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93 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância APRESENTAÇÃO DO MÓDULO Olá! Chegamos ao último módulo da disciplina e esperamos que, até aqui, você esteja se interando bem do quanto a Metodologia Científica é fundamental para sua prática de estudos. Neste módulo, iremos trabalhar um pouco sobre os conceitos e práticas da pesquisa científica. Veremos quais são as bases de pensamento que embasam as ações e técnicas adotadas por diversas áreas do conhecimento. Talvez, seja necessário que você retome um pouco os conteúdos do primeiro módulo. Pelo menos neste início. Vamos também explorar os mecanismos práticos de pesquisa, as possibilidades quanto à coleta e organização dos dados, sem contar os passos básicos para elaborar um projeto de pesquisa. Este conteúdo será fundamental para você desenvolver seu Trabalho de Conclusão de Curso futuro e para a organização dos trabalhos de disciplinas ao logo de sua formação. Por isso, tenha-o sempre a mão. Agora, vamos lá! OBJETIVOS DO MÓDULO Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz de: � Entender os vários direcionamentos que uma pesquisa científica pode ter; � Conhecer as variedades de técnicas de coleta de dados para o desenvolvimento de uma pesquisa científica; � Inteirar-se dos principais passos para a elaboração de um projeto de pesquisa; TÉCNICAS DE PESQUISA CIENTÍFICA MÓDULO 4 94 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância 1 INTRODUÇÃO A pesquisa é caracterizada como o caminho para se gerar conhecimento científico. Constitui um processo investigativo que exige do pesquisador dedicação e empenho. Como já foi salientado nos módulos anteriores, todo texto científico é produto de uma investigação; o grau de complexidade da pesquisa é que varia de acordo com o propósito do texto, ou seja, se você vai fazer um trabalho para uma disciplina, sua pesquisa será baseada em textos científicos, com um grau de profundidade coerente com o que o professor pedir. Entretanto, se sua pesquisa visa à produção de um texto que valerá como seu Trabalho de Conclusão de Curso, a complexidade aumenta. Dessa forma, a investigação pode também assumir diferentes meios para ser desenvolvida. O importante é que tais meios sejam reconhecidamente adequados à produção do conhecimento. Para entendermos como o processo de pesquisa pode ser desenvolvido, é importante que tenhamos conhecimento dos mecanismos lógicos nos quais se baseia, ou seja, dos diferentes raciocínios utilizados para definir os métodos e ações que serão empregados em uma pesquisa. 2 BASES LÓGICAS DO MÉTODO CIENTÍFICO Podemos entender como método científico o caminho pelo qual se chega a um determinado conhecimento. Esse caminho pode variar em sua concepção, ou seja, em ralação aos mecanismos básicos de como proceder. 2.1 MÉTODO INDUTIVO OU EMPÍRICO O método indutivo tem como principal precursor Bacon e parte do princípio de que o conhecimento é produzido através da formulação de ideias, entretanto as ideias devem ser inicialmente formuladas com base em experiência sensorial. Segundo Marconi & Lakatos (2000 p.53), “indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere- se uma verdade geral ou universal”. Sendo assim, uma das diretrizes básicas do método indutivo é tomar como base de que os dados utilizados são verdadeiros e, assim, as conclusões geradas a partir deles também o serão. 95 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância O método indutivo estabelece que, se observarmos repetidamente o comportamento de um fenômeno, podemos entender seu funcionamento. Dessa forma, a observação intensiva de um fenômeno possibilitará que sua dinâmica seja compreendida e, a partir dessas informações, faz-se possível a concepção de leis que descrevam o funcionamento dessa realidade. Podemos dizer que este método parte de informações particulares que passam por análise, reflexão e, assim, podem produzir um conceito que pode ser expandido para situações similares. O método indutivo adota, como raciocínio, análises de premissas (informações) de acordo com o seguinte silogismo: O cisne 1 é branco. O cisne 2 é branco. O cisne n é branco (sendo n o número de observações). Logo, todos os cisnes são brancos. Cobre conduz energia. Zinco conduz energia. Cobalto conduz energia. Ora, cobre, zinco e cobalto são metais. Logo, metais conduzem energia. Tais conclusões podem ser verdadeiras desde que nunca venha a surgir um cisne de outra cor ou que se descubra um metal que não conduza energia. Dessa forma, podemos dizer que quanto maior o número de experimentos, dados ou observações, maior a confiabilidade das pesquisas que adotam esse método. O método indutivo adota, como meio de raciocínio, a lógica ao analisar os indícios percebidos para formulação das teorias gerais. Sendo assim, é um método que parte do específico para o geral, do específico para o abrangente, de fatos para leis e de leis para teorias. Adota como passos: 1 observação dos fenômenos, busca de dados que representem o fenômeno estudado; 2 descoberta da relação entre eles, verificam-se, neste momento, as relações de causa e efeito demonstradas pelos fenômenos estudados; 3 generalização da relação, nesta última etapa, generalizam-se as relações encontradas. Isso pode ser feito através de experimentos em outros locais, ou com o estudo de fenômenos semelhantes. 96 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância O método indutivo é frequentemente aplicado em situações totalmente desconhecidas. Por exemplo, se você deseja verificar o quanto um material recentemente descoberto é resistente ao aumento gradativo de temperatura. Essa resposta só é possível testando experimentalmente esse material e, a partir dos resultados obtidos, novas inferências e generalizações poderão ser propostas. 2.2 MÉTODO DEDUTIVO O método dedutivo é baseado no racionalismo de Descartes. Apresenta um raciocínio inverso ao indutivo, pois tem como ponto inicial da investigação certos conhecimentos já produzidos. Tem como característica central que as informações nas quais se baseia são verdadeiras e, através da lógica e da reflexão, novos conhecimentos são gerados. O método dedutivo é considerado seguro, pois não há como tirar conclusões falsas a partir de premissas verdadeiras. Isso acontece por ser um método baseado na razão, e esta razão garante a correlação das descobertas, de forma a constituir uma relaçãoreal. Podemos afirmar que o raciocino dedutivo parte de concepções gerais para particulares. De acordo com Marconi & Lakatos (2002), podemos expressar o raciocínio dedutivo de acordo com o seguinte silogismo: Todo mamífero tem um coração. Todos os cães são mamíferos. Logo, todos os cães têm um coração. Ao analisarmos a colocação acima, podemos perceber que o método dedutivo parte de dois princípios. O primeiro é que a conclusão alcançada está subentendida nas premissas colocadas. Sendo assim, podemos afirmar que a informação já existe e o raciocínio do pesquisador só a identifica. O segundo é que, para que a conclusão seja falsa, pelo menos uma das premissas deve estar incorreta. Uma crítica que se faz ao método dedutivo é que, para se chegar a informações consideradas verdadeiras, os meios de investigação nem sempre são dedutivos, ou seja, para se descobrir que todos os cães têm coração, foi necessária uma investigação indutiva que verificasse a presença de coração. 97 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância Leia um pouco mais sobre as diferentes linhas de pensamento da pesquisa científica e suas características em: CARVALHO, Alex et al. Aprendendo Metodologia Científica. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000, pp. 11--69 O método dedutivo é frequentemente empregado em pesquisas de revisão da literatura, nas quais conhecimentos e reflexões são alcançados através de informações já existentes e disponíveis. Contudo, foi o método empregado por Einstein, na elaboração das teorias da relatividade geral e restrita, que revolucionou a Física do século XX. Dessa forma, é um método eficaz, em pesquisas teóricas, onde se utilizam teorias e leis já concebidas para a produção de novos conceitos. O quadro abaixo pode evidenciar bem como se relacionam os métodos indutivo e dedutivo. Perceba que, através da indução, leis e teorias podem ser formuladas; estas podem servir de base para a construção de conhecimentos seguros através da dedução. Fonte: http://www.ecientificocultural.com/ECC2/artigos/metcien2.htm 2.3 MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO O método hipotético-dedutivo, diferentemente dos descritos anteriormente, tem como ponto de partida da investigação o levantamento de um problema a ser investigado e da hipótese que expressa sua suposta solução, que será testada pela observação ou experimentação. O principal nome associado ao método hipotético-dedutivo foi Karl Popper, cujo principal argumento é o de que o mundo material existe independente do registro dos dados. Sendo assim, esse método busca a enunciação clara de um problema e testar as várias soluções propostas para solucioná-lo. Para Popper, o método indutivo está sujeito à necessidade de verificações infinitas ou à mera aceitação das coisas como se mostram, não podendo muitas vezes ser justificado. Assim sendo, a única forma de produzir conhecimento seria com o 98 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância No método Fenomenológico, o que importa é o significado. Assim, cada objeto pode representar uma função diferente para pessoas com propósitos diferentes, ou mesmo com uma vivência diferente. levantamento de um problema e com a busca de sua solução através de tentativas e da eliminação dos erros (MARCONI & LAKATOS, 2000). Então, o método hipotético-dedutivo tem como ponto de partida o acesso ao conhecimento prévio já existente que, associado à imaginação criativa do pesquisador e de seu raciocínio lógico, possibilitará a formulação de uma questão-problema. A questão-problema trata-se de uma lacuna no conhecimento existente, que pode ter um caráter teórico ou prático. O problema permite que o pesquisador formule suas conjecturas (justificativas e razões para o problema) e a hipótese de trabalho. A hipótese trata-se da suposta solução para o problema, entretanto seu enunciado necessita ser testado. Uma hipótese que não é testada não possibilita a produção de novos conhecimentos (SANTOS, 2002). O teste da hipótese se dá através de dados, que podem ser obtidos das mais diversas formas: observação, levantamento de dados, experimentos e outros. O importante é que o teste gere informações que possibilitem verificar a veracidade da hipótese. A avaliação dos dados e sua correlação com o conhecimento prévio permitem que duas possibilidades ocorram. A primeira é a aceitação da hipótese. Assim, um novo enunciado teórico será formulado e irá contribuir para o conhecimento existente. A segunda possibilidade é a rejeição da hipótese e, nesse caso, novas propostas para o problema deverão ser pensadas. Muitas vezes, os estudantes acreditam que uma pesquisa que tem sua hipótese rejeitada é descartada pela ciência. Entretanto, quando se rejeita uma hipótese, descarta-se uma possível resposta ao problema, o que direciona as próximas investigações a como não proceder (MARCONI & LAKATOS, 2000). Como você pode perceber, o método hipotético-dedutivo faz uma integração dos dois citados anteriormente, unindo o raciocínio dedutivo com o teste das hipóteses através de dados empíricos. 99 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância 2.4 MÉTODO FENOMENOLÓGICO O método fenomenológico surge no início do século XX, sendo um método contrário ao positivismo (método dedutivo). No raciocínio metodológico, não há separação entre o sujeito produtor do conhecimento e o objeto estudado. É um método que valoriza o fenômeno sem si, ou seja, os acontecimentos que ocorrem e como ocorrem. Dessa forma, valoriza-se muito o sentido que o pesquisador dá ao interpretar um conhecimento. Dessa maneira, o conhecimento não é independente de quem o produz, o histórico de vida, os meios de educação e os preceitos religiosos de um pesquisador irão influenciar no como ele vê seu objeto de estudo, podendo haver variações desse conhecimento, de acordo com o pesquisador (CARVALHO, 2000). Diferentemente dos métodos anteriores, o método fenomenológico não considera que existem fatos que, por si só, garantem a objetividade da ciência. Nesse contexto, a produção de conhecimento científico se reduz ao fenômeno entendido pelo pesquisador e, sem a consciência do pesquisador, não existe conhecimento. É um método amplamente utilizado nas ciências humanas, principalmente nas áreas da psicologia. 2.5 MÉTODO DIALÉTICO O termo dialética, desde suas bases filosófica, refere-se à discussão de ideias com o objetivo de chegar a um ponto comum. Dessa forma, o método dialético é baseado na argumentação que faz clara a distinção entre ideias e conceitos envolvidos em uma discussão. Sendo assim, um dos principais precursores da dialética é a concepção de que sempre existem contrapontos dentro de uma realidade. Ou seja, uma mesma realidade pode ser descrita de forma diferente por observadores que tenham diferentes pontosde vista. Então, você pode se perguntar: “mas como uma realidade pode ser descrita de duas formas diferente?” Vamos refletir um pouco em cima do seguinte exemplo: Imagine duas pessoas que têm a mesma idade. Uma nasceu no centro de São Paulo e morou a vida toda em um apartamento de 100m2, em um conjunto habitacional com 6 blocos, cada um com 20 apartamentos. A área residencial consta com uma piscina, um playground e uma 100 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância Muito bem, terminada esta seção do módulo 4, é importante que você faça uma reflexão sobre os diferentes modos de pensar o desenvolvimento de uma pesquisa. Um importante físico da atualidade chamado Fritjof Capra diz em seu livro intitulado “O Ponto de Mutação” que toda mudança é precedida por uma crise. churrasqueira. A outra pessoa nasceu e sempre morou em uma fazenda no Mato Grosso, de 5 mil hectares, numa casa com cerca de 300 m2, com um amplo jardim, campo de futebol e demais áreas de lazer. Se pedirmos para que ambas descrevam seu conceito de espaço e conforto, concorda que terão concepções bem diferentes? Por esse exemplo, percebemos que, embora as concepções sejam distintas, elas não estão erradas, só apresentam um ponto de vista diferente. Segundo esse método, a realidade é um conjunto de processos, em constante mudança, o mundo não deve ser considerado como um conjunto de coisas acabadas. Sendo assim, os objetos observados estão em constante movimento. Por outro lado, as coisas não existem isoladamente, mas por fenômenos organicamente ligados entre si, que são interdependentes (CARVALHO, 2002). Como exemplo desse pensamento, temos o processo de fotossíntese, no qual a planta absorve gás carbônico, nutrientes, libera oxigênio e água, modificando a composição da atmosfera. Por outro lado, também absorve o oxigênio e libera gás carbônico; pois, como ser vivo, respira. Você pode notar que todos os eventos estão interligados, são interdependentes e se alternam constantemente. Outro ponto importante do pensamento dialético é a questão das mudanças. Toda mudança é precedida por um processo de negação, ou seja, o contexto de uma realidade deve ser negado. Essa negação desencadeará um processo de crise que, por sua vez, desencadeará uma mudança. Se não houver negação, não há razão para a mudança. O método dialético é bastante empregado em pesquisas que envolvem os significados, ou seja, o que as pessoas pensam, esperam ou buscam de uma realidade, dando ênfase ao fenômeno. 101 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância Para saber mais os critérios de classificação da pesquisa científica, leia MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia Científica. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000 3. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa científica pode adotar diversos mecanismos de investigação de acordo com seu propósito, objetivos ou mesmo com as características dos dados a serem obtidos. Iremos descrever, nesse tópico, as principais diferenciações que a pesquisa pode apresentar. 3.1 Quanto ao nível da investigação A pesquisa científica apresenta dois grandes propósitos quando desenvolvida. O primeiro (que já discutimos bastante no módulo 1) é o de produzir conhecimentos, permitindo a promoção de saber. O segundo é promover aprendizado com seu desenvolvimento. Sendo assim, podemos distinguir dois níveis de investigação: a pesquisa acadêmica e a pesquisa de ponta. 3.1.1 Pesquisa Acadêmica A Pesquisa Acadêmica tem como principal função preparar o estudante, principalmente em nível universitário, para a formulação e entendimento de questões científicas, além de familiarizá-lo com os mecanismos de produção do conhecimento científico. Sendo assim, ao desenvolver uma questão-problema e estabelecer os mecanismos de investigação dessa questão, o graduando entrará em contato com conhecimentos mais específicos e com um quantitativo de informações que, certamente, contribuirá com o montante de informações por ele adquirido no processo de graduação. Por esse motivo, atualmente, a grande maioria dos cursos de graduação requer de seus formandos o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso. Esse trabalho visa capacitar o profissional na prática da produção do conhecimento, bem como na criação de um senso crítico, para melhor avaliar situações e veracidades na prática científica. A pesquisa acadêmica está sempre vinculada ao processo de aprendizado de quem a desenvolve. Sendo assim, é desenvolvida em instituições de ensino de nível superior, ou em institutos de pesquisa vinculadas às de ensino. Ao término de uma pesquisa acadêmica, o estudante receberá um grau ou título, sendo o de bacharelado 102 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância A pesquisa qualitativa é aquela que identifica as exceções nos dados quantitativos e se propõe a investigar o porquê do padrão diferenciado. na graduação, especialista na pós-graduação lato sensu, de mestre no mestrado, e de doutor no doutorado. 3.1.2 Pesquisa de Ponta O outro propósito da pesquisa é a produção de conhecimentos novos, de modo a promover avanço na ciência. Esse tipo de pesquisa é chamado de Pesquisa de Ponta. Essa investigação é caracterizada por gerar conhecimento inédito, sendo construtora da ciência. São pesquisas realizadas com o intuito de gerar novos conhecimentos, possibilitando o avanço da ciência e o desenvolvimento do ser humano. As pesquisas de ponta são desenvolvidas, geralmente, em institutos de pesquisa e em universidades com linhas de pesquisa voltadas para o avanço do conhecimento. Então, você pode estar se perguntando: “quando desenvolvemos uma pesquisa acadêmica, não produzimos conhecimento?” Bem, em muitos casos, a pesquisa acadêmica também gera pesquisa de ponta, principalmente as pesquisas de doutorado, que têm como característica ser uma pesquisa original. Entretanto, em nível de graduação e especialização, não há exigência de que algo novo seja abordado. 3.2 QUANTO À ABORDAGEM DOS DADOS 3.2.1 Pesquisas Qualitativas Em relação a como coletar e tratar os dados de uma pesquisa, podemos distinguir duas abordagens: a pesquisa qualitativa e a quantitativa. As Qualitativas são pesquisas que visam ao conhecimento profundo e detalhado de poucos objetos de estudo, ou seja, determina-se uma abrangência restrita do objeto de estudo. Entretanto, busca-se conhecê-lo em sua totalidade. Esse tipo de abordagem na pesquisa pode adotar vários métodos de coleta de dados, tomando como princípio que tais métodos irão produzir conhecimentos em com alto grau de profundidade. Sendo assim, a metodologia de coleta de dados da pesquisa qualitativa não é fixa; pois, se no decorrer da investigação o pesquisador verificar a necessidade de alterar os mecanismosde coleta de dados, ele poderá fazê-lo para melhor atender aos seus objetivos. 103 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância A pesquisa bibliográfica se faz necessária em qualquer tipo de pesquisa. Mesmo pesquisadores com anos de experiência, em uma área de estudo, nunca dispensam o levantamento bibliográfico ao escrever um texto. As pesquisas qualitativas, em geral, produzem conhecimentos subjetivos, isto é, as informações geradas são - muitas vezes - influenciadas pela visão do pesquisador. Nesse caso, diferentes pesquisadores que estudam um mesmo objeto podem apresentar informações com ênfase diferenciada, pois sua interpretação dos dados será influenciada por causa de suas vivências pessoais. Esse fato promove informações mais completas sobre o fenômeno estudado. 3.2.2 Pesquisas Quantitativas Já as Pesquisas Quantitativas buscam compreender a porção mensurável da realidade, ou seja, aquilo que pode ser representado numericamente. Para isso, vale- se das teorias matemáticas e estatísticas, que permitem a distinção de padrões. Dessa forma, distingue o comportamento da maioria dos dados; permitindo, assim, a comparação entre grupos diferentes e semelhantes. A pesquisa quantitativa geralmente trabalha com amostras, ou seja, uma parcela do total e, para que essa parcela seja aceitável como objeto de estudo de uma pesquisa, ela deve ser significativa. Uma amostra significativa é aquela que apresenta todas as possibilidades encontradas no universo total, ou seja, todas as situações existentes devem estar presentes na amostra. Por isso, quanto maior a amostra de uma pesquisa, maiores as chances de ser significativa, pois maior o número de situações por ela registradas. As pesquisas quantitativas buscam determinar padrões no comportamento dos dados, e isso é evidenciado através de porcentagens ou diferenças registradas a partir de análises estatísticas. Para que isso seja possível, é necessário que os dados sejam coletados de forma criteriosa, isto é, seguindo padrões de coleta fixos e previamente determinados; evitando, assim, possíveis erros. Sendo assim, ao contrário da pesquisa qualitativa, não é possível variações nas técnicas de coleta dos dados, pois estas devem ser definidas no planejamento da pesquisa e mantidas até o término da obtenção de dados. Você pode se perguntar qual é a melhor? As pesquisas qualitativa e quantitativa são complementares, ou seja, a partir de dados quantitativos, uma pesquisa qualitativa pode ser desenvolvida e vice-versa. Dessa forma, dependendo de seu objetivo e da 104 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância questão que você deseja investigar, o tipo de abordagem dos dados pode ser qualitativo ou quantitativo. 3.3 QUANTO AOS OBJETIVOS Outro critério de classificação da pesquisa refere-se ao objetivo da mesma. Nesse caso, o pesquisador deve ter em mente o que pretende com a pesquisa, qual sua questão a ser respondida. Sendo assim, de acordo com o conhecimento que se pretende produzir com a pesquisa, ela pode ser de três tipos: Exploratória, Descritiva ou Explicativa. 3.3.1 Pesquisa Exploratória A pesquisa Exploratória possibilita o primeiro contato do pesquisador com um tema, visando aumentar seu conhecimento sobre o assunto investigado. Busca a definição de conceitos, colocações e pesquisas já realizadas, ou seja, saber o que já se conhece sobre o tema. É fundamental e imprescindível, em todos os tipos de pesquisa, pois direciona o pesquisador na busca de informações ainda não geradas. A pesquisa exploratória também é chamada de pesquisa bibliográfica, quando os objetivos propostos e a questão-problema levantada têm condições de serem atendidos somente com os dados e informações disponíveis na literatura. Em outras situações, a pesquisa exploratória constitui uma etapa da pesquisa, sendo seguida por uma investigação prática com coleta de dados. Sendo assim, esse tipo de pesquisa se torna indispensável a qualquer investigação científica, e quanto mais sólida for, maiores os conhecimentos gerados ao pesquisador. 3.3.2 Pesquisa Descritiva A pesquisa Descritiva constitui um nível mais avançado na investigação, pois busca descrever os fatos e fenômenos estudados. Normalmente, é posterior à pesquisa exploratória e consiste no levantamento de características através do registro de dados, com maior grau de precisão possível. Esse tipo de pesquisa busca conhecer o comportamento dos fenômenos estudados, ou seja, saber quais são os fatores que influenciam diretamente e 105 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância Algumas pesquisas podem, com frequência, adotar mais de uma fonte de dados para seu desenvolvimento, entretanto esse diferencial deve ficar bem claro ao leitor do texto final. indiretamente no comportamento deles. São pesquisas que relatam como as coisas são, e quais as mudanças que ocorrem quando algum aspecto da realidade é mudado. São bastante importantes em situações nas quais o tema é completamente desconhecido, pois geram informações básicas, sobre as quais se desenvolvem novas investigações. 3.3.3 Pesquisa Explicativa Na terceira abordagem quanto ao objetivo, temos a Pesquisa Explicativa, que se preocupa com o porquê dos fatos e fenômenos que preenchem a realidade. Em geral, trata-se do tipo mais complexo de investigação; pois, além de entender o comportamento dos fatos e quais os fatores que exercem influências, busca-se também entender como, por que e o quanto influenciam. Dessa forma, a pesquisa explicativa tem por meta compreender a essência dos fatos investigados e, por esse motivo, promove o avanço científico e tecnológico. Cabe salientar também que, devido ao seu comprometimento com a realidade, a pesquisa explicativa exige maior envolvimento e responsabilidade do pesquisador para com os dados obtidos (SANTOS, 2002). 3.4 QUANTO À FONTE DE DADOS A fonte de dados de uma pesquisa refere-se a como tais informações serão obtidas, ou seja, onde e como foram coletados. Refere-se também aos lugares ou situações de onde se extraem as informações, podendo ser representados em três situações: campo, laboratório ou bibliográfico. 3.4.1 Pesquisa de Campo Quando a pesquisa tem o Campo como fonte de dados, ela obtém dados diretamente onde acontecem (in natura). Nesse caso, o pesquisador se desloca para um certo local e nele obtém os dados. Os meios utilizados para tal obtenção pode variar; indo desde uma simples observação, até complexas medições numéricas de fenômenos da realidade. 106CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância Os dados obtidos em campo, pela natureza desse tipo de coleta, devem sofrer o mínimo de influência possível do pesquisador, pois este busca compreender o comportamento deles na natureza, ou seja, como normalmente se comportam. 3.4.2 Pesquisa de Laboratório Outro meio de obtenção de dados é através das pesquisas em Laboratório. Esse tipo de pesquisa pode ser caracterizado pela manipulação do pesquisador na produção e obtenção dos dados. Nesse caso, o pesquisador pode ditar em que situação seus dados serão obtidos, que condições serão necessárias e a forma de leitura dos dados a ser adotada. Como você pode perceber, ela difere em essência da pesquisa de campo. No laboratório, é possível - muitas vezes - que limites sejam estabelecidos como, por exemplo, saber o ponto de ebulição de um líquido quando a pressão atmosférica é 0,8 atm. Esse tipo de investigação não seria possível em campo, pois é impossível condicionar a pressão atmosférica em ambiente aberto. Faz-se necessário para isso um ambiente hermético (vedado) e isso só é possível em laboratório. A pesquisa laboratorial cria meios artificiais para a obtenção de dados. Isso permite que o pesquisador estabeleça as condições nas quais os dados serão produzidos, que sejam testados padrões específicos, que seriam impossíveis de serem estabelecidos em condições naturais. Isso promove dados mais precisos. 3.4.3 Pesquisa Bibliográfica Já a pesquisa Bibliografia refere-se à busca de dados através da consulta de conhecimentos já produzidos, através de várias formas de pesquisa, e que são disponibilizados à comunidade científica na forma de livros, periódicos e relatórios. É uma preciosa fonte de informação para construção do referencial teórico do pesquisador; devendo, assim, encabeçar qualquer processo de busca científica. A pesquisa bibliográfica possibilita que o pesquisador perceba a evolução do conhecimento em determinada área, pois tem disponíveis textos de várias épocas. Você pode, por exemplo, ter acesso a dados sobre o índice de câncer de pele, desde os anos 80 do século passado, até hoje. Permite também que acesse dados de diferentes localidades, possibilitando uma amplitude espacial maior sobre determinada 107 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância Para entender melhor as características dos diferentes tipos de pesquisa, leia: SANTOS, Metodologia Científica, a construção do conhecimento. 5 ed. São Paulo: DP&A, 2002). área científica, como saber a incidência do câncer de pele nos diferentes estados brasileiros. O importante da pesquisa com dados bibliográficos é que o pesquisador deve trabalhar com dados gerados por outras pessoas. Dessa forma, pode ser que essas informações não respondam exatamente o que foi perguntado. Sendo assim, cabe ao pesquisador estabelecer correlação entre diferentes textos, de forma que - através de sua reflexão - possa alcançar seus objetivos e responder suas questões. 3.5 QUANTO AO PROCEDIEMENTO DE COLETA DE DADOS O procedimento de coleta de dados de uma pesquisa refere-se aos métodos práticos utilizados para obtenção de informações. Você verá que podem ser os mais diversificados possíveis, desde que sejam programados e reconhecidos como meios viáveis de obtenção de dados. Devem, ainda, respeitar todos os parâmetros éticos científicos. É bastante comum que uma mesma pesquisa adote mais de um procedimento, em diferentes etapas, promovendo assim uma variedade maior de dados. Outro critério utilizado refere-se ao objeto de pesquisa, dependendo da área do conhecimento ou do objetivo a ser alcançado, um ou outro procedimento pode ser mais adequado. 3.5.1 Pesquisa Experimental A pesquisa Experimental é desenvolvida através de experiências realizadas pelo pesquisador. Trata-se da reprodução, de forma controlada, de um determinado fato ou fenômeno. Esse tipo de pesquisa possibilita a manipulação de fatores que influenciam no objeto estudado, isto é, o pesquisador define em que situação os dados serão produzidos e obtidos. Dessa forma, a pesquisa experimental permite que sejam definidos padrões de comportamento dos dados, o que possibilita uma compreensão da realidade que não poderia ser descoberta de forma natural. Os experimentos são geralmente feitos através de amostragens, ou seja, uma parcela do universo de total. Assim, 108 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância quanto maior o número de amostras envolvidas no experimento, maior a seguridade dos dados. A pesquisa experimental pode ser subdividida em três formas: Genuinamente Experimental: trata-se de uma pesquisa com dois grupos formados aleatoriamente, ou seja, sem influência do pesquisador na escolha do grupo. Um dos grupos é chamado de GRUPO ALVO, sendo este o que receberá a intervenção do pesquisador (será submetido a algum tipo de teste). O outro grupo é chamado de GRUPO CONTROLE, sendo este semelhante - em todos os sentidos - ao grupo alvo, menos no fator testado. Dessa forma, a pesquisa poderá ter - na comparação dos dois grupos - os resultados para o fator testado. É um tipo de pesquisa bastante utilizado na área de ciências biológicas e biomédicas, principalmente pelo poder de teste de fatores ou situações. Um exemplo desse tipo de pesquisa é o teste de eficácia de medicamentos. Nesse caso, existe o grupo alvo, que receberá o princípio ativo; e o grupo controle, que receberá o placebo (composto sem o medicamento). Ambos os grupos apresentam composição semelhante e, após o período de testes, são avaliadas as diferenças entre ambos; detectando, assim, os benefícios e efeitos colaterais do medicamento testado. Em muitos casos, nem o próprio pesquisador sabe que indivíduo faz parte do grupo alvo, e quem é do grupo controle. Essas pesquisas são chamadas de DUPLO CEGO e buscam evitar o máximo de interferência, ou desvio de interpretação dos resultados por parte do pesquisador. Pré-experimental: Neste caso, a pesquisa é realizada com um único grupo, também formado aleatoriamente. Entretanto, não há como compará-lo com outro grupo. Sendo assim, faz-se uma avaliação do grupo no início do experimento e, em seguida, faz-se a intervenção, testando algum fator. Após um período de tempo determinado, o grupo passa por uma reavaliação, para que seja evidenciada alguma mudança em relação ao quadro inicial. Quase Experimental: Neste tipo de pesquisa experimental, o grupo analisado apresenta características específicas desejadas pelo pesquisador (ser fumante, diabético etc.). Dessa forma, sua formação não será aleatória e sim intencional. Esse tipo de pesquisa experimental é o único que sofre intervenção do pesquisador no momento de formar os grupos; podendo, ainda, ser feita a comparação 109 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educaçãoa Distância entre grupos distintos. Por exemplo, verificar a incidência de câncer de pulmão entre fumantes e não fumantes. Após a definição da característica-chave a ser investigada, a formação do grupo de estudo pode ser aleatória, ou seja, de um grupo de fumantes, escolhe-se uma amostra de forma aleatória. 3.5.2 Pesquisa Ex-Post-Facto Este tipo de pesquisa é desenvolvido após a ocorrência de um fenômeno, ou fato que aconteceu, sem o planejamento ou controle do pesquisador. Podemos tomar como exemplo a ocorrência de um fenômeno natural como um terremoto, ou um fenômeno fisiológico como um infarto. A pesquisa busca compreender as causas e consequências do fenômeno ocorrido e suas extensões. É um tipo de pesquisa que gera dados, visando promover meios de prever e evitar futuros acontecimentos semelhantes. Muitas áreas das ciências naturais, e mesmo médica, construíram muitos de seus conhecimentos com base em pesquisas ex-post-facto. 3.5.3 Pesquisa do tipo Levantamento A pesquisa tipo Levantamento consiste na busca de informações sobre algum fenômeno, ou fato estudado sobre o qual não se tem dados. Normalmente, trata-se de pesquisas desenvolvidas com um grupo específico, por exemplo, o levantamento das espécies que compõem uma população de árvores em um fragmento de mata, ou ainda, o levantamento dos acidentes de trabalho envolvendo materiais pérfuro- cortantes em um hospital. A pesquisa de levantamento pode trabalhar com amostragem, isto é, uma porcentagem do total. Normalmente realizada através de mensurações (registros numéricos), questionários, formulários ou entrevistas; os dados normalmente são tratados quantitativamente, passando por análises estatísticas que irão gerar uma informação mais confiável. 3.5.4 Pesquisa do tipo Estudo de Caso Trata-se de toda pesquisa feita com base em um objeto de pesquisa restrito (caso). Normalmente, o pesquisador faz uma análise da situação no início da pesquisa, descrevendo as características do caso. Em seguida, é traçado um plano de ação que 110 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância busca melhorar o quadro descrito. Após o período de estudo, o quadro passa por uma nova avaliação, dando ênfase às melhorias evidenciadas. As pesquisas do tipo têm algumas restrições; pois, como são desenvolvidas a partir de um ou poucos casos, os dados gerados não podem ser generalizados, uma vez que outros casos semelhantes podem não apresentar a mesma resposta ao mesmo tipo de ação. As pesquisas envolvendo estudo de caso são muito comuns na área médica; entretanto, definindo-se bem o objeto de estudo e objetivo da pesquisa, qualquer área pode se valer desse meio de investigação. 3.5.5 Pesquisa Bibliográfica A pesquisa Bibliográfica compreende uma pesquisa a qual se utiliza de diversas fontes de consulta bibliográfica como base de informação. Sendo assim, a pesquisa é baseada em informações já conhecidas pela comunidade científica, entretanto tem por intuito desenvolver novos raciocínios com base nas leituras e resultados encontrados nos textos científicos. Sendo assim, o meio de coleta de dados da pesquisa bibliográfica se dá através da leitura de textos, dos quais se utilizam os dados apresentados pelos autores. Sendo assim, o pesquisador que adota esse método de coleta de dados irá trabalhar com os dados produzidos por terceiros. Entretanto, tem o trabalho de interpretá-los e correlacioná-los, gerando o conhecimento proposto por sua questão-problema. 3.5.6 Pesquisa Documental A pesquisa Documental se assemelha à bibliográfica, entretanto os dados envolvidos não foram ainda analisados, ou seja, são registros que foram armazenados, mas que ainda não passaram por uma análise para se gerar conhecimento a partir deles. Normalmente, referem-se a documentos que não foram organizados e interpretados por um pesquisador (ex.: prontuários, exames, registros etc.). 3.6 QUANTO AO ENVOLVIMENTO DO PESQUISADOR O grau de envolvimento pessoal do pesquisador em relação à pesquisa, muitas vezes depende do objeto de investigação. Por exemplo, um pesquisador que tenha 111 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância como objeto de estudo os peixes-boi (mamífero aquático), certamente terá um envolvimento carinhoso por esses animais, sendo comum tratá-los com grande apreço. Já um pesquisador que investigue o mercado financeiro, pode não desenvolver nenhum sentimento especial por seu objeto de estudo. Dessa forma, podemos distinguir formas de pesquisa nas quais o envolvimento pode ser maior ou menor, sendo elas. O pesquisador normalmente tende a se envolver nos procedimentos de coleta ou análise dos dados de uma pesquisa, entretanto podemos distinguir dois tipos de pesquisa quanto a esse envolvimento: 3.6.1 Modelo Clássico Neste caso, o pesquisador não se envolve pessoalmente com a pesquisa realizada, mesmo tendo seres humanos como objeto de estudo. A ação do pesquisador fica restrita aos dados em si, deixando de lado qualquer questão emocional ou ideológica ocorrida na produção dos mesmos. No modelo clássico, muitas vezes, o pesquisador tem como objeto de estudo fenômenos físicos ou naturais. Outras vezes, ele só entra em contato com números gerados, facilitando o não envolvimento pessoal. 3.6.2 Pesquisa participante Neste caso, o pesquisador se envolve emocional ou ideologicamente com o desenvolvimento da pesquisa. O pesquisador tem por objetivo se familiarizar com os sujeitos envolvidos na produção dos dados. Deve-se ressaltar que o envolvimento deve ser considerado pelo pesquisador, devendo ele permanecer dentro de limites que não comprometam a veracidade e confiabilidade dos dados gerados pela pesquisa. Um exemplo clássico da pesquisa participante é aquela desenvolvida em populações específicas, como os índios. Para que o pesquisador consiga obter dados, deve se integrar ao grupo, viver com eles e partilhar de seus hábitos e costumes. Só assim terá acesso às informações de que necessita. 3.6.2 Pesquisa-Ação: São pesquisas participantes, realizadas com o objetivo de resolver um problema de interesse coletivo ou suprimento de uma necessidade de um grupo específico de 112 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância Bem, após esta seção, você pode verificar que o processo de investigação científica é bem variado. Vamos agora conhecer quais são as etapas para se planejar e executar uma pesquisa cientifica. Embora você só venha a utilizar este conteúdo na metade final do seu curso, é importante que desde já você tenha conhecimento de como proceder no desenvolvimento de uma pesquisa científica pessoas. Nesse caso, faz-se necessário o envolvimento, tanto do sujeito, como do investigador, para se obter êxito com a resolução do problema, uma vez que a adesão dos sujeitos é um fator determinante. Existe participaçãoe cooperação entre pesquisadores e colaboradores. Você percebeu que existe uma grande variedade de formas de se investigar uma realidade, e podemos dizer que algumas áreas costumam adotar um ou outro método com maior frequência. Por exemplo, na área de pesquisa social, é comum a pesquisa participante. Já nas áreas de ciências naturais, é comum a pesquisa ex-post- facto ou a experimental. Assim, você pode estar se perguntado: “mas como eu vou saber qual método eu devo adotar?” Isso irá variar de acordo com o objeto de estudo, com a área de pesquisa e com o objetivo proposto. Através da leitura de textos científicos, na área de conhecimento em que estamos atuando, temos acesso aos mecanismos de produção dos dados. Isso é bem descrito, principalmente nas monografias e nos artigos científicos. 4. PROJETO DE PESQUISA Pesquisar é uma tarefa investigativa e, para que se tenha êxito nesse processo, faz-se necessário esclarecer bem o que se deseja investigar, como e quais conhecimentos se deseja produzir com essa investigação. É claro que, dependendo do nível intelectual do pesquisador, o grau de complexidade da investigação será maior ou menor. Você deve estar se perguntando: “mas eu vou desenvolver pesquisa durante a graduação?” Sim, e muito. Fora a monografia, que certamente será produto de uma pesquisa, todos os trabalhos e atividades que você irá desenvolver nas disciplinas depende de pesquisa. Mesmo o ato de estudar é uma pesquisa. Ao estudarmos, buscamos respostas para lacunas no nosso conhecimento, e isso é pesquisa. É claro 113 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância SOBRE OS AUTORES O planejamento adequado de uma pesquisa evita que dados sejam coletos sem necessidade, ou que dados necessários sejam desprezados, por isso sempre se deve investir um tempo no planejamento de uma atividade de investigação, mesmo que seja um simples trabalho. que algumas dessas pesquisas exigem maior grau de profundidade e uma sistematização nos procedimentos de investigação. Os procedimentos são mais flexíveis, exigindo menor rigidez nos processos. Em qualquer área da ciência, o procedimento para realização de uma pesquisa passa por três etapas: Planejamento; Execução e Redação. 4.1 PLANEJAMENTO O planejamento de qualquer projeto de pesquisa, mesmo da pesquisa bibliográfica, é fundamental para seu bom andamento. Planejar uma atividade facilita na identificação do que será necessário para se ter êxito no que foi proposto e facilita na identificação e correção de possíveis erros cometidos. O planejamento refere-se à elaboração de um projeto de pesquisa. Esse projeto irá definir o caminho intelectual, o qual direcionará as etapas futuras da investigação (SANTOS, 2002). A fase de planejamento pode ser subdividida em duas: o pré-projeto, ou anteprojeto, e o projeto propriamente dito. No pré-projeto, definem-se alguns aspectos intelectuais e conceituais da pesquisa. Digamos que, nessa etapa, “pensa-se nas questões teóricas” da pesquisa. Já no projeto, planeja-se a parte prática da pesquisa, ou seja, definem-se neste momento os mecanismos de coleta e organização dos dados que serão obtidos. 4.1.1 Pré-projeto O Pré-projeto consiste na definição de aspectos relacionados à escolha do tema a ser investigado e do problema a ser proposto: Escolha do tema: Trata-se da fase inicial de qualquer atividade de pesquisa. A escolha do tema refere-se à escolha do assunto que será abordado, sendo uma importante etapa, uma vez que a definição do assunto também implicará a definição de todas as demais fases. O tema escolhido pelo pesquisador deve atender a alguns critérios descritos a seguir: 114 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância SOBRE OS AUTORES A questão-problema de uma pesquisa pode ser comparada à coluna vertebral do nosso esqueleto. Ela é que dá sustentação para os demais ossos do corpo, bem como para os músculos. Sendo assim, a questão-problema irá direcionar a definição dos objetivos e da metodologia da pesquisa. - Ser agradável ao pesquisador, ou seja, o pesquisador precisa gostar do tema, ter facilidade de entendimento de seus conceitos e dos textos publicados sobre ele. - Ser adequado às condições intelectuais do pesquisador e as suas aptidões físicas e psicológicas. Uma pessoa que é alérgica a abelhas não poderia realizar um estudo no qual estivesse sujeito a picadas. - Ter um objeto de estudo que mereça e tenha condições de ser investigado. Existem inúmeros estudos que não podem ser executados por falta de recursos tecnológicos ou por necessitarem de estudos prévios. Ex.: Estudo das características físico-químicas da água encontrada congelada em Marte. - Deve estar sujeito a testes por quantos e quaisquer que o desejem, por isso deve ser preciso, claro e bem delimitado. Levantamento Bibliográfico (Pesquisa Exploratória): Compreende o aprofundamento do conhecimento do pesquisador sobre o tema, ou seja, trata-se da pesquisa exploratória definida no item anterior. Em geral, é feito através do levantamento de trabalhos já publicados sobre o mesmo assunto. Esse levantamento dá ao pesquisador um referencial teórico suficiente, para desenvolver um trabalho com um bom nível de aceitabilidade. O levantamento de dados pode ser feito pela: - Pesquisa documental: pesquisa de documentos originais que gerem informação importante; - Pesquisa bibliográfica: textos científicos já publicados; - Contato direto: Comentários pessoais, informações obtidas em congressos e conferências. Formulação do Problema: Refere-se a uma dificuldade teórica ou prática, em determinada área da ciência, cuja solução é de real importância. A questão-problema é o que se deseja descobrir 115 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância com a pesquisa. Para que seja formulada adequadamente, necessita de boa base conceitual do pesquisador, obtida com o levantamento bibliográfico, além de imaginação criativa. É uma importante etapa; pois - com base no problema – desenvolvem-se todas as etapas seguintes da pesquisa. A formulação da questão- problema deve seguir alguns critérios: - Deve ser redigida de forma clara e precisa, detalhando as relações entre os fatores que serão investigados. - Deve ter condições de ser investigada, pois não basta ser uma boa questão. O pesquisador deve ter condições de acessar os dados que irão respondê-la. - Deve ser bem delimitada; pois, quanto maior sua abrangência, mais complexa e demorada será a pesquisa. A questão-problema normalmente é expressa na introdução do projeto, por exemplo: “Assim, faz-se necessário investigar quais os efeitos do chá de berinjela no controle do colesterol.” Definição das Hipóteses: Uma hipótese pode ser definidacomo possível solução do problema proposto. A redação da hipótese é frequentemente cobrada nas teses de doutorado, sendo comum ser dispensada nos demais tipos de textos. A hipótese será testada através da análise dos dados e, dessa forma, pode ser confirmada ou rejeitada. Retomando o exemplo citado na questão-problema, poderíamos ter a seguinte hipótese: “o uso constante da infusão (chá) de berinjela auxilia significativamente no controle do colesterol.” Perceba que a hipótese é uma suposta resposta à questão-problema, e sua veracidade está sujeita ao que os dados mostrarão após o término da investigação. Sendo assim, a hipótese é algo que só terá credibilidade após passar pelo teste dos dados. 4.1.2 Projeto No Projeto, trabalham-se as questões mais práticas da pesquisa e seguem-se as questões teóricas da pesquisa definidas no anteprojeto. Consta dos seguintes itens. Delimitação do tema: A delimitação do tema é a restrição do que será abordado dentro do assunto definido. Esta etapa é feita de forma compatível com a hipótese. Geralmente, a 116 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância especificação do tema corresponde ao título do futuro trabalho escrito. Deve ser feita com bastante cuidado, pois indica o conteúdo desenvolvido no trabalho e, dessa forma, todos os aspectos do assunto que não serão abordados na pesquisa devem ser descartados no momento da delimitação. A delimitação do tema permite que seja definido o tipo de pesquisa que será desenvolvida, ou seja, se será qualitativa ou quantitativa, se adotará o campo ou o laboratório como fonte de dados etc. Elaboração do Objetivo Geral: Na sequência da delimitação do tema, define-se o objetivo geral do projeto. Esse processo é de extrema importância, pois determina as diretrizes da pesquisa. Expressa as pretensões da investigação e qual será o resultado intelectual da pesquisa, delimitando e dirigindo os raciocínios desenvolvidos. É determinado por verbos que demonstrem uma ação, indicando atividade mensurável, ou seja, que pode ser verificada. Segundo Santos (2002), os níveis de conhecimento expressos pelo objetivo geral podem ser classificados em níveis de complexidade, de acordo com o verbo utilizado, podendo ser de: Conhecimento: apontar, citar, classificar, definir, relatar, conhecer, descrever, identificar, reconhecer. Compreensão: compreender, concluir, deduzir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar, reafirmar. Aplicação: aplicar, desenvolver, empregar, estruturar, operar, organizar, praticar, selecionar, traçar. Análise: analisar, verificar, comparar, criticar, debater, diferenciar, discriminar, examinar, investigar, provar. Síntese: compor, construir, documentar, especificar, esquematizar, formular, produzir, propor, sintetizar, reunir. Avaliação: argumentar, avaliar, contrastar, decidir, escolher, estimar, julgar, medir, selecionar. A redação do objetivo geral deve ser precisa e objetiva, demonstrada em frases curtas e com um único sentido. Por exemplo, “Verificar a variação anual dos níveis de nutrientes dissolvidos no ribeirão Claro”. 117 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância Definição dos Objetivos Específicos: Compreende a subdivisão do objetivo geral, em etapas, para o seu melhor entendimento, ou seja, as etapas a serem alcançadas para atingir o objetivo geral. Cada objetivo específico pode compor um capítulo do trabalho final em pesquisas bibliográficas. É importante destacar que os objetivos específicos constituem partes do objetivo geral e, dessa forma, se todos os específicos forem alcançados, o geral também o será. Retomando o exemplo dado no objetivo geral, teríamos. “Conhecer as variações dos parâmetros físico-químicos da água;” “Determinar a concentração de compostos nitrogenados ao longo do período de estudo;” “Determinar a concentração dos compostos fosforados durante o período de estudo;” “Verificar as variações anuais dos parâmetros analisados.” Cabe destacar que os verbos utilizados nos objetivos específicos devem ter, preferencialmente, menor grau de complexidade que o verbo utilizado no objetivo geral. Materiais e Métodos ou Procedimento de Coleta / Metodologia: No item Materiais e Métodos, definem-se as atividades práticas necessárias para aquisição de dados que vão confirmar ou rejeitar as hipóteses formuladas anteriormente. A metodologia é elaborada através do planejamento de como tais dados serão coletados para responder a cada objetivo específico, quais os procedimentos, os métodos e as técnicas utilizadas para tal. Devem ser considerados também o objetivo da pesquisa, os recursos financeiros disponíveis, a equipe de trabalho e os recursos tecnológicos necessários. Também faz parte da metodologia a definição de um plano de amostragem, no qual é definida a área de coleta de dados, a periodicidade de amostragem e como será feita a coleta em relação ao número de amostras e ao tratamento estatístico utilizado. 118 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância É importante destacar que, no projeto de pesquisa, a metodologia deve ser bem descrita e detalhada, demonstrando o domínio do pesquisador em relação às atividades que terá que desenvolver. Em pesquisas bibliográficas, a metodologia especifica quais assuntos serão abordados e quais fontes de dados serão consultadas. Cronograma: O Cronograma do projeto reflete de forma ilustrada, quando cada etapa do projeto será desenvolvida. Normalmente apresentado no formato de um quadro, onde são estipuladas as atividades e a data (mês) na qual será realizada. Ex.: 2011 Atividade/Período Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Levant. Bibliog. X X X X X X X Plano de pesquisa X X Execução do plano X X Análise dos resultados X X Redação final X O Cronograma pode se estender por um ano ou mais, dependendo da extensão da investigação. 4.2 EXECUÇÃO DA PESQUISA Nesta etapa, tudo que foi planejado para atingir os objetivos propostos e solucionar a questão problema será aplicado. Constitui uma das fases mais trabalhosas da pesquisa e necessita de muita determinação e persistência do pesquisador, pois a coleta deve sempre ser disciplinada; evitando, assim, erros e o consequente comprometimento dos dados. A coleta de dados, principalmente em pesquisas experimentais, demanda um grande investimento de tempo por parte do pesquisador, sendo necessário o envolvimento do mesmo para que o processo de obtenção (dos dados) transcorra sem nenhum contratempo. As etapas que constituem a execução da pesquisa são: 4.2.1 Coleta de Dados 119CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância A coleta de dados consiste na aplicação dos métodos e técnicas selecionadas, no desenvolvimento do projeto, de acordo com os objetivos propostos. Deve ser realizada com um apurado critério quanto ao registro dos dados, seguindo sempre um padrão metodológico de fidedignidade, ou seja, um registro fiel dos dados como ocorrem. Esse processo requer de um investimento muitas vezes pessoal, visto que o envolvimento do pesquisador no processo de coleta de dados pode demandar tempo e energia. Em pesquisas que envolvem o uso de equipamentos eletrônicos, por exemplo, faz-se necessário ainda um cuidado com os mesmos, no que se refere à calibragem, à limpeza, ao armazenamento e ao desgaste do aparelho. 4.2.2 Elaboração dos dados A classificação dos dados refere-se a um refinamento nos dados obtidos. Muitas vezes, principalmente em pesquisas quantitativas, o pesquisador termina a coleta de dados com uma série de planilhas repletas de números, sendo necessário que esse material seja organizado, para que os conhecimentos gerados possam ser explorados. Essa etapa consiste em uma organização sistemática dos dados, de acordo com os seguintes passos. Seleção: Exame minucioso dos dados, procurando detectar falhas ou erros, e evitando informações confusas. Exclusão de dados excedentes ou nova coleta para dados que estejam faltando. Na seleção, faz-se um arranjo dos dados, uma organização para que eles iniciem a demonstração da informação que representam. Codificação: Agrupamento dos dados, em categorias, de acordo com suas relações e atribuição de símbolos (números ou letras) a cada categoria. Nesse momento, agrupam-se os dados de acordo com suas características. É o momento de verificar padrões de comportamento e relações diretas (e indiretas) entre os dados. Essa etapa exige critérios postulados pelo pesquisador e previamente definidos, ou seja, de acordo com seus objetivos, você irá buscar as correlações. Tabulação: Disposição dos dados em quadros e/ou tabelas, para facilitar a averiguação de suas inter-relações. Implica a aplicação do método estatístico, previamente definido de acordo com os objetivos. Elaboração de gráficos e tabelas. 4.2.3 Análise e Interpretação dos dados: 120 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância A análise e interpretação dos dados constitui o núcleo central da pesquisa. Embora sejam atividades distintas, estão estritamente relacionadas. A análise compreende a tentativa de evidenciar as relações entre os fenômenos e os fatores estudados. Necessita de Interpretação, na qual é feita a verificação da relação entre variáveis dependentes (influenciadas) e independentes (que influenciam); de Explicação, em que é esclarecida a origem da variável dependente; e de Especificação, onde é feita a explicação sobre até que ponto a relação entre variáveis independentes e dependentes são válidas. De posse dos dados estatísticos, o pesquisador estabelece relações entre os dados e as hipóteses formuladas, e estas são confirmadas ou refutadas (rejeitadas). A interpretação refere-se à atividade intelectual, que procura dar um significado aos dados, ou seja, mostrar e analisar as informações produzidas através dos dados analisados. Nesse momento, busca-se verificar se os objetivos propostos foram atingidos e se a questão-problema foi respondida. Normalmente, a interpretação dos dados é o conteúdo expresso no capítulo discussão de um trabalho científico, sendo uma característica marcante desse texto a correlação dos dados produzidos com os de outras pesquisas desenvolvidas por outros pesquisadores. Significa a verdadeira reflexão intelectual, em relação ao material apresentado e aos objetivos e tema propostos. 4.2.4 Representação dos dados: Neste momento, escolhem-se as principais formas de ilustrar os dados, o que pode ser feito através de quadros, tabelas e figuras (fotos, desenhos, gráficos). Deve- se ter a precaução de não repetir dados, expondo-os de duas formas. A representação dos dados deve sempre ter em mente o leitor. Sendo assim, a escolha do tipo e cores de um gráfico deve ser a melhor possível para o entendimento do leitor ao interpretá-lo. 5. REDAÇÃO DO TEXTO PENSADO O próximo passo da pesquisa é construir o texto que irá expressar todas as etapas anteriores. O formato e conteúdo do texto podem variar de acordo com o tipo de texto a ser produzido. Entretanto, o estilo de redação e organização seguirá sempre um padrão técnico e formal, como vimos no módulo 3. 121 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância É isso aí! Finalizamos aqui a disciplina. Esperamos que os conteúdos dispostos aqui sejam facilitadores no seu cotidiano de estudo e aprendizado. Você poderá ver necessidade de acessar esse material em vários momentos do seu curso, principalmente na finalização de seus trabalhos. Boa Sorte e lembre-se: Você é responsável pelo que aprende e como aprende. Seja perseverante nas suas dificuldades e excelente naquilo que tem facilidade. 122 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informações e documentação – referências. NBR 6023. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informações e documentação – trabalhos acadêmicos - apresentação. NBR 14724. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. CARVALHO, Alex et al. Aprendendo Metodologia Científica. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000, pp. 11—69. Disponível em: http://www.biomaterial.com.br/Metodologia_pesquisa.pdf. Acesso em 31 de Nov. de 2011. CARVALHO, M. C. de. Construindo o saber: metodologia científica, fundamentos e técnicas. 2 ed. Campinas: Papirus, 2002. CERVO, A. L. ; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 2 ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 2000. HÜHNE, L. M. Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. 7 ed. Rio de Janeiro: Agir, 2002. KÖCHE, J. C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 18 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 1997. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia Científica. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000. MEDEIROS, J. B. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2010. PRICE, D. de S. A ciência desde a Babilonia. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000. SANTOS, A. R. dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 5 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 21 ed. São Paulo: Cortez, 2000. 123CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância 1. Segundo Pitta & Castro (2006), para iniciarmos uma pesquisa científica, devemos partir de três pré-requisitos básicos: 1) conhecer bem e ter competência no assunto a ser pesquisado; 2) ter acesso e dominar a amostra; e 3) depender o mínimo possível de terceiros para realizar a pesquisa. Dentre os três requisitos citados pelos autores, assinale o tipo de pesquisa que atende ao requisito 1. (0,5) a) Pesquisa genuinamente experimental b) Pesquisa exploratória c) Pesquisa ex-post-facto d) Pesquisa de levantamento e) Pesquisa ação 2. Demo (1996, p.34) insere a pesquisa como atividade cotidiana, considerando-a como uma atitude, um “questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático”. Com isso, podemos afirmar corretamente que: (0,5) a) Toda pesquisa deve obrigatoriamente partir de uma pesquisa de campo que gere dados numéricos, pois estes são mais fiéis em representar a realidade; b) A pesquisa bibliográfica, por não gerar dados obtidos diretamente pelo pesquisador, não contribui com a promoção da descoberta e interpretação da realidade. c) Os meios de coleta de dados que envolvem a experimentação são os mais adequados para a produção de conhecimentos que de fato expressem a realidade. d) A pesquisa científica deve sempre partir de uma dúvida ou questão que será investigada no decorrer do processo investigativo, podendo adotar os mais diversos meios para a obtenção de dados. e) As pesquisas qualitativas só podem ser desempenhadas em áreas onde não é possível obter dados quantitativos, pois esses são mais adequados à geração de conhecimentos seguros e confiáveis. 3. Sabe-se que o surgimento das disciplinas voltadas para a investigação científica data dos séculos XVI e XVII, quando o homem desenvolve a necessidade de conhecer os fenômenos que os cercavam com maior rigor e precisão. Assinale a forma de coleta de dados que promove informações mais precisas, com dados exatos que possibilitem identificar intervalos de valores, nos quais os fenômenos podem ocorrer: (0,5) a) Pesquisa experimental b) Pesquisa quantitativa c) Pesquisa acadêmica d) Pesquisa bibliográfica e) Pesquisa básica MÓDULO 4 124 CNEaD – Coordenadoria Nacional de Educação a Distância 4. A pesquisa experimental é fundamental para a busca de conhecimentos específicos, nos quais fatores são testados de acordo com critérios estabelecidos pelo pesquisador. Com base na pesquisa experimental, assinale a afirmativa Incorreta. (0,5) a) A pesquisa experimental seleciona grupos homogêneos entre si, os quais são submetidos a tratamentos diferenciados. Após os períodos de estudo, os resultados são checados estatisticamente. b) O pesquisador nunca pode intervir na formação dos grupos, pois isso inviabilizaria qualquer tipo de pesquisa experimental. c) Na pesquisa quase experimental, o pesquisador pode determinar uma característica específica, a qual será o principal fator a ser investigado e, dessa forma, o grupo de estudo pode não ser formado aleatoriamente. d) Os resultados são obtidos e analisados de acordo com os estímulos (os testes feitos), pois o propósito da pesquisa experimental é analisar as relações de causa- efeito. e) A pesquisa experimental geralmente trabalha com grupos selecionados aleatoriamente, de forma que o pesquisador não influencia na escolha dos elementos que formam o grupo investigado. 5. Explique, de forma objetiva, as principais diferenças entre o método indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo. 6. Descreva a importância da questão-problema no planejamento de uma investigação científica. 7. Estabeleça uma questão-problema hipotética e elabore, para atendê-la, o suposto objetivo de um projeto. 8. Justifique a necessidade de se fazer a seleção e tabulação dos dados obtidos com uma investigação antes de analisá-los.