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Tradução: Indo Além de 'Vergonha é Ruim' Como uma Emoção Funcional Pode se Tornar Problemática (Cibich, Woodyatt, Wenzel, 2016)

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Este documento trata-se de uma tradução não-profissional do artigo “Movig Beyond ‘Shame is Bad’: How 
a Functional Emotion Can Become Problematic”, de Mikaela Cibich, Lydia Woodyatt e Michael Wenzel. 
A tradução foi realizada por Carlos Alberto Dorneles Nonnenmacher, psicólogo e psicoterapeuta cognitivo-
comportamental. A tradução visa apenas a divulgação do conhecimento científico. Qualquer consideração: 
carlosdornelesn@gmail.com. 
Social and Personality Psychology Compass, 10/9, p. 471-483, 2016 
INDO ALÉM DE “VERGONHA É RUIM”: 
COMO UMA EMOÇÃO FUNCIONAL PODE SE TORNAR 
PROBLEMÁTICA 
Mikaela Cibich, Lydia Woodyatt e Michael Wenzel 
Flinders University 
 
Resumo 
As pesquisas sobre a vergonha estão divididas. Atualmente, essa literatura pode ser brandamente 
dicotomizada em visões problemáticas ou funcionais. A vergonha é comumente associada, por exemplo, à 
agressão, saúde e bem-estar precários, e psicopatologias como o transtorno do estresse pós-traumático, 
transtornos alimentares e depressão. Alguns pesquisadores, contudo, sugerem que a vergonha é funcional, 
uma vez que serve para medir quando o self social é ameaçado, devido a uma perda de status ou vínculos 
sociais. Para resolver esse conflito, a vergonha tem sido redefinida de várias formas, em uma tentativa de 
diferenciar sua forma funcional da problemática. Contudo, as abordagens que criam conceitos mais restritos 
podem levar a uma definição que deixa de lado a complexidade da experiência vivida da vergonha. Nesta 
revisão, integramos as pesquisas conflitantes sobre a vergonha, examinando como ela, uma emoção que 
evoluiu para um propósito funcional, pode se tornar problemática. A evitação em resposta à vergonha pode 
transformá-la de um medidor funcional e social que motiva a reparação em uma emoção problemática, e a 
evitação é mais provável na medida que a vergonha é percebida como irreparável. Sendo assim, a 
compreensão dos fatores que impactam na reparabilidade percebida serão importantes na compreensão de 
como a vergonha pode se tornar problemática. Como nós nos vemos, vemos os outros, nossas ações e os 
custos da reparação são todos fatores prováveis de impactar se a vergonha será funcional ou problemática. 
 
A vergonha tem sido retratada como uma emoção negativa associada a resultados 
problemáticos ao bem-estar, uma inimiga da qual precisamos ser libertados. Essa visão, 
talvez mais popularizada pela famosa TED Talk de Brene Brown, “Ouvindo a Vergonha” 
(TED, Produtor, 2012), é atualmente compartilhada por muitos leigos, clínicos e 
pesquisadores. A noção foi reforçada por uma gama de pesquisas, particularmente 
aquelas apresentando associações entre vergonha e psicopatologias como depressão, 
ansiedade social e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Contudo, uma visão 
funcionalista das emoções aponta que elas evoluíram para servir a propósitos que 
historicamente auxiliavam na sobrevivência. Em vez de a vergonha ser uma emoção 
“feia” (Tangney, 1991, p. 600), os funcionalistas argumentam que ela evoluiu para 
proteger os vínculos sociais e o status social dos indivíduos, especificamente alertando 
quando seu pertencimento social está ameaçado (e.g., de Hooge, Zeelenberg & 
Breugelmans, 2011; Fessler, 2007; Gilbert, 2007). Essa perspectiva funcionalista está 
apoiada empiricamente por pesquisas que demonstram que tanto a vergonha individual 
quanto a coletiva podem levar a resultados benéficos, como tendências pró-sociais e um 
desejo de mudar o self para melhor (Ahmed & Braithwaite, 2006; de Hooge, Zeelenberg 
& Breugelmans, 2010, 2011; Lickel, Kushlev, Savalei, Matta, & Schmader, 2014; 
Menesini & Camodeca, 2008; Olthof, 2012). Isso nos deixa com uma dicotomia na 
literatura: enquanto existem pesquisas apoiando a noção da vergonha como uma emoção 
problemática, existe também uma teoria e evidências aparentemente contraditórias que 
sugerem que a vergonha é uma emoção funcional. 
 Muitos tentaram abstrair essas contradições através de várias reconceitualizações 
de vergonha que separavam os componentes “funcionais” dos “problemáticos”. O 
resultado, contudo, levou a uma variedade de conceitualizações cada vez mais estreitas 
que podem limitar nossa compreensão da experiência vivida da vergonha. Em vez de 
continuarmos o debate sobre se a vergonha é problemática ou funcional, entendemos que 
é mais adequado e útil aceitarmos que ela, como muitas outras emoções, pode ser 
funcional e problemática. Por exemplo, a emoção de medo, sendo funcional para nos 
alertar às ameaças e nos motivar à ação para nos protegermos, pode também se tornar 
problemática quando a experiência é desproporcional à ameaça, ocorre sem uma causa 
ou é prolongada (Marks, 1987). Similarmente, para ampliarmos nossa compreensão da 
vergonha e de como os humanos processam a experiência de vergonha, precisamos 
identificar quando e por que ela, uma emoção funcional, pode se tornar problemática. 
Nesta revisão, fornecemos um panorama da pesquisa sobre a vergonha, sugerindo que ela 
é funcional, mas pode se tornar problemática quando motiva uma resposta evitativa. 
Como pesquisas recentes indicam que essa resposta evitativa é mais provável quando a 
causa da vergonha é percebida como irreparável (para uma meta-análise, veja Leach & 
Cidam, 2015), sugerimos fatores que podem influenciar a reparabilidade da vergonha e 
podem, por sua vez, ser dignos de consideração ao desenvolvermos estratégias de 
diminuição da vergonha problemática. 
 
 
Vergonha Problemática vs. Vergonha Funcional 
 
A vergonha é frequentemente compreendida como uma emoção negativa ou 
problemática. Diversos estudos apoiaram a visão de que ela é inútil ao bem-estar 
psicológico. Vergonha-estado (e.g., Experience of Shame Scale: Turner, 2014), 
vergonha-traço (e.g., Personal Feelings Questionnaire-2: Harder & Zalma, 1990), e 
propensão à vergonha (i.e., vulnerabilidade à vergonha por uma variedade de situações 
hipotéticas, mensurada pelo Test of Self Conscious Affect 3: Tangney, Dearing, Wagner, 
& Gramzow, 2000) foram associados a psicopatologias como ansiedade social (Gilbert, 
2000; Matos, Pinto-Gouveia, & Gilbert, 2013), transtornos alimentares (Keith, 
Gillanders, & Simpson, 2009), transtorno de personalidade narcisista (Ritter et al., 2013), 
e depressão (Andrews, Qian, & Valentine, 2002; Cheung, Gilbert, & Irons, 2004; Gilbert, 
2000; Kim, Thibodeau, & Jorgensen, 2011). Além disso, uma variedade de estudos 
demonstrou o papel tanto da vergonha aguda quanto prolongada no desenvolvimento e 
manutenção do TEPT (e.g., Andrews, Brewin, Rose, & Kirk, 2000; Budden, 2009; 
Feiring & Taska, 2005; La Bash & Papa, 2014; Oktedalen, Hoffart, & Langkaas, 2015). 
 Além de ser problemática para a saúde psicológica do indivíduo, também foi 
demonstrado que a vergonha impede processos interpessoais. Tem sido sugerido que a 
experiência da vergonha e o alto sofrimento pessoal associado levam a um foco no self 
em vez de no comportamento vergonhoso ou naqueles afetados pelo comportamento 
(Leith & Baumeister 1998; Tangney, 1991). Os resultados também demonstraram que a 
propensão à vergonha está correlacionada positivamente com raiva, irritabilidade e 
externalização defensiva de culpabilização (Tangney, 1990; Tangney, Wagner, Fletcher, 
& Gramzow, 1992). 
 Enquanto essas pesquisas podem sugerir que a vergonha é uma emoção 
disfuncional, essa posição parece estar desalinhada com as perspectivas funcionais ou 
evolucionistas das emoções. De acordo com essas teorias, as emoções evoluíram para 
servir propósitos funcionais, relacionados à sobrevivência (para um panorama, veja 
Keltner & Gross, 1999), e a sobrevivência para os humanos está intimamente relacionada 
ao pertencimento social (Baumeister & Leary,1995). Essas teorias sociofuncionais têm 
sido aplicadas à vergonha (Fessler, 2007; Gilbert, 2007; Muris & Meesters, 2014). De 
uma perspectiva evolucionista, é provável que a vergonha tenha evoluído pela seleção 
natural para servir uma função adaptativa (Fessler, 2007; Gilbert, 2007). Especificamente, 
tem sido sugerido que a vergonha surge quando o self social está ameaçado, por causa da 
perda de status social, vínculos sociais ou porque o self é percebido como indesejável aos 
outros (Gruenewald, Dickerson, & Kemeny, 2007; Scheff, 1988). 
 Um número de pesquisadores sugeriu que a vergonha opera de uma maneira 
análoga à noção sociométrica da autoestima de Leary e Baumeister (2000); ou seja, como 
um medidor emocional agudo que indica ameaças ao self social (de Hooge, 2014; de 
Hooge et al., 2011; Ferguson, 2005; Gruenewald et al., 2007; Nelissen, Breugelmans, & 
Zeelenberg, 2013). Nesse sentido, a vergonha e a autoestima podem parecer similares, 
ambas envolvendo avaliações negativas do self em resposta a padrões sociais percebidos. 
Apesar das similaridades, vergonha e autoestima são distinguíveis, no sentido em que a 
vergonha é uma emoção distinta em resposta a um aspecto do self (ou um evento que 
implica um aspecto especifico do self), enquanto a autoestima é uma crença geral sobre o 
self que impacta em diversos aspectos do self. Mesmo assim, ambas servem ao objetivo 
de sobrevivência social, ajudando indivíduos a manter vínculos relacionais e status no 
grupo. 
 Uma perspectiva funcionalista sugeriria que a vergonha ajuda os indivíduos a se 
focarem nas fontes da ameaça para repará-la. As pesquisas demonstram que a vergonha 
pode motivar as pessoas a se mobilizarem para corrigir seu status ou imagem social-moral 
ou seus vínculos com outros (Ahmed & Braithwaite, 2006; de Hooge et al., 2010, 2011; 
Menesini & Camodeca, 2008; Olthof, 2012). Por exemplo, em contextos intergrupais, se 
descobriu que a vergonha coletiva está positivamente relacionada ao apoio às políticas 
para eliminar os delitos intergrupais e começar reparações (Brown & Cehajic, 2008; 
Brown, Gonzalez, Zagefka, Manzi, & Cehajic, 2008; Iyer, Schmader, & Lickel, 2007). 
Similarmente, em um nível pessoal, os participantes que refletiram sobre experiências de 
vergonha demonstravam maior probabilidade para apoiar declarações como “Eu senti o 
ímpeto de ser uma pessoa melhor” (Lickel et al., 2014, p. 1052). 
 Com relação ao funcionamento interpessoal, alguns pesquisadores argumentaram 
que a vergonha pode aumentar o comportamento pró-social. Crianças consideradas pró-
sociais por seus pares e/ou professores experimentaram maiores níveis de vergonha em 
cenários hipotéticos, comparadas àquelas que eram consideradas “bullies” (Menesini & 
Camodeca 2008; Olthof, 2012). Em contraste, as crianças que não reconheciam vergonha 
(e.g., culpavam outras e se tornavam agressivas) tinham maiores chances de ser bullies 
do que aquelas que experimentavam e reconheciam sua vergonha (Ahmed & Braithwaite, 
2004). Pesquisadores jurídicos argumentaram que a vergonha é um fator-chave no 
processamento de transgressões e está associada com a tomada de responsabilidade e 
reparações após as transgressões, enquanto aqueles que relatam pouca vergonha tendem 
mais a demonstrar padrões de repetição da transgressão (Ahmed, Harris, Braithwaite, & 
Braithwaite, 2001). De fato, entre infratores que tinham maior propensão à vergonha, ela 
esteve relacionada a baixas taxas de reincidência (ao controlarmos a externalização da 
culpa), um ano após o encarceramento (Tangney, Stuewig & Martinez, 2014). A vergonha 
também tem sido associada com reconciliação e autoperdão após transgressões 
interpessoais (Woodyatt & Wenzel, 2014). Esses resultados sugerem que a falta de 
vergonha é potencialmente problemática e que a vergonha pode assinalar adaptativamente 
que o comportamento precisa mudar no futuro. Como pode essa emoção desempenhar 
esses papéis duplos, por um lado estando ligada a muitos aspectos problemáticos do bem-
estar psicológico, por outro lado desempenhando um papel importante no funcionamento 
social? 
 
Como Resultados Conflitantes Levaram a Redefinições Limitadas da 
Vergonha 
 
Em uma aparente tentativa de evitar a natureza contraditória da vergonha, têm havido 
sugestões para redefinir a vergonha genericamente em uma de duas maneiras. De um 
lado, a vergonha tem sido conceitualizada como problemática e, por sua vez, distinta de 
emoções mais funcionais (como a culpa). De outro lado, a vergonha tem sido 
conceitualizada como unanimemente funcional e, por sua vez, distinta de sentimentos 
ainda mais problemáticos (como o sentimento de inferioridade). 
Tangney e Dearing (2002) fornecem um exemplo comum de como a vergonha é 
definida como unicamente problemática; quando ela é definida em relação à culpa, a 
vergonha se torna a emoção problemática e culpa a emoção construtiva. Existem duas 
abordagens empíricas diferentes que levaram a essa conclusão. A primeira se caracteriza 
pelo exame da “culpa livre de vergonha” e “vergonha livre de culpa” (Tangney & 
Dearing, 2002). Nessa abordagem, se pede que os participantes avaliem sua vergonha em 
resposta a um cenário ou relembrem uma experiência vergonhosa. Os pesquisadores 
também medem a culpa da mesma maneira e, então utilizam correlações parciais para 
examinar a “culpa livre de vergonha” e a “vergonha livre de culpa”. Apesar de a vergonha 
e a culpa serem distinguíveis em um nível cognitivo (i.e., a culpa é uma avaliação negativa 
do comportamento, enquanto a vergonha é uma avaliação negativa de um aspecto do self: 
Lewis, 1971), existe uma alta correlação entre as emoções (Lickel et al., 2014; Tangney, 
Miller, Flicker, & Barlow, 1996). Como argumentado por Cohen, Wolf, Panter e Chester 
(2011), é questionável o que resta da vergonha que é “livre de culpa”. A linha entre as 
duas emoções é frequentemente difusa para os indivíduos que as experimentam em 
determinada situação, particularmente em um contexto clínico. 
A segunda abordagem que levou a vergonha a ser compreendida como 
problemática operacionalizou a vergonha e a culpa como comportamentos distintos. 
Baseado na conceitualização de Lewis (1971) da vergonha como um foco no self e da 
culpa como um foco no comportamento, Tangney e colegas (1996) sugerem que a 
vergonha motiva respostas evitativas por causa da natureza esmagadora da autoavaliação 
negativa, enquanto a culpa motiva respostas de reparação, uma vez que o comportamento 
é mais fácil de modificar do que o self. Essa conceitualização está refletida no TOSCA-3 
(Tangney et al, 2000), um instrumento comum de propensão à vergonha. Nesse 
instrumento, os participantes são apresentados a cenários hipotéticos que detalham uma 
transgressão social e avaliam a probabilidade de responderem com quatro opções 
diferentes de reações. Considera-se que as respostas que indicam evitação e aproximação 
refletem a vergonha e a culpa, respectivamente. Essa conceitualização está também 
evidente na Experience of Shame Scale, onde a concordância com respostas evitativas 
(e.g., “Você evitou contato com alguém que sabia que você havia dito algo estúpido?”) 
sugere vergonha (Andrews et al, 2002, p. 41). Contudo, a mensuração de tendências 
evitativas como representações da vergonha pode levar à mensuração de apenas uma 
forma de vergonha (i.e., uma forma de vergonha que gera evitação). No desenvolvimento 
de uma nova Shame and Guilt Proneness Scale (GASP), Cohen e colegas (2011) 
demonstraram que autoavaliações negativas (e.g., aquelas indicativas de vergonha) não 
estavam associadas com respostas evitativas e que, em vez da vergonha, eram as respostas 
evitativas que estavam associadas com traços indesejáveis(e.g., agressão, Estudo 1). 
Assim, medidas de vergonha que a confundem com evitação (e a culpa com reparação) 
pode levar a raciocínios circulares, nos quais estudos apoiam a conceitualização de 
vergonha como problemática e de culpa como funcional, por causa da maneira como as 
escalas são construídas. Juntos, os dois aspectos metodológicos revisados resultam 
evidências confirmatórias, mas possivelmente errôneas, de que a vergonha é uma emoção 
unicamente problemática que sempre motiva tendências evitativas. 
Outros pesquisadores também afirmam que a vergonha tem sido confundida com 
outras emoções, mas, em contrapartida, argumentam que ela é funcional quando 
diferenciada de outras emoções ou cognições problemáticas. Gausel e Leach (2011), por 
exemplo, sugerem que a vergonha leva exclusivamente a comportamentos pró-sociais, 
uma vez que é diferenciada de sentimentos de rejeição e inferioridade. Nesse caso, a 
vergonha é definida como um intenso autocriticismo advindo de um risco à autoimagem, 
em oposição à imagem social. Sugere-se que ameaça à imagem social produz sentimentos 
de rejeição, que acarretam motivações autodefensivas de evitação. Apesar de algumas 
pesquisas terem demonstrado que a vergonha, sentimento de rejeição e sentimento de 
inferioridade são distinguíveis (veja Gausel, Leach, Vignoles, & Brown, 2012; Gausel, 
Vignoles, & Leach, 2015), outras pesquisas demonstraram uma alta correlação entre 
nossos valores sociais e pessoais: de as pessoas veem a si mesmas como inadequadas, é 
provável que esperem que os outros as vejam de uma maneira negativa parecida, e vice-
versa (Goss, Gilbert, & Allan, 1994; Leary, Tambor, Terdal, & Downs, 1995). Em vez de 
fornecer diferenciações significativas entre a vergonha problemática e funcional, essas 
abordagens que cada vez mais customizam a definição de vergonha podem levar a uma 
perda de complexidade. No final das contas, é difícil imaginar uma vergonha livre de 
culpa ou uma experiência de vergonha sem nenhuma percepção de inferioridade. 
Em vez de continuar a debater se a vergonha é funcional ou problemática e 
continuamente reconceitualizá-la para que sirva a uma posição nesse debate, é razoável 
assimilar as duas visões opostas. As emoções per se não são disfuncionais, mas podem 
se tornar quando são experienciadas intensamente, frequentemente ou inapropriadamente 
em relação à situação (Clark & Watson, 1994; Fessler, 1999; Olthof, 2012). O medo, por 
exemplo, é sem dúvida essencial à sobrevivência, mas pode também ser experimentado 
muito intensamente, frequentemente e desproporcionalmente, como nos transtornos de 
ansiedade. Se esse raciocínio for ampliado à vergonha, ela pode ser teorizada como uma 
emoção funcional que pode se tornar problemática sob certas circunstâncias. Desafiando 
a dicotomia da culpa funcional e da vergonha problemática, Dost e Yagmurlu (2008) 
afirmam que “as emoções não podem ser inerentemente negativas; qualquer emoção pode 
ser tanto adaptativa e desadaptativa dependendo das circunstâncias” (p. 113). Henniger e 
Harris (2014) também argumentaram que as emoções não podem ser classificadas como 
boas-versus-más, e que a vergonha é um motivador eficiente, apesar do desconforto 
psicológico que induz. Avaliar a vergonha deste ponto de vista pode levar a avanços 
empíricos e teóricos que permitam aos pesquisadores e clínicos compreenderem como e 
por que a vergonha, uma emoção funcional, pode se tornar problemática, e como a 
vergonha problemática poderia retornar a um estado funcional. 
 
O Que Determina Se a Vergonha é Funcional ou Problemática? 
 
Perspectivas teóricas sobre a vergonha sugerem que as respostas à emoção podem 
desempenhar um importante papel em sua funcionalidade. Em particular, a evitação em 
resposta à vergonha pode ser prejudicial (Gausel & Leach, 2011; Gilbert, 2000; Muris & 
Meesters, 2014). Em seu Modelo de Avaliação Secundária (Secondary Appraisal Model) 
das emoções autoconscientes, Muris e Meesters (2014) sugerem que a vergonha motiva 
o comportamento submisso, que funciona como um sinal de apaziguamento, mas que ela 
se torna problemática quando essa resposta se torna dominante. O modelo também sugere 
que quando a vergonha motiva comportamentos de aproximação, como os 
comportamentos pró-sociais, não resulta em nenhuma psicopatologia. De maneira 
similar, Gilbert (2000) argumenta que a vergonha é adaptativa na medida que permite aos 
indivíduos se comportarem apropriadamente e de acordo com as regras e normas, mas, 
como ocorre com outras estratégias adaptativas, ela pode se tornar desadaptativa quando 
perpetua um ciclo de evitação social e comportamentos submissos. 
 Correspondentemente, evidências empíricas da associação da vergonha com 
resultados problemáticos podem ser confundidas com a evitação como uma resposta à 
vergonha. A maioria da evidência em favor da visão negativa da vergonha vem de estudos 
examinando a propensão à vergonha (Gilbert, 2000; Leith & Baumeister, 
1998; Lutwak, Panish, Ferrari, & Razzino, 2001; Tangney, 1990, 1992, 1995a, 1995b; 
Tangney et al., 1992). Como discutido anteriormente (veja também Cohen et al., 2011; 
Giner-Sorolla, Piazza, & Espinosa, 2011; Luyten, Fontaine, & Corveleyn, 2002), essa 
medida operacionaliza a vergonha como um afeto negativo autodirecionado, associado a 
uma tendência de evitar interações sociais e uma ausência de desejo em reparar a situação. 
Interessantemente, tem sido sugerido que as correlações entre a vergonha e os resultados 
problemáticos não são encontradas quando as medidas de vergonha estão livres dos itens 
relacionados à evitação comportamental. Estudos demonstraram que a propensão à 
vergonha estava correlacionada a psicopatologias, como a depressão e a disfunção social, 
enquanto experiências situacionais de vergonha que não incluem itens de evitação 
comportamental não estavam (Allan, Gilbert, & Goss, 1994). Além disso, ao analisar as 
correlações entre reações positivas e negativas à vergonha, foi descoberto que a evitação 
subsequente à vergonha estava negativamente correlacionada a resultados desejados (e.g., 
maior saúde) e positivamente correlacionada a resultados indesejáveis (e.g., raiva atual; 
Harris & Darby, 2009). Apesar da evitação poder ser adaptativa na medida que protege o 
self social de maiores danos (de Hooge et al., 2010), a evitação habitual após transgressões 
vergonhosas provavelmente leva a resultados problemáticos. Sendo assim, se baseando 
nas pesquisas atuais, parece razoável sugerir que a vergonha se torna problemática na 
medida em que é respondida com evitação, o que faz a vergonha persistir sem ser 
trabalhada. 
Além de evitar comportamentalmente a situação vergonhosa, as pessoas também 
podem evitar psicologicamente a experiência de vergonha. Os participantes que foram 
entrevistados sobre suas experiências passadas de vergonha se lembraram de tentar evitar 
a experiência emocional negando, ignorando e suprimindo o sentimento, utilizando 
táticas como uso de álcool ou minimização da significância do evento (Van Vliet, 2008). 
A evitação psicológica da vergonha tem implicações para a saúde mental. Apesar de 
algumas teorizações de que crianças negligenciadas estejam em risco de depressão por 
causa de experiências vergonhosas na infância (Bennett, Sullivan, & Lewis, 2010), as 
pesquisas demonstraram que não são as experiências de vergonha por si mesmas que 
impactam os sintomas depressivos, mas sim a tendência de evitar cognitivamente essas 
experiências (Carvalho, Dinis, Pinto-Gouveia, & Estanqueiro, 2015). A evitação dos 
pensamentos associados à vergonha tem sido pensada como um empecilho ao 
processamento emocional de eventos traumáticos, levando à manutenção do TEPT (Lee, 
Scragg,& Turner, 2001). 
 Contudo, as reações à vergonha não estão limitadas à evitação e, de fato, podem 
variar. Apesar da vergonha ser amplamente definida como uma emoção que motiva 
comportamentos de retraimento e evitação (e.g., Bennett et al., 2010; Covert, Tangney, 
Maddux, & Heleno, 2003; Tangney & Dearing, 2002), o apoio empírico para essa 
definição é apenas fornecido por um punhado de estudos (Chao, Cheng, & Chiou, 2011; 
Ferguson, Stegge, & Damhuis, 1991; Frijda, Kuipers, & ter Schure, 1989; Roseman, 
Wiest, & Swartz, 1994; Sheikh & Janoff-Bulman, 2010). Além disso, existiram múltiplos 
estudos sugerindo que a vergonha também pode motivar os indivíduos a se aproximarem 
e repararem a situação, como indicado acima. 
 Por que essas respostas à vergonha podem variar? De Hooge e colegas (2010, 
2011) demonstraram que a reparabilidade percebida da vergonha determinava se 
participantes envergonhados estavam motivados a reparar seu self social através de 
comportamentos de aproximação ou proteger seu self social danificado através de 
comportamentos de retraimento. Os participantes receberam a oportunidade de reparar 
uma vergonha induzida e lhes foi dito que a tentativa de reparo teria uma influência 
pequena ou grande sobre o resultado. Aqueles que receberam a informação de que seu 
esforço para reparar teria pouca influência tendiam menos a tentar o reparo, quando 
comparados àqueles que recebiam a informação de que teriam uma grande influência (de 
Hooge et al., 2010). Em um estudo subsequente, os participantes com mais vergonha 
apresentaram mais comportamentos de aproximação e maiores motivações para proteger 
e reparar o self social, quando comparados àqueles no grupo controle. Porém, quando lhes 
foi dito que a tarefa de aproximação era difícil, isso diminuiu a probabilidade dos 
participantes envergonhados escolherem essa tarefa e suas motivações reparadoras 
correspondentes (de Hooge et al., 2011). 
 Uma meta-análise recente de Leach e Cidam (2015) demonstrou que esses 
achados eram representativos da pesquisa mais ampla da vergonha, na qual a 
oportunidade para reparar a causa da vergonha era o moderador mais robusto na relação 
entre a vergonha e respostas de aproximação e evitação. Especificamente, a vergonha 
apresentou uma ligação positiva às tendências de aproximação (comportamentos ou 
intenções) quando a falha ou a imagem social eram mais reparáveis, e uma ligação 
negativa com as tendências de aproximação quando a falha era menos reparável. Quando 
essa pesquisa é considerada junto com a análise de que a evitação subsequente à vergonha 
é problemática, parece provável que a vergonha cumpra um papel funcional quando leva 
a comportamentos de aproximação e reparação, uma vez que isso facilita o conserto do 
self social. Quando a vergonha leva o indivíduo a evitar a experiência de vergonha, 
contudo, ela fica associada a resultados problemáticos (Figura 1). 
 Dessa forma, as pesquisas sugerem que a vergonha per se não é problemática ou 
funcional, mas que depende de como os indivíduos respondem a ela. A evitação da 
vergonha ou da situação ativadora da vergonha é problemática porque deixa a vergonha 
essencialmente não-resolvida. Se os indivíduos evitam ou se aproximam depende da 
percepção de reparibilidade da situação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. A reparabilidade modera a relação entre a vergonha e os comportamentos subsequentes de 
aproximação ou evitação (para uma revisão, Leach & Cidam, 2015). Subsequentemente, as reações à 
vergonha (i.e., aproximação ou evitação) mediam a relação entre a experiência da vergonha e os resultados 
subsequentes. 
 
O Que Torna a Vergonha Reparável? 
 
A síntese dessas pesquisas nos leva à próxima questão, nomeadamente o que determina 
se a vergonha é, ou é percebida como, reparável? Em sua meta-análise, Leach e Cidam 
(2015) codificaram a vergonha como reparável se os participantes tiverem a oportunidade 
de reparar a causa (i.e., através de automelhoramento) ou a consequência de suas falhas 
(i.e., através de pró-sociabilidade ou cooperação com as pessoas afetadas). Contudo, não 
está claro o que determina se um indivíduo escolherá ou não uma opção disponível de 
reparação ou ativamente buscará e criará oportunidades para a reparação. As pessoas 
podem ter múltiplas respostas às suas emoções, algumas das quais não são determinadas 
pelas opções que estão disponíveis. Para voltar ao exemplo do medo, tem sido 
demonstrado que a maneira como uma pessoa responde ao medo pode ser determinada 
por fatores intrapessoais como confiança e psicopatologia (Hare, Frazelle, & Cox, 1978; 
Parks & Hulbert, 1995). A respeito da vergonha, parece crucial que o indivíduo acredite 
que as opções disponíveis de reparação não apenas desfaçam ou compensem sua 
transgressão, mas possivelmente restaurem seu pertencimento social. Até certo ponto, 
uma percepção de reparabilidade pode ser aumentada se o indivíduo deixar de focar na 
preocupação sobre o self e focar em algo mais reparável, como um comportamento 
específico – como Tangney e Dearing (2002) apontaram. Contudo, devido à natureza 
Experiência de 
Vergonha Reparabilidade 
Evitação 
Aproximação 
Resultados 
psicológicos e 
interpessoais 
problemáticos 
Reparação do 
self social (i.e., 
status ou 
pertencimento) 
social e funcional da emoção, provavelmente existem outros fatores mais sociais que 
impactam se enxergamos ou não potencial em reparar nossa vergonha. 
 
Percepção de Estigma versus Aceitação pelos Outros 
 
O estigma comunica aos estigmatizados que os outros não os consideram membros dignos 
ou aceitáveis do grupo, tornando a reparação da vergonha e a restauração do self e da 
imagem social fútil. Em contraste, a aceitação pelos outros provavelmente abre a 
possibilidade à reparação da vergonha. Na medida que os outros nos respeitam, aceitam 
ou amam, eles tendem mais a demonstrar perdão, atribuir nossas ações negativas a 
intenções benignas e agir para nos ajudar (Kearns & Fincham, 2005). Isso, por sua vez, 
nos permite reconhecer nossa vergonha, tomar responsabilidade e tentar a reparação. 
Ahmed e Braithwaite (2006) demonstraram que as respostas dos outros (estigmatizantes 
ou respeitosas) podem impactar se um indivíduo reconhece sua vergonha ou não. 
Especificamente, eles descobriram que altos níveis de perdão parental e reconciliação 
percebidos fomentou a habilidade da criança reconhecer a vergonha e, por sua vez, reduzir 
o comportamento de bullying. De maneira parecida, Woodyatt e Wenzel (2013) 
descobriram que respostas respeitosas (versus estigmatizantes) de outros levavam os 
indivíduos a reconhecer sua vergonha após transgressões interpessoais. 
 Quando a vergonha é reconhecida e sentida (em vez de evitada ou realocada 
através da raiva ou culpa; Ahmed et al., 2001; Bessant & Watts, 1995; Braithwaite, 
Ahmed, Morrison, & Reinhart, 2003), ela começa a diminuir através da reflexão, 
compreensão, mudança comportamental e reavaliações (Lewis, 1971; Lindstrom, 
Hamberg, & Johansson, 2011). À medida que as pessoas são capazes de formar relações 
significativas em comunidades de respeito (em suas vidas e no contexto de transgressões), 
elas tendem a perceber a vergonha como reparável. Isso é interessante para clínicos, pois 
as experiências de vergonha são frequentemente tratadas como experiências 
intrapsíquicas (veja Leary, Raimi, Jongman-Sereno & Diebels, 2015) quando, de fato, a 
resolução dessas experiências pode ser uma interação entre um indivíduo e a saúde de 
seus relacionamentos e identidades sociais. 
 
 
 
 
Percepção do Self como Maleável e Respondendo com Compaixão 
 
A medida na qual nós nos avaliamoscomo mutáveis provavelmente influenciará a 
percepção da reparabilidade da situação. Enquanto alguns encaram as qualidades pessoais 
(e.g., inteligência, gentileza e criatividade) como mutáveis durante o ciclo vital, outros 
encaram as qualidades pessoais como fixadas por toda a vida ou que algumas delas são 
mutáveis e outras não (Dweck & Molden, 2005). Como uma consequência, os indivíduos 
tendem a aceitar maior responsabilidade por uma transgressão quando o self é apresentado 
como maleável em vez de fixo (Schumann & Dweck, 2014). Em relação à vergonha, 
talvez seja mais provável que uma pessoa se esforce para reparar o aspecto vergonhoso 
de si (i.e., estar mais motivada para mudar para melhor) se acredita que esse aspecto 
vergonhoso é maleável. Assim, teorias sobre o self provavelmente impactarão a 
percepção pessoal sobre a habilidade de reparar a vergonha. 
 Quanta aceitação um indivíduo tem pelas suas insuficiências e falhas 
provavelmente também impactará se o indivíduo reconhecerá e processará a experiência 
da vergonha. Como acontece com a aceitação demonstrada por outros, a medida na qual 
somos autoestigmatizadores versus aceitadores pode impactar nossa percepção da 
possibilidade de reparação. De fato, respostas compassivas e aceitadoras de outros podem 
ser internalizadas como uma resposta autocompassiva (Gilbert & Procter, 2006; Neff & 
Vonk, 2009). Aqueles que são compassivos consigo mesmos provavelmente estarão mais 
confortáveis aceitando e admitindo suas falhas, comparados àqueles que não são (Breines 
& Chen, 2012). A autocompaixão tende a auxiliar no processo de reparação, uma vez que 
foi demonstrado que ela propicia processos que encorajam respostas comportamentais de 
aproximação, em vez de respostas evitativas (Goetz, Keltner, & Simon-Thomas, 2010). 
Além disso, as terapias que buscam fomentar a autocompaixão e o processamento 
emocional se demonstraram úteis no processamento da vergonha (Gray et al., 2012; 
Luoma, Kohlenberg, Hayes, & Fletcher, 2012). 
 
Percepções da Impossibilidade de Reparação Devido a Valores Conflitantes 
 
Enquanto as reações dos outros e a autopercepção do indivíduo podem influenciar sua 
decisão de abordar ou evitar a vergonha, existem fatores contextuais mais amplos que 
podem também impactar suas decisões. Especificamente, o custo social que pode vir com 
a reparação da vergonha pode influenciar a decisão de realiza-la ou não. Uma vez que a 
vergonha surge para sinalizar que alguns aspectos do self são menos aceitáveis para 
outros, a reparação da vergonha geralmente envolverá ações custosas, pedidos de 
desculpas ou mudanças no comportamento. 
 Em alguns contextos, a reparação de um conjunto de valores pode comprometer 
outros relacionamentos ou valores grupais. Esse provavelmente é o caso quando as 
pessoas possuem múltiplos grupos sociais com os quais se identificam, cujas normas e 
valores conflitam (Hirsh & Kang, 2015). Nesse caso, é provável que se uma pessoa tentar 
reparar seus laços sociais no grupo aderindo às normas daquele grupo, então ela 
provavelmente violará inadvertidamente as normas do grupo conflitante. Por exemplo, 
um militar pode experienciar um conflito de identidade se sentir que ser um “bom” 
soldado envolve fazer coisas desalinhadas com ser um “bom” pai, levando a uma 
percepção de dissonância e inabilidade de lidar com a vergonha que pode surgir ao aderir 
a uma identidade enquanto transgride a outra. Sendo assim, em situações de conflito de 
identidades, a reparação da vergonha dentro de um grupo social viria com um custo 
inaceitável à identificação com outro grupo, fazendo com que, assim, ações reparadoras 
pareçam impossíveis. 
 Ainda assim, fatores previamente mencionados, como a autocompaixão, poderiam 
permitir o reconhecimento da vergonha e auxiliar no engajamento com estratégias de 
resolução de problemas. Elas podem incluir a revisão e priorização de valores pessoais 
para ajudar o indivíduo a agir em congruência com seus valores mais importantes 
(consistente com a Terapia de Aceitação e Compromisso: Hayes, Luoma, Bond, Masuda, 
& Lillis, 2006). Se a tarefa de priorização for difícil, isso por si só pode ser uma 
observação útil, uma vez que demonstra ao indivíduo que a aderência a todos esses 
valores simultaneamente é logicamente impossível, não tanto devido a alguma falha 
pessoal que merece vergonha. 
 
Conclusão 
 
A dicotomia na literatura atual deixa claro que a vergonha não é uma emoção apenas 
funcional ou problemática. Em vez disso, é uma emoção que pode se tornar problemática 
sob certas circunstâncias, especificamente quando a reparação da imagem social após um 
evento vergonhoso é difícil ou impossível. Nesses casos, é provável que a pessoa 
responda com evitação, através de comportamentos evitativos com aqueles envolvidos na 
experiência de vergonha e/ou evitação psicológica do sentimento doloroso. Se essa 
análise for correta, então o reconhecimento do que influencia a repabilidade da vergonha 
e, importantemente, como encorajar os indivíduos a reconhecer e reparar suas 
experiências vergonhosas serão aspectos instrumentais na compreensão de como retornar 
a vergonha problemática ao seu estado funcional. No momento, nossa compreensão é que 
a reparabilidade da vergonha pode envolver a habilidade de reconhecer ela, as respostas 
benevolentes de outros, a percepção do self como maleável e a resposta às próprias falhas 
e inadequações com autocompaixão. 
 Contudo, para fortalecer e desenvolver essa análise, mais pesquisas direcionadas 
são necessárias, especificamente utilizando abordagens experimentais controladas (as 
quais são atualmente escassas) que permitam conclusões sobre a causalidade e 
peculiaridade dos efeitos da vergonha. Nós também entendemos que podem haver outros 
moderadores importantes que poderiam colaborar com nossa compreensão da “face de 
Janus”1 que é a vergonha. Por exemplo, a intensidade da experiência da vergonha pode 
desempenhar um papel, de maneira que níveis muito baixos ou muito altos são 
disfuncionais. Pode existir um “ponto ideal” nos níveis de vergonha, potente o suficiente 
para motivar a mudança comportamental ou reparação, mas não esmagadora e 
subjetivamente irreparável. Da mesma forma, é possível que a frequência da experiência 
da vergonha possa ter uma relação curvilínea parecida com seu valor adaptativo, e a 
adequação situacional da vergonha pode também ser explorada. Para isso, estudos com 
métodos de experience sampling podem ser beneficiais. Em resumo, as pesquisas futuras 
deveriam almejar uma investigação sistemática dos fatores que influenciam a 
reparabilidade da vergonha, bem como de outros fatores que podem influenciar na 
funcionalidade da vergonha. Esses esforços auxiliarão no desenvolvimento de 
intervenções direcionadas que ajudem indivíduos e grupos a cultivar as propriedades 
funcionais da vergonha na direção do crescimento pessoal, coesão social e reparação 
moral. 
 
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