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Teoria Geral Direito Civil II

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FADITU
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 
SEGUNDO SEMESTRE
 
NEGÓCIO JURÍDICO:
- Ato volitivo que implica no estabelecimento de relação jurídica.
 = sua prática produz efeitos jurídicos.
 efeitos previstos pela lei e desejados pelas partes.
- Exemplos:
 casamento: estabelecimento de família.
 adoção: atribuição da condição de filho.
 compra e venda: transferência onerosa da propriedade.
 doação: transferência gratuita da propriedade.
 locação: utilização onerosa da propriedade alheia.
 testamento: atribuir, post mortem, bens ou vantagens para alguém.
- Estudo do negócio jurídico.
 depende da teoria utilizada.
 voluntarista, objetivista, estruturalista.
- Voluntarista
 fulcra a atenção no item vontade do agente, de sorte que o NJ é visto
 como uma manifestação de vontade destinada a produzir efeitos
 jurídicos tutelados pela ordem jurídica.
 problemas: o item vontade existe tanto no NJ como no AJML;
 		 a vontade não constitui elemento de existência indispensável,
 pois há NJ cuja vontade é viciada (nulos e anuláveis).
 palavra-chave: vontade.
- Objetivista
 procura conceituar o NJ segundo sua função, ou seja, de acordo com o 
 poder de auto-regulamentação dos interesses particulares reconhecido
 pelo ordenamento jurídico, mediante o qual as partes estabelecem
 normas concretas de aplicação.
 problema: a idéia de norma concreta estabelecida entre as partes, que
 decorre do poder de auto-regulamentação, é artificial, porque do NJ
 surgem relações jurídicas, e não preceitos jurídicos; noutros termos, a 
 ordem jurídica reconhece a autonomia privada, mas não como fonte de
 normas jurídicas, e sim como fonte de relações jurídicas; em suma, o NJ
 não cria o Direito, mas sim é celebrado de acordo com ele.
 palavra-chave: função.
- Estruturalista
 não se preocupa somente como o NJ surge ou somente como ele atua
 (teorias voluntarista e objetivista, respectivamente).
 procura saber como ele é, ainda que levando em consideração os itens
 vontade e função.
 para se saber como o NJ é = análise de sua estrutura.
 palavra-chave: estrutura.
- Conceito
 “é todo fato jurídico consistente em declaração de vontade a que o
 ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos, 
 respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia, impostos
 pela norma jurídica que sobre ele incide”(Antônio Junqueira de Azevedo).
- Elementos
 fato jurídico: referência ao gênero maior, o FJ l.s.
 declaração de vontade: não se trata de simples manifestação de 
 vontade, como no AJML; é uma manifestação de vontade qualificada pelo 
 fato de o NJ perseguir a obtenção de efeitos jurídicos.
 circunstâncias negociais: correspondem à visão social do NJ
 entabulado pelas partes, de sorte que os efeitos jurídicos pretendidos 
 pelas partes são os mesmos efeitos esperados pela sociedade.
 ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos: 
 função do NJ, que é criar uma relação jurídica.
 pressupostos de existência, validade e eficácia: cerne da doutrina
 estruturalista, a seguir examinada.
- Estrutura do negócio jurídico
 planos da existência, validade e eficácia
 idéias centrais:
 1-) em primeiro lugar, é preciso verificar se estão presentes os
 elementos materiais mínimos para que o NJ pelo menos exista.
 2-) depois, é preciso checar se a declaração preenche uma série de 
 requisitos que a lei impõe como indispensáveis à validade do NJ.
 3-) por fim, uma vez que o NJ exista e seja válido, resta constatar se ele
 reúne todos os fatores capazes para fazer com que o mesmo produza
 os efeitos que lhe são próprios.
- Existência
 palavra-chave: elementos
 elementos materiais mínimos para que o NJ pelo menos exista.
 três modalidades: gerais, categoriais e particulares.
 gerais: comuns a todo e qualquer NJ.
 categoriais: específicos do NJ considerado.
 particulares: opcionais ao NJ considerado.
- Validade
 palavra-chave: requisitos
 requisitos formais para que o NJ seja válido.
 caso contrário haverá nulidade absoluta ou relativa.
 análise qualitativa dos elementos de existência.
 = saber-se se aquilo que existe também é válido.
 três modalidades: gerais, categoriais e particulares.
 gerais: comuns a todo e qualquer NJ.
 categoriais: específicos do NJ considerado.
 particulares: opcionais ao NJ considerado.
- Eficácia
 palavra-chave: fatores
 fatores exógenos ao NJ que liberam os efeitos que lhe são próprios.
 OBS.: elemento não obrigatório.
- Aplicabilidade, por exemplo, na compra e venda, no casamento e no 
 testamento.
- Compra e venda
 elementos de existência.
 gerais: agente, objeto e forma.
 categoriais: preço e coisa (art. 481).
 particulares: cláusula de preferência (art. 513, caput).
 requisitos de validade.
 gerais: agente capaz ou legitimado, objeto lícito e forma prescrita/não
 defesa (art. 104).
 categoriais: preço em moeda corrente e coisa in commercio (arts. 315 e
 1.911, caput).
 particulares: por prazo de até dois anos, se imóvel (art. 513, parágrafo
 único).
 fatores de eficácia.
 tradição (para a transferência onerosa da propriedade).
 transcrição do título aquisitivo, nos imóveis (arts. 1.227 e 1.245, caput,
 e § 1º).
 tradição propriamente dita, nos móveis (art. 1.226 e 1.267, caput).
- Casamento
 elementos de existência.
 gerais: agente, objeto e forma.
 categoriais: ♂/♀, autoridade (art. 1.514).
 particulares: pacto antenupcial (art. 1.639, caput, e § 1º).
 requisitos de validade.
 gerais: agente capaz ou legitimado, objeto lícito e forma prescrita/não
 defesa (art. 104).
 categoriais: ♂/♀ habilitados, autoridade competente (arts. 1.521 e 
 1.525 e ss.).
 particulares: pacto antenupcial por instrumento público (art. 1.653).
 fatores de eficácia.
 não há (para o estabelecimento de família).
- Testamento
 elementos de existência.
 gerais: agente, objeto e forma.
 categoriais: deixa de bens (art. 1.857, caput).
 particulares: disposições de caráter não patrimonial (art. 1.857, § 2º).
 requisitos de validade.
 gerais: agente capaz ou legitimado, objeto lícito e forma prescrita/não
 defesa (art. 104).
 categoriais: bens disponíveis (art. 1.846).
 particulares: reconhecimento de filho havido fora do casamento (art. 
 1.609,III).
 fatores de eficácia.
 morte do testador (art. 1.857, caput). 
18/08/14
A-) NATUREZA JURÍDICA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS:
- Classificação dos negócios jurídicos em geral
 confere balizamento jurídico aos mesmos
 presta-se ao entendimento de sua dinâmica
- Consensuais ou reais
 conforme se aperfeiçoem com o consentimento, ou com a tradição
 em ambos os casos, tratam-se de requisitos categoriais de validade
 compra e venda = consentimento acerca de preço e coisa
 comodato = entrega da coisa
- Bilaterais ou unilaterais
 conforme a carga obrigacional esteja distribuída em ambos os pólos
 contratuais, ou concentrada em um deles
 locação = ambos
 comodato = comodatário
 OBS: categoria aplicável ainda que o NJ possua dois pólos, como nos
 exemplos acima; naqueles que se perfazem com apenas um pólo, 
 obviamente são sempre unilaterais (ex.: testamento)
- Bilaterais simples ou sinalagmáticos
 conforme a distribuição da carga obrigacional seja equilibrada, ou não
 troca = equilibrada
 doação = desequilibrada
- Inferências até aqui
 todo contrato bilateral é consensual
 todo contrato unilateral é real
- Onerosos ou gratuitos
 conforme envolva ganho/perda patrimonial para ambas as partes,
 ou não
 compra e venda = ambas as partes experimentam ganho e perda
 doação pura = uma experimenta ganho e a outra perda (gratuito)
 locação = ambas as partes experimentam ganho e perda patrimonial
 (o locador deixa de utilizar seu bem, mas ganha o aluguel; já o locatário
 perde o dinheiro pago com o aluguel, mas ganha a utilização do imóvel
 alheio)
- Comutativosou aleatórios
 conforme a onerosidade possa ser antevista, ou não
 transporte = comutativo
 seguro = aleatório
- Solenes ou não solenes
 conforme exijam ou não forma prescrita em lei
 forma do negócio jurídico em geral: solene ou não solene
 solene (escritura pública ou prescrita em lei)
 não solene (instrumento particular, verbal ou tácito)
 mandato no qual o mandante é menor = solene (escritura pública)
 compra e venda de móveis = não solene
- Nominados ou inominados (também típicos ou atípicos)
 conforme possuam ou não regramento legal
 mútuo = nominado
 faturização (factoring) = inominado
- Principais ou acessórios
 conforme dependam ou não da existência de outro
 locação = principal
 fiança = acessório
- De execução instantânea ou diferida, ou de trato sucessivo
 conforme a obrigação seja cumprida instantaneamente, de uma vez no
 futuro ou em parcelas sucessivas
 compra e venda = pagamento do preço a vista, a termo ou em prestações
- Preliminares ou definitivos
 conforme tenham por objeto ou não a entabulação de outro contrato
 compra e venda de imóvel = compromisso e lavratura da escritura pública
- Paritários, de adesão ou contratos-tipo
 conforme a discussão das cláusulas seja livre ou não, ou haja uma base
 contratual previamente estabelecida
 compra e venda entre particulares = paritário
 consórcio = de adesão
 locação = geralmente há uma base que é entregue ao locatário
- Inter vivos e mortis causa
 conforme os efeitos sejam produzidos em vida, ou não
 casamento = inter vivos
 testamento = mortis causa
B-) NEGÓCIO JURÍDICO:
	- Análise da parte codificada, relativa ao NJ, dividida em duas partes, quais sejam, disposições gerais e representação.
C-) DISPOSIÇÕES GERAIS:
	- Dispositivos relativos a uma série de assuntos, o que impede uma análise sistêmica, cabendo, pois, unicamente, o exame de individualizado.
	- Validade do NJ: requisitos gerais de validade de todo e qualquer NJ (art. 104), o que, naturalmente, pressupõe a ocorrência dos elementos gerais de existência.
	- Incapacidade: se for relativa, não pode ser alegada, em princípio, pela outra parte (art. 105); por oposição, a absoluta pode.
	- Impossibilidade do objeto: a idéia é a de que o objeto do NJ seja idôneo, ou seja, apto a produzir os efeitos jurídicos que lhe são próprios, sob pena de se poder invalidá-lo (art. 106); ex.: o comodato deve recair sobre bens infungíveis, caso contrário é mútuo, mas se admite o comodato irregular, conforme as circunstâncias.
	- Forma do NJ: assunto abordado do art. 107 ao 109, ou seja, só se adota forma solene quando a lei ou o contrato a exigirem.
	Lembrar da classificação dos negócios jurídicos, a respeito de forma.
	- Reserva mental: dá-se quando uma das partes oculta sua verdadeira intenção, quer dizer, não deseja o efeito jurídico típico do NJ celebrado (art. 110), fazendo com que o NJ seja válido, em princípio; ex.: mútuo realizado tendo em vista situações de vida muito particulares do mutuário.
	- Silêncio: pode ser entendido como manifestação tácita da vontade, em NJ’s gratuitos ou quando o costume autorizar tal conclusão, nos termos do art. 111; exs.: aceitação de doação (art. 539) e de herança (art. 1.805, caput), formação de contratos (art. 432), mandato (art. 659).
- Interpretação dos NJ’s: regras do art. 112 a 114, podendo-se destacar os pontos relativos ao sentido da linguagem, à boa-fé e aos NJ’s gratuitos. 
	- Sentido da linguagem: lembrar que o Direito pode ser encarado sob os prismas da forma e da função, ou seja, forma porque se contenta com o comando e sua interpretação, e função porquanto visa à resolução de problemas, sendo que o modo de se concretizar forma e função chama-se linguagem; cabe ao operador do Direito fazer casar a intenção com a linguagem, facilitando a interpretação.
- Boa-fé: sua idéia é complementar à da probidade; tanto uma coisa como outra formam o conceito de ética de conduta (eticidade) que permeia todo o DC, como se pode ver desde os arts. 113 e 187 (regra de interpretação e abuso de direito, respectivamente).
O tema é enfatizado novamente no art. 422, e repetido nas relações de consumo (CDC, Lei nº 8.078/90, art. 51, IV).
Reflexo disso também se encontra no art. 426 (vedação ao pacta corvina).
Resumidamente, boa-fé denota honestidade, lealdade, o que às vezes, por exceção, o DC até dispensa, como no caso da usucapião extraordinária de imóveis e móveis (arts. 1.238, caput, e 1.261).
- Pode-se ainda subdividir a boa-fé em objetiva e subjetiva.
A objetiva standard comportamental segundo o qual as partes devem pactuar NJ’s visando à sua concretização, e, por extensão, à produção dos efeitos jurídicos que lhe são próprios; assunto complementado com a boa-fé subjetiva, vale dizer, com a conduta individualizada e especificamente considerada da parte, como o que acontece, por exemplo, no contrato de seguro (arts. 765, 766 e 773), tendo em vista o fato de o mesmo ser celebrado com base nas declarações prestadas pelo segurado diz respeito a um padrão de conduta esperado pela sociedade.
Já a subjetiva relaciona-se ao modo de proceder individualizado dentro de uma relação jurídica.
- Com base no conceito de eticidade (que agrega a probidade e a boa-fé), pode o juiz, no caso concreto, decidir qual seria a conduta esperada pela sociedade, levando ainda em conta os usos e costumes (cânone dos próprios arts. 113 e 187).
	- NJ’s gratuitos: não admitem interpretação extensiva, cabendo aqui
lembrar da distinção com a interpretação restritiva, ou seja, ambas dizem 
respeito ao resultado (discute o resultado atingido com a interpretação).
	Declarativa: a interpretação confirma o que o texto quis dizer; extensiva: o texto disse menos do que deveria, e a interpretação corrige isso; restritiva: o texto disse mais do que deveria, e a interpretação corrige isso.
D-) REPRESENTAÇÃO:
	- A titularidade das relações jurídicas é exercida, via de regra, pessoalmente, ou seja, pela própria pessoa (física ou jurídica), mas há casos em que a representação se faz necessária.
Nas pessoas físicas, quando a hipótese é de incapacidade de exercício (absolutamente incapazes e relativamente incapazes); nas pessoas jurídicas, sempre, já que a mesma age por intermédio das pessoas físicas indicadas nos estatutos sociais.
- Espécies: legal e convencional (arts. 115 e 120).
Legal: decorre diretamente de lei e acontece no caso dos pais, tutores e curadores (para absoluta e relativamente incapazes, conforme o caso), síndicos de condomínio em edificações, administradores de pessoas jurídicas, dos síndicos na massa falida e o dos inventariantes no espólio.
Convencional: derivada do contrato de mandato (art. 653 e ss.).
Não há uma terceira espécie de representação, a chamada judicial, apenas porque o juiz nomeia alguns dos representantes legais acima apontados; exs.: curador, tutor, síndico de massa falida e inventariante.
- Regras concernentes à representação: insculpidas nos arts. 116 usque 119, cuidando-se novamente de dispositivos relativos a uma série de assuntos, o que impede uma análise sistêmica, cabendo, pois, unicamente, o exame de individualizado de cada um deles.
- Efeito do NJ praticado: dá-se em relação ao representado (art. 116), já que o mesmo é a parte no NJ considerado (titular da respectiva relação jurídica, a qual apenas não pode ser exercida).
- Contrato consigo mesmo: vedado na representação legal (art. 117), mas permitido na convencional, sob certas condições (irrevogabilidade do mandato, segundo as regras constantes do art. 683 a 685); ex.: corretor de imóveis que adquire imóvel para revender, via instrumento procuratório vazado em pública forma.
- Prova da representação: tema do art. 118, consoante o qual o representante deve demonstrar essa qualidade ao tratar com terceiros.
- Conflito de interesses: entre o representante e o representado, circunstância que torna anulável o ato (art. 119); ex.: relação jurídica na qual o representado é credor e o representante é devedor.25/08/14
A-) CONDIÇÃO:
	- Noção: aquilo que é relacionado à verificação de evento futuro e incerto em determinado negócio jurídico (art. 121).
	- Elementos primordiais: futuridade e incerteza.
	Futuridade: fato ou evento situado em tempo futuro, pelo que se excluem o tempo atual e o pretérito.
	Incerteza: a ocorrência do evento futuro não é certa, ou seja, tanto pode como não pode acontecer.
	- Espécies: suspensiva e resolutiva.
	- Condição suspensiva: negócio jurídico com condição suspensiva é aquele no qual a aquisição do direito fica condicionada à ocorrência de evento futuro e incerto.
	Trata-se, em suma, do chamado direito condicional, equivocadamente denominado de eventual no art. 130 (vide abaixo).
Noutros termos, a aquisição do direito depende do implemento da condição (art. 125).
Exs.: escultura vendida a determinado preço, ficando ajustado que, se for premiada em certa exposição, pagar-se-á mais o equivalente; esportista contratado para fazer propaganda de determinada marca, e, se for campeão em certo torneio, recebe um bônus.
Assuntos relacionados: plano estrutural do NJ, expectativa de direito, direito eventual e direito diferido.
Plano estrutural do NJ: ultrapassada a análise dos planos da existência e da validade do mesmo, o plano da eficácia diz respeito à produção dos efeitos jurídicos que são próprios ao NJ considerado, os quais dependerão ou não de fator externo de eficácia; já na condição suspensiva o tema está relacionado à aquisição do direito, a qual depende da verificação de evento futuro e incerto.
Expectativa de direito: mera possibilidade de um direito passar a integrar o patrimônio do titular; assunto ligado ao direito adquirido (LI, art. 6º, § 2º), como o que ocorre, por exemplo, com funcionário público que está prestes a completar o tempo necessário à concessão de licença-prêmio.
Direito eventual: cuida-se de pura concepção teórica de um direito, como o que acontece com o herdeiro legítimo em relação a seu ascendente ainda vivo.
Direito diferido: direito já adquirido, mas que só pode ser exercido futuramente; ex.: empregado da ativa que já implementou os requisitos tendentes à concessão de complementação de aposentadoria, mas que só irá exercer esse direito após o jubilamento.
- Condição resolutiva: negócio jurídico com condição resolutiva é aquele no qual a aquisição do direito se dá imediatamente à celebração do NJ, mas o mesmo fica condicionado à ocorrência de evento futuro e incerto, que, se e quando ocorrer, extingue a relação jurídica (arts. 127 e 128, 1ª parte).
Noutros termos, a aquisição do direito é imediata, mas com o implemento da condição o NJ se resolve.
Exs.: retrovenda, do art. 505 (ao vendedor fica assegurado o direito de reaver a coisa, em contratos cujo objeto sejam imóveis, com o conceito incidental de propriedade resolúvel do art. 1.359, cujo prazo para opção é de até 03 anos, com a nota de que não se trata de recompra, pois não há novo contrato); viúvas pensionistas de seus falecidos maridos, as quais recebem o benefício se não se casarem de novo (ou constituírem união estável).
Assuntos relacionados: efeitos já produzidos e cláusula resolutiva.
Efeitos já produzidos: em princípio, são preservados os efeitos produzidos até o advento da condição resolutiva (art. 128, 2ª parte).
Cláusula resolutiva: alusão à resolução do contrato, ou seja, extinção do vínculo contratual por causa superveniente que impede a execução do contrato, possuindo como uma das espécies a cláusula resolutiva (expressa ou tácita), prevista nos arts. 474 e 475.
Idéia de que a inexecução do contrato enseja sua resolução, recebendo ainda as denominações de descumprimento ou inadimplemento; a condição resolutiva é o evento futuro e incerto que, se ocorrer, acarreta a extinção do direito, sendo ainda certo que todo contrato contém essa cláusula, ainda que implicitamente.
	- Desdobramentos: retroatividade, casual, potestativa, mista, possível, lícita, voluntária e implemento obstado.
Retroatividade: entre a pactuação do NJ e a espera pelo implemento ou não da condição suspensiva, sempre decorre um interregno temporal, mas se e quando a mesma ocorrer, é como se ela tivesse sido implementada no mesmo instante da entabulação do NJ (art. 126).
Ou seja, mesmo que a condição suspensiva diga respeito a evento futuro e incerto, uma vez verificado o mesmo, é como se seus efeitos retroagissem à data da celebração do NJ.
Entenda-se: seus efeitos práticos não retroagirão à data da celebração do negócio; diferentemente, do ponto de vista jurídico, é como se não tivesse havido esse intervalo de tempo.
Essa ficção jurídica existe para se desconsiderar, assim, as disposições posteriores, se incompatíveis com a própria condição; ex.: venda a contento do art. 509 (ao comprador fica assegurado manifestar-se se a coisa lhe agrada; se lhe for entregue apenas uma parte, e entre a venda e a manifestação do agrado o restante fosse vendido a outra pessoa, esse segundo contrato seria desfeito).
Casual: é todo evento futuro e incerto ocorrido por fato completamente alheio à vontade das partes; ex.: dar-te-ei certa soma em dinheiro se determinado time de futebol restar campeão.
Potestativa: é todo evento futuro e incerto provocado por ato praticado por uma das partes, subdivididas em simplesmente potestativas e puramente potestativas.
Simplesmente potestativas: condições sujeitas à manifestação de vontade de alguma das partes, e são permitidas (art. 122, 2ª parte); ex.: retrovenda.
Puramente potestativas: condições sujeitas ao puro capricho de uma das partes, e são vedadas (art. 122, 2ª parte).
Mista: é todo evento futuro e incerto provocado por ato praticado por uma das partes e por terceiro; ex.: doar-te-ei certo imóvel se firmares contrato de sociedade com determinada pessoa.
Possível: alusão à impossível, i.e., todo evento futuro e incerto cuja realização seja física ou juridicamente impossível, como, v.g., ir ao centro da Terra ou pactuar acerca de herança de pessoa viva; a conseqüência é tornar o NJ anulável (arts. 123, I, e 124).
Aqui, a condição juridicamente impossível não pode ser jamais implementada.
Lícita: é todo evento futuro e incerto estipulado em conformidade com a lei; se em contrariedade à mesma, torna-se ilícita, invalidando o NJ (arts. 122, 1ª parte, e 123, II).
Já aqui a condição ilícita pode ser implementada, mas o NJ praticado é ilícito como um todo.
Voluntária: condição autêntica, o que não ocorre com a necessária, que é inerente à natureza do NJ; ex.: escritura de compra e venda seguida de transcrição no CRI para imóveis.
Implemento obstado: condição que só deixa de ocorrer artificialmente, por malícia de uma das partes (art. 129); considera-se implementada.
B-) TERMO:
	- Noção: aquilo que é relacionado à verificação de evento futuro e certo em determinado negócio jurídico.
	- Elementos primordiais: futuridade e certeza.
	Futuridade: fato ou evento situado em tempo futuro, pelo que se excluem o tempo atual e o pretérito.
	Certeza: a ocorrência do evento futuro é certa, ou seja, irá acontecer.
	- Espécies: inicial e final.
	Inicial: também denominado dies a quo, pelo qual o direito já se encontra adquirido, não se podendo exercê-lo, no entanto, até o advento do evento futuro e certo (arts. 131 e 135); ex.: ação de despejo na qual as partes se conciliam mediante cláusula de permanência temporária.
	Final: igualmente denominado dies ad quem, mediante o qual o direito já se encontra adquirido e é exercido até o advento do evento futuro e certo (art. 135); ex.: utilização de casa em regime de comodato até a morte do comodatário.
	Questão dos prazos: “é o lapso de tempo transcorrido entre a declaração de vontade e o advento do termo” (Sílvio Rodrigues).
	Conceito que remete ao da forma de contagem dos prazos.
	Prazos em dias: exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento (art. 132, caput, com o complemento do § 1º, salvo prazos decadenciais); ex.: direito de preferência sobre imóvel, do art. 516, de 60 dias (notificação do vendedorem 19/08/13 = de 20/08/13 a 18/10/13).
	Prazos em horas: computáveis de minuto a minuto (art. 132, § 4º).
	Prazos em meses: até o dia correspondente do mês que está por vir (art. 132, § 3º); ex.: prazo para declarar se aceita ou não doação com encargo, do art. 539, de 03 meses (notificação do donatário em 19/08/13 = até 19/11/13).
	Prazos em anos: até o dia correspondente do ano que está por vir (art. 132, § 3º); ex.: prazo para se anular casamento por erro essencial quanto à pessoa do cônjuge, dos arts. 1.557 e 1.560, III, de 03 anos (casamento em 19/08/13 = até 19/08/16).
	NJ’s sem prazo: exeqüíveis desde logo, em princípio (art. 134); ex.: pagamento de obrigação sem prazo (art. 331).
	Meados ou meado do mês: sempre o dia 15 de todo mês (art. 132, § 2º).
	Presunção de prazo: a princípio, em favor do herdeiro e do devedor, respectivamente em testamentos e contratos (art. 133); ex.: pagamento antecipado da dívida.
C-) ENCARGO:
	- Noção: é toda limitação imposta a uma liberalidade; também denominado modo ou modus, ou seja, ao mesmo tempo em que se faz uma liberalidade a alguém, impõe-se, em contrapartida, um ônus ao beneficiário; ex.: doação de casa com encargo de se construir um galpão industrial em outro terreno do doador.
	- Desdobramentos: com comprometimento ou não da aquisição e do exercício do direito (art. 136).
	Com comprometimento: torna-se condição suspensiva, mas decorre de pactuação expressa nesse sentido.
Sem comprometimento: adquire-se e exerce-se o direito reconhecido antes mesmo do desempenho do encargo.
01/09/14
A-) DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO:
	- Lembrar da concepção estruturalista do NJ, examinada anteriormente.
- Estrutura do negócio jurídico
 planos da existência, validade e eficácia
 idéias centrais:
 1-) em primeiro lugar, é preciso verificar se estão presentes os
 elementos materiais mínimos para que o NJ pelo menos exista
 2-) depois, é preciso checar se a declaração preenche uma série de 
 requisitos que a lei impõe como indispensáveis à validade do NJ
 3-) por fim, uma vez que o NJ exista e seja válido, resta constatar se ele
 reúne todos os fatores capazes para fazer com que o mesmo produza
 os efeitos que lhe são próprios
- Existência
 palavra-chave: elementos
 elementos materiais mínimos para que o NJ pelo menos exista
 três modalidades: gerais, categoriais e particulares
 gerais: comuns a todo e qualquer NJ
 categoriais: específicos do NJ considerado
 particulares: opcionais ao NJ considerado
- Validade
 palavra-chave: requisitos
 requisitos formais para que o NJ seja válido
 caso contrário haverá nulidade absoluta ou relativa
 análise qualitativa dos elementos de existência
 = saber-se se aquilo que existe também é válido
 três modalidades: gerais, categoriais e particulares
 gerais: comuns a todo e qualquer NJ
 categoriais: específicos do NJ considerado
 particulares: opcionais ao NJ considerado
- Eficácia
 palavra-chave: fatores
 fatores exógenos ao NJ que liberam os efeitos que lhe são próprios
 OBS.: elemento não obrigatório
	- Na parte geral do CC, os requisitos gerais de validade, ou seja, comuns a todo e qualquer NJ, estão previstos no art. 104.
	Por seu turno, a análise dos requisitos categorias de validade e dos requisitos particulares de validade (específicos do NJ considerado e opcionais ao NJ considerado, respectivamente), fica por conta do exame individualizado de cada NJ, o que se dará ao longo do curso.
	- Requisitos gerais de validade: agente capaz ou legitimado, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei.
	- A seguir, serão examinados defeitos dos NJ’s, relacionados ao agente, ao objeto ou à forma.
	- Defeitos relacionados ao agente: erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo (vícios que maculam a vontade do agente); o NJ pode ainda conter outros defeitos relativos ao agente, como, por exemplo, ser praticado por absoluta ou relativamente incapaz, redundando em sua nulidade absoluta ou relativa, conforme o caso.
	- Defeitos relacionados ao objeto: simulação e fraude contra credores.
	- Defeitos relacionados à forma: assunto que remete à classificação do NJ - solene ou não solene - já examinada (art. 107).
	- Os defeitos adiante examinados do NJ tornam-no nulo ou anulável, conforme o caso (estudo da teoria das nulidades, a ser verificado mais adiante).
	Anulável: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores.
	Nulo: simulação.
B-) ERRO:
	- Noção: é a falsa noção acerca de pessoa ou coisa, ou seja, o que está registrado na mente do agente é falso.
	Mais do que isso, pode-se dizer que essa falsa noção é manifestada espontaneamente pelo agente; se induzida pela outra parte, a hipótese é de dolo; portanto, é lícito afirmar-se que o erro é sempre espontâneo, enquanto que o dolo é o erro provocado pela outra parte.
	- Noção incidental: a de ignorância, que significa o completo desconhecimento acerca de pessoa ou coisa, ou seja, nada está registrado na mente.
	O CC menciona o instituto no título da matéria, mas não o disciplina; de qualquer forma, seus efeitos são equiparáveis aos do erro.
	Há uma alusão ao mesmo no art. 1.974 (testamento que é revogado quando o testador ignora a existência de herdeiros necessários).
	- Espécies de erro: substancial, acidental, de direito, falso motivo e transmissão errônea da vontade por meios interpostos.
	- Substancial: falsa noção acerca de pessoa ou coisa que deite fundamento em uma razão plausível, quer dizer, aquele que qualquer pessoa que aja com diligência ordinária seja capaz de cometê-lo (art. 138).	
Requisitos: ser conhecível, real e reconhecível.
Conhecível: justificável, ante as circunstâncias, mas a cognoscibilidade está associada não exatamente ao agente que incide em erro, mas a um padrão médio de comportamento humano, o que se verifica na expressão “que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”: ex.: adquirir-se uma peça do ramo da eletro-eletrônica imaginando-se ser uma, quando, de fato, é outra, por um leigo e ou técnico em eletrônica.
Real: passível de gerar efetivo prejuízo; não previsto em lei, mas que decorre do sistema.
Reconhecível: requisito igualmente não constante da legislação, mas que suscita controvérsias; trata-se da idéia da recognoscibilidade do direito italiano, pelo qual a outra parte pelo menos poderia reconhecer que o agente está incorrendo em erro; no entanto, malgrado a discussão, o fato é que a situação em muito se aproxima do dolo por omissão (art. 147), gerando o mesmo efeito, qual seja, a anulabilidade do NJ.
A diferença específica entre erro reconhecível e omissão dolosa é essa: o erro parte sempre da própria vítima, sendo que a outra poderia reconhecê-lo; contudo, na omissão dolosa a parte intencionalmente omite determinada circunstância, provocando o erro da vítima.
	Modalidades de erro substancial (art. 139, I e II): natureza do ato, objeto da declaração, qualidades essenciais do objeto, qualidades essenciais da pessoa.
Natureza do ato: quando se pretende praticar determinado NJ, mas, de fato, realiza-se outro; ex.: entrega de bem móvel a título de depósito e recebimento como doação.
Objeto da declaração: quando o objeto do NJ não era aquele pretendido pelo agente; ex.: pessoa adquire um terreno situado na Rua dos Ourives, 486, pensando se localizar em São Paulo-SP, quando, na verdade, situa-se em Boituva-SP.
Qualidades essenciais do objeto: também quando o objeto do NJ não era aquele pretendido pelo agente; ex.: pessoa adquire anel imaginando ter pertencido à Rainha Inês de Castro (Portugal), verificando depois que não pertencia.
Qualidades essenciais da pessoa: quando não se trata da pessoa com a qual se pretendia contratar, ou quando a pessoa é certa, mas não reúne as qualidades exigíveis; exs.: formar sociedade com homônimo desonesto, e casamento com pessoa que manifeste alguma das circunstâncias previstas no art. 1.557.
- Acidental: diz respeito às qualidades secundáriasou acessórias da pessoa ou da coisa, não implicando na anulabilidade do NJ (art. 142); ex.: compra-se casa situada na Rua Abílio Soares, 40, quando, na verdade, a mesma se situa no nº 42, da mesma rua.
- De direito: até agora examinadas hipóteses de erro quanto à pessoa ou coisa (seja do tipo substancial ou acidental), razão pela qual também são chamadas de erro de fato.
Já o erro de direito respeita à ocorrência de regramento jurídico para determinada matéria (art. 139, III), ou seja, desconhece-se a lei; considera-se também erro de direito o falso conhecimento da lei e/ou sua interpretação.
Problema da barreira do art. 3º, LI; como harmonizá-los?
Muito difícil, até porque o art. 139, III, afirma textualmente que o erro de direito não pode implicar na “recusa à aplicação da lei”; ex.: comercialização de aves silvestres em algum rincão do país, a qual é proibida por lei, mas de cuja existência não se tem conhecimento; pode-se, em tese, anular-se o NJ por erro de direito (no plano do DC), aplicando-se, assim, a lei ambiental (quer dizer, sem prejuízo da lei penal).
- Falso motivo: entenda-se primeiramente causa como o fim visado pela parte ao realizar o NJ (busca do efeito jurídico que é próprio de cada NJ).
Por outro lado, motivo é a razão de ordem psicológica que leva alguém a praticar um NJ.
Exs.: casamento (constituição de família/comunhão de vida pautada no amor); compra e venda (transmissão onerosa da propriedade/presente para o cônjuge).
O motivo, em princípio, situa-se fora da alçada do Direito e não significa nada, a não ser na hipótese do art. 140; ex.: testamento a quem se supõe filho, quando, de fato, não o é, mas o motivo, para anular o NJ, deve vir expresso como razão determinante da prática do mesmo.
- Transmissão errônea da vontade por meios interpostos: casos do art. 141, i.e., de transmissão defeituosa da vontade por instrumento (fax, nextel, e-mail, etc) ou núncio (mensageiro, representante, etc), o que torna o NJ anulável da mesma forma como as examinadas anteriormente.
- Outros assuntos ligados ao erro: convalescimento e erro de cálculo, dos arts. 144 e 143.
Convalescimento: evita-se a anulabilidade do NJ, pois o mesmo acaba sendo executado da maneira pensada pelo agente originariamente; corolário da idéia de ratificação de nulidades relativas do art. 172.
Erro de cálculo: trata-se de mero erro material, aritmético, passível de correção, sem importar na anulabilidade do NJ.
C-) DOLO:
	- Noção: é a falsa noção acerca de pessoa ou coisa, provocada pela outra parte; noutros termos, é o erro intencionalmente provocado na outra parte.
	Essa é a idéia específica de dolo, enquanto defeito do NJ no Direito Civil, mas, genericamente falando, trata-se da vontade deliberada de praticar ato prejudicial a outrem, ou simplesmente má-fé.
	Tal concepção genérica é de larga aplicabilidade no Direito como um todo: ainda no Direito Civil (ato ilícito do art. 186), Direito Penal (crimes e contravenções) e Direito Processual Civil (litigância de má-fé).
	No Direito Penal ainda se faz a distinção entre dolo direto e indireto (desejo do resultado da ação criminosa; a previsão do resultado é possível, embora não se queira propriamente atingi-lo), mas essa diferenciação é dispensável no Direito Civil.
	- Espécies de dolo: dolus bonus et malus, principal, acidental, positivo e negativo, de terceiro, do representante e de ambas as partes.
- Dolus bonus et malus: o da segunda categoria é o que verdadeiramente importa para fins de anulabilidade do NJ; já no dolus bonus não há o intuito de enganar ou prejudicar ninguém, cuidando-se apenas de práticas socialmente toleráveis; exs.: mentir para fazer alguém tomar remédio absolutamente indispensável, gabança natural de quem vende alguma coisa, desinteresse aparente de quem compra algo.
- Principal: igualmente denominado de essencial ou causal, previsto no art. 145.
Requisitos: intenção de fazer a outra parte incidir em erro e praticar o NJ, prática de fraude (o dolus malus) e constituir-se na razão determinante da realização do NJ (ou seja, no seu motivo, assim se devendo entender o vocábulo causa do art. 145).
Quer dizer, o NJ só é praticado em função do engodo a que foi submetida a parte.
- Acidental: estabelecido pelo art. 146, 2ª parte, significando que o contratante não só realiza, como iria realizar o NJ de qualquer forma, só que o faz em condições mais onerosas ou menos vantajosas; ex.: deseja-se comprar um castiçal, referentemente ao qual ainda se diz que é banhado a ouro, quando, de fato, é só niquelado, pagando-se por isso um preço maior.
Conseqüências: dolo principal = NJ anulável; dolo acidental = NJ continua válido, só gerando direito a perdas e danos (art. 146, 1ª parte).
- Positivo e negativo: ou por ação (comissivo) e omissão (omissivo)
Por outras palavras, o dolo comissivo revela-se em atos e artifícios externados.
Na omissão dolosa, por seu turno, oculta-se intencionalmente alguma coisa que a parte deveria saber, pois, se soubesse, não realizaria o NJ; ex.: ocultamento de moléstia grave quando da pactuação de seguro de vida (arts. 147 e 766).
OBS: a expressão contratos bilaterais do art. 147 há de ser entendida como contratos onerosos.
- De terceiro: questão abordada pelo art. 148, a qual se desdobra em duas situações possíveis, quais sejam, com a conivência e/ou conhecimento da parte a quem aproveita o NJ, ou sem a conivência e/ou conhecimento da parte a quem aproveita o NJ; ex.: terceiro convence comprador ardilosamente que o bem que está prestes a adquirir possui determinadas qualidades inexistentes.
No primeiro caso, o NJ é anulável; no segundo, ele é válido, só gerando direito a perdas e danos contra o terceiro.
- Do representante: hipótese do art. 149, só se aplicando à representação legal ou convencional de pessoas físicas.
Legal (pais, tutores e curadores): representado responde apenas até o limite do ganho que obteve, com ação de regresso contra o representante.
Convencional (mandato): representante e representado respondem solidariamente, com ação de regresso contra o representante.
- De ambas as partes: caso do art. 150, não tornando o NJ anulável e tampouco gerando direito a indenização por perdas e danos, como resultante da regra segundo a qual ninguém pode alegar a própria torpeza. 
08/09/14
A-) COAÇÃO:
	- Noção: é toda pressão exercida sobre uma pessoa para forçá-la a praticar determinado NJ (art. 151, caput).
	É a chamada vis compulsiva, ou seja, constrangimento psicológico.
	O CC sequer aborda a vis absoluta, ou seja, o constrangimento corporal que reduz a pessoa a mero instrumento passivo, mas, se tal ocorrer, a hipótese também será de coação.
	- Pressupostos: ameaça grave, injusta e iminente de dano à vítima, à sua família ou aos seus bens.
	Ameaça: motivo determinante da realização do NJ.
Grave: a gravidade depende da situação do coator e da vítima (art. 152), quer dizer, para a caracterização do “fundado temor de dano”, há se levar em conta os fatores como idade, sexo, condição geral, saúde e temperamento, pelo que se pode concluir que o CC adotou o critério concreto para a determinação da gravidade (e não o abstrato).
Injusta: critério do art. 153, pelo qual não se consideram injustas ameaças relacionadas ao exercício normal de um direito ou o mero temor reverencial; exs.: devedor que é ameaçado de ser processado caso não pague a dívida, e receio de o descendente desgostar ascendente a quem se deve obediência e respeito.
Iminente: atual, inevitável, cujos efeitos seriam sentidos desde logo.
De dano à vítima, à sua família ou aos seus bens: auto-explicativo, e se a coação disser respeito a pessoa não integrante da família, analisar-se-á se o caso é de anulabilidade (art. 151, parágrafo único).
- Coação de terceiros: prevista nos arts. 154 e 155, pela qual a coação é exercida por terceiro que não é parte no NJ viciado pela ameaça grave, injusta e iminente de dano à vítima, à sua família ou aos seus bens.
Efeitos: se a parte a quem aproveita a coação tivesse ou devesseter conhecimento da mesma, o NJ é anulável, e tanto a mesma como o coator respondem solidariamente (art. 154).
Mas, se não havia condições desse conhecimento, o NJ é válido, respondendo apenas o agente pela ameaça (art.155).
B-) ESTADO DE PERIGO:
	- Noção: NJ celebrado com enorme desproporção de prestações, causada por necessidade de salvamento (próprio ou de alguém da família), nos termos do art. 156, caput; exs.: vítima de naufrágio que doa bens móveis de alto valor para ser salvo; pessoa que se compromete a pagar altíssimo valor para alguém da família ser salvo de incêndio.
- Pressupostos: necessidade de salvamento conhecida pela outra parte, iminência de dano à vítima ou à sua família, assunção de obrigação excessivamente onerosa.
Necessidade de salvamento conhecida pela outra parte: situação extrema vivida por uma pessoa, da qual a outra parte se aproveita.
Iminência de dano à vítima ou à sua família: igual à coação, e se disser respeito a pessoa não integrante da família, analisar-se-á se o caso é de anulabilidade (art. 156, parágrafo único).
Assunção de obrigação excessivamente onerosa: desproporção entre prestação e contraprestação, com a nota de que, aqui, a desproporção é inicial, e não superveniente, o que redundaria em outro instituto, qual seja, o da teoria da imprevisão (cláusula rebus sic stantibus), pelo qual a prestação se torna extremamente onerosa devido a circunstâncias futuras, alheias à vontade, cujas conseqüências possíveis são a resolução pura e simples, sem direito a perdas e danos (art. 478) ou a revisão do contrato (arts. 479 e 480), de sorte que o mesmo continua em vigor, ou seja, há uma readequação dos elementos onerosidade/comutatividade (voltam a ser como eram antes).
Critério para a apuração da desproporção das prestações (art. 157, § 1º): valores da época da realização do NJ (dispositivo da lesão, aplicado por analogia).
C-) LESÃO: 
	- Noção: NJ celebrado com enorme desproporção de prestações, causada por inexperiência ou por necessidade premente, nos termos do art. 157, caput; exs.: imóvel vendido por valor irrisório por pessoa de poucas letras; imóvel vendido por valor irrisório por pessoa que precisa se mudar de cidade em função do emprego.
	A diferença específica entre o estado de perigo e a lesão é essa: nesta se trata de qualquer necessidade premente, ao passo que naquela a necessidade é ligada à própria sobrevivência da pessoa.
- Pressupostos: inexperiência ou necessidade premente, assunção de obrigação excessivamente onerosa.
Inexperiência ou necessidade premente: circunstância que deve ser determinada pontualmente, caso a caso.
Assunção de obrigação excessivamente onerosa: vide estado de perigo.
Critério para a apuração da desproporção das prestações (art. 157, § 1º): valores da época da realização do NJ.
Readequação da onerosidade do NJ, visando ao seu prosseguimento: possível, consoante o art. 157, § 2º.
D-) FRAUDE CONTRA CREDORES:
	- Introdução: toda obrigação jurídica é constituída por dois elementos fundamentais, a saber, dívida e responsabilidade patrimonial.
	O significado disso é que a pactuação de uma obrigação gera uma dívida (comportamento do devedor que impõe ao mesmo dar, fazer ou não fazer alguma coisa), e que, caso não seja cumprida, acarreta a responsabilidade patrimonial do devedor (fica sujeito às ações judiciais cabíveis por parte do credor, que procurará ver-se pago com bens constantes do patrimônio ativo do devedor).
	Muito antigamente, a responsabilidade do devedor recaía não sobre o seu patrimônio ativo, e sim sobre seu corpo diretamente (poderia ser reduzido à condição de escravo, ser mutilado ou até mesmo morto pelo credor), o que restou superado apenas com o advento da lex poetelia papiria.
	Seja como for, a idéia central, até aqui, é a de que os bens do devedor garantem o cumprimento da obrigação (bens do devedor = garantia da dívida).	
	- Noção de FCC: dá-se quando o devedor frustra essa garantia, mediante o comprometimento deliberado ou involuntário de seu patrimônio ativo, fazendo com que, assim, reduza ou desapareça a mesma (art. 158).
	A nota distintiva é que basta a caracterização do elemento objetivo (frustração da garantia) para a conceituação do instituto, o que se denota da expressão “ainda quando o ignore” contida no art. 158.
	Isso não quer dizer que inexista elemento subjetivo (propósito de frustração da garantia), mas é desconsiderado para fins de concretização da fraude contra credores.
Noutros termos, a intenção fraudulenta está in re ipsa, vale dizer, remanesce implícita, independendo, pois, de prova.
	A verificação do elemento subjetivo (intenção de prejudicar credores) somente é verificável para fins de eventual proteção aos terceiros adquirentes de boa-fé, nos termos do art. 161, a contrario sensu, como o que ocorre, por exemplo, quando o devedor doa bem para alguém, que o vende a terceiro de boa-fé.
	Tal redunda, em suma, numa contradição em termos, já que o termo ‘fraude’ designa justamente esse elemento subjetivo (consilium fraudis), ao passo que o objetivo é denominado de eventus damni.
	Acontece que, historicamente falando (Direito Romano), havia a necessidade da comprovação da má-fé do devedor, o que modernamente se dispensa.
	- Elementos: atos de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, insolvência, credores quirografários e sistema geral de garantia.
	Atos de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida: doação (art. 538 e ss.) e perdão de dívida (art. 385 e ss.), exceto atos de cunho ordinário que visam à própria manutenção e subsistência (art. 164), como o que acontece, v.g., com a reposição de estoque feita por comerciante ou a aquisição de mantimentos para o lar.
Insolvência: verifica-se quando o valor das dívidas excede a importância dos bens do devedor.
Credores quirografários: do grego chiro (mão), significando que o credor quirografário é aquele que possui apenas um pedaço de papel nas mãos, ou seja, o NJ que criou a obrigação; por outras palavras, a única garantia que possui são os bens do devedor, de maneira geral.
Sistema geral de garantia: o definido pela presença dos bens do devedor (seu patrimônio ativo).
- Complementos: contratos onerosos, pagamento antecipado de dívidas, sistema especial de garantia, credores reais, concessão de garantias, ação pauliana, FCC incidental, e fraude à execução.
Contratos onerosos: aqueles nos quais há afetação patrimonial positiva e negativa para ambas as partes ao mesmo tempo; em princípio, não implicam em FCC, a não ser na hipótese do art. 159 (insolvência notória ou conhecida pela outra parte = presença de elemento subjetivo), mas o adquirente dos bens do devedor insolvente pode evitar a anulabilidade depositando o preço em juízo (art. 160).
Pagamento antecipado de dívidas: caso do art. 162, mediante o qual um dos credores quirografários recebe dívida vincenda, porém ainda não vencida; a situação gera a obrigação de se devolver o quantum recebido em benefício do rol de credores.
Sistema especial de garantia: a par do sistema geral de garantias, denotado pelos bens do devedor, pode-se lançar mão de reforço; são as chamadas garantias pessoais (aval e fiança) e reais (penhor, hipoteca e anticrese).
Credores reais: ou com direito real de garantia; não possuem interesse na FCC, porquanto podem excutir os bens dados especificamente em garantia, tenham ou não sido alienados pelo devedor.
Concessão de garantias: devedor insolvente que confere garantia especial a um dos credores (art. 163); isso privilegia determinado credor (que deixa de ser quirografário) em detrimento dos outros, o que conduz à anulabilidade do NJ também.
Ação pauliana: origem da denominação por causa de um pretor romano chamado Paulo, é também designada como ação revocatória (arts. 161 e 165), de rito comum ordinário, a qual não pode ser vazada incidentalmente em outro feito (Súmula nº 195, STJ, por extensão, já que se a proíbe via embargos de terceiro); deve ser movida contra todos os interessados (devedor, beneficiário e terceiroadquirente), em regime de litisconsórcio passivo necessário (art. 47, CPC), e objetiva a desconstituição do(s) NJ(‘s) que implicou(aram) na diminuição do patrimônio ativo do devedor, retornando-se, assim, ao status quo ante.
FCC incidental: às vezes o instituto aparece incidentalmente com outras figuras, como o que acontece, por exemplo, na renúncia fraudulenta da herança (art. 1.813), ou na simulação (vide aula seguinte).
Fraude à execução: incidente processual que pressupõe ação já em curso perante o devedor, o qual pratica atos de alienação ou oneração de bens (art. 593, CPC); caracterizada pela presunção de conhecimento do registro da penhora ou da má-fé do terceiro adquirente (Súmula nº 375, STJ). 
15/09/14
A-) SIMULAÇÃO:
	- Enquadramento: tradicionalmente, a simulação vem elencada ao lado dos demais vícios do NJ, examinados anteriormente, primeiro em função da disposição da matéria no CC antigo, e depois porque os efeitos eram os mesmos (todos os defeitos do NJ importavam em sua nulidade relativa).
	No atual CC, o tema da simulação foi deslocado para outro capítulo, mas tal não altera a sua verdadeira essência, qual seja, vício do NJ; apenas quanto aos efeitos a alteração foi mais substancial, porque todos os outros implicam em nulidade relativa, ao passo que a simulação agora acarreta a nulidade absoluta do NJ.
- Noção: é caracterizada pela criação de um desacordo intencional entre a real vontade das partes e a declaração formalmente contida no NJ, ou, no vetusto dizer de Clóvis Beviláqua, “é a declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do ostensivamente indicado”.
	Enfim, as partes fingem praticar NJ que na realidade não desejam, almejando enganar ou prejudicar terceiros.
	- Características: não corresponde à intenção das partes; é sempre acertada com a outra parte ou com a pessoa a quem a simulação se destina; realizada no intuito de lesar terceiros.
Não corresponde à intenção das partes: o mencionado desacordo, a proposital divergência entre intenção e declaração.
É sempre acertada com a outra parte ou com a pessoa a quem a simulação se destina: nos NJ’s onde há manifestação de vontade dúplice fica mais fácil visualizar a simulação, mas ela ocorre também em atos emanados exclusivamente por uma pessoa só; exs.: marido que simula compra e venda com amante para, na verdade, doar bem móvel à mesma, e reconhecimento de filho visando à transferência fraudulenta de bens.
Realizada no intuito de lesar terceiros: esses terceiros podem ser direta ou indiretamente relacionados ao ato praticado; exs.: nos exemplos anteriores, a esposa e os credores, cabendo ainda notar que o fisco revela-se igualmente interessado nos casos em que há desacordo entre o valor declarado e o real do negócio.
- Espécies: absoluta e relativa.
Absoluta: o NJ é praticado, mas, na verdade, a intenção não era praticar NJ algum, ou seja, no plano da intenção das partes há a completa ausência de realidade: ex.: marido que, estando prestes a se separar, emite notas promissórias de alto valor a favor de um amigo, apenas para subtrair bens à partilha e, em conseqüência, não fazer a meação com a esposa.
Relativa: o NJ é praticado com a intenção de encobrir a prática de outro NJ.
Comporta três sub-espécies: quanto à natureza do NJ, quanto ao conteúdo do NJ e quanto às partes do NJ.
Quanto à natureza do NJ (art. 167, § 1º, II): o NJ praticado é de natureza diversa do ocultado; ex.: marido x amante (compra e venda, doação).
Quanto ao conteúdo do NJ (art. 167, § 1º, II e III): tanto o NJ praticado como o ocultado são da mesma natureza, mas o NJ praticado contém elementos diferentes ou inexatos em relação ao NJ ocultado; exs.: compra e venda com preço formal inferior ao realmente pago; guia de importação antedatada.
Quanto às partes do NJ (art. 167, § 1º, I): no NJ praticado uma das partes é diferente da do NJ ocultado (simulação por interposta pessoa); ex.: ascendente que realiza compra e venda com descendente, necessita, para tanto, de autorização dos demais descendentes e do cônjuge (art. 496), e, a fim de burlar a regra, faz o negócio com terceira pessoa, que depois repassa o bem ao descendente.
- Efeitos: seja a simulação absoluta ou relativa, em ambos os casos ela gera a nulidade absoluta do NJ simulado (art. 167, caput, 1ª parte).
Relativamente ao NJ ocultado, se inexistir (simulação absoluta), sequer se cogita do assunto; se existir (simulação relativa), será nulo ou válido, conforme o caso (arts. 167, caput, 2ª parte, e 170).
Aplicativos: vide exemplos.
Terceiros de boa-fé (art. 167, § 2º): o mencionado preceptivo consagra o princípio da inoponibilidade do NJ simulado aos terceiros de boa-fé, ou seja, não são os mesmos afetados pela simulação das quais não tenham conhecimento.
B-) NULIDADES:
	- Lembrar uma vez mais concepção estruturalista do NJ, examinada no início do semestre.
- Estrutura do negócio jurídico:
 planos da existência, validade e eficácia
 idéias centrais:
 1-) em primeiro lugar, é preciso verificar se estão presentes os
 elementos materiais mínimos para que o NJ pelo menos exista
 2-) depois, é preciso checar se a declaração preenche uma série de 
 requisitos que a lei impõe como indispensáveis à validade do NJ
 3-) por fim, uma vez que o NJ exista e seja válido, resta constatar se ele
 reúne todos os fatores capazes para fazer com que o mesmo produza
 os efeitos que lhe são próprios
- Existência:
 palavra-chave: elementos
 elementos materiais mínimos para que o NJ pelo menos exista
 três modalidades: gerais, categoriais e particulares
 gerais: comuns a todo e qualquer NJ
 categoriais: específicos do NJ considerado
 particulares: opcionais ao NJ considerado
- Validade:
 palavra-chave: requisitos
 requisitos formais para que o NJ seja válido
 caso contrário haverá nulidade absoluta ou relativa
 análise qualitativa dos elementos de existência
 = saber-se se aquilo que existe também é válido
 três modalidades: gerais, categoriais e particulares
 gerais: comuns a todo e qualquer NJ
 categoriais: específicos do NJ considerado
 particulares: opcionais ao NJ considerado
- Eficácia:
 palavra-chave: fatores
 fatores exógenos ao NJ que liberam os efeitos que lhe são próprios
 OBS.: elemento não obrigatório
	- Na parte geral do CC, ater-se-á aos requisitos gerais de validade, ou seja, comuns a todo e qualquer NJ, previstos no art. 104.
	Por seu turno, a análise dos requisitos categorias de validade e dos requisitos particulares de validade (específicos do NJ considerado e opcionais ao NJ considerado, respectivamente), fica por conta do exame individualizado de cada NJ, o que se dará no decorrer do curso.
	- Requisitos gerais de validade: agente capaz ou legitimado, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei.
	- As nulidades, em suma, afetam o plano da validade do NJ, ou, por outras palavras, é o reconhecimento por meio do qual se atesta a existência de um NJ, o qual, porém, não está apto a produzir ou continuar a produzir os efeitos que lhe são próprios, em função da falta de algum requisito de validade.
	Ou ainda: é todo vício (defeito, imperfeição, mácula) que retira do NJ a sua validade e, conseqüentemente, impede que o mesmo produza ou continue a produzir os efeitos que lhe são próprios.
	- Espécies de nulidade: absoluta e relativa.
	A diferença entre ambas é meramente de grau, e não de natureza, ou seja, trata-se da mesma coisa com intensidades diferentes.
Aqui, cumpre recordar, comparativamente, o que acontece com a incapacidade de exercício, tornando as pessoas físicas absoluta ou relativamente incapazes (arts. 3º e 4º); também se cuida da mesma coisa com intensidades diferentes.
Terminologia: nulidade absoluta = nulo (ou apenas nulidade);
		 nulidade relativa = anulável (ou anulabilidade).
- Hipóteses: absoluta (arts. 166 e 167), e relativa (art. 171).
Absoluta: art. 166, I a V = por oposição ao art. 104, com nota para os absolutamente incapazes;
arts. 166, VI, e 167 = simulação;art. 166, VII = remissão aos casos esparsos do CC.
Relativa: art. 171, I = relativamente incapazes;
		 art. 171, II = erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo e fraude contra credores;
 art. 171, caput = remissão aos casos esparsos do CC.
	Outros casos esparsos pelo CC: por exemplo, compra e venda entre ascendente e descendente (art. 496), compra e venda em função da qualidade da parte (art. 497), casamento nulo (art. 1.548), casamento anulável (art. 1.550).
- Quem pode alegar: nulidade absoluta = qualquer interessado, o MP e até o juiz, de ofício (art. 168, caput);
nulidade relativa = só o interessado (art. 177, 
2ª parte).
- Ratificação: ato por meio do qual a nulidade é extirpada ou suprida, de sorte que o NJ continua a produzir efeitos, como se nunca tivesse havido qualquer problema com a sua validade.
Possível na nulidade relativa, impossível na nulidade absoluta (arts. 168, parágrafo único, e 169; e arts. 172 a 176).
A ratificação pode ainda ser expressa ou tácita.
- Partes destacáveis: pressupõe se trate de um NJ cujas partes sejam destacáveis; assim, a nulidade é declarada somente em relação à parte não válida (art. 184, 1ª parte); ex.: compra e venda com cláusula de preferência que desatenda aos prazos do art. 513, parágrafo único.
- Efeitos: seja nulidade absoluta, seja relativa, uma vez reconhecida por sentença, os efeitos da declaração da falta de nulidade retroagem à data do NJ, extirpando-o do mundo jurídico; ou seja, os efeitos são sempre ex tunc (art. 182).
- Obrigações acessórias e principais: a nulidade destas implica na daquelas, mas o inverso não é verdadeiro (art. 184, 2ª parte); ex.: locação e fiança.
- Prazos para o ajuizamento de ação: que visam à decretação da nulidade, que são maiores na absoluta do que na relativa, já que o vício, naquela, é mais grave.
Nulidades relativas: arts. 178 e 179 (04 e 02 anos, salvo disposição específica, como, por exemplo, o casamento anulável, consoante o art. 1.560).
Nulidades absolutas: em princípio, 10 anos (art. 205), salvo disposição específica, como, por exemplo, o casamento nulo, que se mostra imprescritível (art. 1.549).
- Outras disposições: prazos (arts. 178 e 179); incapazes (arts. 180 e 181); NJ inexistente.
Menores: ocultação dolosa da idade feita por menor não pode beneficiá-lo (art. 180); aplicação do princípio geral de direito pelo qual ninguém pode alegar a própria torpeza.
Incapazes em geral: ninguém pode reclamar o que se pagou a um incapaz, a menos que se prove que o proveito do NJ reverteu em benefício do incapaz (art. 181, com aplicativo no art. 310).
	NJ inexistente: não previsto especificamente pela legislação; mas, em ocorrendo, deve ser tratado como nulo.
	- Quadro comparativo das nulidades:
	Nulidade absoluta Nulidade relativa
NJ nulo NJ anulável
vícios mais graves vícios menos graves
nulidade anulabilidade
casos (arts. 166 e 167) casos (art. 171)
alegabilidade ampla alegabilidade restrita
não ratificável ratificável
destacabilidade destacabilidade
efeitos ex tunc efeitos ex tunc
prazos maiores prazos menores
29/09/14
A-) RESPONSABILIDADE CIVIL:
	- Lembrar do fato jurídico lato sensu: todo acontecimento relevante para o mundo do Direito; faz nascer, modificar, subsistir, desenvolver-se e extinguir uma relação jurídica
- Quadro
 FJSS O
		 E
FJLS			 AJML
		 AJSS
	 AJLS	 NJ 
		 AI
- Fato jurídico stricto sensu
 = eventos da natureza, esperados ou inesperados, e, por semelhança,
 condutas humanas das quais se abstrai a parte volitiva em função da
 predominância do elemento factual
 exs.: nascimento, falecimento, alagamento, raio, união estável, greve
 hipóteses eventuais de caso fortuito e força maior
- Ato jurídico lato sensu
 = ato de vontade genericamente considerado
- Ato jurídico stricto sensu
 = ato de vontade especificamente considerado
 ato jurídico meramente lícito
 = observância passiva à lei
 exs.: dirigir na velocidade permitida
 negócio jurídico
 = ato volitivo que implica no estabelecimento de relação jurídica
 exs.: casamento, adoção, compra e venda, doação, locação
 ato ilícito
 = ato volitivo (ação ou omissão) contrário à lei
 dá ensejo ao tema da responsabilidade civil
	- O NJ, em sua modalidade contratual, quando descumprido, gera a responsabilidade civil subjetiva contratual, nos termos do art. 389 (tema a ser verificado a partir do 2º ano).
	Não confundir com o assunto ligado às nulidades, visto anteriormente: nelas, o NJ não é válido (nulidade absoluta ou relativa), não estando apto, portanto, a produzir efeitos, indenizando-se a parte inocente, se for o caso (art. 182).
	- Já o ato ilícito extracontratual não pressupõe um NJ previamente estabelecido pelas partes, tratando-se, diferentemente, de condutas capazes de gerar prejuízos, gerando a responsabilidade civil subjetiva extracontratual (art. 186), tema a ser verificado agora.
	- Eis aí, destarte, as fontes da responsabilidade civil: o ilícito contratual e o ilícito extracontratual (doravante denominado simplesmente ato ilícito).
B-) ATO ILÍCITO:
	- Resumidamente, portanto, tem-se que o ato ilícito é a conduta culposa contrária à lei, prejudicial a outrem.
	- Elementos dessa relação jurídica: pólos obrigacionais, prejuízo, conduta e culpa.
Pólos obrigacionais: quem, de um lado, pratica o ato ilícito, e, de outro, quem experimenta um prejuízo; por outras palavras, o autor do dano (ou agente) e a vítima.
Prejuízo: dano experimentado pela vítima.
Conduta: ato de natureza extracontratual capaz de causar prejuízo à vítima.
Culpa: a conduta do agente há de ser qualificada como culposa, em sentido amplo.
C-) RESPONSABILIDADE CIVIL:
- Idéia de responder pelas conseqüências de uma conduta no plano civil.
- No DC, significa, assim, que o autor do dano deve responder com seu patrimônio pelo dano causado à vítima, reparando, portanto, os prejuízos causados à mesma.
Nota de que o agente responde com seu patrimônio, e não com sua liberdade, salvo a obrigação de prestar alimentos; já na responsabilidade penal, ocorre o contrário e o autor do delito responde, em regra, com sua liberdade, e apenas eventualmente com seu patrimônio ou mediante prestação de serviços.
Esse princípio norteador do DC decorre da vetusta lex poetelia papiria, do tempo dos romanos, pela qual a execução deixou de recair sobre o corpo do devedor.
- Seqüência lógica: autor do dano pratica ato ilícito;
 vítima sofre dano;
 autor do dano indeniza a vítima;
 dano é reparado.
	- Daí a idéia do termo indenizar, do latim indemnizare, que significa literalmente “colocar alguma coisa no lugar”, ou seja, a indenização ocupa o lugar do prejuízo sofrido pela vítima.
	- Espécies de responsabilidade civil: subjetiva extracontratual, subjetiva contratual e objetiva.
- Responsabilidade civil subjetiva extracontratual (RCSE): assunto ora abordado (art. 186 e ss.); ilícitos extracontratuais que dependem da caracterização da culpa do agente, ou seja, há a análise subjetiva de sua conduta.
- Responsabilidade civil subjetiva contratual (RCSC): tema ligado ao 2º ano (art. 389 e ss.); ilícitos contratuais que também dependem da caracterização da culpa do autor do dano, ou seja, há a análise subjetiva de sua conduta, mas de maneira diferenciada em relação à RCSE.
- Responsabilidade civil objetiva (RCO): objeto de verificação mais específica no 3º ano (art. 927 e ss.); ilícitos extracontratuais ou contratuais que independem da caracterização da culpa do autor do dano, ou seja, há a análise meramente objetiva de sua conduta.
D-)RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA EXTRACONTRATUAL:
	- Outra denominação: responsabilidade aquiliana, do tribuno romano Aquilio, da época da República; criou a lex aquilia, aprovada em plebiscito, a qual continha o gene da idéia de responsabilidade civil, prevendo-a para alguns casos (escravos), cuja abrangência foi ampliada posteriormente pela jurisprudência mediante a aplicação de analogia.
	- Pressupostos de configuração: requisitos para que a RCSE se configure, ou seja, ação ou omissão do agente (conduta do autor do dano), culpa do agente, existência de um dano e nexo de causalidade, ou, mais sucintamente, conduta, culpa, dano e nexo causal.
	Fundamento legal básico: arts. 186, 927, caput, e 944, caput.
	Ônus da prova: cabe à vítima provar a ocorrência desses quatro requisitos de configuração.
	- Conduta: ação (conduta comissiva) ou omissão (conduta omissiva) do agente, vale dizer, comportamento ativo ou passivo do agente.
- Culpa: qualificação subjetiva da conduta do agente, tornando-a culposa.
Culpa a ser considerada: do tipo lato sensu, fazendo englobar, assim, o dolo e a culpa stricto sensu.
Dolo: nos defeitos do NJ examinados anteriormente, trata-se do propósito de fazer a outra parte incidir em erro; aqui, significa agir com a intenção de causar dano a outrem.
No Direito Penal, o dolo se divide em direto e indireto, e este, por seu turno, em alternativo e eventual, mas tal classificação é irrelevante do ponto de vista do DC.
Culpa stricto sensu: revelada pelas figuras da negligência, imprudência e imperícia; a primeira implica em não se fazer o que se deve, a segunda em fazer o que não se deve, e a terceira em se desatender norma técnica a que se está legalmente obrigado (art. 186).
- Outras classificações da culpa em sentido estrito: in concreto e in abstrato; in eligendo e in vigilando; in custodiendo; grave, leve e levíssima; concorrente; exclusiva da vítima.
In concreto e in abstrato: critério que visa à caracterização da culpa do agente, que parte da análise pontual de cada caso (in concreto) ou de um modelo conceitual (in abstrato); Brasil adota o primeiro.
In eligendo e in vigilando: culpa pela escolha e vigilância dos atos praticados por pessoas que estejam sob dependência (art. 932, I a IV).
In custodiendo: culpa decorrente da guarda de animais (art. 936).
Grave, leve e levíssima: negligência, imprudência e imperícia relevantes; falta que qualquer pessoa poderia cometer; falta evitável apenas por especial diligência (art. 944, parágrafo único).
Concorrente: dá-se quando ambas as partes agem com culpa (art. 945).
Exclusiva da vítima: ocorre se somente a vítima contribui culposamente para a verificação do dano (art. 14, § 3º, II, CDC).
- Dano: prejuízo experimentado pela vítima.
Requisitos para a verificação do dano: certeza e atualidade; esta significa que o dano existe ou já existiu (excluindo-se, assim, o dano futuro), ao passo que aquela indica que o dano é fundado em fatos concretos (e não em hipóteses).
Espécies de dano: patrimonial e moral.
Dano patrimonial: lesão de índole puramente material causada na vítima, a qual recai sobre seu corpo ou seu patrimônio propriamente dito; aqui, o corpo é entendido como instrumento de trabalho (arts. 949 e 950).
Sub-espécies de dano patrimonial: dano emergente, lucro cessante (arts. 402 e 403) e indenização suplementar (art. 404, parágrafo único).
Dano emergente (damnus emergens): o que efetivamente se perdeu, ou seja, é aquilo que corresponde à efetiva diminuição do patrimônio.
Lucro cessante (lucrum cessans): o que se deixou de ganhar, quer dizer o ganho do qual se ficou privado, consoante os critérios da razoabilidade, previsibilidade e imediatidade.
Razoabilidade: ganho habitual médio.
Previsibilidade: ganho que decorre do desenvolvimento normal da atividade, de sorte que variações súbitas estão excluídas.
Imediatidade: ganho que decorre diretamente do desenvolvimento da atividade.
Indenização suplementar: aplicável somente no âmbito dos contratos (RCSC), sendo devida apenas no caso de inocorrência de multa convencional (moratória ou compensatória, art. 408 e ss.).
Dano moral: lesão que implica em sofrimento acentuado por parte da vítima, sofrimento esse que não é medido por nenhuma perda de ordem patrimonial, noutros termos, é o dano que atinge o patrimônio ideal da vítima, assim considerada a vítima pessoa física (art. 186).
Independe da ocorrência de dano patrimonial para ser tornar indenizável (Súmula nº 37, STJ).
Pessoas jurídicas também podem sofrer dano moral, consoante a Súmula nº 227, do STJ.
Finalidades da indenização por dano moral: reparar a vítima, punir o ofensor e advertir a sociedade das conseqüências do evento (efeito pedagógico).
Montante da indenização por dano moral: fixado pela parte autora na inicial e arbitrado pelo juiz quando da prolação da sentença; costuma-se estimá-lo em cinqüenta vezes o valor do dano patrimonial.
Sub-espécie de dano moral: é o dano estético, ou seja, a deformidade ou aleijão que atinge o corpo da vítima de maneira indelével; é indenizável concomitantemente com o dano patrimonial e o moral, conforme o caso (Súmula nº 387, STJ).
- Nexo causal: relação de causa e efeito existente entre a conduta culposa do agente e o dano experimentado pela vítima, quer dizer, o dano há de ter sido causado pela conduta culposa do agente. 
06/10/14
A-) EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL:
	- Circunstâncias que excluem ou pelo menos atenuam o dever de indenizar: culpa concorrente, culpa exclusiva da vítima, desproporção entre culpa e dano, caso fortuito e força maior, legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de um direito reconhecido e cláusula de não indenizar.
- Culpa concorrente: dá-se quando ambas as partes agem com culpa (art. 945); nesse caso, medem-se os graus de culpa (grave, leve e levíssima) do autor do dano e da vítima para se arbitrar a indenização, minorando-se, assim, a mesma.
- Culpa exclusiva da vítima: ocorre se somente a vítima contribui culposamente para a verificação do dano (art. 14, § 3º, II, CDC); exclui por completo qualquer indenização.
- Desproporção entre culpa e dano: verifica-se quando o dano causado é muito grande, proporcionalmente ao grau de culpa (art. 944, parágrafo único); gera a redução da indenização.
- Caso fortuito e força maior: fenômenos produzidos sem a intervenção humana (ou com intervenção humana com preponderância, entretanto, de elemento factual), que refogem ao comum; são os fatos jurídicos stricto sensu extraordinários (art. 393) e conduzem à exclusão da indenização.
Caso fortuito: eventos da natureza imprevisíveis e inevitáveis.
Força maior: eventos nos quais há intervenção humana com preponderância, entretanto, de elemento factual (greve, congestionamento, etc).
- Legítima defesa: prevista no art. 188, I, 1ª parte, cujo conceito é extraível do Direito Penal (CP, art. 25); trata-se da auto-defesa dos direitos violados diante de injusta agressão, a qual só é permitida em casos extremos, já que a regra geral é orientada no sentido de que as partes interessadas valham-se do aparato judiciário.
Exclui o dever de indenizar, salvo o excesso doloso ou culposo (CP, art. 23, parágrafo único); ex.: posse (art. 1.210, § 1º).
Terceiros afetados, porém, devem ser indenizados, cabendo apenas ação de regresso do autor do dano contra quem praticou a injusta agressão (art. 930, parágrafo único).
- Estado de necessidade: estabelecido pelo art. 188, II, e parágrafo único, com conceito também advindo do Direito Penal (CP, art. 24), significando, no plano do DC, a geração de dano visando a remover perigo iminente, dano esse que pode recair sobre pessoa ou coisa.
Só exclui o dever de indenizar, porém, relativamente a quem causou a situação de perigo (arts. 929 e 930, caput), de sorte que outras pessoas afetadas devem ser indenizadas, cabendo ação regressiva do autor do dano contra quem causou o perigo.
- Exercício regular de um direito reconhecido: estatuído pelo art. 188, I, 2ª parte, tema indelevelmenteassociado ao do abuso de direito (art. 187).
A questão que se coloca é a seguinte: quem exercita um direito reconhecido por lei pode causar dano a outrem?
A idéia era inconcebível dentro do prisma do individualismo, que perdurou até a primeira metade do Século XIX, mas começou a se notar que o exercício desmesurado de um direito era efetivamente capaz de lesar terceiros.
Esse exercício desmesurado, por seu turno, era revelado por atos meramente emulativos e/ou excessivos; exs.: construção de muro de diviso alto apenas para bloquear a incidência de raios solares no imóvel vizinho.
Passou-se a propugnar, desse modo, não só pelo exercício de um direito reconhecido por lei, porém mais precisamente pelo exercício regular de um direito reconhecido por lei, e é isso que faria com que ele atendesse à sua finalidade social (art. art. 5º, XXII e XXIII, CF, que versa acerca do direito de propriedade).
Nasciam, assim, as idéias, de um lado, do exercício regular de direito, e, de outro, do abuso de direito, que se completam e estão uma para a outra, já que a primeira constitui excludente de ilicitude civil (art. 188, I, 2ª parte), enquanto que a segunda importa na prática de ato ilícito (art. 187).
- Cláusula de não indenizar: assunto pertinente apenas à RC advinda dos contratos.
Revela-se aceitável somente quanto pactuada livre e expressamente pelas partes; caso contrário, trata-se de mera declaração unilateral de vontade.
B-) RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA CONTRATUAL:
	- Outra denominação: inadimplemento obrigacional, oriunda da inexecução das obrigações contratualmente assumidas.
	- Pressupostos de configuração: requisitos para que a RCSC se configure, ou seja, ação ou omissão do agente (conduta do autor do dano), culpa do agente, existência de um dano e nexo de causalidade, ou, mais sucintamente, conduta, culpa, dano e nexo causal.
	Fundamento legal básico: arts. 389, 391 e 392.
	Os requisitos são os mesmos da RCSE (ou aquiliana), mas o modo de funcionamento é um pouco diferente.
	Com efeito, a ação ou omissão do agente (conduta) equivale à inexecução da obrigação por parte do devedor.
	Já a culpabilidade do agente decorre automaticamente dessa inexecução, pois, se o devedor livremente se obrigou ao contratar, deve provar a sua ausência de culpa pelo fato; aqui é que aparece a diferença específica entre a RCSC e a RCSE, porquanto nesta cabe à vítima demonstrar a ocorrência de culpa por parte do autor do dano, enquanto que naquela a culpa do agente se presume (presunção relativa), cabendo ao mesmo demonstrar a sua não culpa (= inversão do ônus da prova, do ponto de vista processual).
	O dano resta evidenciado pela circunstância de o credor sofrer os prejuízos decorrentes da inexecução do contrato.
	O nexo causal, por último, é óbvio, já que a inexecução culposa da obrigação causa danos.
- Ônus da prova: cabe à vítima (credor) provar a ocorrência de três dos requisitos de configuração (conduta, dano e nexo causal), restando presumida a culpa do agente (devedor), de sorte que caberá ao mesmo demonstrar a sua não culpa pelo descumprimento da obrigação.
Nota quanto à culpabilidade do agente: o CC (art. 392) diferencia os contratos onerosos dos gratuitos (conforme envolvam ou não ganho/perda patrimonial para ambas as partes).
Nos onerosos, quaisquer das partes responde por culpa lato sensu; nos gratuitos, a parte a quem aproveita o contrato só responde por culpa lato sensu, ao passo que a parte a quem o contrato não aproveita só responde por dolo.
C-) RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA:
	- Outra denominação: responsabilidade sem culpa ou independentemente de culpa.
- Pressupostos de configuração: requisitos para que a RCO se configure, ou seja, ação ou omissão do agente (conduta do autor do dano), existência de um dano e nexo de causalidade, ou, mais sucintamente, conduta, dano e nexo causal.
	Fundamento legal básico: art. 927, parágrafo único.
	Na RCO, portanto, sequer se cogita do elemento culpa do autor do dano; daí também a razão da denominação de todos esses modelos de RC.
	Com efeito, a RCSE contém a qualificação subjetiva porque a conduta do autor do dano é qualificada subjetivamente, ou seja, deve-se investigar se está ou não eivada de culpa lato sensu.
	Assim também a RCSC, com a diferença de que a culpa do autor do dano resta presumida, invertendo-se o ônus da prova, de modo que o mesmo é que deve provar a sua não culpa.
	É por isso que o modelo ora tratado é chamado de RCO, posto que a conduta do autor do dano é analisada objetivamente, independentemente de ser culposa ou não.
	- Aplicabilidade restrita: a RCO se aplica somente quando a lei assim estabelecer; por outras palavras, a mesma é voltada tanto ao campo extracontratual como contratual enquanto alternativa aos modelos clássicos da RCSE e RCSC, mas somente mediante expressa determinação legal.
	Exs.: extracontratual = art. 37, § 6º, CF, quando da atuação do Poder Público; contratual = art. 734, no contrato de transporte.
D-) EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL:
	- Nos primórdios da teoria da responsabilidade civil, cabia à vítima provar a culpa do causador do dano, em qualquer situação, mas com o tempo começou-se a verificar que tal se mostrava extremamente desvantajoso em determinados casos.
	De fato, a sociedade moderna se tornou mais complexa, pois é dominada por grandes corporações privadas e estatais, sem contar que a gama de contratos firmados entre as pessoas cresceu vertiginosamente à medida em que se abandonou a economia de subsistência, na qual as pessoas não estabeleciam muitas relações jurídicas entre si.
	Quer dizer, fazer prova da culpa a todo instante no mundo dos contratos ou fazer prova da culpa contra grandes corporações públicas e privadas (economicamente fortes) era algo extremamente penoso.
	- Solução: criação de mecanismos que privilegiassem a situação da vítima.
	O primeiro deles foi o da RCSC, pelo qual se presume a culpa do autor do dano, fazendo, assim, com que o mesmo é que tenha que demonstrar a sua não culpa.
	O segundo diz respeito à RCO, mediante o qual nem se cogita da culpabilidade da conduta do autor do dano.
D-) QUADRO COMPARATIVO DA RESPONSABILIDADE CIVIL:
RCSE RCSC RCO
conduta conduta conduta
culpa l.s. culpa l.s. presumida ------------
dano dano dano
nexo causal nexo causal nexo causal
art. 186 art. 389 art. 927, par. ún. 
27/10/14
A-) INTRODUÇÃO:
	- As idéias centrais acerca da prescrição e da decadência apontam para o fato de que, assim como tudo na vida possui um tempo apropriado para acontecer, também no Direito há um momento oportuno para o exercício de prerrogativas.
	Trata-se do fator tempo influindo tanto na aquisição como na extinção de direitos; por outras palavras, o aspecto temporal consolida determinadas situações, gerando, em conseqüência, a aquisição ou a extinção de direitos.
	Dentro desse contexto é que serão analisadas as figuras da prescrição e da decadência.
B-) PRESCRIÇÃO:
	- Do latim praescriptio, significando literalmente “algo aposto antes por escrito”, ou, mais especificamente, facultava-se ao réu apor um escrito antes da primeira fase da fórmula processual romana, a demonstratio, visando a se deixar de examinar uma causa inoportuna do ponto de vista temporal.
	Portanto, a princípio, a praescriptio designava somente o caráter introdutório da medida, porquanto escrita antes da fórmula; mas, mediante evolução conceitual, o termo passou a significar a própria matéria contida nessa parte preambular da fórmula.
	- Modernamente, segue-se a mesma ordem de idéias, e a prescrição consiste em matéria preliminar, ou seja, aquilo que, sob uma perspectiva lógica,

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