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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 01

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 01
Seguridade. Natureza, fontes e princípios. Eficácia e interpretação das normas de Seguridade.
Atualizado por André Melo
Modificado por Wanessa F. S. Lima em 10.2004
Atualizado e modificado por Danielle M. Peixoto, em dezembro de 2006
Atualizado e modificado por Antônio José de Carvalho Araújo em janeiro de 2008.
Atualizado e modificado por Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho, em outubro de 2010.
Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012.
1. Seguridade Social
1.1 Conceito: Seguridade
Previdência
Assistência
Saúde
1.2 Natureza da Seguridade Social: pública – imposição legal
1.3 Fontes
1.4 Princípios
1.4.1 Princípios da Seguridade Social (art. 194 e 195 da CF/88)
a) igualdade;
b) solidariedade;
c) universalidade da cobertura e do atendimento;
d) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
e) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
f) irredutibilidade do valor dos benefícios;
g) equidade na forma de participação no custeio;
h) diversidade da base de financiamento;
i) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados;
j) orçamento diferenciado;
l) precedência da fonte de custeio.
1.4.2 Princípios da Previdência Social
a) filiação obrigatória;
b) caráter contributivo;
c) equilíbrio financeiro e atuarial;
d) da garantia do benefício mínimo;
e) da correção monetária dos salários de contribuição;
f) da preservação do valor real dos benefícios;
g) da previdência complementar facultativa;
h) da indisponibilidade dos direitos dos beneficiários;
i) comutatividade.
2. Interpretação das normas de Seguridade Social
3. Eficácia das normas de Seguridade Social
Eficácia no tempo: normas de custeio – anterioridade
Eficácia no espaço
1. Seguridade: natureza, fontes e princípios
1.1 Conceito
O direito à seguridade social pode ser compreendido, na terminologia adotada por Paulo Bonavides, como um direito fundamental de segunda geração, naquele rol de direitos umbilicalmente vinculados ao Estado do Bem-estar Social. Mas nem sempre foi assim. Lembra J. Franklin Alves Felipe que, tendo sido antes de atribuição da iniciativa privada, com o decorrer dos anos “o seguro adquiriu aspecto predominantemente social e revestiu-se de caráter obrigatório, quando o Estado, reconhecendo a necessidade comum de todos os homens de garantir uma estabilidade para o futuro, instituiu o seguro social”. Em outras palavras, nos tempos hodiernos a seguridade social é um dos principais direitos sociais. 
Como seria de esperar de uma constituição dirigente, própria de um Estado Social (Welfare State), a Carta de 88, superando concepções liberais de individualismo jurídico, conferiu logo no seu artigo 6º dignidade e fundamentalidade constitucionais ao direito à saúde, à previdência e à assistência.�
Mais adiante, nos artigos 194 e seguintes, tratou de pormenorizar a disciplina jurídica de tais direitos para globalmente considerá-los como elementos do sistema da seguridade social, instituída a fim de reduzir ou mesmo evitar os riscos sociais.
O termo risco social é empregado para designar os eventos que ocorrem na vida de todos os homens, com certeza ou probabilidade significativa, provocando um desajuste nas condições normais de vida, em especial na obtenção dos rendimentos decorrentes do trabalho, gerando necessidades a serem atendidas, pois nestes momentos críticos, normalmente não podem ser satisfeitas pelo indivíduo. Na terminologia do seguro, chamam-se tais eventos de “riscos” e por dizerem respeito ao próprio funcionamento da sociedade, denominam-se “riscos sociais”. Os regimes previdenciários são instituídos com a finalidade de garantir aos seus beneficiários a cobertura de determinadas contingências sociais. Os riscos sociais cuja cobertura é suportada pelo regime geral são elencados no art. 1.º da lei nº 8.213/91, com exceção do desemprego involuntário, que é objeto de lei específica: lei n.º 7.998/90. (ROCHA e BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 31/32).
Desta feita, como a Constituição de 1988 construiu um Estado do Bem-Estar Social em nosso território, a proteção social brasileira é, prioritariamente, obrigação do Estado. Hoje, no Brasil, entende-se por seguridade social o conjunto de ações do Estado no sentido de atender às necessidades básicas de seu povo nas áreas de Previdência Social, Assistência Social e Saúde. Compete à União legislar privativamente sobre essa matéria (art.22, inciso XXIII, CF/88).
Segundo a CF/88, “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (art.194). Entretanto, conforme lembrado por Wladimir Novaes Martinez, referido dispositivo constitucional não traz uma definição do que seja seguridade social, já que apenas relaciona os seus componentes. A rigor, ela pode ser conceituada como “a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida” (Fábio Zambitte).
O Poder Público deve, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: a) universalidade da cobertura e do atendimento; b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) irredutibilidade do valor dos benefícios; e) eqüidade na forma de participação no custeio; f) diversidade da base de financiamento; g) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (art.194, § único, CF/88).
Pela “definição” constitucional já é possível notar que a Seguridade Social objetiva assegurar saúde, previdência e assistência. Podemos então dizer que Seguridade Social é gênero, da qual são espécies a Saúde, a Previdência e a Assistência Social. 
Comumente costuma-se confundir os conceitos, principalmente de Previdência e Assistência Social. É necessário extremar que cada uma das áreas da Seguridade Social tem princípios próprios e diferentes objetivos. 
A Saúde vem garantida pela Carta Magna como direito de todos e dever do Estado, que deve ser assegurada mediante ações que visem a reduzir os riscos de doença e seus agravamentos. O acesso aos programas de Saúde Pública necessariamente deve seguir os princípios da igualdade e universalidade do atendimento. Logo, neste campo, o acesso deve ser garantido a todos e de forma igual, sem qualquer tipo de contribuição, de forma que o atendimento público à saúde deve ser gratuito.
E, segundo a jurisprudência do STF, o direito a saúde pode ser exigido judicialmente dos entes políticos, que são solidários na sua prestação. Não se há falar em violação ao princípio da separação de poderes. Há, inclusive, uma proposta de súmula vinculante em tramitação na Suprema Corte, a fim de sufragar a tese da solidariedade entre os entes federados na prestação dos serviços de saúde�.
A Assistência Social, por sua vez, tem como princípios informativos a gratuidade da prestação e basicamente a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, através da proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, bem como aos deficientes e a reintegração ao mercado de trabalho daqueles que necessitarem.
Note-seque a diferença primordial entre as atividades da saúde e da assistência social, é que esta tem um espectro menor, ou seja, a saúde tem o caráter de universalidade mais amplo do que o previsto para a assistência social. 
Logo, a assistência social visa a garantir meios de subsistência às pessoas que não tenham condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, idosos e deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social.
A mais autêntica forma de assistência social é a prevista no art. 203, V, da Constituição Federal, onde fica garantido o valor de um salário mínimo mensal à pessoa. De acordo com o art. 20, § 1.°, da Lei n.° 8.742/93, entende-se por família aquela composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto, ou seja, a partir da Lei nº 12.435/2011, não há mais referência ao art. 16 da Lei 8.213/91, para conceituar família, no BPC.
Questão interessante é a previsão do amparo social, previsto no inciso V do art.203 da Constituição Federal de 1988, conforme dispuser a lei. A lei nº 8742/93 (LOAS) previu pressupostos rígidos para concessão do amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso, especialmente no tocante ao requisito econômico (a renda do grupo familiar não deve superar ¼ do salário mínimo per capita), sendo a sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal, o qual a considerou constitucional em razão de a própria CF/88 remeter à lei a fixação desses requisitos. 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI 8.742/93. BENEFÍCIO DE AMPARO SOCIAL: REQUISITOS PARA A SUA CONCESSÃO. CONSTITUCIONALIDADE. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. Benefício de amparo social previsto no inciso V do artigo 203 da Carta Federal. Matéria decidida nas instâncias ordinárias com base em provas documentais e testemunhais. Constitucionalidade do dispositivo legal (L. 8.742, artigo 20, § 3º) que impõe a necessidade de comprovação de que a renda per capita da família seja inferior a um quarto do salário-mínimo, declarada pelo Pleno desta Corte. (…) (Votação unânime. RE 279919 AgR/SP AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Publicação: DJ DATA-28-06-02 PP-00139 EMENT VOL-02075-08 PP-01537, Julgamento: 02/04/2002 - Segunda Turma).
	
O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, trouxe algumas alterações no que se refere ao benefício assistencial, a saber: a) passou a ser devido ao idoso a partir dos 65 anos de idade (art. 34, caput). Na redação original da LOAS, a idade era de 70 anos, reduzida para 67 anos a partir de 01.01.1998; e b) caso um outro membro do grupo familiar receba benefício assistencial, o valor deste deve ser excluído quando do cálculo da renda familiar per capita (art. 34, parágrafo único).
A Previdência Social, por sua vez, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. 
Note-se então que o conceito de Previdência Social traz ínsito o caráter de contributividade, no sentido de que só aqueles que contribuírem terão acesso aos benefícios previdenciários. A diferença primordial entre os ramos da seguridade social, sendo claro que é que a assistência social e a saúde independem de contribuição, e a previdência, pressupõe contribuição.
 
1.2 Natureza
A Seguridade Social tem natureza pública, ou seja, é uma imposição legal, independente de contrato e da vontade das partes envolvidas.
Existe muita semelhança entre Previdência Social e contrato de seguro, uma vez que a pessoa contribui e tem cobertura de certos eventos, sendo que alguns estudiosos chegam a concluir que aquela é uma espécie deste. Mas, na verdade, existem apenas semelhanças, sendo em sua essência espécies diversas, principalmente porque o seguro traz a idéia de contrato, ligado ao direito privado, enquanto que a previdência social é eminentemente pública, face à repercussão social de suas ações.
(A. Araújo) - Essa relação entre a seguridade e o contrato de seguro sofre a crítica de que o seguro impõe o pagamento do prêmio para que, configurado o sinistro, seja paga a indenização; não é o que ocorre na seguridade social, em que nem todos contribuem para o custeio, mas todos têm direito a algum tipo de proteção social. Além disso, a noção de dano do seguro nem sempre se encontra na relação da seguridade social, como ocorre no caso da maternidade que, apesar de não ser dano, possui cobertura pela seguridade social.
Há, no Direito Comparado, dois movimentos de reforma dos modelos de previdência social: reforma estrutural e reforma não-estrutural. Esta busca o aperfeiçoamento do sistema público, com o fito de fortalecê-lo financeiramente a longo prazo (CASTRO E LAZZARI, 2008, p. 45). Objetiva proporcionar uma vinculação mais estreita dos sistemas de seguridade social com as necessidades sociais mais prementes, sendo apoiadas pela OIT e pela AISS (ROCHA E BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 30).
Já as reformas estruturais visam modificar radicalmente o sistema público, seja introduzindo um componente privado como complemento ao público, seja criando um sistema privado que concorra com o público (CASTRO E LAZZARI, 2008, p. 45). Tais reformas seguem as diretrizes preconizadas pelo Banco Mundial e trabalham com a ideia de pilares múltiplos de proteção, com o objetivo de aumentar a capacidade de poupança nacional para viabilizar a aceleração do desenvolvimento econômico (ROCHA E BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 30).
1.3 Fontes
As fontes do Direito Previdenciário são a Constituição Federal, a lei e outros atos normativos regulamentares. Para Wladimir Novaes Martinez, os tratados podem ser considerados fontes do DP. Contudo, não se pode olvidar que esses atos somente são internalizados por meio de decretos legislativos.
Lazzari e Castro lembram que o costume não pode ser considerado fonte do DP, em razão do princípio da legalidade. Devem, porém, ser entendidas como fontes do DP, no âmbito interno da Previdência Social, as decisões sumuladas do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), já que vinculam a Administração.
Também as normas coletivas são fontes do DP, pois criam complementações de benefícios previdenciários. Os regulamentos de empresa estabelecem complementação de benefícios previdenciários, mediante contribuição da empresa e do empregado. Neles, são previstos alguns requisitos para o direito à complementação do benefício.
	
Hoje, temos como fontes formais principais do Direito Previdenciário a Constituição de 1988, as Leis nº 8.212 e 8.213 de 24 de julho de 1991 e o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, com as respectivas alterações.
1.4 Princípios da Seguridade e da Previdência Social
	
Princípios são as proposições básicas, fundamentais, que condicionam todas as estruturações subseqüentes de uma ciência. São, assim, os seus alicerces.
	
Tomando por base a ciência do direito, temos os princípios como normas dotadas de grande generalidade e abstração que representam a própria consciência jurídica, servindo como fundamento de validade para as demais normas e, também, como critério de interpretação destas.
O legislador constituinte e o ordinário entenderam por positivar os princípios da seguridade social�. Destaque-se que apesar de denominados objetivos pelo texto constitucional, o parágrafo único do artigo 194 contém verdadeiros princípios, pois descrevem as normas elementares da seguridade, as quais direcionam toda a atividade legislativa e interpretativa deste ramo do Direito. (A.Araújo – além disso, diante da omissão da lei, esses princípios são fontes do direito, além de serem setoriais, ou seja, aplicáveis apenas à seguridade social)1.4.1 Princípios da Seguridade Social:
a) Igualdade: o §1º do art. 201 da CF/88, com a redação dada pela EC nº 20/98, veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para concessão de aposentadorias aos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, ressalvados os casos de atividades exercidas em regime especial;
b) Solidariedade ou solidarismo: positivado pelo constituinte de 1988 (art. 3o, I), este princípio visa à chamada evolução coletiva. A liberdade e a igualdade dada a cada um possibilita a evolução individual de todos, mas há que se atender aos anseios de uma evolução coletiva, sem a qual a sociedade não alcança o seu bem-estar de felicidade. Pois bem, ao adotá-la como princípio, torna-se obrigatória a contribuição da maioria em prol da minoria.
É este princípio que permite e justifica uma pessoa ser aposentada por invalidez em seu primeiro dia de trabalho, sem ter contribuição recolhida pelo sistema. Também é a solidariedade que justifica a cobrança de contribuições pelo aposentado que volta a trabalhar. Este deverá adimplir seus recolhimentos mensais, como qualquer trabalhador, mesmo sabendo que não poderá obter nova aposentadoria. A razão é a solidariedade: a contribuição de um não é exclusiva deste, mas sim para a manutenção de toda a rede protetiva.
A solidariedade é a justificativa elementar para a compulsoriedade do sistema previdenciário, pois os trabalhadores são coagidos a contribuir em razão da cotização individual ser necessária para a manutenção de toda rede protetiva, e não para a tutela do indivíduo, isoladamente considerado.
Poderemos pensar que, por serem os benefícios previdenciários devidos apenas aos que contribuírem com o regime, o princípio da solidariedade não se aplicaria à Previdência Social. Tal raciocínio não é correto. Note-se que, quem mais contribui para a Previdência Social, o empregador, é quem menos desfruta (proporcionalmente à sua contribuição) dos benefícios. Ademais, podemos citar o caso dos trabalhadores rurais que, embora tenham um método diferenciado de custeio, fazem jus, v. g., aos benefícios (ver artigo 143 da Lei nº 8.213/91). 
c) universalidade da cobertura e do atendimento: o constituinte previu a universalidade em seus dois aspectos: o objetivo (cobertura), buscando-se cobrir todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade, e subjetivo (atendimento), que diz respeito a todas as pessoas que integram a população, inclusive os estrangeiros. No que se refere a este segundo aspecto, esta é a regra em relação à saúde e à assistência social. Como a previdência social é, a princípio, restrita aos que exercem atividade remunerada, foi criada a figura do segurado facultativo para atender ao mandamento constitucional. 
Como ocorre com todos os princípios, o ora examinado é limitado por outros, como o da preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço.
d) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: os benefícios e serviços oferecidos às populações urbana e rural devem ser os mesmos (uniformidade) e decorrentes dos mesmos eventos (equivalência). Esse princípio não implica na igualdade dos valores dos benefícios. Vale lembrar que, a partir da CF/88, foi instituído o regime geral de Previdência Social, deixando de existir os regimes específicos para trabalhadores rurais e urbanos.
É decorrência também dos princípios da solidariedade e da igualdade, acima citados: sendo a área rural extremamente deficitária, os trabalhadores urbanos auxiliam no custeio dos benefícios rurais. Além disso, a igualdade material determina alguma parcela de diferenciação entre estes dois segurados, sendo que a própria Constituição prevê contribuições diferenciadas para o pequeno produtor rural (art. 195, §8º).
Dessa forma, algumas distinções no custeio e nos benefícios entre urbanos e rurais são possíveis, desde que justificáveis perante a isonomia material, e igualmente razoáveis, sem nenhuma espécie de privilégio para qualquer dos lados.
e) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios: diante da impossibilidade real de se cobrir todos os riscos sociais, assim como de atender a todos aqueles que habitam nosso território, o constituinte conferiu ao legislador uma espécie de mandato específico com o escopo de que este estude as maiores carências em matéria de Seguridade Social.
Assim, o princípio da universalidade deve ser lido em conjunto com os princípios da seletividade e distributividade. A universalidade objetiva fica condicionada à seletividade, que permite ao legislador escolher quais as contingências sociais que serão cobertas pelo sistema de proteção social em face de suas possibilidades financeiras. A universalidade subjetiva, por sua vez, é limitada pela idéia de distributividade. A lei irá dispor a que pessoas os benefícios e serviços serão estendidos. Como exemplo de aplicação desse princípio, podemos citar o salário-família e o auxílio reclusão que, por força da Emenda Constitucional no 20/98, são pagos apenas aos segurados de baixa renda. Segundo Zambitte, a seletividade foi corretamente no que concerne ao salário-família, já que possui importância realmente aos segurados de baixa renda. Entretanto, a limitação no que concerne ao auxílio-reclusão é desprovida de razoabilidade na medida em que a renda elevada da família pode ser totalmente excluída em virtude da prisão do segurado, ocasião em que a proteção securitária deveria atuar.
A distributividade impõe que a escolha recaia sobre as prestações que, por sua natureza, tenham maior potencial distributivo, com objetivo de reduzir as desigualdades (A. Araújo). 
Por fim, vale ressaltar que, em relação à saúde, a universalidade alcança todas as camadas da população, que fazem jus à utilização de todos os recursos existentes no estado atual da ciência médica (atendimento integral). Não têm aplicação, aí, os princípios da seletividade e distributividade;
f) irredutibilidade do valor dos benefícios: segundo o Supremo Tribunal Federal, o princípio da irredutibilidade impede que seja imposta uma redução efetiva dos valores nominais das prestações da seguridade, garantindo ao beneficiário, se não a manutenção do seu padrão de vida e do seu poder aquisitivo, ao menos a capacidade de honrar os compromissos já assumidos. Há que se atentar, porém, para o fato de que, no caso de índices inflacionários elevados, a simples manutenção do valor das prestações não é capaz de garantir ao beneficiário que honre os seus compromissos do mês seguinte. A interpretação dada por nossa Corte Maior, data venia, enfraquece a garantia. Destaque-se que a CF/88, no seu art. 201, § 4º, impõe o reajustamento periódico da renda mensal do benefício, de modo a preservar o seu valor real;
g) eqüidade na forma de participação no custeio: Norma dirigida ao legislador, importa na responsabilidade compartilhada entre o Estado e a sociedade civil pela manutenção financeira da Seguridade Social. A participação no custeio, dessa forma, deverá levar em conta as condições contributivas do indivíduo (sua capacidade financeira). Sendo assim, a contribuição de cada um deve ser proporcional ao seu poder aquisitivo. Nesse sentido, a classe empregadora tende a contribuir com parcela maior que a dos empregados, e, dentre as empresas, aquelas cuja atividade importa em maior risco social devem verter maiores contribuições. Veja, no entanto, que não se trata do conceito clássico de capacidade contributiva originário do Direito Tributário, o qual até excluiria a contribuição em algumas situações. A capacidade citada tem como limite o caráter necessariamente contributivo do sistema: ainda que dotado de parcos recursos, o trabalhador é compulsoriamente filiado ao regime, sendo obrigado a contribuir. Mas nada impede a redução de sua contribuição, compensando esta perda com o aumento da cotização de outros mais abastados (interação com o princípio da solidariedade).
h) diversidade da base de financiamento:o financiamento da Seguridade Social (e da previdência) não pode se fazer com base em uma única fonte de tributos, sob pena de onerar por demais uma classe social ou atividade econômica ou permitir que oscilações setoriais venham a comprometer a arrecadação de contribuições. A diversidade faz com que se atinja um maior número de pessoas, garantindo uma constância maior de entradas, além de uma maior efetividade do princípio da solidariedade. Seguindo tal princípio, o próprio constituinte reduziu os encargos incidentes sobre os salários, caráter inibidor da contratação e da manutenção de vagas ativas no mercado de trabalho, para uma maior concentração nos itens faturamento e lucro.
Assim, a Constituição Federal de 1988 prevê diversas formas do financiamento da Seguridade Social, por meio da empresa, dos trabalhadores, dos entes públicos e dos concursos de prognósticos, além de prever a possibilidade de se instituir, através de lei complementar, novas fontes de custeio (art. 195, § 4º).
A EC nº 42/2003 incluiu no texto constitucional mais uma fonte de custeio para a seguridade social, a saber, a contribuição do importador de bens e serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (art. 195, IV, da CF/88).
Com base neste princípio, qualquer proposta de unificação das contribuições sociais em uma única, como se tem defendido, é evidentemente inconstitucional, além de extremamente perigosa para a seguridade social.
Fala-se, outrossim, em princípio da tríplice forma de custeio, já que o custeio, de acordo com o art. 195 da CF, envolve contribuições das empresas, trabalhadores e do próprio governo.
i) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados: embora único o sistema, deve ser ele gerido de forma descentralizada (com o propósito de maior efetividade) e com a participação do povo (para que se conceda maior legitimidade às decisões). Em decorrência desse princípio, foram criados diversos órgãos, como o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, o Conselho Nacional de Assistência Social e o Conselho de Gestão da Previdência Complementar. Outros órgãos colegiados, como os conselhos estaduais e municipais de previdência, além do Conselho Nacional de Seguridade Social, foram extintos pela MP nº 2.216-37 de 31.08.2001.
j) orçamento diferenciado: a Seguridade Social deve ter orçamento próprio separado do da União, com o objetivo de evitar que os recursos destinados às suas atividades sejam desviados para cobrir despesas deste Ente (art. 165, § 5º, III, da CF/88);
l) precedência da fonte de custeio: segundo a Constituição de 1988, nenhum benefício ou serviço da Seguridade Social pode ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total (art. 195, §5o). Esse princípio visa a proteger as finanças da Seguridade Social e, conseqüentemente, a efetivação dos benefícios e serviços já garantidos por ela. Sérgio Pinto Martins aponta este como princípio da Seguridade Social. Esse princípio está relacionado com o equilíbrio financeiro e atuarial.
Foi com base nesse princípio que o STF entendeu que pela impossibilidade de majoração das pensões por morte efetivadas antes do advento da lei n.º 9.032/95�.
Sem embargo, no Informativo n.º 599, o STF, valendo-se da técnica do distinguishing, entendeu ser possível a aplicação imediata dos novos tetos previdenciários trazidos pelas Emendas Constitucionais n.º 20/98 e n.º 41/2003 aos benefícios pagos com base em teto anterior, de menor expressão econômica�.
Por fim, vale lembrar o enunciado n.º 456 da Súmula do STJ, DJe 08/9/2010, que guarda este teor: “É incabível a correção monetária dos salários de contribuição considerados no cálculo do salário de benefício de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão ou auxílio-reclusão concedidos antes da vigência da CF/1988.”
 
1.4.2 Princípios da Previdência Social
a) filiação obrigatória: são segurados da Previdência Social todos aqueles que exercem atividades vinculadas ao Regime Geral, nos termos da lei, e não estão vinculados a regime próprio. A exceção ao princípio fica por conta dos chamados segurados facultativos, aos quais a lei abre a possibilidade de aderirem ao regime geral, mediante o recolhimento de contribuições e desde que não estejam filiados a outro regime próprio;
b) caráter contributivo: o direito aos benefícios depende do recolhimento de contribuições. Contudo, se a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições era de terceiros, o segurado fará jus às prestações da Previdência Social;
c) equilíbrio financeiro e atuarial: a execução da política previdenciária deve respeitar a relação entre o custeio e o pagamento de benefícios. A introdução do fator previdenciário pela Lei nº 9.876/99 veio a concretizar esse princípio;
d) da garantia do benefício mínimo: nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (CF/88 – art. 201, §2o). Segundo o princípio do valor mínimo, garante-se ao indivíduo (trabalhador, aposentado, pensionista, assistido...) uma renda capaz de "atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social" (CF/88 – art. 7o, IV); (A. Araújo – o auxílio acidente, por ter caráter indenizatório pode ser inferior ao salário mínimo)
e) da correção monetária dos salários de contribuição: todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei (CF/88 – art. 201, §3o). O princípio da recomposição monetária, assim, "é aquele que garante ao contribuinte ou aos seus dependentes, no momento em que passam à condição de beneficiários da Previdência Social, uma justa e integral recomposição de todos os valores considerados para o fim de cálculo da prestação previdenciária, seja ela de trato sucessivo ou instantânea.";
Em 23 de julho de 2004, foi editada a MP nº 201/2004, que “Autoriza a revisão dos benefícios previdenciários concedidos, com data de início posterior a fevereiro de 1994, e o pagamento dos valores atrasados nas condições que especifica.” Tal fato se deu em virtude da firme jurisprudência no sentido de que deve ser aplicado o IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo) de fevereiro de 1994 (39,67%) na atualização dos salários-de-contribuição utilizados como base para o cálculo do salário de benefício, diversamente do procedimento efetuado pelo INSS, que só utilizava o índice acumulado até janeiro de 1994;
f) da preservação do valor real dos benefícios: É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei (CF/88 – art. 201, §4o). 	É, segundo Cláudio Flores, uma pseudogarantia, já que a constituição reporta à lei ordinária o conteúdo que vem a ser valor real. Deveria o princípio do valor real garantir a proteção a todas as prestações continuadas de natureza previdenciária contra a degradação monetária, bem como contra a gestão administrativa e a iniciativa legislativa ordinária contrárias à integridade dos benefícios.
Recentemente, o STF decidiu que os índices de reajuste do valor da renda mensal dos benefícios previdenciários nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001 são constitucionais, sendo incabível a aplicação do IGP-DI, como pretendido pelos segurados, nesses períodos. Ao final, reproduzo as transcrições do voto do Relator publicadas no Informativo nº 322. No mesmo sentido, a Turma Nacional de Uniformização Nacional editou a Súmula nº 08: “Os benefícios de prestação continuada, no regime geral da Previdência Social, não serão reajustados com base no IGP-DI nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001”;
g) da previdência complementar facultativa: “admite-se a participação da iniciativa privadana atividade securitária, em complemento ao regime oficial, e em caráter de facultatividade para os segurados”, devendo esta ser regulada por meio de lei complementar (LC nº 109/2001). Antes da EC nº 20/98, o seguro complementar deveria ser mantida pela própria Previdência Social;
h) da indisponibilidade dos direitos dos beneficiários: “são indisponíveis os direitos previdenciários dos beneficiários do regime, não cabendo a renúncia, preservando-se, sempre, o direito adquirido daquele que, tendo implementado as condições previstas em lei para a obtenção do benefício, ainda não o tenha adquirido”. 
Os benefícios não se sujeitam a arresto, seqüestro ou penhora, e só podem sofrer descontos determinados por lei ou por ordem judicial.�
i) comutatividade: para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de Previdência Social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei (CF/88 – art. 201, §9o).
	
Embora a previdência seja estruturada seguindo o princípio da unicidade (regime geral), a própria Constituição reconhece o regime próprio dos servidores públicos. Assim, garante-se ao trabalhador o direito à aposentadoria, ou pensão aos seus dependentes, no caso em que ele contribuiu para diferentes sistemas, independentemente dos conflitos de ordem financeira que as entidades de previdência possam experimentar. Transferiu-se, com isso, o problema do mais fraco, o indivíduo, para os mais fortes, a União, os Estados e os Municípios.
2. Eficácia e interpretação das normas previdenciárias
2.1 Interpretação das normas previdenciárias
A interpretação decorre da análise da norma jurídica que vai ser aplicada aos casos concretos. Várias são as formas de interpretação da norma jurídica:
a) gramatical ou literal (verba legis): consiste em verificar qual o sentido do texto a partir da análise da linguagem empregada;
b) histórica: há necessidade de se analisar a evolução do instituto sobre o qual versa a norma;
c) autêntica: é a realizada pelo próprio órgão que editou a norma, e que irá declarar seu sentido, alcance, conteúdo, por meio de outra norma jurídica. Também é chamada de interpretação legal ou legislativa;
d) sistemática: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com a análise do sistema no qual está inserido, sem se ater a interpretação isolada de uma norma, mas sim ao conjunto;
e) teleológica ou finalística: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim colimado pelo legislador. 
	
No Direito da Seguridade Social, vamos encontrar a aplicação da interpretação mais favorável ao segurado, que muitas vezes é determinada pela própria lei. Na legislação ordinária, principalmente quanto aos benefícios, costuma-se encontrar a expressão "o que for mais vantajoso" para o beneficiário.
Alguns doutrinadores afirmam que o in dubio pro misero carece de cuidado, já que induz a um raciocínio equivocado. Esse preceito determina que, em caso de dúvida, a decisão deve ser a mais favorável ao beneficiário. Somente a dúvida suscita a aplicação desta regra, pois não é lícito ao aplicador do Direito ignorar preceito expresso de lei, aplicando outro mais favorável, com base no referido princípio.
O intérprete deve estar atento aos fundamentos e objetivos do estado Democrático de Direito (arts. 1º e 3º da CF), notadamente a dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais, além do trabalho que foi escolhido como alicerce da Ordem Social (A. Araújo).
2.2 Integração
Integrar significa completar, inteirar. O intérprete fica autorizado a suprir as lacunas existentes na norma jurídica por meio da utilização das técnicas da analogia e da eqüidade, podendo ser utilizados também os princípios gerais de Direito e a doutrina.
A analogia não é um meio de interpretação de norma jurídica, mas de preencher os espaços deixados pelo legislador. Consiste na utilização de uma regra semelhante para a solução do caso em exame. A analogia, assim como os demais métodos integrativos, também sofre outras limitações, como por exemplo, a criação de obrigações. A atual Constituição Brasileira determina “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II, da CF/88) e, por isso, a analogia não pode criar obrigações, como, por exemplo, exigir contribuição social de pessoa não definida em lei como sujeito passivo desta obrigação. 
A eqüidade é a possibilidade de suprir a imperfeição da lei ou de torná-la mais branda de modo a adaptá-la à realidade. Assim, para evitar injustiças na aplicação da norma ao caso concreto, o Juiz deixa de seguir rigorosamente o mandamento legal. A decisão por eqüidade, porém, só poderá ser adotada nas hipóteses autorizadas em lei (art. 127 do CPC).
2.3 Eficácia
A eficácia da norma jurídica deve ser examinada em relação ao tempo e ao espaço: 
a) eficácia da lei no tempo: refere-se à entrada da lei em vigor. Quanto às normas de custeio, o § 6º do artigo 195 da Constituição estabelece que as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social somente poderão ser exigidas após decorridos 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto do art. 150, III, b, da CF (princípio da anterioridade).
No tocante às demais normas de custeio, bem como às relativas às prestações previdenciárias, entram em vigor na data da publicação da lei. Vale lembrar ainda que as normas constitucionais pendentes de regulação por lei complementar ou ordinária não são exigíveis antes da edição desta;
b) eficácia da lei no espaço - a eficácia no espaço diz respeito ao território em que vai ser aplicada a norma. As Leis de Benefício e de Custeio se aplicam no Brasil, tanto para os nacionais como para os estrangeiros aqui residentes, de acordo com as regras determinadas pelo Plano de Custeio e Benefícios e outras especificações atinentes à matéria.
Excepcionalmente, a legislação admite como segurado obrigatório “o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior, ou em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional” (art. 11, I, “c” e “f”, da Lei nº 8.213/91), bem como “o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que ali domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.” (art. 11, I, “e”, da Lei nº 8.213/91)
Importa destacar que o art. 85-A da Lei nº 8.212/91 estabelece que os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei especial. 
Bibliografia
Coimbra, Feijó – Direito Previdenciário Brasileiro – Edições trabalhistas - 9a Edição
Cunha, Luiz Cláudio Flores da – Direito Previdenciário (Vladimir Passos de Freitas – coordenador – Livraria do Advogado - 2a Edição
Rocha, Daniel Machado da – Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social – Livraria do Advogado - 1a Edição
Tavares, Marcelo Leonardo – Direito Previdenciário – Lumen Juris – 2a Edição
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário, 3ª ed. LTr, 2002.
DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Verbo Jurídico. 2004.
Resumo elaborado por Adrianno Sandes.	
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 7ª edição, Ed. Impetus, 2006.
Resumos elaborados para a prova oral do TRF1.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 9. ed. Florianópolis:Conceito Editorial, 2008.
ROCHA, Daniel Machado da e BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios da previdência social. 9. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 14. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012.
DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008.
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 12ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.
SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011. 
SAVARIS, José Antônio. Direito processual previdenciário. 3ª ed. Curitiba: Juruá, 2011.
SERAU JÚNIOR, Marco Aurélio. Desaposentação. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
� Considerar o elenco como direitos fundamentais importa em graves conseqüências jurídicas, como se pode ver no atual debate em torno das diversas modalidades de eficácia das normas constitucionais (simétrica, nulidade, ineficácia, anulabilidade, negativa, proibitiva do retrocesso, interpretativa, sancionadora e outras) e dos custos dos direitos (reserva do possível). (Cf. os excelentes A Eficácia Jurídica dos Princípios Constitucionais, Ana Paula de Barcellos, Renovar, Rio de Janeiro/São Paulo, 2002 e Direito, Escassez e Escolha, Gustavo Amaral, Rio de Janeiro/São Paulo, 2001). 
� Para maior detalhe, consultar o Informativo 579/STF: Fornecimento de Medicamentos e Responsabilidade Solidária dos Entes em Matéria de Saúde – 1
� Os princípios da Seguridade Social se encontram enumerados na Constituição Federal, art. 194, parágrafo único, e nas leis 8.212 e 8.213/91 e serão tratados individualmente nos subtópicos seguintes.
� EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE. CONCESSÃO ANTERIOR À LEI N. 9.032/95. IMPOSSIBILIDADE DE RETROAÇÃO. SÚMULA 359 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO PROVIDO. 1. Em matéria previdenciária, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a lei de regência é a vigente no tempo de concessão do benefício (tempus regit actum). 2. Lei nova (Lei n. 9.032/95 para os beneficiados antes do seu advento e Lei n. 8.213 para aqueles que obtiveram a concessão em data anterior a 1991), que não tenha fixado a retroatividade de seus efeitos para os casos anteriormente aperfeiçoados, submete-se à exigência normativa estabelecida no art. 195, § 5º, da Constituição: "Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total." (RE 484702/AL, Pleno, J. em 09/02/2007).
� Novo Teto Previdenciário e Readequação dos Benefícios - 1
É possível a aplicação imediata do novo teto previdenciário trazido pela EC 20/98 e pela EC 41/2003 aos benefícios pagos com base em limitador anterior, considerados os salários de contribuição utilizados para os cálculos iniciais. (…) Em seguida, enfatizou-se que a situação dos autos seria distinta das hipóteses anteriormente examinadas pela Corte em que assentada a impossibilidade de retroação da lei. Registrou-se que a pretensão diria respeito à aplicação imediata, ou não, do novo teto previdenciário trazido pela EC 20/98, e não sua incidência retroativa. (…) Entendeu-se que não haveria transgressão ao ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, XXXVI) ou ao princípio da irretroatividade das leis. (…) RE 564354/SE, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.9.2010.
� O Estatuto do Idoso, em seu art. 35, § 2º: O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso.

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