoito anos o oferecimento de queixa/representação caberá ao seu representante legal; se maior de 18 anos a vítima, porém, o oferecimento de queixa ou representação lhe compete de modo exclusivo na hipótese
Na hipótese de delito praticado em coautoria, o prazo decadencial tem início a partir do conhecimento do primeiro autor.
Em se tratando de crime continuado, o prazo decadencial é contado separadamente para cada fato delituoso em caso de crime habitual, inicia-se a contagem do prazo a partir do último ato praticado conhecido pelo ofendido; por fim, na hipótese de cr4ime permanente da decadência atinge tão-somente os fatos perpetrados antes do prazo de seis meses.
Perempção
A Perempção consiste na perda do direito de ação pela inércia a do querelante. Assim, após o início da ação penal privada a inatividade do querelante presume a desistência quanto ao seu prosseguimento. O âmbito de aplicação dessa causa extintiva de punibilidade circunscreve-se à ação penal exclusivamente privada (art. 107, IV, CP), já que na ação penal privada subsidiária da pública conferem-se ao Ministério Pública possibilidade de, a qualquer tempo, retomá-la como parte principal, no caso de negligência do querelante (art. 29 CPP).
As hipóteses de perempção da ação estão dispostas no art. 60 do CPP:
· quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante trinta dias seguidos (inc. I);
· quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de sessenta dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão – art. 31 CPP), ressalvado o disposto no art. 36 (inc. II);
· quando o querelante deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais (art. 539, § 3º, CPP), ou deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente (inc. III);
· quando, sendo o querelante pessoa jurídica (art. 37 CPP), esta se extinguir sem deixar sucessor (inc. IV).
De semelhante, também será considerada perempta a ação penal com a morte do querelante nas hipóteses da ação penal com a morte do querelante na hipótese de ação penal privada personalíssima - art. 236 CP.
RENÚNCIA e PERDÃO – (art. 107, V, do CP)
RENÚNCIA
Se antes de iniciada a ação penal privada, o ofendido manifesta sua vontade de não exercer o direito de queixa, extingue-se a punibilidade pela renúncia (art. 107, V, CP). 
Trata-se de ato unilateral, cujos efeitos alcançam a todos os coautores do delito - critério extensivo art. 49 CPP).
O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente (art. 104 CP). Importa renúncia tácita ao direito de queixa, a teor do parágrafo único do citado dispositivo, a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo. 
Todavia, não implica renúncia – ainda que implícita – o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. A renúncia, quando tácita, admite todos os meios de prova já a renúncia expressa – obrigatoriamente clara e inequívoca – constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal o procurador com poderes especiais (art. 50 CPP).
É perfeitamente cabível a renúncia em se tratando de ação penal privada subsidiária, não obstante, poderá o Ministério Público oferecer denúncia, desde que outra causa extintiva da punibilidade não tenha ocorrido.
Na hipótese de dupla titularidade, a renúncia do representante legal do menor que houver completado dezoito anos não privará esta do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro (art. 50, parágrafo único, CPP). 
De forma similar, tampouco a renúncia ao exercício do direito de queixa por um dos ofendidos obsta a propositura da ação penal pelos demais.
Perdão do Ofendido
É facultado ao querelante, no curso da ação penal privada, perdoar o querelado, extinguindo-se assim a punibilidade do delito (art. 107, V, CP). De conseguinte, o perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta o prosseguimento da ação (art. 105 CP).
Cinge-se o perdão do ofendido aos delitos persequíveis através de ação penal exclusivamente privada, já que nos casos de ação penal privada subsidiária incumbirá ao Ministério Público retomar a ação penal como parte principal.
O perdão do ofendido não se confunde com a renúncia daquela ao exercício do direito de queixa. Isso porque o perdão opera na fase processual, enquanto a renúncia limita-se à fase pré-processual. 
Demais disso, o perdão é ato bilateral, somente produzindo efeitos se aceito – expressa ou tacitamente – pelo querelado (ou por procurador com poderes especiais – art. 55CPP). Logo, se o querelado o recusa, não produz efeito algum (art. 106, III, CP). 
Poderão aceitar o perdão o próprio querelado ou o seu represente legal, sendo aquele maior de dezoito e menor de vinte de um anos, mas o perdão aceito por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito (arts. 52 e 54, CPP). 
O mesmo se aplica à concessão do perdão, na hipótese de querelante entre dezoito e vinte e um anos de idade. Cumpre salientar, no entanto, que diante da equiparação do marco etário (18 anos) da responsabilidade civil á penal, não há mais razão para a representação no que tange ao menor de vinte e um anos de idade quanto ao aceite (querelado), como na concessão (querelante) do perdão. De outro lado, se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver represente legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear. (art. 53 CPP).
O perdão do ofendido poderá ser processual – quando concedido em juízo – ou extraprocessual – se concedido fora dos autos do processo, em declaração assinada pelo ofendido, por ser representante legal ou procurador com poderes especiais (arts.  50 e 56 CPP); expresso ou tácito – resultante da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação (art. 106, § 1º, CP; e art. 57, CPP). 
A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procuradorcom poderes especiais (art. 59 CPP). Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade (art. 58, parágrafo único, CPP).
Por fim, convém consignar que o perdão, processual ou extraprocessual, expresso ou tácito, quando concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita e se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros (art. 106, I e II, CP). É possível a concessão do perdão pelo ofendido a qualquer tempo, dede que não haja sentença condenatória transitada em julgado (art. 106, § 2º, CP). 
Módulo 5
PERDÃO JUDICIAL
Embora perfeito o delito em todos os seus elementos constitutivos – ação ou omissa típica e ilícita - é possível que o magistrado, diante de determinadas circunstâncias legalmente previstas, deixe de aplicar a sanção penal correspondente, outorgando o perdão judicial. Trata-se de faculdade judicial, apreciável caso a caso.
O perdão judicial é causa extintiva da punibilidade (art. 107, IX, CP) que independe de aceitação do agente, sendo concedido na própria sentença ou acórdão. 
Não é pacífica a natureza jurídica do perdão judicial. De acordo com o STF, trata-se de sentença condenatória, extinguindo tão somente o efeito principal da condenação, ou seja, a pena, subsistindo eventuais efeitos secundários. Entretanto, prevalece entendimento contrário, esposado pelo STJ, inclusive com arrimo em sua súmula 18, cujo teor prescreve: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.
Nesse diapasão, o artigo 120 CP destaca que a sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência.
Segundo o art. 13 da Lei 9.807/99 (Lei de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas e a acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração em investigação policial ou processo criminal):
Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:
I – a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;
II – a localização da vítima com a sua integridade física preservada;
III – a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.
Trata-se de circunstância pessoal, incomunicável aos demais coautores ou partícipes que não preencherem os requisitos autorizadores da concessão da medida (art. 30, CP).
São, portanto, condições objetivas para a concessão do perdão judicial:
a) a colaboração efetiva coma investigação e processo criminal (art. 13, caput);
b) a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa (art. 13, I);
c) a localização da vítima com a sua integridade física preservada (art. 13, II;
d) a recuperação total ou parcial do produto do crime (art. 13, III);
e) natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso indicativas da concessão do perdão judicial (art. 13, parágrafo único).
 
É suficiente o atendimento de uma das três circunstâncias indicadas. Com efeito, um posicionamento diverso significaria que dificilmente algum réu poderia se beneficiar do perdão judicial. 
Afinal, é remota a hipótese de, simultaneamente, alguém identificar seus comparsas e, em razão de tal colaboração, alcançar a localização da vítima com sua integridade física preservada, além da recuperação total ou parcial do produto do crime. 
Demais disso, a tese da coexistência dos requisitos restringe a aplicação da dispensa da pena ao crime de extorsão mediante sequestro (art. 159, CP), único que, em face de sua descrição típica, permite exigência conjunta da localização da vítima com a sua integridade física preservada e a recuperação total ou parcial do produto do crime.
De outro lado, figuram como condições subjetivas: 
a) voluntariedade da colaboração (art. 13, caput); 
b) primariedade do acusado (art. 13, caput); 
c) personalidade favorável do beneficiado (art. 13, parágrafo único).
Não obstante, embora ausente requisito objetivo ou subjetivo indispensável para a concessão do perdão judicial é possível a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 14 da Lei 9.807/98, que dispõe:
“O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá a pena reduzida de um a dois terços”.
Por fim, resta salientar que a concessão do perdão judicial é admissível tão-somente nos casos expressamente previsto por lei. Não cabe ao julgador aplicar o referido instituto como bem entender ou nos casos de clamor público.
Não se pode falar, nestes casos em analogia in bonam partem, pois deriva da lei penal a restrição do perdão judicial às hipóteses por ela fixadas, afastando-se qualquer outra interpretação, portanto.
O momento processual para concessão do perdão judicial é por ocasião da prolatação da sentença, quando o juiz deverá primeiro considerar o réu culpado, para posteriormente reconhecer o perdão, deixando de aplicar a pena.
Assim, extingue-se a punibilidade pelo perdão judicial, com arrimo no art. 107, IX, do Código Penal, nas seguintes hipóteses:
· Art. 121, § 5º (homicídio culposo),
· Art. 129, § 8º (lesão corporal culposa),
· Art. 140, § 1º, incisos I e II (injúria),
· Art. 168-A, § 3º (apropriação indébita previdenciária),
· Art. 176, parágrafo único (outras fraudes),
· Art. 180, § 5º (receptação culposa),
· Art. 242, parágrafo único (parto suposto, supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido),
· Art. 337-A, § 2º (sonegação de contribuição previdenciária).
Além dos delitos previstos no Código Penal, o perdão judicial também poderá ser concedido, como vimos, na Lei de Proteção à Testemunha (Lei nº 9.907, de 13 de julho de 1.999), que dispõe sobre a concessão do perdão judicial ao réu que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com as investigações e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado a identificação dos demais coautores ou participes da ação criminosa, a localização da vítima com a sua integridade física preservada e a recuperação total ou parcial do produto do crime, devendo o juiz considerar a personalidade do beneficiário e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso (art. 13, caput, e parágrafo único).
Também é possível a concessão do perdão judicial nos crimes de trânsito, de homicídio culposo e lesão corporal culposa, previstos nos artigos 302 e 303 do Código de Trânsito Brasileiro, por analogia às correspondentes hipóteses tratadas no Código Penal.
RETRATAÇÃO
Retratação é o ato de desdizer-se, de retirar o que foi dito. 
Trata-se de declaração formal de que o agente agiu de forma equivocada, voltando atrás em seu comportamento.
Cuida-se de ato unilateral – independe de aceitação por parte do ofendido – que tem por escopo buscar e resguardar a verdade – como interesse superior da Justiça. 
É irrelevante a espontaneidade da declaração, bom como os motivos que fundara, mas é imprescindível sua voluntariedade. Ou seja, a ideia em torno da retratação pode ser resultado de influência por terceira pessoa (ex. pai, mãe, cônjuge, companheira, amigo, mentor religioso, etc.).
De outro lado, por tratar-se de ato pessoal, a retratação feita por um dos querelados não se aplica aos demais.
A retratação do agente só é cabível nos casos em que a lei prevê. 
Realizando-se uma análise desses casos percebe-se que só se admite a retratação até a sentença de primeiro grau, ou seja, na fase da pretensão punitiva, que se estende até a decisão de primeiro grau de jurisdição.
É indispensável que a

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