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09 Aspectos histórico sociais do direito do trabalho da mulher Cardone

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ASPECTOS HISTÓRICO-SOCIAIS DO DIREITO DO
TRABALHO DA MULHER
ASPECTOS HISTÓRICO-SOCIAIS DO DIREITO DO TRABALHO DA MULHER
Revista de Direito do Trabalho | vol. 14 | p. 23 | Jul / 1978
Doutrinas Essenciais de Direito do Trabalho e da Seguridade Social | vol. 2 | p. 1307 | Set /
2012DTR\1978\130
Marly A. Cardone
Professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - Advogada em São Paulo
 
Área do Direito: Trabalho
 
 
Sumário:
 
 
SUMÁRIO: I - A participação da mulher na força de trabalho durante a revolução industrial. II - As
condições de emprego. III - As primeiras leis de proteção. IV - O desenvolvimento do Direito do
Trabalho da Mulher. Fatores que o influenciaram. V - Classificação das normas. VI - Manifestação
de organismos internacionais. VII - Objetivos dos movimentos feministas atuais em relação no
Direito do Trabalho da Mulher. VIII - Conclusões.
I - A participação da mulher na força de trabalho durante a revolução industrial *
Se considerarmos que a revolução industrial, além de ter sido caracterizada por outros fatores,
marcou-se pela substituição da indústria manufatureira doméstica pela realizada nas fábricas, será
fácil entender por que as mulheres para estas foram atraídas. Formaram elas, com as crianças, a
primeira população das manufaturas. Com efeito, considerava-se normal empregá-las de
preferência aos homens, porque o serviço de fiação realizado pelas máquinas constituía sua
especialidade. Por outro lado, a intervenção das máquinas suprimia os trabalhos penosos, que
exigiam a presença dos homens. Ademais, pagava-se-lhes muito pouco em comparação com o que
exigiam os homens, e logo ficou demonstrado que elas constituíam pessoal obediente e fácil de
intimidar.
Lord Ashley informa, na Inglaterra, em 1844, durante os debates sobre a redução da jornada de
trabalho a 10 horas: "Um industrial me disse que não emprega senão mulheres em sua tecelagem e
que dá preferência às mulheres casadas que tenham família a seu cargo, porque elas são muito
mais atentas e obedientes que as celibatárias e não hesitam em ir até o extremo de suas forças
para assegurar sua subsistência e a de seus filhos". 1
Esta situação pintada para a Inglaterra para os primeiros quartéis do século XIX parece repetir-se
nos demais países da Europa ocidental, apenas com a diferença de algumas décadas.
Assim, na França, durante o Segundo Império, entre os trabalhadores industriais havia 3.385.000
mulheres e 5.575.000 homens. Na Itália, em 1876, entre 200.396 empregados na indústria têxtil da
seda, 120.428 eram mulheres; do total da mão-de-obra, as mulheres constituíam 49%. Na
Alemanha, no fim do século, as mulheres que trabalhavam fora de casa constituíam 45% da mão-
de-obra.
Nos EUA, entre o milhão de trabalhadores ocupados na indústria no ano de 1850, 225.512 eram
mulheres.
Pelo fato de as mulheres haverem sido deslocadas do seu trabalho tradicionalmente doméstico,
indo trabalhar ao lado dos homens, explica-se, social e psicologicamente, que se sentissem como
que intrusas, num mundo não originariamente seu. Esta "es la entrada más masiva que se ha
producido jamás a lo largo de la historia, de la mujer al mundo del hombre: su entrada al mundo del
trabajo, a pesar de producirse de una forma casi de supervivencia biológica y, por lo tanto, sin
ninguna brizna de libertad". 2 Isto sem esquecermos que "a revolução industrial se caracterizou em
primeiro lugar pela passagem para as mãos dos homens de quase todas as produções que até
então haviam sido femininas". 3
Daí resulta que aceitassem trabalhar por salário inferior ao dos homens, numa atitude humilde e
resignada. Tal fato foi uma realidade em todos os países da Europa Ocidental. Na França, o salário
das mulheres era, em geral, igual à metade do dos homens; na Espanha, os empregadores
respondiam aos trabalhadores que solicitavam empregos: "A vosotros no os queremos; preferimos
mujeres, pues sirven por un salario más barato". 4 Segundo relatório da Comissão de Reformas
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Sociais, criada na Espanha em virtude de inúmeras greves ocorridas entre 1881 e 1883, o salário
das mulheres era pouco superior à metade do dos homens.
Por outro lado, àquela época pensava-se que a mulher era mais fraca do que o homem,
confundindo-se falta de força física, muscular, com resistência orgânica. Isto explica, também, o
fato de a mulher aceitar remuneração inferior à do homem para o mesmo tipo de trabalho. Ela se
sentia como um ser humano de segunda categoria, comparada ao homem, não vendo como
injustiça o fato de receber salário menor do que o dele, para um mesmo trabalho.
Supostamente inapta em virtude daquele preconceito para alguns tipos de trabalho ou
verdadeiramente inapta para aqueles que exigiam força física, a mulher era, por isso, aproveitada
em tarefas de mera vigilância de máquinas, assim como as crianças. Estas tarefas eram as
remuneradas com os mais baixos salários.
O relatório da Comissão de Reformas Sociais, acima referido, registrou que as mulheres faziam
"...concurrencia terrible a los hombres en las faenas más rudas".
Todas estas circunstâncias levaram a que elas fossem preferidas, em detrimento do trabalhador
do sexo masculino.
Na Inglaterra, o desemprego masculino era tal, que os homens mantinham-se em casa ocupados
com os serviços domésticos, enquanto suas mulheres iam trabalhar nas fábricas. Neste país, os
reduzidos salários das mulheres fizeram com que baixasse o salário médio em geral, com base no
qual se fixavam novos salários reduzidos, e assim por diante. De 1815 a 1833, os salários, em
geral, baixaram 60%. Este fato é necessário apontar com muita veemência, pois dele pretendemos
extrair algumas conclusões de suma importância.
Proudhon dizia que as mulheres eram ladras que roubavam o trabalho dos homens. Um Congresso
Sindical em Rennes propôs que o trabalho fora do lar só fosse permitido às viúvas e celibatárias,
tendo concluído: "Em todos os meios devemos esforçar-nos por propagar esta idéia que o homem
deve manter a mulher". 5
Na Itália, o clima não era diverso. As organizações sindicais tentavam obter dos patrões acordos
por meio dos quais as mulheres fossem excluídas do trabalho.
II - As condições de emprego
Pesquisa feita por Villermé em 1837 e publicada em 1840 indicava que, na França, a duração do
trabalho era de 13 heras, com mais duas para o almoço, chegando, em algumas indústrias, a
atingir 17 horas de trabalho, com uma hora e meia para refeição. As mulheres vinham para o
trabalho maltrapilhas, muitas descalças, e, se chovia, não tinham com que se abrigar. 6
As condições de trabalho eram repugnantes. Janelas fechadas, nenhuma ventilação, poeira e
penugem no ar sendo respiradas por mais de 10 horas. Algumas mulheres tinham as mãos
deformadas e as extremidades dos dedos maceradas por trabalharem com aquelas mergulhadas em
água quase fervendo. Um mau odor infectava todo o ambiente.
Situação semelhante foi retratada para a Inglaterra em 1833 pela Factory Comission.
Na Itália, Anna Kuliscioff, militante do Partido Socialista, denuncia, em 1897, as condições de
trabalho: "Os recrutadores de trabalho feminino são sempre muito mais ferozes do que os do
masculino. A jornada de trabalho da mulher é sempre mais longa, seu salário, ao contrário, o mais
mesquinho... As últimas greves das tecelãs de Bérgamo e Cremona desnudaram toda a vergonha
de nossa civilização burguesa. Em Bérgamo, onde, dentre os 17.000 trabalhadores em fiação e
tecelagem, 11.000 são mulheres e jovens e a jornada em certos estabelecimentos dura das quatro
da manhã às oito da noite, as trabalhadoras recebem uma média de 43 cêntimos por dia, mas sob
a condição de que não sejam casadas. As casadas recebem apenas 40cêntimos, porque o patrão
deseja ressarcir-se dos danos das interrupções ocasionadas pela gravidez, o parto, as
enfermidades...". 7
Para a Alemanha, a Suíça e a Bélgica, a situação é descrita com iguais matizes. 8
É necessário anotar, entretanto, que o tratamento dispensado aos trabalhadores do sexo
masculino em nada era melhor do que o concedido às mulheres.
Dollenns informa que, na França, para ambos os sexos, em todos os lugares onde o tipo de
trabalho comporta a atividade sob a luz das lâmpadas, a duração da jornada é de 14 a 15 horas,
conforme a estação do ano. Nas tecelagens de algodão, o ar é irrespirável, a higiene e a
segurança no trabalho não existem.
Na Inglaterra a situação não difere. No relato desse mesmo autor, conforme reprodução do
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Political Register, de agosto de 1823, em Tyldesley, os homens trabalham, inclusive na hora do
almoço, a uma temperatura de 80 a 84.º Fahrenheit, perfazendo uma jornada de 14 horas. As
portas permanecem fechadas durante esse período, a não ser por uns 30 minutos durante a hora
do chá. Não é permitido aos trabalhadores refrescar-se com água no meio dessa atmosfera
sufocante. 9
III - As primeiras leis de proteção 10
Em 1841 surge, na França, lei que reduz para oito horas a duração diária do trabalho de menores
de 12 anos e para 12 horas a de crianças menores de 16. Em conseqüência, estabeleceu-se
expectativa quanto a uma redução geral do trabalho para adultos, que não foi atendida.
Em 1848, durante a revolução, o Governo Provisório baixou decreto afirmando que "o trabalho
indevidamente prolongado é danoso não só para a saúde dos trabalhadores como à sua
inteligência e caráter e atinge a dignidade do homem". Em conseqüência a duração diária do
trabalho foi reduzida de 11 para 10 horas em Paris e de 12 para 11 nas províncias. Tal decreto,
todavia, foi revogado no mesmo ano por outro que fixou a duração máxima em 12 horas.
Depois da guerra com a Alemanha, houve, em França, a preocupação de reconstituir a força física
do povo. Ambroise Joubert declarou que o trabalho excessivo estava enfraquecendo a saúde e a
força da juventude. Assim, em 1874, uma lei determina a proibição do trabalho de crianças, moças
e mulheres em subterrâneos, minas e pedreiras. Foi também proibido o trabalho à noite a moças
menores de 21 anos.
Em 1892, lei disciplinando o trabalho de menores e mulheres proíbe a estas trabalharem mais de 11
horas por dia, assim como o trabalho noturno. Para compensar a diminuição das horas de trabalho,
a maquinaria foi aperfeiçoada, assim como a organização do trabalho. Em conseqüência, as
fábricas de seda aumentaram a produção e as mulheres demonstraram melhora na saúde e na
eficiência.
Em 1900 houve redução da duração diária do trabalho para 10 horas em locais onde homens,
mulheres e crianças trabalhassem juntos.
Na Inglaterra, a primeira lei concernente ao trabalho da mulher foi de 1842, proibindo-lhe o
trabalho em subterrâneos. Em seguida, em 1844, houve a proibição de trabalho entre as 20,30
horas de um dia e as 5,00 horas do dia seguinte, assim como da jornada superior a 12 horas. Em
1847 foi reduzida para 10 horas a jornada de trabalho na indústria, apenas para mulheres. Projeto
apresentado ao Parlamento, em 1833, por John Cam Hobhouse limitava a 13 horas a duração diária
do trabalho, sendo 11 horas e meia de trabalho efetivo, e proibia o trabalho noturno a todos os
menores de 21 anos. O presidente do Parlamento, Sadler, esforçou-se inutilmente para demonstrar
a crueldade de uma organização do trabalho que fazia dos operários e operárias jovens seres
depauperados, deformados pelas doenças, o esgotamento e a miséria.
A Suíça foi o segundo país a proibir o trabalho noturno da mulher em 1877, por uma lei aplicável a
ambos os sexos.
Em seguida, vieram Nova Zelândia, com uma Lei de 1881; Áustria, em 1885; Holanda, em 1889; o
Estado de Massachusets, nos EUA, em 1890.
A Alemanha, em 1878, assegurou um descanso de três semanas depois dio parto às empregadas.
E, com o Código Industrial de 1891, proibiu o trabalho noturno na indústria e o trabalho nas
atividades perigosas e insalubres.
Na Itália, já em 1869, fora constituída comissão para estudar a regulamentação do trabalho das
mulheres e menores na indústria. Em 1870, projeto de lei apresentado à Câmara dos Deputados
pelo Min. Castangnola proibia o trabalho subterrâneo das mulheres. O mesmo não se transformou
em lei. Em 1879, o Min. Caroli apresenta um projeto de lei de proteção aos operários; faz ampla
investigação a respeito do mesmo entre a população e a maioria pronuncia-se a favor, muitos
reclamando sua extensão às mulheres. Em 1884, o Min. Berti, da Agricultura e Comércio,
apresenta ao Senado projeto de regulamento do trabalho das crianças, reservando-se a
elaboração de outro sobre o trabalho da mulher.
A Câmara, em 1886, ao aprovar o projeto sobre o trabalho das crianças, faz um voto de examinar
oportunamente projeto de lei sobre o trabalho da mulher; atendendo a isto, o Min. Lacava
apresenta o referido projeto.
Entrementes, em maio de 1894, realiza-se em Milão um Congresso Internacional sobre Acidentes
do Trabalho. O relator italiano, Luigi Belloc, afirma que a trepidação contínua do corpo atinge o
sistema nervoso, acarretando-lhe distúrbios graves; a máquina de costura, que exige 40.000
oscilações por dia do corpo da mulher, causa-lhe, a longo prazo, dores abdominais e renais,
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distúrbios nas funções menstruais e desvio e queda do útero. O emprego freqüente de mulheres
nas fábricas de tabaco e fósforo acarreta distúrbios gástricos e intestinais, predisposição ao
aborto, afecções das vias respiratórias. Revela que a tuberculose profissional alastra-se em
proporções alarmantes, porque todas as más condições higiênicas, a proximidade de tísicos, a
promiscuidade mórbida e a limpeza duvidosa dos locais favorecem sua propagação. Ela atinge
especialmente as fiandeiras e tecelãs de lã e algodão. Afirma que, se se acrescentar a isto a má
higiene particular, a miséria doméstica, o surmenage e os excessos de todo o gênero, ter-se-á
uma idéia aproximada da triste condição da operária. Informa que aquelas que a tuberculose
poupa esvaem-se por cloroanemia, a doença mais comum entre as mulheres que se ocupam em
fábricas, especialmente as têxteis, onde estão submetidas a longas horas de trabalho. Fornece
estatísticas, demonstrando o grande número de mulheres empregadas nessas indústrias insalubres.
Propõe, para a indústria do algodão, a abolição do trabalho noturno e a redução da jornada de
trabalho para 10 horas.
Tal relatório teve grande repercussão na opinião pública e tornou impacientes as aspirações para
reforma da legislação social.
Em 1894, são apresentados vários projetos de leis, entre eles o do Partido Socialista, que realiza
por volta de 300 congressos para a discussão e a aprovação do mesmo.
Apenas em 1902 a Itália tem sua legislação sobre o trabalho da mulher aprovada. Estabeleceu-se
o máximo de 12 horas de trabalho, com duas para repouso, um mês de ausência do trabalho
depois do parto e proibição do trabalho noturno apenas para as menores de idade.
Na Espanha, a primeira lei referente ao trabalho da mulher pode ser considerada o Regulamento de
Polícia Mineira, pelo qual se proibiu à mulher entrar ou trabalhar no interior de uma mina. Em 1900
surgiu lei genérica sobre o trabalho da mulher e dos menores. Por esta se concedeu à mulher
licença de três semanas depois do parto e a partir do oitavo mês de gestação, uma hora diária
durante o período de amamentação, e lhe foram proibidos os trabalhos e atividades insalubres e
perigosas.
Convém lembrar que a Associação Internacional de Trabalhadores, ao celebrar seu primeiro
Congresso em Genebra,de 3 a 8.9.1866, discutiu a redução das horas de trabalho e o trabalho
das mulheres e das crianças. Decidiu que o trabalho noturno não deve ser senão uma exceção, e
que o trabalho excessivo das crianças e mulheres nas manufaturas é condenado em princípio como
contrário à saúde e à conservação da espécie.
a) As causas das primeiras leis de proteção - Há três fatos inegáveis que nos podem levar a tirar
conclusões de grande valor neste item de nosso estudo: 1. que as mulheres, trabalhando ao lado
dos homens, agravavam o desemprego, pelo maior número de braços que se ofereciam no mercado
de trabalho; 2. que a mulher, por receber salário mais baixo, provocava uma redução no salário
médio de todos os trabalhadores; 3. que os homens desempregados ficavam em casa executando
o serviço doméstico até então atribuído recipuamente à mulher.
A respeito deste último fato, é interessante relatar a estória de Richard Pilling, chamado "o pai do
movimento grevista", que, ao apresentar sua defesa em Lancaster, em 1843, perante um corpo de
jurados, contou haver presenciado maridos que levavam os filhos para que as esposas os
amamentassem em intervalos do trabalho e outros que levavam o almoço a suas esposas. 11 Não
bastasse isso para escandalizar, contou que os mestres e contramestres tomavam, em relação às
operárias, atitudes de desrespeito, permitiam-se certas licenciosidades que era de admirar que os
pais e maridos ainda abrigassem sentimentos em relação s respectivas filhas e mulheres. 12
Pelo fato de a mulher ter estado, por milênios, confinada dentro do lar, encarregada também dos
chamados trabalhos domésticos de esposa e mãe - limpeza do lar e dos filhos, coser, lavar,
passar, preparar as refeições - via-se com apreensão que ela pudesse deixar tais tarefas,
substituindo-as pelas extradomésticas. Ademais, era encarado com preocupação o contato que as
mulheres pudessem ter com o sexo oposto, o que poderia, de certa forma, influir no recato
feminino desejado para a época. Isto sem falarmos de que certos patrões, em virtude da tremenda
concorrência entre a mão-de-obra existente, só davam ocupação em troca de certas regalias. A
situação do mercado de trabalho permitia-lhes fazer uma seleção segundo esse critério, e as mais
necessitadas cediam.
O relatório da Comissão de Reformas Sociais, da Espanha, espelha bem a mentalidade da época:
"De todos modos, creo interpretar fielmente el sentimiento general diciendo: 1.º - que en el
estado presente de la sociedad, el ideal en este punto es que la madre de familia no trabaje sino
para cumplir los deberes de este respetable estado (con lo que podrá seguramente invertir todo su
tiempo) si la habitación del pobre ha de ser como corresponde a un pais civilizado; 2.º - que en
caso de trabajar con un objeto productivo, por lo menos no necesite abandonar su casa y con ella
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su misión más importante en el mundo; 3.º - que la mujer soltera encuentre facilidades para
quedarse trabajando al lado de su madre o hermanos, en vez de alejarse a trabajar en centros
numerosos, donde más se pierde que se gana en moralidad y conveniencia". 13
É necessário frisar que, concomitantemente à participação da mulher no mercado de trabalho
industrial, isto é, praticamente logo após o fenômeno do seu ingresso nesse setor, principiaram as
chamadas lutas sufragistas na Inglaterra na França, na Itália, nos EUA. Aliás, este último país foi o
primeiro a ter um movimento organizado, tendo sido seguido pela Inglaterra.
Desejamos tocar neste aspecto, que parece alheio à nossa investigação, para demonstrar qual,
àquela época, a mentalidade dos homens em relação às mulheres, como seres humanos
integrantes de uma mesma sociedade.
Nos EUA, a origem do movimento deu-se com o movimento abolicionista de escravos, principiado
por volta de 1830. As mulheres tomaram consciência de que não poderiam lutar em condições de
igualdade com os homens, porque se lhes impedia o acesso às organizações masculinas. Se
queriam falar em público a respeito de suas idéias abolicionistas, precisavam travar uma batalha
dura para ter esse direito. A fim de que se tenha uma idéia do menosprezo com que as mulheres
eram consideradas, basta relatar que, em 1840, na World Anti-Slavery Convention, realizada em
Londres, onde compareceu a delegação americana com um grupo de mulheres, estas foram
relegadas às galerias e proibidas de participar ativamente de qualquer ato da convenção. 14
Como dizem Capezzuoli e Cappabianca, a concepção de um tipo de mulher independente era
demasiado nova para ser pacificamente aceita; os caminhos que isto havia determinado excediam
os direitos até então reconhecidos; o homem temia o salto qualitativo da mulher; era sempre mais
agradável a "escrava útil". 15
A série de humilhações por que as mulheres participantes dos movimentos sufragistas passaram -
dispersão de suas concentrações pela polícia, irrisão por parte do público, prisão - só são
comparáveis às impingidas ao movimento operário.
Em matéria de direitos políticos e civis, falava-se de "equiparação de direitos", isto é, da
concessão, às mulheres, dos mesmos direitos reconhecidos aos homens. Em Direito do Trabalho, a
expressão não teria qualquer significado, pois os homens não possuíam direito algum como
trabalhadores.
Sabemos, entretanto, que as primeiras leis referentes ao Direito do Trabalho, na história mundial,
estão ligadas ao trabalho da mulher e do menor. Por que esta inversão histórica, a que se refere
Aguinaga? Nas palavras deste autor, "Ha tenido que existir cada Derecho Civil o Político para que
después la mujer lo fuese conquistando. Así, cierta independencia en el matrimonio, así el voto...
Pero el Derecho del Trabajo ha sido creado para la mujer y para el niño y en el ha venido después
a refugiarse el hombre". 16
Na realidade, o que se dava à mulher mediante a proibição de exercer determinadas atividades, de
trabalhar à noite, não eram direitos, mas restrições de direitos. Note-se que a igualdade de
remuneração para trabalho de igual valor da mulher em relação ao homem, como seria um direito
concedido às mulheres, não foi objeto das lutas dos homens, mas sim das próprias mulheres.
Pelas razões apontadas no início deste parágrafo, parece justificável concluir que aos homens
interessava ditar uma legislação que, de alguma maneira, limitasse o trabalho da mulher. A
conseqüência seria, pelo menos, a atenuação dos problemas ligados à participação da mulher no
mercado de trabalho: sobrariam mais lugares para os homens, se se proibisse a ela o executar
determinados tipos de atividades; os salários não seriam tão aviltados ou, pelo menos, não o
seriam em determinados setores, pois a mulher, com a baixa remuneração que aceitava, não
estaria fazendo concorrência ou a estaria fazendo com menor pressão.
O seguinte fato dará uma idéia da concorrência. Em 1861, os tipógrafos de Paris reclamam um
aumento de salário e seis deles são despedidos, sendo substituídos por mulheres com um salário
inferior. Todos os tipógrafos dessa empresa demitem-se, salvo dois, e moças são recrutadas nas
famílias para aprenderem o ofício e substituírem os demissionários. São expressivas as palavras de
Evelyne Sullerot, explicando por que as mulheres não ganharam luta alguma em favor de seu
direito ao trabalho - tomada aqui a expressão no seu sentido mais amplo: "...no fue por falta de
adelantadas cuya energía y erudición fueron notables en todos las aspectos. Pero la resistencia
de los medios obreros masculinos, alimentada por un cierto maltusianismo, el miedo al paro, las
tenaces perjuicios, las fuertes influencias filosóficas, se vio fortalecida por el gran capital cuyo
evidente interés consistía en mantener a una masa de trabajadoras semiparadas, poco formadas,
que, año tras ano, no tenían más remedio que aceptar las empleos sin porvenir ymal retribuidos
que de vez en cuando se les ofrecían, aquí o allá, según la coyuntura". 17
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Havia, assim, um interesse "coletivo" (masculino) em criar uma legislação "protetora" do trabalho
da mulher fora do lar. Para o trabalho doméstico não estavam voltadas as atenções, porque ele
não criava concorrência para o mundo profissional masculino. Tampouco se cogitou, em momento
algum, de dividir a carga doméstica entre os sexos, para aliviar a mulher. O que ocorria é que
esta, tão explorada como os homens por longas jornadas de trabalho, a isto ainda acrescentava o
serviço doméstico. A atitude natural dos homens teria sido dividir com elas essa' tarefa, como elas
estavam dividindo com eles o sustento da casa. Mas eles preferiram manter a situação de
supercarga para a mulher, esta, sim, discriminatória, pois uma mulher extenuada era sempre alvo
de compaixão.
Duas razões, parece-nos, podem ser apontadas para esse procedimento: 1. desejo inconsciente
de manter a mulher com a sobrecarga, a fim de conservá-la em situação de inferioridade; 2. a
sobrecarga sensibilizaria a opinião pública e acarretaria o aparecimento da legislação protetora,
com as conseqüências já apontadas acima.
Há a considerar, ainda, que era conveniente uma situação bem dramática para a mulher, pois a
legislação que a protegesse seria o prólogo das reformas que os trabalhadores desejavam para si.
Algumas mulheres de visão, entretanto, opuseram-se à legislação que almejava limitar-lhes o
acesso a certas atividades ou, de alguma forma, impedir a igualdade de tratamento.
Na Inglaterra, no momento em que começavam as discussões na imprensa acerca da lei que
limitou a jornada de trabalho a 10 horas, a jornal Examiner propôs, numa série de artigos, que às
mulheres e aos menores de 14 anos fosse totalmente proibido o trabalho nas fábricas. Recebeu
este periódico vigoroso protesto das operárias de Tordmorden.
Na Itália, Emilia Mariani pronunciou-se: "As únicas leis que podem defender e proteger o trabalho
da mulher são as que estabeleçam uma aprendizagem legal e limitada para as jovens empregadas
em lojas e escritórios, que proíbam o trabalho da mulher no período de maternidade e que
sancionem o princípio de que a igual trabalho deve corresponder igual remuneração à mulher e ao
homem... Não queremos separar nosso interesse do dos homens... Os homens têm em mãos uma
arma segura que é o voto e graças a ela obtiveram o que reclamavam. Também nós devemos lutar
para obter o voto". 18
Ao lado das razões subconscientes, há as razões declaradas: a debilidade física da mulher, o fato
de ela ser a matriz da espécie, a sujeição da mulher ao marido, que se queria perpetuar,
cerceando sua independência econômica.
Conforme esclarece Bardeche, em obra citada (nota 1), a maioria dos sindicalistas, tanto para
defender seus salários como para reivindicar suas responsabilidades de homens, pretendeu
reencaminhar as mulheres para suas funções domésticas, que eram por eles designadas como suas
"funções naturais". Alguns não se contentaram com essa recomendação, como aconteceu com a
Fédération du Livre que, em 1883, ordenou às suas seções que deflagrassem uma greve cada vez
que se pretendesse introduzir uma mulher numa oficina.
Proudhon, cujas idéias influenciaram grandemente o sindicalismo da época (1809-1865),
sustentava que o destino da mulher deve ser o serviço de seu esposo, os trabalhos domésticos, a
procriação; a mulher que trabalhava era uma ladra, que retirava o trabalho de um homem.
Segundo ele, a mulher não devia poder custear seu sustento; aspirava uma legislação que desse
ao marido a mais ampla liberdade em relação à sua mulher, com direito de vida e morte, inclusive
por causa de desobediência e mau caráter. 19
As manifestações de Leão XIII, respectivamente nas Encíclicas Arcanum, de 1880, e Rerum
Novarum, de 1891, são praticamente no mesmo sentido: "O homem é o chefe da mulher, como
Cristo é o chefe da Igreja. Assim como a Igreja está sujeita a Cristo, do mesmo modo a mulher
deve estar sujeita a seu marido em cada casa... Não é razoável que se imponha a uma mulher ou
a uma criança o trabalho próprio de um homem adulto e robusto... Assim, certas classes de
trabalho não são convenientes para as mulheres, feitas pela natureza para os trabalhos
domésticos, os que protegem grandemente a honestidade do sexo débil e têm correspondência
natural com a educação dos filhos e o bem-estar da casa... por lei inviolável da natureza incumbe
ao pai a manutenção da prole".
Quando surgiram as primeiras leis limitando a jornada de trabalho da mulher na Inglaterra, na
França nada se sabia especificamente quanto aos efeitos do trabalho industrial sobre o organismo
da mulher, como mãe potencial, como nada se sabia acerca do seu trabalho realizado a domicílio,
sob esse aspecto.
Assim, além de todos os argumentos já apresentados, podemos concluir que se legislou para
"proteger" a mulher porque, na mente dos homens - os que faziam as leis - ela estava intelectual
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e juridicamente equiparada à criança, tanto que, na realização do trabalho industrial, permaneceu
ainda igualada a ela.
Para o capitalismo foi uma vantagem que as reivindicações operárias dividissem-se entre proteção
da mulher e da criança e proteção dos homens, pois elas puderam ser atendidas por etapas.
b) A participação da mulher no surgimento da legislação protetora - Costuma-se dar muito realce
às associações de mulheres que se formaram no século XIX para lutar pelo sufrágio feminino, e
pouco se cogita de entidades similares, ou mesmo da luta desorganizada em prol do aparecimento
das primeiras normas humanizadoras do trabalho.
Não há dúvida de que a luta sufragista centralizou quase que todos os esforços, mesmo porque o
acesso ao direito de votar era considerado como o primeiro passo para outras conquistas.
Julgavam as mulheres que, com o direito de voto, estariam de posse de instrumento para levarem
ao Poder Legislativo pessoas vinculadas à causa feminista, quando já não fossem as próprias
mulheres.
Na Inglaterra, as primeiras mulheres que reclamaram paridade política eram de um grupo de
trabalhadoras industriais, oprimidas pelas condições de trabalho. As tecelãs de algodão de
Blakburn organizaram-se na Female Reform Society, e as trabalhadoras de Sheffield constituíram a
Female Polittcal Association. Como se verifica, nenhuma das duas tinha caráter precipuamente
trabalhista.
Na França, em plena revolução de 1848, um grupo de mulheres apresentou-se no Hotel de Ville
para reclamar do novo governo igualdade política, civil e social. De uma forma geral, às
reivindicações eleitorais agregaram as mulheres, as referentes ao trabalho e, em especial, à
paridade salarial.
Na Itália, "A participação feminina nas lutas trabalhistas, apesar de numerosa, ainda não
significava uma tomada precisa de consciência do problema da emancipação. A trabalhadora ainda
não compreendia que a exploração a que estava submetida era maior que aquela de que padecia o
homem trabalhador e estava em íntima conexão com suas condições de inferioridade social. As
condições de vida e trabalho eram de tal maneira inumanas que provocavam nas mulheres uma
reação de rebelião e luta". 20
Nota-se, pelos dados que temos, que a mulher não tinha consciência de ser uma trabalhadora
diferente do trabalhador do sexo masculino, com problemas especiais em relação aos patrões, em
virtude do seu sexo. Esclarecendo melhor, as reivindicações das mulheres eram pela humanização
das condições de trabalho em geral e pela paridade de tratamento em relação àquele dispensado
ao homem. Não pretendiam elas prerrogativas especiais para o seu sexo, diferentes das que se
deveriam dar a todo o proletariado.
Apenas depoisque alguns países da Europa ditaram sua legislação "protetora", ocorreu que, nos
países onde a mesma ainda não havia sido instituída, as mulheres reclamassem por ela. Foi o que
se deu, por exemplo, na mesma Itália, onde a já citada Anna Kuliscioff, no discurso proferido em
1897, para concitar as mulheres a lutarem pelo direito de voto, mencionou: "A Itália está entre as
pouquíssimas nações da Europa que não têm nenhuma legislação em defesa do trabalho da mulher.
Como obteremos estas leis?". 21 Os livros que estudam a história do movimento operário ou a
história das mulheres não indicam que elas tivessem reivindicado apenas para si a diminuição da
jornada de trabalho, a proibição de trabalho noturno, a proibição de trabalho em subterrâneos e
outras atividades. O problema é que, como eram elas excluídas dos movimentos masculinos,
muitas vezes porque nas ferrenhas lutas que estes travavam com a polícia era necessária a força
física que a elas faltava, é compreensível que, quando falassem o fizessem apenas em nome
próprio. Na Inglaterra, em 1874, foi criada a Women's Protective and Provident League, que mais
tarde se transformou na Women's Trade Union League.
IV - O desenvolvimento do Direito do Trabalho da Mulher. Fatores que o influenciaram
Por volta de 1890, a situação na Alemanha estava bastante agitada pela atuação do Partido
Socialista. O Imperador Guilherme II, com a intenção de dar um contragolpe, assume a posição de
defesa da classe trabalhadora e conclama as nações da Europa a uma conferência internacional
do trabalho, a realizar-se em março de 1890, em Berlim. Discutido nessa ocasião o problema do
trabalho noturno da mulher, chegou-se a elaborar uma resolução proibindo o mesmo, que passou
por apenas dois votos. Votaram a favor: Áustria-Hungria, Alemanha, Grã-Bretanha, Luxemburgo,
Holanda, Noruega e Suíça; votaram contra: Bélgica, França, Itália, Portugal e Espanha. Não
votaram Dinamarca e Suécia.
A Alemanha, em seu Código Industrial de 1891, e a França, com sua Lei de 1892, conforme já
vimos, deram efeito legislativo à resolução.
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Depois dessa conferência, várias comissões foram formadas em diversos países, para a criação de
uma Associação Internacional para a Legislação do Trabalho.
Em 1900, o representante italiano na Exposição de Paris afirmou que a proibição de trabalho
noturno para a mulher na indústria do algodão deveria ser estabelecida nos diversos países
concorrentes, sugerindo a celebração de acordos internacionais. Nesse mesmo ano e local, num
congresso convocado por aquelas comissões para a "Proteção do Trabalho", foi fundada a referida
associação.
Esta nova associação, em sua reunião de 1901, considerou a proibição do trabalho noturno da
mulher como assunto de superior importância. Foram realizadas investigações sobre os efeitos do
trabalho noturno na saúde da trabalhadora e seus resultados foram apresentados na Conferência
de Colônia, realizada em 1902.
Nesta ocasião foi elaborada resolução no sentido de que se abolisse completamente a
possibilidade de trabalho noturno para a mulher, inclusive as exceções, em virtude de seus efeitos
negativos sobre a indústria e as trabalhadoras.
Na Conferência de Berna, em 1905, convocada pelo governo suíço, foi redigido o art. 1.º do
Código Internacional do Trabalho, sobre a proibição do trabalho noturno às mulheres. Não se
logrou, todavia, sua aprovação, em vista da atitude dos delegados belgas, que sustentavam a
ruína de determinadas indústrias no caso dessa aprovação. Na reunião do ano seguinte, ainda em
Berna, conseguiu-se que fosse aprovada a primeira Convenção Internacional do Trabalho, a 26 de
setembro.
Até 1910, todos os países participantes ratificaram a convenção, que entrou em vigor em 1912.
Depois disto, os países tiveram grande estímulo para alterar suas legislações. A Alemanha
aumentou de uma hora o período de proibição de trabalho noturno (das 21,00 horas às 6,00 horas
do dia seguinte). A Holanda igualmente (das 17,00 às 6,00 horas do dia seguinte). Na Grã-
Bretanha, em 1907, houve a extensão da proibição a lavanderias e fábricas de frutas.
Outros países que não tinham assinado a convenção também principiaram a legislar a proibição:
Sérvia, Grécia, Liechenstein, Argentina.
Com a guerra iniciada em 1914, foi praticamente abolida a legislação de "proteção" à mulher.
Terminada a guerra, o Tratado de Versalhes, que criou a Organização Internacional do Trabalho,
previu a realização de uma conferência, o que se deu efetivamente em Washington, em 1919.
Nesta ocasião foi elaborada a Convenção de Berna n. 4, sobre o Trabalho Noturno da Mulher, que
teve sobre a Convenção de Berlim a vantagem de ser aplicável a todo tipo de empresa, pública ou
privada, com qualquer número de empregados. 22 Aliás, a Parte XIII do Tratado de Versalhes
previu que as péssimas condições de trabalho existentes no mundo colocavam em risco a paz
mundial e declarou a necessidade de proteção das mulheres quanto ao emprego antes e depois do
parto, quanto ao trabalho noturno e insalubre e quanto à igualdade de salário.
Nesse mesmo ano foi discutida e aprovada a Convenção 3, referente ao trabalho da mulher antes
e depois do parto, permitindo seu afastamento do trabalho seis semanas antes e seis após o
evento, com a garantia de uma quantia suficiente para a sua subsistência e a da criança.
Em 1921 foi aprovada a Convenção 13, sobre a proibição às mulheres de trabalharem em locais
onde se empregue alvaiade ou sulfato de chumbo.
A Convenção 4, de 1919, sobre o trabalho noturno, foi revista em 1934, quando foi aprovada a de
n. 41.
Em 1935 foi aprovada a Convenção 45, sobre o emprego das mulheres em trabalhos subterrâneos.
A Convenção 41, sobre o trabalho noturno, foi revista em 1948, resultando a Convenção 89.
Somente em 1951 foi aprovada a convenção sobre o princípio concernente a salário igual para
trabalho igual.
Em 1952, a Convenção 3 foi revista, resultando a Convenção 103, sobre a proteção à
maternidade.
A Convenção 111, de 1958, referente à discriminação no emprego diz respeito também à mulher,
pois mencionou o "sexo" como fator discriminatório.
Até a presente data ratificaram as convenções acima os seguintes países:
Convenção 3, de 1919 (Proteção à Maternidade) - Alemanha (República Federal), Alto Volta,
Argélia, Argentina, Bulgária, Camarão, República Centro-Africana, Colômbia, Costa do Marfim,
Cuba, Chile, Espanha, França, Gabão, Grécia, Guiné, Hungria, Itália, Líbia, Luxemburgo, República
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Islâmica da Mauritânia, Nicarágua, Panamá, Romênia, Venezuela, Iugoslávia.
Convenção 4, de 1919 (Trabalho Noturno) - Afganistão, Alto Volta, Argentina, Áustria,
Bangladesh, Camarão, República Centro-Africana, Colômbia, Congo (Brazzaville, Congo
Leopoldville), Costa do Marfim, Cuba, Chad, Chile, Daomé, Espanha, Gabão, Guiné, Índia, Itália,
Laos, Luxemburgo, Malgache, Mali, Marrocos, Mauritânia, Nicarágua, Nigéria, Paquistão, Peru,
Portugal, Ruanda, Senegal, Togo, Tunísia, Vietnã, Zaire.
Convenção 13, de 1921 (Alvaiade-Pintura) - Afganistão, Alto Volta, Argélia, Argentina, Áustria,
Bélgica, Bulgária, Camarão, República Centro-Africana, Colômbia, Congo (Brazzaville), Costa do
Marfim, Cuba, Chad, Tcheco-Eslováquia, Chile, Daomé, Espanha, Finlândia, França, Gabão, Grécia,
Guiné, Hungria, Iraque, Itália, Laos, Luxemburgo, Malgache, Mali, Marrocos, Mauritânia, México,
Nicarágua, Nigéria, Noruega, Países Baixos, Panamá, Polônia, Romênia, Senegal, Suécia, Togo,
Tunísia, Uruguai, Venezuela, Vietnã, Iugoslávia.
Convenção 41, de 1934 (Trabalho Noturno - Revisão) - Afganistão, Alto Volta, Argentina, Ceilão,
República Centro-Africana, Congo (Brazzaville), Costa do Marfim, Chad, Daomé, Gabão, Guiné,
Hungria, Iraque, Malgache,Mali, Marrocos, Nigéria, Peru, Togo, Venezuela.
Convenção 45, de 1935 (Trabalhos Subterrâneos) - Afganistão, Alemanha (República Federal),
Argentina, Austrália, Áustria, Bangladesh, Bélgica, Bielorússia, Bolívia, Brasil, Bulgária, Camarão,
Canadá, Costa do Marfim, Costa Rica, Cuba, Tcheco-Eslováquia, Chile, China, Chipre, República
Dominicana, Egito, Equador, Espanha, Fiji, Finlândia, França, Gabão, Ghana, Grécia, Guatemala,
Guiné, Guiana, Honduras, Haiti, Hungria, Índia, Indonésia, Irlanda, Itália, Japão, Quênia, Líbano,
Luxemburgo, Estados Malaios, Singapura, Malawi, Marrocos, México, Nigéria, Nova Zelândia, Países
Baixos, Paquistão, Panamá, Peru, Polônia, Portugal, Grã-Bretanha, Serra Leoa, Síria, Somália,
República Sul-Africana, Suécia, Suíça, Tanganica, Turquia, Tunísia, Ucrânia, Uganda, URSS,
Uruguai, Venezuela, Vietnã, Iugoslávia, Zâmbia.
Convenção 89, de 1948 (Trabalho Noturno - Revisão) - Argélia, Áustria, Bangladesh, Bélgica,
Bolívia, Brasil, Burundi, Camarão, Congo (Leopoldville), Costa Rica, Cuba, Chipre, Tcheco-
Eslováquia, República Dominicana, Egito, Espanha, Filipinas, França, Ghana, Grécia, Guatemala,
Guiné, Índia, Iraque, Irlanda, Itália, Kuwait, Líbano, Líbia, Luxemburgo, Malawi, Malta, Mauritânia,
Nova Zelândia, Panamá, Paquistão, Paraguai, Portugal, Quênia, Romênia, Ruanda, Senegal, Síria,
República Sul-Africana, Suíça, Tunísia, Uruguai, Vietnã, Iugoslávia, Zaire, Zâmbia.
Convenção 100, de 1951 (Igualdade de Remuneração) - Afganistão, Alto Volta, Alemanha
(República Federal), Argélia, Albânia, Argentina, Austrália, Áustria, Barbados, Bélgica, Bielorússia,
Bolívia, Brasil, Bulgária, Camarão, Canadá, República Centro-Africana, Chad, Chile, Colômbia, Costa
do Marfim, Costa Rica, Cuba, Tcheco-Eslováquia, China, Daomé, Dinamarca, República Dominicana,
Egito, Espanha, Equador, Filipinas, Finlândia, França, Gabão, Ghana, Guatemala, Guiné, Haiti,
Honduras, Hungria, Índia, Indonésia, Inglaterra, Irã, Iraque, Irlanda, Israel, Islândia, Itália, Japão,
Jordânia, Luxemburgo, Líbia, Malawi, Malgache, México, Mongólia, Noruega, Países Baixos, Panamá,
Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Mali, Romênia, Senegal, Serra Leoa, Síria, Nicarágua, Nigéria,
Suécia, Ucrânia, Tunísia, Turquia, URSS, Iugoslávia, Sudão, Suíça, Zaire, Zâmbia.
Convenção 103, de 1952 (Proteção à Maternidade - Revisão) - Áustria, Bolívia, Brasil, Bielorússia,
Cuba, Equador, Espanha, Hungria, Itália, Luxemburgo, Mongólia, Ucrânia, URSS, Uruguai,
Iugoslávia.
Convenção 111, de 1958 (Discriminação no Emprego) - Afganistão, Argélia, Argentina, Austrália,
Áustria, Alemanha (República Federal), Alto Volta, Barbados, Bangladesh, Brasil, Bielorússia,
Bulgária, Canadá, República Centro-Africana, Chad, Colômbia, Costa do Marfim, Costa Rica,
Tcheco-Eslováquia, Chile, China, Chipre, Cuba, Daomé, Dinamarca, República Dominicana, Egito,
Espanha, Etiópia, Equador, Finlândia, Filipinas, Gabão, Ghana, Guatemala, Guiné, Honduras,
Hungria, Índia, Iraque, Irã, Islândia, Israel, Itália, Jordânia, Kuwait, Libéria, Líbia, Malawi,
Malgache, Mali, Malta, Marrocos, Mauritânia, México, Mongólia, Nigéria, Nepal, Noruega, Países
Baixos, Panamá, Paraguai, Peru, Paquistão, Polônia, Portugal, Romênia, Somália, Senegal, Suécia;
Serra Leoa, Sudão, Suíça, Trinidade e Tobago, Tunísia, Ucrânia, Turquia, URSS, Venezuela,
Vietnã, Iemen, Iugoslávia.
Além das convenções, há algumas recomendações da Organização Internacional do Trabalho,
referentes ao trabalho da mulher. São elas: n. 117, ele 1962, sobre formação profissional; n. 101,
de 1956, sobre formação profissional na agricultura; n. 90, de 1951, sobre igualdade de
remuneração, que estabelece detalhes para a aplicação progressiva da Convenção 100; n. 12, de
1921, sobre a proteção à maternidade na agricultura, e a de n. 95, ele 1952, também sobre a
proteção à maternidade; n. 13, de 1921, sobre o trabalho noturno na agricultura; n. 4, de 1919,
sobre o saturnismo; n. 114, de 1960, sobre radiações ionizantes, e a de n. 123, de 1965, sobre o
emprego de mulheres com responsabilidades familiares.
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Como se viu, o desenvolvimento do Direito do Trabalho da Mulher seguiu em duas direções: 1.
quanto à ampliação das normas restritivas de trabalho (minas, subterrâneos, antes e depois do
parto) e 2. quanto ao que chamaríamos a universalização dessas normas.
Os fatores que influenciaram a referida ampliação, que ocorreu praticamente no fim do século
passado e no começo deste podem ser considerados, ainda, alguns dos mesmos que levaram ao
aparecimento da legislação, vale dizer: a) restrições de emprego em certas atividades ou em
certas condições - trabalho noturno, por exemplo - para que mais postos de trabalho sobrassem
aos homens; b) conhecimentos científicos ou presumidamente tais, quanto ao dano de certas
atividades ou certas condições de trabalho ao aparelho reprodutor feminino; c) preconceitos
relativos ao "verdadeiro" papel da mulher na sociedade.
No começo do nosso século, escrevia Paul Lafargue: "Quando as jovens e as mulheres da pequena
burguesia, obrigadas a lutar pela sua subsistência e aumentar os recursos da família, começaram a
invadir os armazéns, as administrações, os correios e as profissões liberais, os burgueses foram
tomados de inquietação pois os seus próprios meios de existência eram já limitados; a
concorrência feminina ia reduzi-los ainda mais. Os intelectuais, que empreendem a defesa dos
machos, acharam prudente não recomeçar com os sermões de moralistas, que tinham sido tão
piedosamente mal sucedidos junto das burguesas ricas: apelaram antes para a ciência,
demonstrando através de razões irrefutáveis e superiormente científicas que a mulher não pode
abandonar as ocupações domésticas sem violar as leis da natureza e da história". 23
Os doutrinadores do Direito do Trabalho, em sua quase totalidade homens, assentam as bases do
direito "protecionista" da mulher nos seguintes fundamentos: 1. debilidade do sexo feminino, seja
física como moral; 2. motivos fisiológicos, relacionados com a função reprodutora; 3. motivos
sociológicos, familiares, históricos ou culturais (as denominações são as mais diversas para um
mesmo preconceito) que indicam ser a função da mulher na sociedade a de esposa e mãe. 24
Diante disto, poderíamos chegar de imediato a três conclusões correspondentes, que sabemos de
antemão não serem verdadeiras: 1. que o homem é tão forte que não há agressividade do
trabalho possível de atingi-la; 2. que o homem não colabora na perpetuação da espécie e que,
portanto, seu estado de saúde não tem nenhuma repercussão na saúde desta; 3. que há
incompatibilidade insuperável entre o papel de esposa e mãe (para aquelas que escolhem este
papel!) e o de trabalhadora extradoméstica.
Não é preciso insistir que a realidade e os conhecimentos científicos vão contra as conclusões
acima, que, no entanto, resultam logicamente dos pressupostos colocados para justificar a
proteção da mulher no trabalho.
Lidia Falcon O'Neill faz interessantes observações sobre o tema que incluímos na conclusão n. 2:
"Porque si bien es cierto que la salud de la mujer va ligada al porvenir de la población, no lo es
menos que la del hombre también lo está en la misma medida. Afirmar lo contrario seria sentar la
base de que la mujer es la única responsable de la salud de la especie. En cuanto a las
protecciones contra trabajos insalubres, son absolutamente precisas, tanto para la mujer como
para el hombre. El futuro de la raza no depende "exclusivamente" de la mujer; las hijos recibirán en
igual la herencia paterna como la materna, y una generación de hombres con silicosis, azogue o
tuberculosis provocadas por el trabajo, no podrá engendrar hijos sanos, por más sana que se halle
la madre. Es preciso, por tanto, preocuparse un poco de los seres estimados en común". 25
O papel da chamada doutrina social da Igreja,manifestada por intermédio das encíclicas papais,
foi, naturalmente, grande na consolidação daquela legislação que se iniciou no século XIX. Além
das encíclicas Arcanum e RerumNovarum, de 1880 e 1891, respectivamente, tivemos a Casti
Connubii, de Pio XI, em 1930, e a Quadragesimo Anno, de 1931, ambas insistindo nos mesmos
argumentos das anteriores, isto é, fustigando o trabalho extradoméstico da mulher.
Quanto à universalização das normas do Direito do Trabalho da Mulher, é ela devida aos mesmos
fatores que impulsionaram a expansão territorial do Direito do Trabalho em geral, o fundamental
dos quais é a uniformização internacional dos custos de produção, para uma mais justa
concorrência no mercado internacional.
V - Classificação das normas
Já se tem sustentado, e nesta corrente nos alinhamos, que as chamadas normas de proteção do
trabalho da mulher, em lugar de protegê-la como trabalhadora, apenas conseguem resultado
totalmente diverso. Isto tem sido sustentado já pelo Bureau Internacional do Trabalho, no
"Relatório Preliminar" de 1975, Le travail des femmes dans un monde en évolution. 26
De uma forma geral, as normas de Direito do Trabalho, em vigor na maioria dos países, podem ser
sintetizadas: 1. proibição de realizar trabalhos subterrâneos; 2. proibição de trabalhar em
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atividades perigosas ou insalubres; 3. proibição de realizar horas extraordinárias; 4. proibição de
trabalho noturno; 5. igualdade de salário para igual trabalho; 6. proteção à maternidade com: a)
concessão de licença antes e depois do parto; b) concessão de intervalos para amamentação; c)
permissão de suspensão do contrato de trabalho por um determinado período após o término da
licença-maternidade; d) garantias de estabilidade no emprego por ocasião de casamento, gravidez
ou parto; e) possibilidade de ausência ao emprego na hipótese de doença de filho menor.
De uma forma geral, todas as normas que impedem o acesso da mulher a determinados tipos de
atividades ou o trabalho em certos horários, apenas fazem com que alguns postos não sejam por
elas preenchidos. São normas, estas, que não facilitam o emprego da mulher.
Daquelas classificadas por nós, as que vão de 1 a 4 são desse tipo. Assim é que, nos trabalhos
subterrâneos e nos perigosos e insalubres, que constam, em geral, de uma lista, a mulher não se
pode licitamente engajar, de forma alguma. Mesmo que tenha passado da idade de procriar,
mesmo que seja incapaz de fazê-la por outros motivos, está impedida de colocar em risco - se é
que ele realmente existe - seu aparelho reprodutor, muitas vezes já inapto para esse fim ou que já
cumpriu sua missão.
A proibição de realizar horas suplementares também limita a contratação da mulher, pois naquelas
atividades em que o homem puder ser facilmente engajado, pois que não depende de uma aptidão
natural ou cultural da mulher, eles terão forçosamente preferência.
As chamadas normas de proteção à maternidade, por sua vez, em nada facilitam a contratação de
mulheres, especialmente das casadas e, por outro lado, provocam a perda do emprego daquelas
que o têm e se casam. 27
No "Sumary of the Report on the Economic Status of Working Womens in the American Republics",
apresentado na 11.ª Conferência Interamericana da Organização dos Estados Americanos,
realizada em Quito, em 1960, afirma-se que a "Aplication of the laws on maternity protection limits
the possibilities of employment for women. This is particularly true when, contrary to the
recommendations of the International Labor Organization, the grating of the benefits is the direct
responsibility of the entrepreneur of employer. Working women have difficulty in finding work when
they are pregnant, especially if the pregnancy is noticeable. Moreover, in one or two countries it
was observed that employers require the woman worker to produce a medical certificate stating
that she is not pregnant".
O mesmo relatório aduz, com referência aos trabalhos proibidos: "The legal regulations that were
originally issued to protect the physical and moral health of women have now resulted in actually
limiting their work opportunities. Such for example, are two contained in the laws of all American
countries: the law prohibiting women from carrying out heavy, unhealthful, or dangerous work,
and the prohibition of night work by women. To counteract these limitations, some countries have
made certain adjustments in the law. Thus with respect to the first limitation mentioned,
conditions of safety and hygiene have been established for certain tasks and, as regards night
work, working hours have been modified to permit women work without endangering their health or
interfering with their home responsibilities".
Numa incoerência fácil de compreender, porém, a norma de proteção à maternidade, que assegura
à mulher estabilidade por ocasião de casamento ou gravidez, mantida esta por um certo período
após os referidos eventos, protege realmente o emprego da mulher. Embora não seja uma norma
que em si mesma acarrete ônus ao empregador, desencadeia, porém, todas as obrigações
inerentes ao emprego de mães de família: licença antes e depois do parto, pausas para
amamentação, possível absentismo da trabalhadora, pois é da quem, precipuamente, cuida da
criança, e faltará em caso de doença da mesma.
Observe-se com atenção o seguinte fato: as chamadas normas de proteção à maternidade fazem
parte do patrimônio jurídico da trabalhadora, enquanto ou se ela estiver apta a procriar. Após esta
fase, nenhuma trabalhadora e nenhum empregador preocupa-se com a existência dessas normas
no ordenamento de seus países. Já os demais preceitos, conforme salientado, estão sempre a
impedir o acesso da mulher a determinadas atividades, com ou sem seus fundamentos originários.
O preceito que prevê o direito a igual remuneração em caso de igualdade de trabalho é
nitidamente protecionista da mulher trabalhadora. Embora se possa alegar que, em igualdade de
condições, em certas atividades, em que as mulheres ainda não provaram sua eficiência, o
empregador preferirá um homem, temos de aceitar essa realidade e lutar contra ela com outras
armas.
De todo o exposto, resulta que não há normas que facilitam o emprego da mulher, havendo
apenas as que o dificultam. Salvo se entrarmos no campo do Direito Civil, para conhecer se a
mulher casada está ou não obrigada a pedir o consentimento do marido para celebrar um contrato
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de trabalho, a conclusão é a de que o Direito do Trabalho apenas contém normas limitadoras do
direito ao trabalho da mulher. Essa limitação dá-se de forma direta, com as proibições ao exercício
de determinadas atividades ou em certas condições, ou de forma indireta, por causa do ônus que
criam ao empregador em virtude da proteção à maternidade, que faz com que dêem eles
preferência ao trabalhador do sexo masculino.
VI - Manifestação de organismos internacionais
A Assembléia Geral das Nações Unidas, reunida a 7.11.1967, aprovou a "Declaração sobre a
Eliminação de Discriminação contra a Mulher". De seu articulado destacamos o seguinte, referente
ao Direito do Trabalho: "1. Deberán adoptarse todas las medidas apropiadas para garantizar a la
mujer, casada o no, los mismos derechos que al hombre en la esfera de la vida económica y social
y en particular: a) el derecho, sin discriminación alguna por su estado civil o por cualquier otro
motivo, a recibir formación profesional, trabajar, elegir libremente empleo y profesión y progresar
en la profesión y en el empleo; b) el derecho a igual remuneración que el hombre y a igualdad de
trato con respecto a un trabajo de igual valor; c) el derecho a vacaciones pagadas, prestaciones
de jubilación y medidas que la aseguren contra el desempleo, la enfermedad,la vejez o cualquier
otro tipo de incapacidad para el trabajo; d) el derecho a recibir asignaciones familiares en igualdad
de condiciones con el hombre. 2. A fin de impedir que se discrimine contra la mujer por razones de
matrimonio o maternidad y garantizar su derecho efectivo al trabajo, deberán adoptarse medidas
para evitar su despido en caso de matrimonio o maternidad, proporcionarle licencia de maternidad
con sueldo pagado y la garantía de volver a su empleo anterior así como para que se presten los
necesarios servicios sociales, incluidos los destinados al cuidado de los niños. 3. Las medidas que
se adopten a fin de proteger a la mujer en determinados tipos de trabajo por razones inherentes a
su naturaleza física no se considerarán discriminatorias".
A nosso ver, tal documento contém de importante a recomendação para reconhecimento da
chamada estabilidade provisória à empregada que se casa ou engravida, conforme foi por nós
comentado no item anterior. Assume posição clara quanto ao caráter não discriminatário de certas
normas que protegem a mulher em determinados tipos de trabalho por razões inerentes à sua
natureza física.
Consideramos muito perigoso este preceito, pois um legislador de má-fé pode ditar normas
baseando-se numa suposta natureza física inerente à mulher. Ora, sabemos que o homem também
tem uma inerente natureza física, que difere da mulher morfológica e fisiologicamente, como o
menor tem a sua, que difere da do adulto.
A Comissão Interamericana de Mulheres, órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), em
sua Assembléia de 1970, fez sua a declaração acima comentada, recomendando aos "países
membros que, a fim de implementar dita declaração adotem medidas necessárias a fim de abolir
todas as limitações legais da capacidade jurídica da mulher e derroguem as normas discriminatórias
existentes que afetam a plena igualdade de direitos".
Na IV Conferência de Ministros do Trabalho, reunida pela OEA em Buenos Aires, em 1972, redigiu-
se a Resolução 4, na qual, após se fazer uma referência às Convenções ns. 100 e 111, da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) se propõe: "Que a OEA, através da Comissão
Interamericana de Mulheres e Organismos específicos na área sócio-econômica, realizem um
estudo tendente a conhecer as situações apontadas precedentemente e promova a vigência
destes pactos, assegurando uma real equiparação dos direitos econômicos, sociais e trabalhistas
da mulher e do homem".
A Organização Internacional do Trabalho, no "Relatório Preliminar" de 1973, sobre o tema "Las
trabajadoras en un mundo en evolución", aborda os diversos aspectos do Direito do Trabalho da
Mulher, com base nas informações dos países que a compõem, tecendo importantes
considerações. Informa que, quanto à proibição de realizar trabalhos subterrâneos, perigosos ou
insalubres, as causas podem ser de três tipos: necessidade de força física, proteção da saúde da
mulher, para salvaguarda de sua capacidade reprodutora, evitar trabalhos "desagradáveis" e
"inadequados" à mulher. Considera muito importante, em vista disso, que todas as proibições e
restrições sejam objeto de um exame permanente à luz das mudanças de todo o tipo que se
produzem, e que se suprimam todas as medidas protetoras arbitrárias aplicáveis exclusivamente à
mulher, que não se fundem em conhecimentos científicos e tecnológicos sólidos e recentes. A
tendência geral, segundo a OIT, parece consistir em encarar os riscos como um perigo para todos
os trabalhadores e em melhorar as normas de proteção tanto para os homens como para as
mulheres.
Com referência à duração do trabalho, considera a OIT que, desde que esta se mantém em limites
razoáveis, parece lógico que as mesmas normas apliquem-se ao homem e à mulher. A hipótese
contrária seria reduzir as oportunidades de emprego à mulher.
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No concernente à proibição de realizar trabalho noturno, fornece as causas para tal proibição:
seriam de ordem técnica e cultural. A conseqüência é a redução das oportunidades de emprego. A
tendência que se nota nos países industrializados é a abolição da proibição.
Quanto à proteção à maternidade, afirma ser uma esfera limitada, dentro da qual a mulher sempre
necessitará de proteção. As tendências recentes, a fim de que esta proteção seja mais adequada,
podem resumir-se: 1. ampliação dos planos de proteção a novas categorias de trabalhadoras; 2.
prolongamento do tempo correspondente à licença-maternidade; 3. condições mais flexíveis para o
prolongamento da licença ou para uma licença extraordinária durante a idade tenra das crianças;
4. taxas mais altas de subvenção por maternidade; 5. proteção mais eficaz contra a despedida
durante a gravidez e depois do parto; 6. maior incentivo para a amamentação e mais licenças para
esta durante as horas de trabalho e 7. atenção mais adequada para a segurança e a saúde das
mulheres durante a gravidez e a amamentação.
Dessas indicações não podemos concordar com as de ns. 2 e 3. A licença-maternidade deve ser a
mais curta possível, o necessário para salvaguardar a saúde da mãe e um parto feliz. O que for
concedido além disto limitará muitíssimo a oportunidade de emprego das mulheres, sem uma base
científica.
Esta ausência de base científica para um prolongamento da licença após o parto, por exemplo,
refere-se tanto à saúde da mãe quanto à dos filhos, conforme demonstraram Alva Myrdal e Viola
Klein. 28 Segundo estas autoras, faltam investigações científicas que possam levar à conclusão de
que a ausência intermitente da mãe, já no primeiro ano de vida da criança, em virtude de trabalho
profissional, afeta sua saúde física ou mental.
Há a considerar, ainda, que, para atenuar o eventual problema da necessidade de a criança ser
tratada nos primeiros meses de sua vida por quem lhe tenha grande carinho, alguns países
adiantados industrialmente, como ocorre com a Finlândia e a Suécia, pensam em instituir licença
para que os pais também cuidem de seus rebentos. O referido "Relatório" da OIT reproduz as
palavras do governo da Finlândia a propósito do assunto: "Desde el punto de vista de la mujer,
cuanto más larga sea la licencia de maternidad, más probable será que ello redunde en
discriminación contra la mujer en el mercado. Esta discriminación seria menor si también el hombre
tomara licencias para ausentarse a fin de cuidar a los niños".
Nos EUA também, conforme nos dá ciência Helen B. Shaffer, 29 a National organization for
Women, entidade feminista norte-americana, propõe a paternity leave para os empregados.
A medida parece-nos de todas as formas sábia. Além do alcance de ordem emocional, referente às
relações entre os pais e os filhos, de desenvolvimento de maiores laços afetivos, haverá reflexos
em matéria de igualdade de custo da mão-de-obra masculina e feminina, o que, sem dúvida,
atenuará bastante a discriminação, seja na contratação de mulheres, seja por ocasião de seu
casamento.
Quanto à parte referente ao prolongamento da licença, que a OIT considera também um
aperfeiçoamento na proteção à maternidade, fazemos incidir as mesmas críticas já apresentadas
até aqui. Há, contudo, uma agravante. Quando a mulher fica longo tempo afastada da atividade
profissional, perde a destreza ou se desatualiza, conforme o tipo de atividade que exerça. A
conseqüência será a quase que fatal não reinserção no mercado de trabalho, pois este não terá
capacidade de absorver mão-de-obra desatualizada. Se premida por circunstâncias econômicas, a
mulher aceitará qualquer tipo de atividade, apenas para poder ter um ingresso a mais no
orçamento familiar. É claro que tudo isto não pode em nada ajudar a emancipação da mulher.
VII - Objetivos dos movimentos feministas atuais em relação ao Direito do Trabalho da Mulher
As dificuldades em entrar em contato com as entidades que lutam por uma igualdade de
tratamentojurídico entre a mulher e o homem, pois elas não são sequer anotadas nas
representações diplomáticas dos países em que atuam, 30 obrigaram-nos a tirar tais informações
dos livros publicados pelas entidades ou a elas referentes.
Judith Hole e Ellen Levine dão minuciosas informações sobre a constituição, nos EUA, da National
Organization for Women (NOW), em 1966, e seus propósitos: "We do not accept the traditional
assumption that a woman has to choose marriage and motherhood, on the one hand, and serious
participation in industry or the professions on the other... We believe that a true partnership
between the sexes demands a different concept of marriage, an equitable sharing of the
responsibilities of home and children and the economic burdens of their support. We believe that
proper recognition should be given to the economic and social volue of homemaking and child-
care... We are similarly opposed to all policies and practices - in church, state, college, factory or
office - which, in the guise of protectiveness, not only deny opportunities but also foster in
women self-denigration, dependence, and evasion of responsibility undermine their confidence in
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their own abilities and foster contempt for women..." 31
Na II Conferência Nacional da NOW, realizada em Washington em 1967 foi aprovado o Bill of
Rights, que, na parte referente ao Direito do Trabalho contém: "We demand:... III - That women
be protected by law to ensure their rights to return to their jobs within a reasonable time after
childbirth without loss of seniority or other accrued benefits, and be paid maternity leave as a
form of social security and/or employee benefit". 32
Isto se explica nos EUA em virtude de a legislação trabalhista ser estadual e de apenas quatro
Estados proibirem o trabalho da mulher antes e depois do parto, e nenhum possuir legislação ou
qualquer outro tipo de norma que garanta o emprego depois do parto.
A NOW propõe também, conforme já mencionamos, a paternity leave, que é a instituição de que
não se tem ciência, ainda, de que tenha sido utilizada em algum país.
Em outros países da Europa, como a Inglaterra, a França, a Itália, a Suécia, a Holanda, os
movimentos feministas foram inspirados pelo americano. São bastante ativos, pleiteando a
igualdade de tratamento em geral, o direito ao aborto e a instalação de creches para os filhos das
mulheres que trabalham, em número suficiente, além da igualdade de remuneração. Fora disto, na
área trabalhista, desconhecemos qualquer reivindicação mais arrojada ou específica.
No Brasil não se pode falar em "movimento feminista", pois massas de mulheres não foram ainda
mobilizadas para lutar por uma igualdade de direitos. Existe apenas o Conselho Nacional de
Mulheres, sediado no Rio de Janeiro, tendo ideais de equiparação entre os sexos. Em 1972,
realizou o I Conselho Nacional de Mulheres, onde foi discutida uma tese trabalhista por nós
apresentada. Referiu-se à adoção, pelo Direito brasileiro, de preceitos que garantam à mulher que
se casa ou engravida estabilidade no emprego por um determinado período. Citou-se a legislação
italiana como modelo ( Lei 3, de 9.1.1963) e Lei 1.204, de 30.12.1971), e a tese foi aprovada.
VIII - Conclusões
O aparecimento das primeiras normas reguladoras do trabalho extradoméstico da mulher deveu-se
à conjuntura econômico-política dos primeiros quartéis do século XIX: salários baixíssimos, poucos
postos de trabalho, todo o poder político concentrado nas mãos dos homens. Estes nada mais
fizeram do que defender suas prerrogativas, procurando manter os clássicos papéis sociais
desempenhados pelo homem e pela mulher utilizando-se, para tanto, de todos os recursos
disponíveis. Um deles foi a decantada debilidade física da mulher.
A evolução do Direito do Trabalho da Mulher, pelas mesmas razões, não foi acompanhada de igual
evolução pelo Direito do Trabalho dos Homens - se assim nos é permitido dizer - no sentido de se
estabelecer uma igualdade de tratamento humano a ambos. Assim é que a ciência ignorou que o
homem também dá a sua contribuição genética na constituição da espécie, mas a ele não foram
proibidos trabalhos danosos à saúde.
Os organismos internacionais têm trabalhado com vivo empenho a fim de que a discriminação
desapareça, partindo da abolição dos preconceitos ligados ao "papel social" da mulher.
Consideramos, todavia, haver um enfoque distorcido por parte de tais organismos, quando cogitam
de garantir à mulher o direito de exercer ou não uma atividade remunerada. Não seria, como diz
Pierrete Sartin, dar às mulheres uma liberdade de escolha que os homens não têm? Nota-se,
assim, uma certa incoerência nos documentos dos organismos internacionais, pois, enquanto
sustentam a igualdade, não deixam de sugerir medidas discriminatórias, a favor das mulheres.
Os movimentos feministas, por sua vez, tentam conscientizar a mulher da diferença de tratamento
que recebem e reivindicam igualdade de fato e de direito, em todos os campos, inclusive no Direito
do Trabalho. Na maioria dos casos, porém, não apresentam itens específicos quanto ao Direito do
Trabalho, a não ser quanto à igualdade de remuneração e à instalação de creches - ou o aumento
de seu número - para guarda dos filhos das mulheres que trabalham. Acreditamos que estes
movimentos possam ter influência na aceleração não só da mudança social, mas também na
alteração das normas do Direito do Trabalho, possibilitando uma maior abertura, isto é, eliminação
de limitações que não tenham mais suporte científico.
Nas nações industrializadas, há já uma consciência definida acerca dos condicionamentos culturais
e sociais, ligados aos papéis sociais do homem e da mulher, e tendência a alterá-los, o que se
refletirá no Direito do Trabalho da Mulher, possibilitando com a maior participação do homem no
lar, por meio da "licença-paternidade", por exemplo, uma igualação do custo da mão-de-obra dos
dois sexos. Estas nações industrializadas serão as primeiras a introduzir alterações em sua
legislação, no que serão seguidas pelas demais, não só pele trabalho da OIT, como também
porque as demais nações ir-se-ão industrializando. Como a industrialização leva a um aumento
grande do setor de serviços e este, por sua vez, absorve grande parte da mão-de-obra feminina,
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o aumente desta poderá ajudar grandemente a mudança social que, por sua vez poderá implicar
numa alteração no sentido da liberalização das normas do Direito de Trabalho da Mulher.
Bibliografia
Além da bibliografia citada nas notas, foram consultados os seguintes livros:
1. Alessanclro Rossi, Perchè una Legge? (osservazioni e proposte sul progetto di legge per regolare
il lavoro delle donni e dei fanciulli), Florença, 1880.
2. B. Leigh Hutchins, Labour Laws for Women in France, Women's Industrial Council, Inglaterra,
1907.
3. Catherine Valabrègue, A Condição Masculina e a Emancipação da Mulher, Moraes Lisboa, 1971
(trad. do francês).
4. George Macaulay Trevelyan, Historia Social de Inglaterra, Fondo de Cultura Económica, México,
1946.
5. Lionel Baudoin, La Réglementation Légale du Travail des Femmes et des Enfants dans
l'Industrie, H. Paulin, Paris, 1905.
6. Meyer Bloomfield, The New Labour Movement in Great-Britain; management and Men, T. F.
Unwin, Londres, 1920.
7. N. Benoit e outros, La Femme Majeure, Éd. du Senil, 1973.
8. Organização Mundial de Saúde, Privación de los Cuidados Maternos - Revisión de sus
Consecuencias, Genebra, 1963.
9. S. J. P. Virton, Histoire et Politique du Droit du Travail, Spes, Paris, 1968.
10. Pierrette Sartin, Aujourd'hui la Femme, Stock, Paris, 1974.
11. Plutarco Marsá Vancells, La Mujer en el Derecho Político, Universidad de Navarra, Pamplona,
1970.12. Viola Klein, La Mujer Entre el Hogar y el Trabajo, Sagitario, Barcelona, 1967 (trad. do
francês).
 
 
 
* Artigo publicado na Revista da Academia Paulista de Direito, Ed. Revista dos Tribunais, S. Paulo,
1975, n. 4, ano 4, pp. 48/71.
 
1. A. Pinchbeck, Women Worker in Industrial Revolution, p. 194, apud Maurice Bardeche, Histoire
des Femmes, vol. I, Stock, Paris, 1968, p. 322.
 
2. Maria Aurelia Capmany, El Feminismo Ibérico, Oikos-Tan, Barcelona, 1970, p. 82.
 
3. Evelyne Sullerot, Historia y Sociología del Trabajo Femenino, Península, Barcelona, 1970, p. 91.
 
4. Fernando Suárez Gonzales, Menores y Mujeres ante el Contrato de Trabajo, Instituto de
Estudios Políticos, Madri, 1967, p. 16.
 
5. Jules Guesdes, A mulher e o seu Direito ao Trabalho, 1898, apudO Problema Feminino e a
Questão Social, Prelo, Documentos, Lisboa, 1973, p. 37.
 
6. Tableau de l'État Physique et Moral des Ouvriers Employés dans les Manufactures de Soie,
Cotton et Lainc, Paris, Renouard, 1840.
 
7. L. Cappezzuoli e G. Cappabianca, Historia de la Emancipación Femenina, Futuro, Buenos Aires,
1966, p. 57.
 
8. Herkner, La Cuestión Obrera, Reus, Madri, 1916, pp. 20 e ss.
 
9. Edouard Dollenn5, Historia del Movimiento Obrero, vol. I, Madri, 1969, pp. 19, 23, 27.
 
10. Estamos usando a palavra "proteção" no sentido convencionalmente empregado, sem querer
antecipar qualquer juízo de valor.
 
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11. Ob. cit. na nota 3, p. 106.
 
12. Ob. cit. na nota 9, p. 166.
 
13. "Comisión de Reformas Saciales" criada pelo Decreto real de 3.12.1883. "Información" sobre o
Trabalho das Mulheres por D. Alejandro Martin.
 
14. Judith Hole e Ellen Levine, Rebirth of Feminism, Quadrangle Books, Nova York, 1871, p. 5.
 
15. Ob. cit. na nota 7, p. 28.
 
16. In Derecho del Trabajo, Gráfica Gonzales, Madri, 1952, p. 220.
 
17. Ob. cit. na nota 3, p. 129.
 
18. Ob. cit. na nota 7, pp. 62 e 63.
 
19. P. J. Proudhon, La Pornocratie, Paris, G. Marpon et E. Flammarion, passim.
 
20. Ob. cit. na nota 7, p. 51.
 
21. Ob. cit. na nota 7, p. 57.
 
22. É claro que, mais uma vez, usamos a palavra "vantagem" sem pretender emitir um juízo de
valor, mas apenas querendo significar que o campo de cobertura foi ampliado.
 
23. Paul Lafargue, A Questão Feminina, Paris, 1904, apudO Problema Feminino e a Questão Social,
Prelo, Documentos, Lisboa, 1973, p. 43.
 
24. Cf. entre outros autores: Carlos Garcia Oviedo, Tratado Elemental de Derecho Social, Madri,
1946, p. 455; Guillermo Cabanellas, Tratado de Derecho Laboral, vol. II, Buenos Aires, p. 377;
Martin Bou Vidal, El Contrato de Trabajo de las Mujeres, Bosch, 1962, pp. 27 a 51; Orlando Gomes
e Elson Gottsehalk, Curso de Direito do Trabalho, Forense, Rio, 1972, p. 385; Arnaldo Sussekind,
Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, vol. II, Freitas Bastos, Rio, 1963, p. 363;
Renato Corrado, Trattato di Diritto del Lavoro, vol. II, UTET, Turim, 1966, p. 717; Giuseppe Pera,
Lezioni di Diritto del Lavoro, Il Foro Italiano, Roma, 1974, p. 353; Giorgio Ardau, Sistema
Istituzionale di Diritto del Lavoro, Giuffrè, Milão, 1965, p. 638.
 
25. Los Derechos Laborales de la Mujer, Montecorvo, Madri, 1965, pp. 76 e 91.
 
26. Organization Internationale du Travail, Le Travail des Femmes dans un Monde en Évolution,
Rapport Préliminaire, Genebra, BIT, 1973, passim.
 
27. Marly A. Cardone, Influência da Gravidez no Contrato de Trabalho da Mulher, mimeografado,
São Paulo, 1965, p. 65.
 
28. La Mujer y la Sociedad Contemporanea, Península, Barcelona, 1969, pp. 161 a 185.
 
29. The Women's Movement, Research Reports, 1973, p. 63.
 
30. Ob. e loc. cits.
 
31. Ob. cit. na nota 13, pp. 85 e 86.
 
32. Idem, pp. 88 e 439.
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