Buscar

O Reino do Congo e sua História


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Aula 7 – O Reino do Congo
Congo e seu Rei
O reino do Congo talvez seja uma das sociedades mais conhecidas da África, sobretudo depois da conversão de sua realeza ao cristianismo no século XV. Fundado no final do século XIII, o reino do Congo, localizado no sudoeste do continente, chegou a abranger parte dos atuais países de Angola, Cabinda, República Democrática do Congo e o Gabão. O território do Kongo era banhado por quatro grandes bacias hidrográficas: do Zaire, do Kwanza, do Cunene e do Zambeze. A vegetação predominante dessa região era a savana, ao sul da floresta tropical.
Segundo a tradição oral, bem antes do século XIII, o Congo já era habitado por povos de origem bantu, que se organizavam em aldeias agrícolas. Tais sociedades eram governadas pelas candas, famílias de linhagem que primeiro haviam ocupado aquele lugar. Por volta do ano de 1200, um grupo de estrangeiros, oriundos da outra margem do rio Congo, migrou para a região. Sob a liderança de Nimi e Lukeni, os muchicongos formaram fortes alianças, criando assim o que os europeus intitularam de reino do Congo. Pesquisas recentes reforçam a narrativa da tradição oral. Segundo Vansina - um dos maiores especialistas no assunto – o reino do Congo teve sua origem na chefia Vungu, ao norte do rio Zaire. Nessa época, organizaram-se conglomerados de chefias e pequenos reinos, que se localizavam ao longo do grande rio. Dentre os líderes dessas organizações destacou-se Nimi Lukeni, deixando o Vungo, no Mayombe, e cruzando o Zaire, indo à conquista da chefaria Ambunda, onde posteriormente fundaria Mbanza Kongo. É interessante notar que, mesmo levando em consideração as variações das narrativas, a fundação do reino aparece sempre vinculada à imagem de um herói fundador, que teria se colocado acima das chefias locais. Deste modo, não é de estranhar, que a figura mais importante do reino era o manicongo, ou seja, o rei do Congo. A partir das leituras feitas dos relatos deixados pelos portugueses, Luca Caregnato afirma que: “o rei tinha uma função de destaque social no reino (...) As insígnias e os objetos presentes no relato acima demonstram que a realeza do Kongo detinha riqueza e prestígio. A figura do rei representava, além do poder político, uma relação com as questões míticas, que explicavam a origem e organização da sociedade bantu. Suas vestimentas e os adornos eram uma constante representação de sua cosmovisão (CAREGNATO).”. De fato, os registros deixados pelos portugueses reforçavam o poder político e religioso exercido pelo manicongo, que aparece sempre representado como uma figura austera.
Como exerciam o controle direto sobre as províncias, os governadores do reino do Congo tinham muito poder. Acreditava-se, inclusive, que os chefes das candas, junto com o manicongo, possuíam um poder especial conhecido como cariapemba, uma grande força que os destacavam entre os demais. Conhecedor dessa força sobrenatural e não querendo correr o risco de perder o trono, era comum que o manicongo possuísse uma esposa em cada uma das doze candas tradicionais do reino, o que garantia que o rei tivesse vínculos pessoais (e muitas vezes familiares) com os governadores de seu reino. Mas para evitar possíveis disputas políticas, era comum que o manicongo distribuísse a riqueza adquirida pela cobrança de impostos entre os seus pares. Parte do que recebia repassava aos governadores provinciais que, por sua vez, repartiam entre os chefes dos distritos e estes entre os líderes das aldeias e das linhagens.
Atividades Econômicas
Vainfas e Souza (1998) apontam que havia uma divisão significativa na sociedade do Congo: enquanto as cidades serviam como moradia para os grupos privilegiados, as comunidades de aldeias, conhecidas como lubatas, eram habitadas principalmente por agricultores e artesãos. As lubatas desfrutavam de menor poder político e seus chefes não tinham controle sobre a produção dessas regiões, que deveriam ser entregues aos governadores de província. Já nas cidades, a aristocracia não só era detentora daquilo que produzia, como era proprietária de escravos (mão de obra muito comum nas casas da nobreza do Congo). Morando em casas de barro com telhados de palha, os habitantes das aldeias plantavam o necessário para o seu sustento e para o pagamento dos tributos criavam pequenos animais e aproveitavam os rios da região para a atividade pesqueira. Já os artesãos podiam ser divididos entre aqueles que manejavam o ferro (uma minoria) e os artesãos do reino do Congo produziam os tecidos de ráfia. Com teares estreitos, os artesãos trançavam a fibra da ráfia (uma palmeira da região) de diferentes formas. A qualidade e a beleza desses tecidos eram tão grandes que eles chegaram a ser utilizados como símbolos de poder e riqueza (como os tapetes que ornavam o palácio do manicongo) e também como moeda nos principais mercados do reino.
A atividade mercantil também tinha grande importância no reino. Os diversos rios da região permitiam que produtos de outras partes do continente, como o sal e o cobre, chegassem até os principais mercados do Congo. Lá as mercadorias eram trocadas pelos tecidos de ráfia e também por pequenas conchas conhecidas como nzimbos (que também funcionavam como uma espécie de moeda do reino).
A Religiosidade
Conforme visto anteriormente, o rei era o personagem mais poderoso do Congo. O manicongo e os governantes de província não eram as únicas pessoas com poder no reino do Congo. Os gangas, como eram conhecidos os feiticeiros, também tinham poderes sobrenaturais. Tais homens, que normalmente eram ferreiros, moravam próximos a rios e cachoeiras e também detinham o poder da cariapemba. Com a ajuda de objetos conhecidos como inqueces (objetos utilizados pelos gangas como esculturas de madeira, pedra e conchas que tinham atributos mágicos), os gangas conseguiam riqueza e saúde, mas também dor e destruição. Muitos cangas também eram exímios ferreiros, atividade considerada mágica na maior parte da África Subsaariana. Por causa desse grande poder, os gangas eram temidos e excluídos da sociedade, só sendo visitados em momentos especiais, como as crises econômicas e políticas.
A Decadência do Reino
No entanto, nem mesmo o poder das inquices dos feiticeiros, ou a cariapemba dos manicongos impediu que o reino entrasse em decadência no século XVII. Existem diversas razões para o fim desse reino, mas a conversão do manicongo ao cristianismo, ainda no século XV, e a criação do comércio de africanos escravizados para as Américas acabaram enfraquecendo as redes de poder dessa sociedade, fenômeno que atingiu outros povos da África Subsaariana.
�PAGE \* MERGEFORMAT�2�