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Resumão de Direito Empresarial 2/12

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DIREITO EMPRESARIAL – PONTO 02
Teoria geral dos títulos de créditos. Títulos de créditos: letra de câmbio, cheque, nota promissória, duplicata. Aceite, aval, endosso, protesto, prescrição. Ações cambiais.
Atualizações e revisões: Rafael Ianner – setembro/2010.
Atualizado em agosto/2012 por Walter Santos
TÍTULOS DE CRÉDITO
Estão tratados junto com o Direito das Obrigações no artigo 887 e seguintes do NCC. Representam obrigações de natureza pecuniária. Não se confundem com a própria obrigação. As obrigações representadas em um título de crédito ou têm origem extracambial, como é o caso das originadas de contratos, ou têm origem exclusivamente cambial, como na obrigação do avalista.
Circunstâncias especiais - atributos dos títulos de crédito - chamados de negociabilidade, (facilidade de negociação), e executividade (maior eficiência na cobrança).
Ou seja, há um regime jurídico-cambial, que estabelece regras que dão à pessoa que detém inicialmente o crédito (ou para quem o crédito é transferido), maiores garantias do que as do regime civil.
Fases do Direito Cambiário: (quatro)
Período Italiano – até 1650: mercadores das cidades italianas / necessidade de operar com moedas diferentes em praças diversas (letras de câmbio);
Período francês: (1650 até 1848): surge o endosso / a letra de câmbio deixou de ser instrumento de pagamento para instrumento de crédito
Período Germânico: (1848=1930): codificadas as normas disciplinadoras da cambial, separando-as das normas de direito comum / proteção especial ao terceiro adquirente de boa-fé, como forma de garantir a circulação do título.
Período Uniforme: aprovação, em 1930, das leis uniformes genebrinas sobre letras de câmbio e notas promissórias, e, em 1931, sobre cheques. 
1. CONCEITO
"Documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele contido ou mencionado" (Vivante)
ART. 887 , CÓDIGO CIVIL:   “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.”
Obs.: O CC/02 não está valendo para: letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata, porque o artigo 903 dispõe que estão ressalvadas as leis especiais. As regras do CC/02 são supletivas às leis especiais. Exemplo: aval parcial, pelo CC/02, não é possível, mas a lei especial permite.
Entendemos, ainda, que as normas do CC/02, aplicam-se:
            a) aos títulos de crédito cuja legislação de regência não determine a aplicação subsidiária da legislação sobre letra de câmbio e nota promissória ou de qualquer outra lei sobre determinado título;
            b) aos títulos nominados, quando a lei de regência for silente sobre determinada matéria, como, por exemplo, título escritural (art. 889, § 3º).
Comentando o art. 903 do CC, Tepedino (Código Civil Interpretado), afirma que duas possibilidades há para interpretação do presente artigo:
1) o CC pretendeu regular os chamados títulos de crédito atípicos ou inominados, isto é, aqueles que não encontram regulamentação expressa nas leis, fixando requisitos mínimos dos títulos de crédito (na realidade quer o autor referir-se aos títulos não regulados, na conceituação de Fabio Ulhoa Coelho);
2) o CC quis estabelecer uma teoria geral dos títulos de crédito, de modo que, quando não são aplicáveis as normas constantes da legislação especial, seriam aplicáveis as normas do CC. Crítica: quase todas as matérias que o CC regula já se encontram previstas em leis especiais; regulou de forma contraditória em relação, por exemplo, à proibição de aval parcial.
Fabio Ulhoa Coelho sustenta que as normas sobre títulos de crédito encontradas no CC aplicam-se apenas aos títulos que não possuírem na lei específica a definição das regras a aplicar (art. 903). È o que ele chama de título de crédito não regulado. Observa, contudo, que não há atualmente no direito brasileiro nenhum título em tais condições.
As normas do CC sobre títulos de crédito diferem-se das aplicáveis às letras de câmbio quanto ao seguinte: 1) proibição das cláusulas de juros, “não à ordem”, e exoneração de despesas; 2) admissibilidade de títulos ao portador, se autorizado pela lei específica; 3) não-vinculação do endossante ao pagamento do título como regra; 4) não cabimento de aval parcial; 5) títulos nominativos são os emitidos em favor de pessoa cujo nome conste do registro do emitente (art. 921), não se cuidando de identificação do credor no próprio título, como ocorre com a letra de câmbio, mas sim em assentamento externos à cártula.
Em resumo, pode-se dizer que as normas relativas aos títulos de crédito trazidas no CC/02 só serão utilizadas há hipótese em que não venham a contrariar a lei especial, e em particular os tratados internacionais que disciplinam a matéria (Marcelo Bertoldi).
1.A. FUNÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
A função primordial dos títulos de crédito é a mobilização do crédito. Sua finalidade é a circulação. O título de crédito só é verdadeiramente tal quando circula. Fora daí ele deve ser visto mais como documento, do que como título propriamente dito. Essa visão, aliás, vem sido tida pela jurisprudência, que não mais aceita o documento formal, como meio de o credor se beneficiar de uma situação de abstração ou autonomia. Assim é que em muitos casos, demonstrado que o título foi criado não para atender sua função primordial de circulação e mobilização do crédito, tem-se deixado de aplicar certos princípios favoráveis ao credor.
São conhecidos acórdãos que vêem em notas promissórias emitidas unicamente como garantia de certos contratos de financiamento, ou de abertura de crédito, não mais um título abstrato, mas um documento representativo de um direito, para cujo exercício se impõe a demonstração da origem do débito. Por exemplo: as notas promissórias emitidas em branco pelos titulares de contas com cheque especial, modalidade do contrato de abertura de crédito. A cártula é preenchida pela instituição financeira (tal prática é vedada – ver Súmula 60 do STJ), englobando todos os débitos constantes da conta, com os encargos contratuais. Ao executar apenas o título, está na verdade o banco não se utilizando do mesmo em sua função, mas com forma de impedir ou dificultar ao extremo a defesa do executado, pois se executasse o contrato teria de anexar os demonstrativos contábeis.
Por isso, muitos comercialistas não vêem como incorretas decisões que não aceitam o título para execução, exigindo a comprovação dos débitos mediante a anexação do contrato e dos demonstrativos contábeis.
Súmula 258 do STJ – A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
Súmula 233 do STJ - O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado do demonstrativo do débito, não constitui título executivo extrajudicial, porquanto carece da liquidez característica dos títulos de crédito.
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO
Cartularidade (ou documentalidade ou da incorporação) (cártula = documento = título) “O que importa é a cártula !”
O exercício dos direitos representados por um título de crédito pressupõe sua posse. Quem não se encontra com o título em sua posse, não se presume credor. O princípio da cartularidade é garantia de que o sujeito que postula a satisfação do crédito é mesmo o seu titular (É uma garantia de que o credor não negociou o seu crédito.). Cópias autênticas não conferem a mesma garantia. Um exemplo de sua aplicação é a exigência da exibição do original do título na petição inicial de execução.
Implicações: a) a posse do título pelo devedor presume o pagamento; b) só é possível o protesto mediante apresentação do título; c) só é possível a execução mediante apresentaçãoo do título.
Obs.: mais recentemente, algumas exceções ao princípio da cartularidade:
- nos negócios mercantis, necessidade de maior informalidade: possível executaro crédito representado pela duplicata, em alguns casos, mesmo sem apresentação da cártula;
- informática, disseminação dos títulos de crédito não cartularizados – NCC admite o título de crédito virtual: art. 889, §3º - O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. 
Literalidade
Somente produzem efeitos jurídico-cambiais os atos lançados no próprio título de crédito. A quitação deve estar representada por título. Atos documentados em instrumentos apartados, ainda que válidos e eficazes entre os sujeitos diretamente envolvidos (ex. aval concedido fora do título poderá ser tido como fiança), não produzirão efeitos perante o portador do título, mas vigoram entre os signatários originais como qualquer obrigação civil.
Obs.: algumas exceções: Ex. a quitação da duplicata pode ser dada em documento em separado. 
c) Autonomia (Desdobra-se em dois sub-princípios: abstração e inoponibilidade de Exceções a Terceiros de Boa-Fé).
Cada pessoa que assume uma obrigação no título o faz de forma autônoma em relação aos demais participantes. Ou seja, cada obrigação relacionada ao título não guarda relação de dependência com as demais. Por conseqüência, quando um único título representa mais de uma obrigação (do emitente, do avalista, do endossante e outros) a eventual invalidade de qualquer delas não prejudica as demais. Assim, por exemplo, a obrigação do avalista subsiste ainda que seja nula a obrigação do avalizado, salvo se a nulidade decorrer de vício de forma (art.32, al.2LC, art.31 e CCB de 2002, art. 889, p.2o), porque o avalista não tem a mesma obrigação do avalizado, mas obrigação autônoma, com existência própria.
As implicações do princípio da autonomia representam a garantia efetiva de circulabilidade do título de crédito. O terceiro descontador não precisa investigar as condições em que o crédito foi transacionado.
O princípio da autonomia desdobra-se em dois sub-princípios:
1 - Abstração – O título de crédito se desvincula da relação causal-base que lhe deu origem. Se houve algum vício na causa que originou o título (ex: contrato de compra e venda declarado nulo), não haverá prejuízo às obrigações nele constantes. A abstração somente se verifica quando o título circula para um terceiro de boa-fé, que não tem ciência do defeito existente no negócio que originou o título. 
Obs.: As relações causal e cartular não se confundem, embora coexistam harmonicamente porque a criação do título de crédito não implica novação no que se refere à relação causal, vez que esta não se extingue. A relação causal enseja uma ação extracambiária, ao passo que a relação cartular enseja uma ação cambiária.
Obs.: todos os títulos são autônomos. Mas, alguns títulos não são classificados como abstratos: determinados títulos de crédito podem resultar de qualquer causa, mas dela se libertam após a sua criação, o que não ocorre com os títulos causais (duplicata), que, embora circulem, mantêm vínculo com a causa que os gerou.
2 - Inoponibilidade de Exceções a Terceiros de Boa-fé (art. 17 da Lei Uniforme e art. 916 do CC)– O executado em virtude de um título de crédito não pode alegar matéria de defesa estranha à sua relação direta com o exeqüente, salvo, provando a má-fé dele. Ou seja, não pode lhe opor exceções pessoais (que tinha contra o antigo credor), salvo se o terceiro for adquirente de má-fé.
Não pode ser oposto vício da relação causal contra o terceiro de boa-fé. Se o título não circular, ele está preso à relação causal. Mas pode ser oposto o vício formal.
Possui natureza processual.
3. NATUREZA DA OBRIGAÇÃO CAMBIAL
A obrigação cambiária resulta de declaração unilateral de vontade por parte do subscritor do título e não de contrato celebrado com o beneficiário. 
Os devedores de um título de crédito são solidários. Esta regra encontra-se no artigo 47 da Lei Uniforme de Genebra. O devedor solidário que paga ao credor a totalidade da dívida pode exigir, em regresso, dos demais devedores a quota-parte cabível a cada um.
Porém, na obrigação cambial há hierarquia entre os devedores de um mesmo título. Em relação a cada título, a lei irá escolher um para a situação jurídica de devedor principal, reservando aos demais a de co-devedores. Mesmo os co-devedores só terão direito de cobrar dos co-devedores que lhes antecederam.
Várias teorias tentam explicar a natureza dos títulos de crédito. Ex. teorias contratualistas (existem contratos entre os envolvidos na relação cambiária) versus teorias da declaração unilateral de vontade (A fonte da obrigação cambiária reside na mera declaração unilateral de vontade de quem apõem sua assinatura no título).
Direito Brasileiro: O Código Civil Brasileiro incluiu os títulos ao portador entre as Obrigações por Declaração Unilateral de Vontade. Resta saber se foi adotada a sub-teoria da emissão (exige para a perfeição do vínculo cambiário que o título saia voluntariamente das mãos do subscritor) ou da criação (obrigação cambiária do sacador nasce no momento em que apõe sua assinatura no título). O art. 896 do CC reza que “o título de crédito não pode ser reinvindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação”. Essa norma adota a teoria da criação porque considera legitimado o portador ainda que o título tenha sido posto em circulação sem ou contra a vontade do emitente, dispondo da mesma maneira que o artigo 26, al.2a da LUG.
Demais: 
Teoria do Contrato com Incerta Pessoa: Esta teoria foi adotada por Savigny, seguido por Jolly, Goldschmidt e Unger. Conforme seu enunciado, se contrata com alguém que não se sabe quem é, só o vindo a saber no momento da apresentação do título, ou seja, quando da sua exigibilidade. Nesse momento se descobrirá quem é o credor do título. Parte Savigny da idéia de que quem emite o título geralmente o faz em massa, estando a posse de fato sempre unida à presunção de propriedade.
Teoria do Germe: enunciada pelo famoso jurista Von Ihering, para esta teoria, o título seria como um germe que surge em mãos do devedor, mas que se formava quando circulava, essa era o momento da concepção do germe. O título só tem sentido para circular, é esse o seu objetivo, sua razão. O credor é o último portador. Rubens Requião, ao comentar a teoria do germe, afirma: “a declaração de vontade do emissor produz imediatamente um vínculo passivo da obrigação, porém não o direito de crédito correspondente; durante a circulação este existe em germe, em potencial, não pertence, porém, ao patrimônio de ninguém. Amadurece quando deixa de circular. Vivante a classificou como artificiosa, e pergunta: os milhões de títulos nas Bolsas, objeto do comércio, não existem?”.
Teoria da Personificação do Título: formulada por Schweppe, declara que o título é bastante em si, como se ele mesmo fosse o credor. Quando se assina um título, o devedor passa para ele um pouco de si, de sua personalidade, credibilidade, imagem. Como o título personifica o devedor, quem vai pagá-lo, paga a ele mesmo, ou seja, quando se paga o título é porque se quer resgatá-lo, não importando nas mãos de quem ele esteja. A pessoa se reintegrava com a aquisição do título que emitiu. Essa teoria foi contestada sob o argumento de que não pode haver crédito sem credor, uma vez que as coisas materiais não podem ser sujeito de direitos.
Teoria da Promessa Unilateral: segundo essa teoria, que tem como precursores Einnert e Kuntze, o devedor promete sozinho, unilateralmente. Essa teoria inspirou um pouco o pensamento moderno no sentido de que o título não é simples documento probatório: a) é veículo de promessa; b) a promessa de pagamento é abstrata; independe da relação fundamental; c) não se trata de contrato, mas de promessa unilateral. Assim, surgiu a dúvida se o título é válido quando é emitido ou quando é criado, pois ele poderia ser extorquido.As próximas teorias são as mais expressivas:
Teoria da Emissão: abraçada por Stobbe e Windscheid, preconiza que o emitente do título dele se desvincula quando o põe em circulação. Só após o abandono voluntário da posse, seja por ato unilateral, seja por tradição, é que nasce a obrigação do subscritor. Sem emissão voluntária não se forma o vínculo.
Teoria da Criação: formulada por Siegel e Kuntze, defende que o direito deriva da criação do título. A vontade do devedor já não importa para tal efeito obrigacional. É o título que cria a dívida. Observa Rubens Requião que “a conseqüência da teoria da criação é severa e grave. O título roubado ou perdido, antes da emissão, mas após a criação, leva consigo a obrigação do subscritor”. 
Teoria do duplo sentido da vontade: segundo Vivante, autor desta teoria, há dois mundos, que não se comunicam: o mundo dos contratos e o mundo dos títulos. O devedor fica no meio dos dois. Não se pode trazer o fato de um contratante ter deixado de cumprir sua obrigação (no mundo dos contratos) para não pagar aquele que lhe apresentou o título (no mundo dos títulos). Assim, em relação ao seu credor, o devedor do título se obriga por uma relação contratual, motivo por que contra ele mantém intatas as defesas pessoais que o direito comum lhe assegura; em relação a terceiros, o fundamento da obrigação está na sua firma (do emissor), que expressa sua vontade unilateral de obrigar-se, e essa manifestação não deve defraudar as esperanças que desperta em sua circulação.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
a) Quanto ao Modelo:
- Livres: cujo formato não segue um rigor absoluto. Ex.: nota promissória no caderno.
- Vinculados: além dos requisitos, existe padronização (padrão normativamente estabelecido). Ex.: cheque, duplicata.
b) Quanto à Estrutura:	
- Ordem de Pagamento: ordem dada por uma pessoa (sacador) para que outro (sacado) pague ao beneficiário (tomador). Ex.: letra de câmbio.
- Promessa de Pagamento: relação direta entre o emitente e o beneficiário. Ex.: nota promissória.	
c) Quanto à hipótese de emissão:		
- Causal: somente pode ser emitido para documentar determinadas operações. Ex: duplicata (prestação de serviço e compra e venda).
- Não-Causal (ou abstratos): pode ser emitido por qualquer causa. Ex.: cheque, nota promissória.
d) Quanto à Circulação:	
- Ao Portador: são os títulos nos quais não consta o nome do beneficiário do direito nele incorporado. É transmitido por mera tradição. 
- Nominal: consta o nome do beneficiário. Pode apresentar-se sob a modalidade à ordem (passíveis de serem transferidos por endosso) ou não à ordem (transmitidos por cessão de crédito – nesse caso o cedente se obriga apenas com o cessionário, não em relação aos posteriores possuidores do título). Em outros termos, enquanto o título à ordem se transfere por endosso, o titulo não à ordem transfere-se por cessão civil de crédito.
- Nominativo (art. 921, CC): “É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente”.
5. TÍTULOS CAMBIAIS E TÍTULOS CAMBIARIFORMES. 
Títulos cambiais, genuínos, são a letra de câmbio e a nota promissória. Todos os demais títulos de créditos, como o cheque, a duplicata etc., são considerados apenas assemelhados ou cambiariformes, conforme leciona Pontes de Miranda. Contudo, as regras da letra de câmbio e da nota promissória aplicam-se aos títulos cambiariformes, em tudo que lhes for adequado, inclusive a ação de execução.  
No direito brasileiro, leis especiais regulam os títulos de crédito, alguns usados em larga escala, outros sem grande utilização nas práticas comerciais. Podem ser mencionados: a letra de câmbio; a nota promissória; o cheque; a duplicata; os títulos de crédito rural (nota promissória rural, duplicata rural, cédula rural pignoratícia, cédula rural hipotecária, cédula rural pignoratícia e hipotecária e nota de crédito rural); os títulos de crédito industrial (cédula de crédito industrial e nota de crédito industrial); as debêntures; o warrant; o conhecimento de transportes; as ações; os títulos da dívida pública; a letra imobiliária; e a cédula hipotecária. Alguns destes são civis e outros empresariais.
6. A INFORMÁTICA E O FUTURO DO DIREITO CAMBIÁRIO
O meio magnético vem substituindo paulatina e decisivamente o meio papel como suporte de informações. O registro da concessão, cobrança e cumprimento do crédito comercial não fica, por evidente, à margem desse processo, ao qual se refere a doutrina pela noção de desmaterialização do título de crédito.
É certo que as informações arquivadas em banco de dados magnéticos são a base para a expedição de alguns documentos (em papel) relativos à operação (os bancos emitem documentos de quitação de dívida; os cartórios de protesto geram intimação ao devedor e lavram o instrumento de protesto). Contudo, nenhum desses papéis é título de crédito.
Diante desse quadro, vale a pena conferir se são compatíveis os princípios do direito cambiário com o processo de desmaterialização do título de crédito. 
O princípio da cartularidade: se o documento nem sequer é emitido, não há sentido algum em se condicionar a cobrança de crédito à posse de um papel inexistente.
O princípio da literalidade: não se pode prestigiá-lo, na medida em que não existe mais o papel, a limitar fisicamente os atos de eficácia cambial.
O princípio da autonomia das obrigações cambiais: apresenta-se compatível. Será a partir dele que o direito poderá reconstruir a disciplina da ágil circulação do crédito, quando não existirem mais registros de sua concessão em papel.
7. RIGOR CAMBIÁRIO
Os títulos de crédito para valerem como tal devem obedecer a certos requisitos legais.
A Súmula 387 do Supremo Tribunal Federal diz que “a cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.” (vide art. 891, CC/2002)
O Novo Código Civil adotou o princípio da liberdade de criação e emissão de títulos atípicos ou inominados, resultantes da criatividade da praxe empresarial, com base no princípio da livre iniciativa, pedra angular da ordem econômica (Constituição de 1988, arts. 1º e 170), visando a atender às necessidades econômicas e jurídicas do futuro, tendo em vista a origem consuetudinária da atividade mercantil.
LETRA DE CÂMBIO
É um título de crédito clássico e comporta todas as características dos títulos de crédito. É mais utilizada em negócios internacionais (comércio exterior) e no Brasil é substituída pela duplicata. Está prevista no Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra). Ler a lei com calma, ler o anexo I que está em vigor, sendo que o anexo II estabelece as reservas do que não vige no Brasil, devendo ser aplicado o Decreto 2.044/1908.
1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra
2. CONCEITO
Ordem dada, por escrito, a uma pessoa, para que pague a um beneficiário indicado, ou à ordem deste, uma determinada importância em dinheiro.
SAQUE – é a criação da letra de câmbio
ACEITE – na época do saque, o ato ainda não vincula o sacado, vincula somente o sacador. O aceite é o ato que vincula o sacado. É o ato formal segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da ordem que lhe é dada (art. 28). O aceite é formalizado com a assinatura do sacado no título (art.25).
Aceite é o ato de vinculação do sacado à letra de câmbio. Quando o sacado aceita pagar, ele passa a ser o devedor principal, denominado de aceitante, o sacador continua sendo devedor, mas não o principal. O sacado só se vincula cambialmente com o aceite, tornando-se seu principal devedor. Ato de concordância com a ordem dada.
O aceite pode ser parcial ou total. O aceite parcial equivale a uma recusa parcial. O aceite parcial pode ser limitativo (do valor constante do título) ou modificativo (aceita pagar, mas modifica alguns requisitos, ex.: dia de pagamento, tambémpode condicioná-lo a algum fato).
O sacado pode recusar o aceite, que na LC é facultativo, podendo ser uma recusa total ou parcial. Isso vai gerar o vencimento antecipado da LC, podendo o tomador cobrar tudo imediatamente do devedor (sacador), mesmo com o aceite parcial. Mas, no caso de aceite parcial, o credor não tem que se submeter a condições, restando ao sacador cobrar do sacado, nos termos do seu aceite. O credor não tem que ficar submetido a condições impostas pelo sacado.
A recusa do aceite deve ser comprovada pelo protesto do título (art.14). À vista do protesto por falta de aceite, vencendo-se antecipadamente a letra, caberá ao portador o direito de ação executiva contra o emitente da letra e os demais obrigados (endossantes e avalistas)
Cláusula non acceptable – como vimos, a principal conseqüência do não aceite, pelo sacado, é a antecipação do vencimento da LC. Para evitar isso, o sacador (só ele) pode proibir sua apresentação para aceite, com a inclusão das palavras “sem aceite” ou “não sujeita a aceite’, evitando, assim, a possibilidade de ser “convidado” a pagar antes do vencimento normal do título.
Aceite por procuração – cláusula-mandato – Código de Defesa do Consumidor, art. 51, VIII (São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor).
O ato de submeter a letra ao reconhecimento do sacado chama-se apresentação. Se o sacado reconhecê-la, assinando a letra, torna-se aceitante, obrigado principal pelo pagamento.
O sacado somente vai assinar a letra se houver uma relação jurídica entre ele e o sacador.
Vencida a letra, a apresentação não se faz mais para o aceite, mas simplesmente para o pagamento, se o portador não decaiu de seus direitos.
A letra sacada à vista se vence no ato em que o portador a apresenta ao sacado.
Ao sacado é lícito pedir ao portador ou detentor que a letra lhe seja reapresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação.
Cancelamento – a Lei Uniforme admite o cancelamento do aceite, antes da restituição da letra, o que é considerado, então, aceite recusado.
Prisão – é inconstitucional a prisão prevista no artigo 885 do Código de Processo Civil, onde se determina a citada medida para os casos de recusa na entrega da letra.
Aceite por intervenção – a Lei Uniforme admite que, em certas condições, um estranho à relação cambiária nela intervenha, para firmar o aceite pelo sacado. Esclareçamos a utilidade da intervenção: é que a recusa do aceite pelo sacado pode criar embaraçosas situações para o sacador e os endossadores, pois o portador, em conseqüência da recusa do aceite pelo sacado, tem o direito de usar do regresso contra o sacador ou endossantes, exigindo deles o pagamento da letra, antes mesmo do vencimento.
Prorrogação do prazo de apresentação para aceite – a decadência ou perda de certos direitos cambiários decorrem da não apresentação ou da tardia apresentação da letra. A Lei Uniforme admite, assim, que, havendo caso fortuito ou força maior, possa ser prorrogado o prazo de apresentação para aceite. Cessado o caso fortuito ou força maior, o portador deve apresentar sem demora a letra para aceite, ou para pagamento.
3. ELEMENTOS PESSOAIS
a) SACADOR - eminente da letra de câmbio / quem dá a ordem de pagamento;
b) SACADO - quem recebe a ordem de pagamento;
 		 c) TOMADOR - o beneficiário da ordem de pagamento.
É possível que sacador e tomador serem a mesma pessoa.
È possível até que sacador, sacado e tomador sejam a mesma pessoa (Marcelo Bertoldi)
4. REQUISITOS DA LETRA DE CÂMBIO 
Essenciais;
Não Essenciais.
- Título de modelo livre
5. FORMAS DE VENCIMENTO DA LETRA DE CÂMBIO (art. 33)
à vista: vence contra a apresentação
a dia certo: no dia que consta no título, que já está ali fixado.
a tempo certo da data (DO SAQUE): a data do vencimento será contada a partir do saque (emissão)
a tempo certo da vista (DO ACEITE): o marco inicial é o aceite
Artigo 70, da lei uniforme, estabelece 03 PRAZOS PRESCRICIONAIS:
03 anos contra o devedor principal, o aceitante e seu avalista; senão houver aceite, será o sacador. Prazo contado do vencimento da letra.
01 ano contra o sacador, endossantes e avalistas, contando do protesto.
06 meses para o regresso entre endossantes e sacador, contados de quando foi efetuado o pagamento.
6. ENDOSSO
Ato cambiário que opera a transferência e vinculação dos direitos inerentes ao título de crédito. Não pode ser parcial. Não existe endosso parcial.
O endosso é o meio pelo qual se processa a transferência do título de um credor para outro. “A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes” (Art. 893 CC). 
Endossante – aquele que transfere por endosso.
Endossatário – aquele que recebe o título por endosso.
O endosso (próprio) tem dois efeitos principais: a) transfere todos os direitos emergentes do título, do endossante para o endossatário; b) o endossante assume a responsabilidade pelo pagamento do título.
O endosso deve sempre constar do título (cartularidade - art.13, Lei Uniforme). O local próprio é o verso do título, não precisando de indicação do ato. Se for feito na frente, tem que constar menção expressa ao endosso.
Formalidade e Efeitos do Endosso:
Não é possível lavrar o endosso em documento à parte ou concedê-lo por meio de instrumento público. O endosso deve ser puro e simples. Não pode ser, uma vez concedido, restringido por qualquer condição, pois a cláusula restritiva será considerada inexistente, não escrita.
O endosso parcial é nulo. Pois o título de crédito é indivisível.
O endossante, bem como o sacado, ficam vinculados cambialmente para com o endossatário. 
O endossante garante, SALVO CLÁUSULA EM CONTRÁRIO: o aceite e o pagamento da letra. 
Se a obrigação não for aceita, volta-se contra o endossante.
Se for aceita, mas o aceitante não a pagar no vencimento – a obrigação volta-se contra o endossante.
O endosso pode ser em preto (indicando a pessoa a quem é transferido o título) ou em branco (não indicando a pessoa a quem é transferido o título). Com o endosso em branco, o título passa a ser ao portador.
Responsabilidade do endossante – o endossante é responsável pelo aceite e pagamento do título, salvo se registrar que endosso é sem garantia – art. 15, da Lei Uniforme. O endosso vincula o endossante ao pagamento do título de crédito, pois ele também vincula o endossante ao pagamento; existe uma solidariedade cambial, que consiste no fato de quem paga poder cobrar tudo do devedor principal, não participação da obrigação.
Endosso pleno – transferência e vínculo
Endosso sem garantia – transferência, mas sem o vínculo do pagamento, que consta no título: “pague-se sem garantia”.
Endosso próprio – tem como função a efetiva transferência dos direito do título de crédito.
Endosso impróprio – o endossante transfere só o exercício dos direitos relativos ao título, sem a transferência dos direitos inerentes ao título.
Endossos impróprios:
Endosso-caução ou endosso-penhor (ou pignoratício) – títulos de crédito dados em garantia a outro negócio. Não há a transferência do crédito. Trata-se de garantia. “Pague-se em garantia”. Ao credor da caução (endossatário) é permitido praticar todos os atos necessários ao exercício dos direitos emergentes do título. O devedor não poderá opor ao endossatário as exceções pessoais que eventualmente tenha perante o endossante, salvo se o endossatário comprovadamente agiu de má-fé.
Endosso mandato – quando o credor transfere para outra pessoa só o poder de receber em seu nome: “Pague-se por procuração”; o mandatário somente vai receber o valor e passar para o credor. Não houve transferência do crédito. O crédito continua a pertencer ao endossante, que nomeia aquelecomo seu procurador para a cobrança do débito. O endossatário-mandatário não tem legitimidade para ingressar em juízo cobrando o crédito.
O protesto é ato necessário para garantir o direito de regresso contra os endossantes e seus avalistas.
ENDOSSO x CESSÃO: Não se confunde com a cessão de crédito, tendo em vista apresentarem as seguintes distinções:
a) o endosso é ato unilateral de declaração de vontade, enquanto a cessão é um contrato bilateral;
b) a nulidade de um endosso não afeta os endossos posteriores; na cessão, a nulidade de uma acarreta a das posteriores;
c) o endossatário não pode opor exceção senão diretamente contra o endossante que lhe transferiu o título; na cessão, o devedor pode opor ao cessionário a mesma defesa que teria contra o cedente (de acordo com o art. 294 do Código Civil, o devedor pode opor tanto ao cessionário como ao cedente as exceções que lhe competirem no momento em que tiver conhecimento da cessão);
d) no endosso, o endossante passa a ser co-devedor da dívida; já na cessão, o cedente somente responde pela existência do crédito cedido.
Cláusula “não à ordem”:
A letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. Isso significa que a letra de câmbio tem implícita a cláusula “à ordem”. 
Para que o título não circule sob as regras do direito cambiário, é necessária a inclusão expressa da cláusula “não à ordem”. A cláusula “não à ordem” proíbe, mas não impede a transmissão do direito contido no título. Com a inclusão da cláusula “não à ordem”, a transferência da letra poderá ocorrer, mas, em relação àquele que inseriu a cláusula “não à ordem”, estarão ausentes os efeitos cambiais naturais do endosso. Os endossos subseqüentes terão os efeitos de cessão civil de crédito em relação àquele que inseriu a cláusula “não à ordem”.
Podem inserir a cláusula não à ordem: o sacador ou o endossante.
Ao inserir a cláusula “não à ordem”, o sacador ou endossante não impedem a circulação da letra de câmbio. Estes tão-somente não garantem o pagamento às pessoas a quem a letra for posteriormente endossada, ou seja, eles não se vinculam cambialmente aos endossatários posteriores. Portanto, em relação àquele que inseriu a cláusula “não à ordem”, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de crédito.
Endosso tardio ou póstumo
É o endosso dado após o vencimento do título. Em regra, o endosso tardio tem os mesmos efeitos do endosso comum (dado antes do vencimento do título). Todavia, produz os efeitos de uma cessão ordinária de crédito o endosso nas seguintes hipóteses:
quando for posterior ao protesto por falta de pagamento; ou
dado depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto.
O endosso que não contém data – presume-se dado antes do protesto do título. Mas, essa presunção é relativa, admitindo prova em contrário.
7. AVAL
Obrigação cambiária assumida por alguém no intuito de garantir o pagamento de título de crédito nas mesmas condições de um outro obrigado. Ato cambial de garantia. Somente há em título de crédito; em contratos, a garantia é a fiança.
Avalista – aquele que oferece a garantia.
Avalizado – aquele que recebe a garantia, é o devedor original do título de crédito.
Aval pode ser total ou parcial (art.30 da Lei Uniforme). O art. 897 do CC, parágrafo único, veda o aval parcial para os títulos de crédito sem legislação específica. 
Pode-se indicar a quem é dada a garantia – aval em preto (identifica o avalizado) – ou não – aval em branco (não identifica o avalizado). O aval em branco deve ser lançado na frente do título e é oferecido em favor do sacador (art.31).
O local apropriado é na frente da LC, se for no verso (seguido de expressões como “endosso a”, “pague-se a”, “transfiro a”) deve identificar o ato. Sendo feito em branco na frente do título, o sacador é o avalizado. Para avalizar o sacado, deve ser em preto.
O avalista responde da mesma forma que o avalizado (art.32).
Características:
Equivalência – o avalista é obrigado nos mesmos termos que o avalizado (exceto se o aval for parcial). Não há benefício de ordem e pode ser acionado isoladamente.
Autonomia – a obrigação do avalista independe da obrigação do avalizado. Mesmo que a relação do avalizado for nula, a do avalista permanece.
	AVAL
	FIANÇA
	É autônomo. A obrigação do avalista persiste mesmo com a nulidade do avalizado.
	É acessória, nulidade da obrigação afiançado abrange a obrigação do fiador.
	Não há benefício de ordem.
	Há benefício de ordem (fiador indica bens livres e desembaraçados do afiançado)
	Não era necessária a outorga uxória. Com o novo CC/02 (art. 1.647, III, CC), exige a outorga, exceto se houver o regime de separação absoluta de bens.
	Antes existia a necessidade de outorga uxória. Com o novo CC/02 permanece a exigência da outorga uxória, exceto se houver o regime de separação absoluta de bens.
Súmula nº 26 do STJ: “O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário”.
O aval é a garantia de pagamento da letra de câmbio, dada por um terceiro ou mesmo por um de seus signatários. 
O aval é materialmente autônomo, mas formalmente dependente.
O avalista, se executado, não pode se opor ao pagamento, fundado em matéria atinente à origem do título. Recorde-se que nenhum obrigado pode opor ao exeqüente as exceções pessoais de outro devedor. O Supremo Tribunal Federal já afirmou que “não cabe ao avalista defender-se com exceções próprias do avalizado, esclarecendo que sua defesa, quando não se funda em defeito formal do título, ou em falta de requisito para o exercício da ação, somente pode assentar em direito pessoal seu” (RE nº 67.378, in RTJ 57/474).
Observe-se, ainda, a seguinte ementa, constante da Revista dos Tribunais: “Execução proposta contra o avalista – Pagamento parcial da dívida alegado em embargos – Exceção respeitante às condições objetivas e materiais do direito de crédito – Oposição admissível, eis que equiparado ao coobrigado – Incomunicabilidade apenas das que respeitem à pessoa do avalizado. (...) Se isso lhe fosse vedado [ao avalista], ficaria em posição inferior ao do avalizado”.
Mulher casada e embargos de terceiro em defesa de sua meação – aval prestado pelo marido: a meação da mulher não responde pela dívida contraída pelo marido, salvo se avalizada era a empresa deste e se o empréstimo reverteu em benefício da família.
Da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: aval prestado com infringência do contrato social – Validade perante terceiros de boa fé. (...) A proibição de prestar aval, estabelecida no contrato, é válida somente entre sócios e obrigados, não sendo oponível a terceiros de boa-fé.
Aval antecipado – o aval pode anteceder o aceite ou o endosso, ainda não lançados no título. A respeito do aval aposto antes do aceite, cumpre salientar que a recusa total ou parcial do aceite nenhuma influência exercerá sobre a responsabilidade do avalista, que independentemente do aceite assumiu a obrigação de garantir o pagamento do título. Diferentemente ocorre com o avalista antecipado de endosso: se o endosso não se realizar, nenhuma obrigação se originou para o avalista do endossante.
Avais SUCESSIVOS e Avais SIMULTÂNEOS:
Avais Simultâneos: Ocorre quando mais de um avalista assume responsabilidade solidária (entre eles) em favor do mesmo devedor. Serão co-avalistas do sacador, do aceitante ou do endossante.
Se um dos avalistas simultâneos pagar o título, este poderá exigir:
- do avalizado - o montante integral da obrigação; ou
- dos demais avalistas simultâneos - a proporção de seus avais.
Avais Sucessivos: Ocorre quando a obrigação de um avalista é garantida também por aval. Quer dizer: tem-se um aval a um avalista.
	Nesse caso tem estar expresso que o aval é a favor de outro avalista,senão o aval será simultâneo.
	Existe subsidiariedade nas obrigações – Primeiro executa-se o patrimônio do 1o avalista (que recebeu aval em sucessão de outro). Somente depois, executa-se o patrimônio do seu avalista sucessivo.
Aval em Branco e Aval em Preto:
Aval em Branco: O avalizado não é identificado no aval. 
No caso de letra de câmbio, o avalizado no aval em branco é o sacador. Isto é para evitar o aval antecipado. Caso o avalizado fosse o sacado e este não desse o aceite, ocorreria o aval antecipado.
Aval em Preto: O avalizado é identificado no aval. 
Súmula 189 do STF: “Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos”.
8. PAGAMENTO
A letra de câmbio é uma obrigação querable por natureza, pois o devedor, no dia do vencimento, não sabe nas mãos de quem e onde se encontra o título. O portador deve ir ao devedor apresentar o título para pagamento.
A Lei Uniforme dispõe que a letra deve ser apresentada para pagamento no dia do vencimento ou em um dos dois dias subseqüentes. O Brasil, todavia, usou da reserva, razão pela qual, em relação às letras pagáveis em seu território, deverá o portador fazer a apresentação no próprio dia do vencimento.
Tal regra, evidentemente, não se aplica às letras à vista, as quais podem ser apresentadas em qualquer momento, no prazo de um ano.
Efeitos da não-apresentação – O portador que não apresentar a letra para pagamento, seja qual for a modalidade de prazo de vencimento, na época determinada, perde, em conseqüência, o direito de regresso contra o sacador, endossadores e respectivos avalistas. Expirado o prazo de apresentação para pagamento, o portador somente terá direito de ação contra o aceitante (e respectivo avalista).
Em conseqüência de o título ser documento essencial para o exercício do direito, a sua posse em mãos do devedor presume o pagamento. Tal presunção, contudo, admite prova em contrário (pode ser que haja o título sido roubado ou extraviado).
O portador não pode recusar o pagamento que se lhe queira efetuar, seja total ou parcial, se for oferecido no dia do vencimento (no direito civil, o credor pode recusar o pagamento parcial). Art. 902, § 1°, CC: no vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial.
O pagamento antecipado, seja total ou parcial, pode ser recusado. Art. 902 CC: não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento.
Assim é porque pode ocorrer que o título tenha sido extraviado, e se encontre na posse ilegítima do portador. 
O credor pode fazer uma oposição ao pagamento, nos casos em que o título estiver na posse ilegítima de outra pessoa. Esta oposição deve ser dirigida ao devedor por carta registrada.
Verificação dos endossos – Aquele que paga a letra é obrigado a verificar a regularidade da sucessão dos endossos, mas não a assinatura dos endossantes. A cadeia de endossos em preto deve estar perfeita, com as assinaturas dos endossantes se encadeando, um a um.
Supremo Tribunal Federal – Somente se caracteriza a recusa do pagamento de título cambial pela sua apresentação ao devedor, demonstrada pelo protesto. Até este momento, o devedor não é culpado pelo atraso na liquidação da dívida (até porque pode nem saber quem é o portador do título). Não se olvide que a cambial é um título de apresentação.
Lugar do pagamento – Na falta de menção no título, prevalece o lugar que constar ao lado do nome do sacado.
Efeitos do pagamento – Há que se distinguir duas situações:
a) o pagamento efetuado pelo aceitante (obrigado principal) ou pelos respectivos avalistas desonera da responsabilidade cambial todos os coobrigados;
b) o pagamento feito pelo sacador, endossantes ou respectivos avalistas desonera da responsabilidade apenas os coobrigados posteriores.
Pagamento por intervenção: o que paga por intervenção (a intervenção é sempre voluntária) fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra.
Se a apresentação da letra ou o seu protesto não puder ser feito dentro dos prazos indicados por motivo insuperável (caso fortuito ou força maior), esses prazos serão prorrogados. É a mesma regra da apresentação para aceite.
9. PROTESTO CAMBIAL
Modalidades de protesto:
	- Protesto Judicial – é modalidade especial de protesto tratada no CPC.
	- Protesto Extrajudicial ou Cambial – é tratado no direito cambiário.
Definição – Protesto cambial - É a formalidade extrajudicial, mas solene, destinada a servir de prova da apresentação da letra de câmbio, no tempo devido, para aceite ou para pagamento.
O protesto é prova de que o credor se desonerou da obrigação de apresentar o título ao devedor para aceite ou para pagamento. O protesto cambial não cria direitos. É o protesto um simples meio de prova para o exercício do direito cambiário, como acentua Pontes de Miranda.
O protesto constitui elemento fundamental para o exercício do direito de regresso.
Pode-se, destarte, fazer-se a seguinte distinção:
a) protesto obrigatório (ou necessário, ou conservatório) – deve ser feito pelo portador do título para não perder o direito de regresso, ou seja, o direito de ação contra os coobrigados não principais (sacador, endossantes e respectivos avalistas), salvo a presença da cláusula “sem protesto”;
b) protesto facultativo (ou probatório) – interessa apenas para provar a mora do sacado/aceitante (o protesto não é obrigatório em relação a este, porquanto ele pode ser acionado ainda que o título não tenha sido protestado).
Da jurisprudência do STF – Para o credor exigir judicialmente do aceitante ou do seu avalista a dívida cambiária, não é necessário o prévio protesto do título. O protesto é exigido “só para os casos de ação regressiva do portador contra o sacador, endossador e avalista” (in RTJ 57/469). Portanto, para que possa exigir o pagamento dos demais obrigados pelo título (endossantes e avalistas), deverá comprovar o inadimplemento do devedor principal, o que se faz pelo protesto.
Súmula nº 153 do STF: “simples protesto cambiário não interrompe a prescrição”. Sem eficácia, pois, o art. 202, III, do CC, que determina que o protesto cambiário interrompe a prescrição.
Juros (artigo 48 da Lei Uniforme) – contam-se desde a data do vencimento, à taxa de 6%. Há quem defenda, porém, que eles se contam apenas a partir do protesto, sob o argumento de que o devedor não sabe quem é o portador do título.
Prazos de protesto – A disciplina é diferente para cada um dos tipos:
a) protesto por falta de pagamento – como o Brasil se valeu do seu direito de reserva, não adotou a regra da Lei Uniforme. Assim, o dia da apresentação do título é o do vencimento. Se houver recusa, a letra deve ser entregue ao oficial de protesto no primeiro dia útil seguinte;
b) protesto por falta de aceite – não houve reserva. Assim, se o devedor pede que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação, tendo esta sido feita no último dia do prazo, pode fazer-se o protesto ainda no dia seguinte.
Cláusula “sem protesto” (ou “sem despesa”) – É possível inseri-la no título. Caso o seja, o portador pode exercer o seu direito de ação contra os coobrigados independentemente de protesto do título.
Cancelamento do protesto (Lei nº 6.690/1975) – será cancelado o protesto de títulos cambiais posteriormente pagos mediante a exibição e entrega, pelo devedor, dos títulos protestados, devidamente quitados.
Sustação do protesto – Cuida-se de construção jurisprudencial, para evitar o abuso do direito de certos credores, que usam o protesto para oprimir e coagir o devedor a pagar a dívida. 
Confere-se ao protestando a chance de demonstrar judicialmente a inexistência ou invalidade da pretendida obrigação. A sustação vale, então, como medida processual cautelar. Impõe-se o depósito da quantia reclamada, não em consignação em pagamento,mas como preliminar e preparatória de ação judicial de anulação do título. Poderá o juiz, entretanto, admitir apenas a prestação de caução. Essa medida era simples construção pretoriana, tendo sido positivada com a Lei 9.492/97, para suspender os efeitos do protesto enquanto se discute, em juízo, a efetiva exigibilidade do título apresentado ao Tabelião de Protesto de Títulos.
10. AÇÃO CAMBIAL
É, no direito brasileiro, uma ação executiva típica.
O portador pode acionar qualquer obrigado, sem estar adstrito à ordem, ou pode mover a ação contra todos, citando-os solidariamente. Porém, para que possa exigir o pagamento dos demais obrigados pelo título (endossantes e avalistas), deverá comprovar o inadimplemento do devedor principal, o que se faz pelo protesto.
O prazo para o protesto é decadencial; o da ação, prescricional.
Prescrição da ação cambial (Letra de Câmbio):
a) contra o aceitante – prescreve em 3 anos a contar do vencimento;
b) do portador contra os endossantes e contra o sacador – prescreve em 1 ano, a contar do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se fora aposta a cláusula “sem protesto”;
c) dos endossantes contra os outros e contra o sacador – prescreve em 6 meses, a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou, se for o caso, do dia em que ele foi acionado. Nesse caso, trata-se do exercício do direito de regresso.
A prescrição pode ser interrompida, mas só produz efeitos em relação à pessoa contra quem foi dirigida (artigo 71 da Lei Uniforme).
Ação de enriquecimento ilícito (ação de in rem verso) – o próprio artigo 15 do Anexo II da Convenção de Genebra facultou aos países signatários a previsão da citada ação. Baseia-se na eqüidade, e não no direito creditório, que já está prescrito. A sua causa de pedir não é a existência do crédito (que já prescreveu), mas o locupletamento ilícito. Segundo o § 3° do art. 206 do CC, o prazo é de 3 anos.
Em tais ações, há julgados que se contentam com a juntada do título, entendendo caracterizado o prejuízo. Há, todavia, controvérsias a este respeito.
11. RESSAQUE
Ressacar é sacar outra vez. Possui idêntica natureza do saque primitivo, com os meses requisitos essenciais (tanto que dispensa até novo aceite do sacado, sendo suficiente o do título original). Previsto no art. 37 do Decreto nº 2.044/08, permitindo ao portador de uma letra que a tenha pago, devidamente protestada, e não prescrita, proceder à emissão de um novo título, com a finalidade de substituir a ação regressiva contra os demais co-responsáveis. 
Se algum obrigado indireto pagar a letra, poderá demandar os demais de dois modos: 
a) via ação regressiva;
b) emitindo uma nova letra, que será a cópia fiel da primitiva, junto da qual deve seguir. 
NOTA PROMISSÓRIA
Está prevista na mesma legislação da letra de câmbio, por isso haverá várias regras em comum.
Mas, ela é uma promessa de pagamento.
Emitente ou subscritor – quando emite a nota, já está se obrigando. É o devedor.
Beneficiário – é o credor 
Como o devedor já está se submetendo diretamente ao pagamento, não é necessário o aceite, pois é ele que emite o próprio título.
1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra
2. CONCEITO
Promessa de pagamento de certa quantia em dinheiro feita, por escrito, por uma pessoa, em favor de outra ou à sua ordem.
3. ELEMENTOS PESSOAIS
EMITENTE ou SUBSCRITOR – aquele que faz a promessa de pagamento;
BENEFICIÁRIO – o favorecido na promessa de pagamento.
4. REQUISITOS
Para ser considerada válida, a NP deve conter requisitos (art. 75 da LU):
- denominação nota promissória;
- promessa de pagar certa quantia; 
- data do pagamento; 
- lugar do pagamento; 
- nome do beneficiário;
- data e lugar de emissão;
- assinatura do emitente.
Salvo a data (se omissa, será considerada a vista) e o lugar de pagamento ou emissão, a ausência de algum dos requisitos ocasiona a desconsideração do título como NP (art. 76 da LU).
5. APLICAÇÃO DAS REGRAS DA LETRA DE CÂMBIO
Endosso (ato de transferência dos direitos inerentes ao título de crédito). Somente o titular do crédito pode endossar, ou seja, o credor ou beneficiário. Quem endossa é o endossante, quem recebe é endossatário. O novo credor pode cobrar de todos os anteriores, até do endossante, que não é o devedor principal, mas também é devedor.
Aval (ato de garantia cambial) quem presta o aval é o avalista, quem é garantido é o avalizado. Os dois são equiparados, pois, respondem da mesma forma, não há benefício de ordem; ou seja, tanto um, quanto outro pode ser cobrado indistintamente.
As duas obrigações são distintas, mesmo que haja nulidade na relação jurídica do avalizado em relação ao credor, não implicará na nulidade da obrigação do avalista; são obrigações autônomas. As exceções pessoais do avalizado, também não alcançam o avalista.
Somente o devedor pode ser avalizado, na NP são devedores: o emitente e os endossantes.
Vencimento e Pagamento
Seguem as mesmas regras da letra câmbio.
O prazo do protesto também é de 02 dias úteis subseqüentes ao vencimento, para garantir a possibilidade de cobrança dos co-obrigados.
Prazos prescricionais da nota promissória são os mesmos da letra de câmbio, com a única diferença a de que no lugar do aceitante entra o eminente e é retirada a figura do sacado.
03 anos contra o devedor principal, o emitente e seu avalista, a partir do vencimento da promissória.
01 ano contra endossantes e seus avalistas, contado do protesto.
06 meses para regresso entre endossante, contados de quando foi efetuado o pagamento.
7. NP Pro Soluto x NP Pro Solvendo
NP Pro Soluto é a nota em pagamento. Quando você faz a tradição (entrega), a tradição faz a novação. A simples entrega provoca a novação da obrigação. Quando entrego a NP estou provocando a quitação da obrigação que a originou. Ex.: compra e venda de imóvel. Se não pago a NP, a construtora vai poder fazer a rescisão do contrato. Quando entrego a NP, quitei a compra e venda, não é possível rescindir. A construtora só terá à disposição a execução.
NP Pro Solvendo é a nota para pagamento. A entrega do título não provoca a quitação da obrigação. A quitação somente se opera com o pagamento do título. Só vou ter a quitação da obrigação quando pagar a NP. Se eu não pagar a NP no vencimento, a construtora pode ajuizar ação de execução, mas também pode optar pela rescisão do contrato, porque o contrato não está quitado.
8. COMPARATIVO: Nota Promissória (NP) x Letra de Câmbio(LC)
1) Não se aplicam às notas promissórias as regras da LC incompatíveis com a natureza de promessa de pagamento (art. 77 da LUG). A letra de câmbio tem natureza de ordem de pagamento, já a nota promissória, promessa de pagamento.
2) Aplica-se ao subscritor da nota promissória as regras do aceitante da letra de câmbio (art. 78 da LUG), em razão de ambos serem os devedores principais dos respectivos títulos. Com isso, temos o seguinte:
a prescrição da nota contra o subscritor (emitente) também é de 3 anos;
o protesto do título também é facultativo contra o emitente da nota promissória;
a falência do subscritor antecipa o vencimento da nota promissória.
3) O aval em branco, na nota promissória, considera-se dado ao subscritor (art. 77 da LUG). Por sua vez, na letra de câmbio, o aval em branco considera-se dado ao sacador (art. 31 da LUG).
4) Por ser uma promessa direta de pagamento, não existe aceite na NP, todavia, a LUG, no art. 78, disciplinou a figura da NP pagável a certo termo de vista. Funciona da seguinte forma - o subscritor promete pagar quantia determinada, ao término de prazo por ele definido e cujo início se opera a partir do visto, a ser oportunamente dado na NP. O portador da cambial tem um prazo (ver art. 23) a contar da data da emissão da NP para apresentá-la ao visto do emitente. Dado o visto, começa a fluir o prazo mencionado no títulopara vencimento. 
Se o visto for negado pelo emitente, cabe protesto, nos termos do art. 25. Porém, a recusa do visto não antecipa o vencimento.
- Nota emitida com vinculação a determinado contrato – caso tal fato conste expressamente do título, estará descaracterizada a abstração/autonomia do título (relativização), podendo ser alegada exceção pessoal em desfavor de terceiro de boa-fé. 
DUPLICATA
É título príncipe do direito brasileiro e é muito utilizada em substituição da letra de câmbio. É um título causal que somente pode ser emitida por: compra e venda (empresários) e prestação de serviço. Ela é uma ordem de pagamento sempre vinculada ao contrato de compra e venda ou de prestação de serviços. Existe o sacador ou emitente (é o que emite a duplicata; ele é o vendedor) e o sacado (que é o comprador), que paga para o beneficiário, que é o próprio vendedor.
 Sacado é o devedor
 Beneficiário é credor
 Sacador é credor
Obs: A duplicata praticamente não é emitida, sendo substituída pelo boleto bancário.
Trata-se de criação brasileira. O motivo real de implantação da duplicata de fatura foi o interesse tributário do Governo (à época em que o imposto sobre vendas mercantis cabia à União). Era título de emissão obrigatória, porquanto constituía o veículo de arrecadação e fiscalização do imposto. Hoje, sua emissão é uma faculdade do credor.
É um título emitido juntamente com a fatura (fatura é obrigatória; duplicata é facultativa).
A fatura não é, evidentemente, título representativo de mercadorias, mas é o documento do contrato de compra e venda mercantil, que enseja a emissão da duplicata, esta sim um título de crédito. O Prof. Waldemar Ferreira se refere à duplicata como “título de crédito, representativo da venda de mercadorias efetivamente entregues”.
A jurisprudência não aceita a emissão de nova duplicata apenas para correção monetária e juros de mora.
Uma duplicata só pode corresponder a uma única fatura (artigo 2°, § 2°, da Lei). 
1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Lei nº. 5.474/68 (alterada pelo D.L. nº. 436/69)
2. CARACTERÍSTICAS
Título causal. Título de crédito que emerge de uma compra e venda mercantil ou prestação de serviço.
Ordem de pagamento.
Título de modelo vinculado.
3. ELEMENTOS PESSOAIS
a) SACADOR - quem dá a ordem de pagamento/aquele que vende a mercadoria ou presta serviço;
b) SACADO - quem recebe a ordem de pagamento/aquele que compra a mercadoria ou serviço;
4. A DUPLICATA E O PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE
O regramento da duplicata em alguns momentos não age em observância ao princípio da cartularidade.
Após a emissão da duplicata pelo sacador/vendedor, ela deveria ser remetida para o sacado/comprador para o lançamento do aceite. Veja as regras no art. 6o e seguintes da Lei das Duplicatas.
Esse procedimento gera um risco para o sacador/vendedor, pois a duplicata pode extraviar ou não ser devolvida pelo sacado/comprador. Ocorrendo uma dessas hipóteses, ficaria o sacador/vendedor impossibilitado de fazer a cobrança, por não possuir o título, se a Lei das Duplicatas não tivesse criado alternativas para substituí-la.
Em caso de perda ou extravio da duplicata, poderá o sacador/vendedor emitir triplicata para substituí-la (art. 23 da Lei das Duplicatas).
Em caso de retenção da duplicata pelo sacado/comprador, poderá ser protestado o título por simples indicações do portador do título.
5. ACEITE OU RECUSA DO ACEITE
O aceite na duplicata é obrigatório, por tratar-se de título causal. O aceite só poderá ser recusado de acordo com os arts. 8o e 21: (rol taxativo)
Defeito na mercadoria
Mercadoria entregue diferentemente do que foi acertado
Avaria
Divergência nos prazos e nos preços ajustados.
Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode ser discriminado em três categorias:
aceite ordinário – aquele em que o sacado lança sua assinatura no título;
aceite por comunicação – aquele em que o sacado retém o título e expressa o aceite em carta/comunicado apartado;
aceite por presunção – caracteriza aceite presumido quando o sacado/ comprador recebe a mercadoria e não reclama e quando o título é protestado, sem que haja obstáculo – art. 15 da Lei das Duplicatas (ver item 7.6)
Princípio do suprimento do aceite – Ainda que não haja aceite, o título pode ser utilizado para ação executiva (constitui título executivo, portanto) nas seguintes hipóteses legais:
a) quando o sacado, recebendo a duplicata, a retém com o consentimento do credor, tendo comunicado por escrito que a aceitou e a reteve (esta comunicação seria o título executivo);
b) quando a duplicata ou triplicata não aceita, mas protestada, vem acompanhada de qualquer documento comprobatório da remessa ou da entrega da mercadoria (artigo 15). O título executivo seria a duplicada acompanhada da prova da remessa ou entrega da mercadoria;
c) quando a duplicata ou triplicata não é aceita nem devolvida, mas o protesto (por falta de aceite ou de devolução) é tirado mediante indicações do credor, o qual deve provar que o devedor recebeu o título. Neste caso, como na situação de ‘b’, deve-se comprovar a remessa ou entrega da mercadoria. O título executivo seria o instrumento do protesto tirado mediante indicações, acompanhado da prova de remessa ou entrega da mercadoria.
Observe-se que há um abrandamento do princípio da cartularidade.
Se a duplicata não é aceita, mas o credor não dispõe de prova da remessa ou entrega da mercadoria, deverá mover ação de cobrança (ação de rito ordinário; não poderá se valer de ação executiva).
- após a emissão da duplicata, o sacador terá prazo de 30 dias para sua remessa ao sacado;
- o sacado, ao receber a duplicata, terá prazo de 10 dias para dar o aceite ou recusá-lo de forma motivada e devolver a duplicata ao sacador;
- o endosso da duplicata segue a regra do endosso da letra de câmbio. No que se refere ao aval, também se aplica as disposições referentes à letra de câmbio. Porém, há algumas pequenas diferenças:
- a duplicata ou é à vista ou é com data certa, não se admitindo duplicata a certo termo de vista ou a certo termo de data.
6. ENDOSSO: admite o endosso. Há Impossibilidade de inserir a cláusula não a ordem desde a origem. O 1º endossante será o vendedor da operação que originou o título.
7. PROTESTO DA DUPLICATA
Tem a mesma finalidade que dos outros títulos de crédito, ou seja, poder cobrar os demais co-obrigados. 
A duplicata pode ser protestada 	- por falta de aceite;
					- por falta de devolução;
					- por falta de pagamento.
- Protesto por Indicação (art. 13, parágrafo 1o da Lei das Duplicatas)
O protesto da duplicata pode ser solicitado sem que o sacador a tenha em mãos. Se a duplicata foi remetida para aceite e não foi devolvida, poderá haver protesto mediante simples indicações dos dados do título (retirados do livro de emissão de duplicatas – obrigatório para os empresários que emitem tais títulos) ao Cartório de Protestos.
- Para garantir o direito de regresso contra os endossantes e seus avalistas, o protesto deve ser feito até 30 dias após o vencimento do título. – art. 13, par. 4o Lei das Duplicatas.
8. EXECUÇÃO DA DUPLICATA (ART.15)
Título Executivo	
1) duplicata aceita, protestado ou não
2) duplicata não aceita (triplicata ou por indicação) + protesto + documento de comprovação da entrega da mercadoria – recusa justificada
pode ser feita quando for duplicata ou triplicata (cópia da duplicata em caso de perda ou extravio) aceita, protestada ou não.
Em caso de aceite ordinário ou por comunicação.
Também pode ser executada a duplicata não-aceita (não teve o aceite ordinário e nem por comunicação), que inicialmente pensou-se em aceite por presunção, que não foi confirmado pelo pagamento. Nesse caso são requisitos cumulativos:
protesto (até contra o devedor principal;mesmo que o protesto seja por indicação)
comprovante de entrega da mercadoria.
Que o sacado não tenha comprovadamente recusado o aceite.
9. PRESCRIÇÃO
Contra o devedor principal e seus avalistas – 3 anos.
Contra os co-devedores e seus avalistas ou entre os co-devedores – 1 ano
CHEQUE
Está na lei 7.357/85. Cheque é uma ordem de pagamento à vista (artigo 32). Quem ordena é o emitente ou devedor. A ordem é dirigida ao banco (instituição financeira) que é o sacado, é o que cumpre a ordem de pagamento. Aquele que recebe o cheque é o beneficiário, o credor da importância. O banco não tem qualquer responsabilidade pelo pagamento imediato de cheques pós-datados.
O Brasil, todavia, posteriormente, editou sua própria lei sobre cheques – a Lei nº 7.357, de 2 de setembro de 1985. Referida lei, no entanto, respeitou as normas da Lei Uniforme (Decreto nº 57.595, de 7 de janeiro de 1966); seu escopo foi apenas de assegurar uma redação mais condizente com as peculiaridades da legislação interna e de melhor harmonizar certos dispositivos a outros existentes na praxe doméstica.
Alguns levantam dúvidas quanto à sua caracterização como título de crédito. O cheque – é bem verdade – é um instrumento de pagamento, na sua forma mais simples. Todavia, ele também toma a feição de título de crédito, quando se apresenta com endosso e aval, pondo-se em circulação. Aplicam-se, portanto, os institutos próprios aos títulos de crédito.
ACEITE: não admite aceite. 
ENDOSSO: mesas regras da NP.
AVAL: No que se refere ao aval, tudo visto na letra de câmbio se aplica ao cheque. O aval no cheque pode ser parcial ou total. O aval somente continua enquanto o título ainda é cambial, uma vez que, caso o título deixe de ser obrigação cambial, o aval não mais vale (ex.: o título prescrito faz com que o título deixe de ser cambial, gerando a perda de efeito do aval). 
Súmula 299 do STJ: “[...]é admissível ação monitória fundada em cheque prescrito.”
Visto – Aposto pelo sacado, obriga-o a debitar à conta do emitente a quantia indicada no cheque e a reservá-la em benefício do portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem que fiquem exonerados o emitente, endossante e demais coobrigados. Visto não é aceite.
Provisão de fundos – O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado (artigo 4°). A infração deste preceito não acarreta a nulidade do cheque; este, todavia, não é pago pelo sacado.
Quanto aos cheques “pós-datados” (os chamados pré-datados), deve ser feita a seguinte observação: o artigo 28 da Lei Uniforme determina que “o cheque apresentado a pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação”. A data futura, ou a pré-data, é pela Lei Uniforme considerada como inexistente, e o beneficiário pode apresentá-la imediatamente ao sacado. Assim, não havendo provisão, caracteriza-se o cheque sem fundos. 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO. TÍTULO DE CRÉDITO. CHEQUE PÓS-DATADO. OMISSÃO. FUNDAMENTAÇÃO. AUSENTE. DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. SIMILITUDE FÁTICA NÃO DEMONSTRADA. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO EXECUTIVA. DATA CONSIGNADA NA CÁRTULA.
(...)
3. Ainda que a emissão de cheques pós-datados seja prática costumeira, não encontra previsão legal. Admitir-se que do acordo extracartular decorra a dilação do prazo prescricional, importaria na alteração da natureza do cheque como ordem de pagamento à vista e na infringência do art. 192 do CC, além de violação dos princípios da literalidade e abstração. Precedentes.
4. O termo inicial de contagem do prazo prescricional da ação de execução do cheque pelo beneficiário é de 6 (seis) meses, prevalecendo, para fins de contagem do prazo prescricional de cheque pós-datado, a data nele regularmente consignada, ou seja, aquela oposta no espaço reservado para a data de emissão.
5. Recurso especial parcialmente conhecido e nessa parte não provido.
(REsp 1068513/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/09/2011, DJe 17/05/2012)
DESAPOSSAMENTO – o artigo 24 da Lei Uniforme esclarece que desapossado alguém de um cheque, o novo portador legitimado não está obrigado a restituí-lo, se não o adquiriu de má-fé.
Obs: autonomia relativa do cheque: permite-se, em excepcionais situações, que o devedor discuta a “causa debendi”. Neste sentido, STJ: 
COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. CHEQUE. INVESTIGAÇÃO DA CAUSA DEBENDI. CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS, QUE O PERMITEM. LEI N. 7.357/85. EXEGESE. HONORÁRIOS. FIXAÇÃO EQÜITATIVA. CPC, ART. 20, § 4º.
I. A autonomia do cheque não é absoluta, permitida, em certas circunstâncias especiais, como a prática de ilícito pelo vendedor de mercadoria não entregue, após fraude notória na praça, a investigação da causa subjacente e o esvaziamento do título pré-datado em poder de empresa de "factoring", que o recebeu por endosso.
(...) (REsp 434.433/MG, DJ 23.06.2003)
Cheque. Vinculação a contrato de compra e venda. Possibilidade de exame da causa do débito. Fundamentação que permanece suficiente para a manutenção do julgado. 1. Se o cheque foi dado em garantia, "deve ser admitida a investigação da causa debendi " (...) REsp, 659.327/MG, DJ 30.04.2007.
1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Lei nº. 7.357/85
2. CONCEITO
Ordem de pagamento, à vista, dada a um banco ou instituição assemelhada, por alguém que tem fundos disponíveis no mesmo, em favor próprio ou de terceiro.
3. ELEMENTOS PESSOAIS
EMITENTE ou SACADOR – aquele que dá a ordem de pagamento;
BENEFICIÁRIO ou TOMADOR– o favorecido da ordem de pagamento;
SACADO – aquele que recebe a ordem de pagamento – o banco.
4. TIPOS DE CHEQUE
Cheque Cruzado – Recebe na frente (anverso) dois traços paralelos e transversais. O cruzamento do cheque faz com que ele só possa ser pago a um banco, para tanto deverá ser depositado em uma conta. Há cruzamento em branco (quando não se indica em que banco deve ser depositado) e em preto (quando, entre os traços, é feita indicação do banco em que deve ser depositado). – art. 44 da Lei do Cheque.
Cheque Para Ser Levado Em Conta – Quando o emitente proíbe o pagamento do título em dinheiro exigindo que seja depositado em conta. Não tem utilização atualmente, pois o cheque cruzado é mais conhecido e atende ao mesmo objetivo. – art. 46 da Lei do Cheque.
Cheque Administrativo – É o emitido pelo banco. Será necessariamente nominal. É usado em casos em que se quer ter certeza de que tem fundos. – art. 9o , III da Lei do Cheque.
Cheque Visado – Aquele em que o banco, a pedido do emitente, declara no verso a existência de fundos. Cabe ao banco reservar o valor visado na conta do emitente para que não sirva ao pagamento de outro cheque. – art. 7o Lei do Cheque
5. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DO CHEQUE – Art. 33 da Lei do Cheque
Não é o prazo prescricional do cheque. A perda tem uma conseqüência, mas que não são as mesmas da prescrição:
30 dias – mesma praça.
60 dias – praças diversas.
A não apresentação do cheque no prazo de apresentação acarreta a perda do direito de regresso contra os endossantes e seus avalistas. Continua podendo cobrar do emitente.
A apresentação no prazo de pagamento deve ser comprovada para que permaneça o direito de regresso contra endossantes e seus avalistas. Quando se tratar de cheque a comprovação pode ser feita alternativamente:
protesto;
declaração do sacado, escrita e datada, com indicação do dia de apresentação (carimbo de devolução do cheque). Ver art. 47 da Lei do Cheque.
Obs.: Protesto – não precisa para cobrar de co-obrigados, por que basta o carimbo do banco de que o cheque não tinha fundos, para suprir a necessidade de protesto. Se o cheque, por falta de fundos, voltar por duas vezes, não podem mais ser emitidos cheques e o nome do emitente vai para o rol dos emitentes de cheques sem fundos.
6. SUSTAÇÃO DO CHEQUE
Objetiva impedir a liquidação do cheque pelo banco sacado.
Revogaçãoou Contra-ordem – art. 35 da Lei do Cheque
Ato exclusivo do emitente. Somente pode ser manifestada após o fim do prazo de apresentação. Deverá o emitente apresentar as razões motivadoras do ato.
Oposição – art. 36 da Lei do Cheque
Ato de emitente ou portador legitimado. Pode ser manifestada mesmo antes do término do prazo de apresentação. Deverá apresentar relevante razão de direito. Não cabe ao banco julgar a relevância da razão invocada para a oposição (por isto, é totalmente descabida a exigência, feita pelos bancos, de que o emitente apresente boletim de ocorrência policial).
PRESCRIÇÃO – o prazo é de 6 meses após o prazo de apresentação do cheque; uns dizem que seria após o término do prazo e outros que seria a partir do dia da apresentação (essa é majoritária na jurisprudência), tendo como marco final os trinta ou sessenta dias.
Este é o dies a quo para quando o cheque não for apresentado. Se for apresentado e não pago, por qualquer motivo, inclusive falta de provisão de fundos, a prescrição começa a contar a partir do dia da primeira apresentação.
DIREITO COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA EMBASADA EM CHEQUE PRESCRITO. VIABILIDADE. MENÇÃO AO NEGÓCIO JURÍDICO SUBJACENTE. DESNECESSIDADE. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS À MONITÓRIA DISCUTINDO O NEGÓCIO QUE ENSEJOU A EMISSÃO DO CHEQUE. POSSIBILIDADE.
1. O cheque é ordem de pagamento à vista, sendo de 6 (seis) meses o lapso prescricional para a execução após o prazo de apresentação, que é de 30 (trinta) dias a contar da emissão, se da mesma praça, ou de 60 (sessenta) dias, também a contar da emissão, se consta no título como sacado em praça diversa, isto é, em município distinto daquele em que se situa a agência pagadora.
2. Se ocorreu a prescrição para execução do cheque, o artigo 61 da Lei do Cheque prevê, no prazo de 2 (dois) anos a contar da prescrição, a possibilidade de ajuizamento de ação de locupletamento ilícito que, por ostentar natureza cambial, prescinde da descrição do negócio jurídico subjacente. Expirado o prazo para ajuizamento da ação por enriquecimento sem causa, o artigo 62 do mesmo Diploma legal ressalva a possibilidade de ajuizamento de ação de cobrança fundada na relação causal.
3. No entanto, caso o portador do cheque opte pela ação monitória, como no caso em julgamento, o prazo prescricional será quinquenal, conforme disposto no artigo 206, § 5º, I, do Código Civil e não haverá necessidade de descrição da causa debendi 4. Registre-se que, nesta hipótese, nada impede que o requerido oponha embargos à monitória, discutindo o negócio jurídico subjacente, inclusive a sua eventual prescrição, pois o cheque, em decorrência do lapso temporal, já não mais ostenta os caracteres cambiários inerentes ao título de crédito.
5. Recurso especial provido.
(REsp 926.312/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 20/09/2011, DJe 17/10/2011)
Ações cabíveis para cobrança do cheque:
Execução (prescrição de 6 meses)
Ação de enriquecimento ou locupletamento indevido – está prevista na lei de cheque (artigo 61); é uma ação de conhecimento e somente pode ser ajuizada depois de prescrito o cheque. Ela somente é cabível no prazo de 2 anos após a consumação da prescrição. Sobre a discussão da causa do cheque, há divergência jurisprudencial.
Ação monitória (para qualquer título de crédito prescrito) – Súmula 299 do STJ.
8. PAGAMENTO
- pagamento parcial: segundo o artigo 38, parágrafo único da lei, diz que “o portador não pode recusar pagamento parcial...”;
- se 2 ou + cheques são apresentados para pagamento simultaneamente (Detalhe, não há fundo disponível de ambos), qual o banco deve pagar? Art. 40 
- terão preferência os cheques de emissão mais antiga;
- se forem de mesma data, o de número inferior.
- conta conjunta: segundo o STJ, na conta conjunta há solidariedade ativa, no sentido de que ambos podem movimentar a conta, mas não há solidariedade passiva. A responsabilidade passiva é do emitente do cheque
7. ASPECTOS CRIMINAIS
- Fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, §2°, VI, CP):
- o cheque é do emitente
- a consumação ocorre com a recusa do pagamento
- o foro competente é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado (Súmula 521 STF)
- se o pagamento ocorre antes do recebimento da denúncia, a pena será reduzida de um a dois terços, em face do arrependimento posterior (art. 16 do CP, após reforma de 1984)
- antes da reforma não existia tal instituto e nos termos da Súmula 554 do STF, o pagamento efetuado antes do recebimento da denúncia retirava a justa causa para a ação penal (554 - O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. (D. Pen .))
Obs: o STJ consolidou entendimento de que a pré-datação do cheque o transformaria em mera garantia de dívida, fato que, por si só, afastaria a possibilidade de incriminação do emitente no tipo penal de estelionato (RHC 16880/PB, DJ 24/10/2005).
- Estelionato comum mediante falsificação de cheque (art. 171, “caput”):
- o cheque não é do emitente
- a consumação ocorre no momento em que o agente obtém a vantagem ilícita
- compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar (Súmula 48 STJ)
	
	Devedor Principal e Avalista
	Co-devedor e Avalista
	Direito de Regresso
	LC & NP
	3 anos do vencimento
	1 ano do protesto (p/ endossante tbm), contados do protesto ou do vencimento (se a letra tiver cláusula ‘sem despesa’)
	6 meses 
- do pagamento 
- de quando demandado
	Duplicata
	3 anos do vencimento
	1 ano do protesto (p/ endossante tbm), contados do protesto ou do vencimento (se a letra tiver cláusula ‘sem despesa’)
	6 meses 
- do pagamento 
- de quando demandado
	Cheque
	6 meses contados do fim do prazo de apresentação (30/60)
	6 meses do protesto (o processo poderá ser substituído por uma declaração do banco sacado ou por uma declaração da câmara de compensação). Na verdade, o grande objetivo de protestar o cheque é a interrupção do prazo prescricional
	6 meses 
- do prazo 
- de quando demandado
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TÍTULOS DE CRÉDITO E FINANCIAMENTO RURAL, INDUSTRIAL, COMERCIAL E IMOBILIÁRIO (este item não está no programa, mas fica a critério de cada um ler ou não, como constou no resumo anterior)
Alguns instrumentos jurídicos, por outro lado, se encontram sujeitos a uma disciplina legal que aproveita, em parte, os elementos do regime jurídico-cambial. Mas tais instrumentos não podem ser considerados títulos de crédito, embora encontrem disciplinados por um regime próximo ao das cambiais, justamente porque não se aplicam, totalmente, os elementos caracterizadores do regime jurídico-cambial. 
Costumam-se denominar tais instrumentos pela expressão “títulos de crédito impróprios”, da qual são espécies:
- título de financiamento
- título de legitimação
- títulos representativos
- títulos de investimentos. 
Título de financiamento. São títulos que asseguram ao seu portador a prestação de um serviço ou acesso a prêmios em certame promocional ou oficial. Ex.: bilhete do metrô, passe de ônibus, ingresso em cinema, volante sorteado de loteria. Aplicam-se os princípios da cartularidade, da literalidade e da autonomia, mas não são títulos executivos.
Títulos de investimento. Destinam-se à captação de recursos pelo emitente. Representam-se a parcela de um contrato de mútuo celebrado entre o sacador do título e os seus portadores. Ex.: letras imobiliárias; certificado de depósito bancário. Há alguns tipos de títulos com esse perfil econômico (captação e investimento), mas enquadrados em conceito jurídico distinto. É o caso das debêntures, que são valores imobiliários.
Títulos representativos. Representa a titularidade de mercadorias custodiadas por terceiro não-proprietário. Podem tais instrumentos exercer, além dessa função meramente documental, a de título de crédito, na medida em que possibilitam

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