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4 A FÁBRICA A eficácia da máquina-ferramenta emancipa-se dos limites da força humana. Desaparece a base técnica que fundamentava a divisão do trabalho na manufatura. A simplificação do trabalho à máquina, proporciona a expansão da oferta de mão de obra, ao possibilitar o emprego de mulheres e crianças em tais atividades. Os trabalhadores das fabricas são divididos em classes: classe do trabalho simples e a classe do trabalho especializado. As principais classes que compreende a maioria dos trabalhadores das fábricas incluem os trabalhadores que realmente são ocupados com as máquinas-ferramentas, seus auxiliares. Uma classe menos numerosa são os trabalhadores que controlam e reparam as máquinas, como engenheiros, mecânicos, etc. “É uma classe de trabalhadores de nível superior, uns possuindo formação científica outros dominando um ofício; distinguem-se dos trabalhadores de fábrica, estando apenas agregados a eles” (MARX, 2016, p. 480). A produção mecanizada elimina a cristalização de uma parcela da fabricação a um trabalhador, ou seja, elimina a fixação de um trabalhador a determinada etapa da produção. “Não partindo do trabalhador o movimento da fábrica, mas da máquina, pode-se mudar o pessoal a qualquer hora sem interromper o processo de trabalho. A prova mais contundente disso é o sistema de turnos múltiplos [...]. Finalmente, a velocidade que os menores aprendem a trabalhar a máquina elimina a necessidade de se preparar uma classe especial de trabalhadores que operam exclusivamente com as máquinas” (MARX, 2016, p. 481). Contudo, a divisão do trabalho permanece na fábrica e passa por uma modificação cruel, ao invés da especialização de operar a mesma ferramenta a vida inteira o trabalhador passa a especializar-se em servir sempre a uma máquina parcial. A habilidade especializada do trabalhador desaparece com a maquinaria e o poder do capitalista eleva-se. Marx ressalta como os patrões, quando divergem com os trabalhadores, se dirigem a estes de modo depreciativo, conforme relatório da comissão de Manchester: “Os trabalhadores das fábricas deveriam lembrar-se agradecidos de que seu trabalho é de baixa qualificação, não havendo outra espécie mais fácil de ser adquirida ou mais bem-remunerada, considerada sua qualidade; nem mais fácil de ser aprendida pelo menos experimentado e pelo maior número. A maquinaria do patrão desempenha de fato, na atividade produtiva, papel muito mais importante que o trabalho e a habilidade do trabalhador, que se podem aprender em seis meses de instrução, estando ao alcance de qualquer braceiro do campo” (MARX, 2016, p. 483). A subordinação técnica do trabalhador ao ritmo uniforme de trabalho fabril foi disciplinada através de códigos de conduta da própria fábrica. “Através do código da fábrica, o capital formula, legislando particular e arbitrariamente, sua autocracia sobre os trabalhadores. [...] O código é apenas a deformação capitalista da regulamentação social do processo de trabalho, que se torna necessária com a cooperação em grande escala e com a aplicação de instrumental comum de trabalho, notadamente a maquinaria. O látego do feitor de escravos se transforma no regulamento penal do supervisor. Todas as penalidades se reduzem naturalmente a multas e a descontos salariais, e a sagacidade legislativa desses Licurgos de fábrica torna a transgressão de suas leis, sempre que possível, mais rendosa que a observância delas” (MARX, 2016, p. 484). Segundo Engles (apud MARX, 2016, p. 484-485): “A escravização em que a burguesia mantém sujeito o proletariado revela-se com maior clareza no sistema fabril. Neste cessa de direito e de fato toda liberdade. O trabalhador tem de estar na fábrica às 5½ da manhã; se se atrasa alguns minutos, é punido; se o atraso é de 10 minutos, sua entrada é impedida até depois do desjejum, perdendo a quarta parte de seu salário diário. Tem de comer, beber e dormir, de acordo com o comando que recebe. [...] O sino despótico arranca-o da cama; tira-o do desjejum e do almoço. E que é que acontece na fábrica? Nela, o fabricante é o legislador absoluto. Dita os regulamentos que lhe aprazem; altera e faz acréscimos ao seu código, conforme lhe apetece; e, por mais absurda que seja a disposição que introduza no seu código, dizem os tribunais ao trabalhador: Uma vez que vos obrigastes espontaneamente dentro do contrato, tendes de cumpri-lo. [...] E os trabalhadores estão condenados a viver, dos 9 até a morte, sob essa tirania espiritual e física”. As condições em que se realizam o trabalho dentro da fábrica são insalubres e periculosas, principalmente com o aperfeiçoamento das máquinas que acarretam elevação da velocidade destas. “Os órgãos dos sentidos são, todos eles, igualmente prejudicados pela temperatura artificialmente elevada, pela atmosfera poluída com os resíduos das matérias-primas, pelo barulho ensurdecedor etc., para não falarmos do perigo de vida que advém das máquinas muito próximas umas das outras, as quais produzem sua lista de acidentes da batalha industrial com a regularidade das estações do ano” (MARX, 2016, p. 485-486). Marx cita como muitos acidentes ocorrem, pois, a limpeza das máquinas é realizada com essa em movimento. Assim, o “[...] sistema de fábrica, leva o capital ao roubo sistemático das condições de vida do trabalhador durante o trabalho. O capital usurpa-lhe o espaço, o ar, a luz e os meios de proteção contra condições perigosas ou insalubres do processo de trabalho, para não falarmos nas medidas necessárias para assegurar a comodidade do trabalhador. Estava Fourrier errado quando chamava as fábricas de ‘penitenciárias abrandadas’?” (MARX, 2016, p. 486-487). 5 LUTA ENTRE TRABALHADOR E A MÁQUINA A partir da introdução da máquina os trabalhadores passaram a combate-la, revoltando-se contra o instrumental de exploração que os desempregava. Levou muito tempo para o trabalhador perceber que o problema não era a máquina, mas o modo como ela era empregada pelo sistema capitalista. Ao concorrer com o trabalho, a máquina torna muitos trabalhadores desnecessários à expansão do sistema capitalista, esses, ou voltam-se a empregar-se nos velhos ofícios ou formam um exército industrial reserva que reduz os salários dos trabalhadores ativos abaixo de seu valor de troca. “Quando a máquina se apodera, pouco a pouco, de um ramo de produção, produz ela miséria crônica na camada dos trabalhadores com que concorre. Quando a transição é rápida, seus efeitos são enormes e agudos. A História não oferece nenhum espetáculo mais horrendo que a extinção progressiva de tecelões manuais ingleses, arrastando-se durante decênios e consumando-se finalmente em 1838. Muitos deles morreram de fome; muitos vegetaram por longos anos com suas famílias, com uma renda de 2½ pence por dia. Por outro lado, foram agudos os efeitos da maquinaria da indústria têxtil algodoeira na Índia. O governador-geral, em 1834/35, constatava: ‘A miséria encontrará dificilmente um paralelo na história do comércio. Os ossos dos tecelões de algodão branqueiam as planícies da Índia’.” (MARX, 2016, p. 491- 492). “Eis aí as vantagens que a introdução da maquinaria trouxe aos que se dedicam ao trabalho: a pobreza degradante ou a expatriação. De artesões respeitáveis a miseráveis pedintes que vivem do pão degradante da caridade. Chama-se isto de inconveniência passageira” (MARX, 2016, p. 492). “A máquina, sem dúvida, ao criar para esses tecelões ‘sofrimentos passageiros’, tirava-os desta vida passageira” (MARX, 2016, p. 492). O desemprego e a miséria criados pela introdução da maquinaria no sistema de produção não foram passageiros. Quanto mais se espalhava o sistema de máquinas mais trabalhadores eram substituídos por aparelhos de aço e maior a miséria dos desempregados. “Daí a revolta brutal do trabalhador contra esse instrumental de trabalho,a maquinaria” (MARX, 2016, p. 492). Esta liquidava o trabalhador, uma vez que seu objetivo constante era a substituição deste. “O objetivo constante e a tendência de todo o aperfeiçoamento das máquinas é na realidade dispensar inteiramente o trabalho do homem ou diminuir seu preço, substituindo os trabalhadores adultos por mulheres e crianças ou o trabalhador qualificado pelo trabalhador sem habilitações” (URE apud MARX, 2016, p. 492). A miséria ‘passageira’ foi intensificada e consolidada com o rápido e permanente progresso das máquinas. “Ela se torna a arma mais poderosa para reprimir as revoltas periódicas e as greves dos trabalhadores contra a autocracia do capital. Segundo Gaskell, a máquina a vapor foi, desde o início antagonista da ‘força humana’, tendo capacitado o capitalista a esmagar as exigências crescentes dos trabalhadores que ameaçavam lançar em crise o sistema fabril que nascia” (MARX, 2016, p. 497). Ure (apud MARX, 2016, p. 497-498) exalta a máquina de estampar tecidos que permite libertar os capitalistas “dessa escravatura insuportável [isto é, das condições do contrato de trabalho, que consideravam onerosas] apelando para os recursos da ciência, e logo se reintegram em seus direitos legítimos, os da cabeça sobre as demais partes do corpo”. Ure defende o sistema fabril como uma forma de libertar o capitalista das revoltas dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Segundo Marx (2016, p. 499): “Esse apóstolo do capital defende o rebaixamento dos salários das crianças argumentando que ‘freia a tendência dos pais de mandarem os filhos cedo demais para as fábricas’. Seu livro todo é uma apologia da jornada de trabalho ilimitada, e sua alma liberal vê, na legislação que proíbe crianças de 13 anos de se manterem trabalhando mais de 12 horas por dia, uma volta aos tempos mais sombrios e sinistros da Idade Média. E ainda convida os trabalhadores de fábrica a darem graça à Providência, ‘que lhes proporcionou com a maquinaria o lazer para meditarem sobre seus interesses imortais’”. Assim, trabalhar na máquina em jornada ilimitada é considerado pelo capital como tempo de lazer do empregado, uma vez que esta simplifica o trabalho. 6 A TEORIA DA COMPENSAÇÃO PARA OS TRABALHADORES DESEMPREGADOS PELA MÁQUINA Alguns economistas burgueses, como James Mill, MacCulloch, Torrens, Senior, John Stuart Mill, afirmam que as máquinas, ao desempregarem os trabalhadores, liberam por si mesmas um capital destinado a empregar de novo, em outras ocupações, os mesmos operários. Mesmo que possa substituir parte do capital variável por uma máquina e sobre capital para reinvestimento, o número de trabalhadores empregados com esse capital será menor que o substituído pela máquina. Contudo, Marx demostra como isso constitui-se uma falácia. A máquina sempre gerará menos emprego do que os que substitui, se assim não o fosse o preço dos bens produzidos pela maquinaria seria superior ao da manufatura, o que não ocorre. Além disso, ao reduzir o número de empregos, os desempregados contribuem para o barateamento dos preços dos meios de subsistência ao deixar de consumir os produtos. A redução da demanda, mantendo-se inalterada a oferta, provoca uma queda nos preços dos bens. Assim, “a maquinaria põe na rua não só trabalhadores do ramo de produção onde se introduz, mas também trabalhadores de ramos onde não foi introduzida” (MARX, 2016, p. 502). Tais ramos, são, por exemplo, os que apresentam queda de demanda em virtude das demissões provocadas pela introdução da máquina. Para os teóricos da compensação, cavalheiros de barriga cheia, deixar os desempregados morrerem de fome significa fazer dos alimentos disponíveis ao operário, um novo fundo de emprego para outra indústria. “O simples e conhecido fato de a maquinaria dissociar o trabalhador dos meios de subsistência significa, na linguagem dos economistas, que a maquinaria libera meios de subsistência para o trabalhador ou os transforma em capital para empregar o trabalhador. Como vimos tudo depende do modo de dizer. Doura- se a realidade com palavras” (MARX, 2016, p. 501). Marx ressalta que os economistas burgueses fecham os olhos para as contradições e antagonismos da aplicação da maquinaria no sistema capitalista, pois estes não decorrem da maquinaria, mas da sua aplicação capitalista. “A maquinaria, como instrumental que é, encurta o tempo de trabalho; facilita o trabalho; é uma vitória do homem sobre as forças naturais; aumenta a riqueza dos que realmente produzem; mas, com sua aplicação capitalista, gera resultados opostos: prolonga o tempo de trabalho, aumenta a sua intensidade, escraviza o homem por meio de forças naturais, pauperiza os verdadeiros produtores” (MARX, 2016, p. 503). Deste modo a máquina em si não é responsável pelo desemprego dos trabalhadores e sim sua aplicação pelo sistema capitalista. “A ampliação dos meios de produção e dos meios de subsistência, com o decréscimo relativo do número de trabalhadores, leva ao aumento de trabalho em ramos industriais cujos produtos, tais como canais, docas, túneis, pontes etc., só proporcionam frutos em futuro distante. Formam-se, baseados diretamente na maquinaria ou na transformação industrial geral ocasionada por ela, ramos de produção inteiramente novos e, em consequência, novos campos de trabalho” (MARX, 2016, p. 507). Além de ampliar a divisão social do trabalho a maquinaria expande a riqueza da classe capitalista, ao ampliar a mais-valia obtida, e ao mesmo tempo que libera mão de obra da produção dos gêneros de primeira necessidade, surgem novas necessidades de consumo da classe capitalista, os bens de luxo, e as condições para a satisfação dessa nova necessidade. Com isso, a produção de luxo eleva-se. Com a elevação da força produtiva proporcionada pela maquinaria parcela da força de trabalho passa a ser empregada improdutivamente, como escravos domésticos. 7 REPULSÃO E ATRAÇÃO DOS TRABALHADORES PELA FÁBRICA. CRISES DA INDÚSTRIA TÊXTIL ALGODOEIRA “A máquina, após os horrores de seu período de introdução e desenvolvimento, aumenta, em sua etapa final, os escravos do trabalho, em vez de diminuí-los” (MARX, 2016, p. 509). Marx aponta como em certos estágios a indústria inglesa reduziu tanto o número relativo quanto absoluto de trabalhadores empregados. Segundo o inspetor Redgrave: “O que há algum tempo tem me parecido estranho é a mudança ocorrida nas fábricas de lã. Antes, estavam cheias de mulheres e crianças, agora parece que a maquinaria faz todo o trabalho. Pedi uma explicação a um fabricante, que me deu a seguinte: No velho sistema, eu empregava 63 pessoas; depois de introduzir maquinaria aperfeiçoada, consegui reduzi-la para 33, e, recentemente, em virtude de novas e extensas modificações, pude diminuí-las de 33 para 13” (MARX, 2016, p. 510-511). Contudo em alguns casos, aumenta-se o número total de trabalhadores empregados, embora o relativo (considerando em relação ao montante de capital constante) tenha apresentado redução. “Em casos tomados à realidade, o acréscimo dos trabalhadores empregados nas fábricas é apenas aparente, isto é, não decorre da expansão da fábrica já baseada na exploração mecanizada, mas da anexação progressiva de ramos correlatos que se vão mecanizando” (MARX, 2016, p. 511). Conforme aperfeiçoa-se a maquinaria varia a composição orgânica do capital, cresce o capital constante, despendido em maquinaria, matérias-primas etc., e reduz-se o capital variável, despendido em força de trabalho. Essa variação é interrompida constantemente por pontos de parada e pela expansão quantitativa da base técnica, que amplia o número de trabalhadores empregados, em montante absoluto. Contudo tal montante de emprego é inferior ao empregado na manufatura. “Quando a produção mecanizada se estende num ramo à custa do artesanatotradicional e da manufatura, sua vitória é tão certa quanto a de um exército equipado com armas de fogo em luta contra os índios armados com arco e flecha” (MARX, 2016, p. 512-513). Nesse primeiro momento os lucros advindos da maquinaria são extraordinários, gerando uma forte acumulação acelerada, atraindo novos capitais ao investimento em tal setor. “[...] quando, em suma, se estabelecem as condições gerais de produção correspondentes à indústria moderna, adquire esse sistema de exploração elasticidade, capacidade de expandir-se bruscamente e aos saltos, que só se detém diante dos limites impostos pela matéria-prima e pelo mercado. A maquinaria, de um lado, amplia diretamente a produção de matéria-prima [...]. Por outro lado, o barateamento dos produtos feitos a máquina e a revolução dos meios de transporte e comunicação servem de armas para a conquista de mercado estrangeiros” (MARX, 2016, p. 513). Consequentemente a introdução dos produtos originários da produção fabril, nos países dominados pela produção artesanal arruínam os produtos artesanais e transformam tais países em produtores de matérias- primas fabris, criando-se uma divisão internacional do trabalho, “adequada aos principais centros da indústria moderna, transformando uma parte do planeta em áreas de produção predominantemente agrícola, destinada à outra parte primordialmente industrial” (MARX, 2016, p. 514). Com exceção dos períodos de prosperidade, a competição entre os capitalistas por fatias do mercado é realizada pelo barateamento de seus produtos. Por isso, a rivalidade entre os capitalistas leva a busca incessante por melhorias na maquinaria que permitam substituir força de trabalho por máquinas. Contudo, chega-se a um ponto em que tal competição resulta no pagamento da força de trabalho abaixo de seu valor. Era comum os fabricantes aproveitarem-se de períodos desfavoráveis da indústria para lucrar com as reduções salariais. “A redução de salários é maior do que a necessária para incentivar a procura. Na realidade, a redução salarial na tecelagem de muitas espécies de fita não foi acompanhada por nenhuma redução no preço do artigo” (LONGE apud MARX, 2016, p. 515). As mudanças qualitativas na produção mecanizada, propiciada por uma nova melhoria na maquinaria, repele os trabalhadores, ao eliminar operários da fábrica, enquanto as mudanças quantitativas, expansão do tamanho das fábricas, absorve novos contingentes de trabalhadores. Assim os trabalhadores são “initerruptamente repelidos e atraídos, jogados para um lado e para o outro, variando constantemente o recrutamento deles em relação ao sexo, à idade e à habilidade” (MARX, 2016, p. 516). Marx analisa a indústria têxtil algodoeira inglesa de 1770 a 1863 e mostra como os ciclos de prosperidade, crises, superprodução, prosperidade, atraem e repelem os trabalhadores, bem como os sujeitam a extrema pobreza e a morrer de fome, enquanto os capitalistas buscam outras formas de lucrar. Um exemplo dessa busca por lucro é a adulteração dos produtos, como quando os industriais misturavam ingredientes como farinha, na goma para elevar o peso do tecido, conforme destaca os relatórios dos inspetores de fábrica: “Os industriais se aproveitam dessa fonte de lucro, de maneira realmente vergonhosa. Soube, por fonte idônea, de um caso em que se obtém 8 libras-peso de tecido com 5¼ libras-peso de algodão e 2¾ de goma, e de outro que havia, em 5¼ libras-peso de tecido, duas de goma. Tratava-se de panos ordinários de camisa, destinados à exportação. Em outros tipos de tecidos, a adição de goma chegou às vezes a 50%. Desse modo, há fabricantes que podem se vangloriar, e realmente o fazem, de que ficam ricos vendendo tecidos por menos dinheiro do que custa o fio que eles deviam conter” (MARX, 2016, p. 521). “Nos primeiros 45 anos da indústria têxtil algodoeira britânica, de 1770 a 1815, houve apenas 5 anos de crise de estagnação, mas esse foi o período em que ela tinha o monopólio mundial. O segundo período, de 48 anos, de 1815 a 1863, apresenta 20 anos de reanimação e de prosperidade para 28 anos de depressão e estagnação” (MARX, 2016, p. 521). Dessas análises dos dados históricos que Marx concluirá que as crises fazem parte do sistema capitalistas, sendo inevitáveis.
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