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Modelos Explicativos do Processo Saúde-Doença Universidade São Judas Tadeu - USJT Disciplina de Políticas Públicas de Saúde e Epidemiologia Profo. Me. Roudom Moura Processo Saúde-Doença • Modo como as pessoas vivem, adoecem e morrem; • As influências/causas sobre este processo podem ser: • Biológicas; • Psicossociais; • Culturais; • Socioeconômicos; • Ambientais. Processo Saúde-Doença - Modelos • Modelo Miasmático ou Miasmas; • Modelo unicausal ou monocausal; • Modelo Multicausal; • Teoria da Determinação Social da doença. Processo Saúde-Doença – Modelo Miasmático ou Miasmas (500 a.C. / Antiguidade) • Extinguiu a ideia da multicausalidade, já na época, explorada por Hipócrates (as doenças eram produto da relação complexa entre a constituição do indivíduo e o ambiente que o cerca, considerava o clima, modo de viver, hábitos de comer e beber, etc.); • As doenças são causadas pelos miasmas. Processo Saúde-Doença – Modelo Miasmático ou Miasmas (500 a.C. / Antiguidade) • Miasmas = “maus ares”, supostamente nocivos, que emanam do solo, de cadáveres humanos e de animais, tidos como causa de várias doenças; • Miasmas = má qualidade do ar, proveniente de emanações oriundas da decomposição de animais e plantas passariam do doente para os indivíduos suscetíveis. Processo Saúde-Doença – Modelo Unicausal ou Monocausal • Valoriza exclusivamente o agente biológico; • Foi impulsionada pelos avanços da microbiologia (séc. XIX; Louis Pauster – Pai da microbiologia); • Limita-se a concepção biológica da doença; • Prática médica curativa que valoriza a técnica. Processo Saúde-Doença – Modelo Unicausal ou Monocausal • As doenças infecciosas predominavam nesse período; • A descoberta da existência dos microorganismos foi confirmada pela microscopia, na metade do séc. XIX, cientistas como Robert Koch e Louis Pasteur; • Definição das causas e mecanismos de algumas doenças mais importantes da época como, tuberculose, raiva entre outras. Processo Saúde-Doença – Modelo Multicausal (séc. XIX e XX) • Após o controle das doenças infecciosas pelo uso dos antibióticos e vacinas e a melhoria das condições de vida ocorre o envelhecimento da população e como consequência a instalação de doenças crônicas; • A teoria da unicausalidade já não é capaz de explicar a causa das doenças crônicas. Processo Saúde-Doença – Modelo Multicausal (séc. XIX e XX) • O modelo Multicausal leva em consideração que as doenças tem várias causas, e que elas são consequência de vários fatores: biológico, socioeconômicos(empobrecido e esvaziado), culturais, psicológicos e ambientais. Processo Saúde-Doença – Modelo Multicausal (séc. XIX e XX) • Entre as abordagens multicausais, a criada por Leavell & Clark (1976) tem sido muito utilizada, pelos estudiosos para explicar o processo saúde-doença e como consequência propor medidas de prevenção; é conhecida como: História Natural da doença. História Natural da Doença • “As interrelações entre o agente, a pessoa suscetível e o meio ambiente que afetam o processo global e o desenvolvimento da doença, desde as primeiras forças que criam o estímulo para o processo patológico no meio ambiente; passando pela resposta do homem a esse estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte” (Leavell & Clark, 1976) História Natural da Doença • Conhecimento importante para instruir ações que visem modificar o curso natural das doenças; • Para detectar as doenças em fase mais inicial de sua história natural e tornar o tratamento mais eficaz; • Conhecer a gravidade da doença para estabelecer prioridades para programas de saúde pública. História Natural da Doença – Aspectos Gerais • A promoção de saúde e a profilaxia primária e secundária de doenças, inclusive após os 65 anos, são os recursos com melhor relação de custo- benefício para se obter a compressão da morbidade. História Natural da Doença – Aspectos Gerais • A vigilância epidemiológica das Doenças Não Transmissíveis (DNT) e dos seus Fatores de Risco é de fundamental importância para a implementação de políticas públicas voltadas para a prevenção e controle dessas doenças e para a promoção geral da saúde. História Natural da Doença – Aspectos Gerais • Envelhecimento da população acelerado Sem infraestrutura capaz de dar conta de promoção da saúde e prevenção primária “inchação da morbidade” – custos mais elevados para o setor saúde, para a sociedade e para o individuo (dor, incapacitação, hospitalização, excesso de medicamentos, morte precoce) Prevenção das Doenças Crônicas: uma abordagem ao longo da vida Adaptado de apresentacao de Sandhi Barreto, 2003. Fonte: ALC, WHO Idade Processo Saúde-Doença – Teoria da Determinação Social da Doença (Década de 60) • Contexto: • Subordinação ao capitalismo do 1º mundo; • Aumento da desigualdade social. • A doenças ocorre de modo diferente entre os diversos grupos socioeconômico (enriquecido, valorizado); • O processo saúde doença não é determinado somente pelo biológico. Processo Saúde-Doença – Teoria da Determinação Social da Doença (Década de 60) • A determinação social das condições de vida das pessoas se produzem em seus locais de trabalho, na vida familiar, na vida cultural, política, religiosa, etc., e em cada espaço desses ocorrem fatos que podem ser destrutivos para o funcionamento do corpo ou da mente das pessoas, determinando os processos de adoecer e morrer. Processo Saúde-Doença – Teoria da Determinação Social da Doença (Década de 60) • Moradia, rede de água, esgoto, política de atenção ao meio ambiente, política de desenvolvimento econômico que atua diretamente sobre a oferta de empregos, política de educação, de cultura, de segurança, de oferta e acesso ou não a serviços de saúde, acesso ou não à mídia e muitas outras questões da vida do Ser Humano. Determinantes da saúde (Modelo de Dahlgren e Whitehead) Processo Saúde-Doença – Teoria da Determinação Social da Doença (Década de 60) • A percepção de saúde e doença de cada indivíduo está relacionada com sua percepção de vida, que por sua vez se dá em contextos contraditórios, marcados por diferenças culturais, sociais, econômicas e individuais. Isto permite coexistirem concepções distintas em distintos momentos, em diferentes sociedades. POTENCIALIDADES DAS TEORIAS DE INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO SAÚDE- DOENÇA • MIASMÁTICA – Impulsionou a elaboração posterior da rede de unicausalidade (agentes infecciosos por Louis Pasteur e Robert Koch). POTENCIALIDADES DAS TEORIAS DE INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO SAÚDE- DOENÇA • UNICAUSALIDADE – Impulsionou a elaboração posterior da rede de causalidade (concepção que exacerbou o caráter intervencionista da medicina e retirou a conotação social do entendimento da saúde/doença). POTENCIALIDADES DAS TEORIAS DE INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO SAÚDE- DOENÇA • MULTICAUSALIDADE – Ao transcender à abordagem restrita da bacteriologia,constituiu um passo adiante na incorporação de várias questões relacionadas à saúde-doença. • HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA – Permitiu a organização do raciocínio para o desencadeamento de ações de saúde. POTENCIALIDADES DAS TEORIAS DE INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO SAÚDE- DOENÇA • DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA – Reconhece a participação do sujeito na trama da causalidade: o sujeito na sociedade e dela protagonista. – Busca apreender a verdadeira raiz dos problemas de saúde. – Busca a interconexão entre os momentos da produção- reprodução social e o produto saúde-doença. Bibliografia • ANDRADE, S. M.; SOARES, D. A.; JUNIOR, L. C. (org.). Bases da saúde coletiva. Londrina: UEL, 2001. • CAMPOS, G. W. S.; MINAYO, M. C. S.; AKERMAN, M.; JÚNIOR, M. D.; CARVALHO, Y. M. (org.). Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. • FILHO, N. A.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à epidemiologia. 3.ed. Rev. Amp. Rio de Janeiro: MEDSI, 2002. • Regimarina Soares Reis (Org.). Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade no Sistema Único de Saúde. São Luís: EDUFMA, 2017. • RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul. Escola de Saúde Pública. Epidemiologia: Exercícios e anotações. Rio Grande do Sul: Escola de Saúde Pública, 2008. • ROUQUAYROL, M. Z.; FILHO, N. A. Epidemiologia & saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2003. • WALTER, R.; KOCH, R. M.; BARRA, C. R. Saúde Coletiva. 2. ed. Curitiba: Século XXI, 2005. Discussão • O caso de João Carlos (Modelos Explicativos do Processo Saúde-Saúde)