Buscar

Direito Civil - Sociedade Simples

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ 
SETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
 
 
BRUNO JUNQUEIRA MEIRELLES MARCOLINI 
DAN SANTIAGO VALENTIM GIROTTO PEREIRA 
DAVID FERREIRA DA SILVA 
GABRIEL VALDOMIRO MIELNICZKI FONSECA 
GABRIEL GARCIA SOARES 
LEONARDO SOARES BRITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
PESSOA JURÍDICA: SOCIEDADE SIMPLES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2018 
 
 
 
 
BRUNO JUNQUEIRA MEIRELLES MARCOLINI 
DAN SANTIAGO VALENTIM GIROTTO PEREIRA 
DAVID FERREIRA DA SILVA 
GABRIEL VALDOMIRO MIELNICZKI FONSECA 
GABRIEL GARCIA SOARES 
LEONARDO SOARES BRITO 
 
 
 
 
 
 
 
PESSOA JURÍDICA: SOCIEDADE SIMPLES 
 
 
Tese apresentada ao curso de Graduação 
em Direito, Setor de Ciências Jurídicas, 
Universidade Federal Do Paraná, como requisito 
parcial à obtenção de nota escolar referente ao 2° 
bimestre. 
 
Docente: Luciana Pedroso Xavier 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2018
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4 
2. DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 5 
 2.1 UMA BREVE RETOMADA HISTÓRICA ................................................... 5 
2.2 CONCEITUAÇÃO PROBLEMÁTICA ........................................................ 7 
2.3 REGIME JURÍDICO DA SOCIEDADE SIMPLES: CARACTERÍSTICAS ... 9 
2.4 RESPOSTAS ÀS QUESTÔES RELATIVAS A SOCIEDADE SIMPLES .... 10 
3. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 15 
4. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 16
4 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O intuito central do trabalho consiste em esclarecer formalmente e 
materialmente o que é a pessoa jurídica de direito privado intitulada como "sociedade 
simples". Para esse fim, há de se percorrer um caminho histórico-teórico árduo e 
denso; contudo, as aparentes dificuldades nos fornecem ao fim do trabalho respostas 
bem elaboradas e bastante atentas ao dinamismo do direito. No decorrer da redação, 
fatos históricos e consequências econômicas serão levantadas para o melhor 
entendimento do conceito de sociedade simples, uma vez que é de observância do 
grupo a noção de que o contexto socioeconômico de uma época diz muito a respeito 
do direito dessa mesma época. 
O Prof. Dr. Alfredo de Assis Gonçalves Neto, docente do Setor de Ciências 
Jurídicas na Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi escolhido como o autor base 
para a elaboração do trabalho. Não obstante, as aulas proferidas pela Prof. Dra. 
Luciana Xavier serviram de alicerce básico para a formulação do texto. 
5 
 
 
 
2 SOCIEDADE SIMPLES 
 
2.1 UMA BREVE RETOMADA HISTÓRICA 
 
Antes de analisarmos substancialmente o conceito e as características da 
chamada sociedade simples no ordenamento jurídico brasileiro e na doutrina 
dominante, cabe retomarmos de maneira sucinta a evolução histórica do conceito de 
sociedade e, especialmente, de sua variável que constitui o cerne do trabalho, a 
sociedade simples. 
Lato Sensu, podemos entender sociedade de diversas perspectivas; na 
biologia, sociedade designa uma relação harmônica onde os seres, como formigas, 
vivem juntas e com divisão de trabalho em seu habitat; na sociologia, o termo se refere 
a um conjunto de pessoas que formam um todo maior do que as partes, possuindo 
entre elas laços e dependências, as quais, por exemplo, Durkheim chamará de 
solidariedade; por fim, no senso comum, sociedade pode ser entendido como pessoas 
que convivem juntas. Nenhuma dessas definições é cabível para delimitarmos 
juridicamente o conceito de sociedade. 
Assim, stricto sensu, o conceito de sociedade para o direito tem, antes de 
tudo, raízes históricas. Voltemos, de início, as Corporações de Ofício surgida na Baixa 
Idade Média. A necessidade de possuir um símbolo distintivo que conotasse ao 
trabalho em conjunto que a Corporação realizava foi essencial para a formulação do 
conceito de sociedade livre; posteriormente, com o desenvolvimento do capitalismo 
mercantil no Estado Absolutista, em que o Soberano monopolizava o comércio 
colonial para a crescente burguesia, concebeu-se as chamadas companhias, como 
a famosa Companhia Holandesa das Índias Orientais, importante no contexto de Ciclo 
da Cana no Brasil Colonial. 
Segundo Alfredo de Assis (2004), o excesso de burocracia, o alto custo para 
se abrir uma companhia e a exigência de aval estatal fez com que surgisse as 
sociedades de responsabilidade limitada; dessa forma, no século XX, já podemos 
enxergar no Código Civil de 1916 a delimitação de dois tipos de sociedade que 
ganharam status de pessoas jurídicas: a sociedade civil, em que se prevalece a 
relação pessoal em detrimento da relação do capital, voltada para os atos civis e a 
sociedade comercial, em que se prevalece a relação do capital em detrimento da 
6 
 
 
 
relação pessoal dos membros da sociedade, se aproximando do conceito anterior de 
companhias. 
Com o advento do Código Civil de 2002, os conceitos de sociedade que já 
estavam enraizados em nossa cultura jurídica, isto é, a sociedade civil e a sociedade 
comercial foram extintos, sendo substituídos, respectivamente, pelos termos 
sociedade simples e sociedade empresarial. Nota-se que, segundo Rubia Carneiro 
Neves (2004), a mudança dos termos não foi somente terminológica, mas também 
conceitual em muitos aspectos; entretanto, para fins de estudos relacionados somente 
ao Código Civil de 2002 e as caraterísticas das duas sociedades, podemos utilizar os 
novos termos como sinônimos dos anteriores, mantidas as devidas ressalvas e 
proporções. 
Foquemos agora no surgimento e desenvolvimento histórico do conceito de 
sociedade simples. O primeiro ordenamento que utilizou o termo foi o Código Federal 
Suíço das Obrigações, de 14 de junho de 1881. O motivo da existência da sociedade 
simples, para os legisladores suíços, era a necessidade de formular um conceito 
genérico, primário, inicial de união contratual de duas ou mais parte na qual outros 
tipos de sociedades poderiam brotar; assim, as novas sociedades poderiam observar 
as regras da sociedade simples caso ainda não houvesse uma legislação especial 
regulando suas atividades. Com a mesma pretensão do Código Federal Suíço, o 
Código Civil Italiano de 1942, sob a influência da ideologia fascista (já que Mussolini 
se encontrava na figura de ditador do país) recepcionou a ideia de sociedade simples. 
Segundo Rubia Carneiro, há um contexto jurídico maior para a formulação da 
sociedade simples que também foi sentido em âmbito endêmico: 
 
Pode-se dizer, portanto, que a sociedade simples surgiu como uma 
necessidade provocada pelos processos de unificação do direito privado 
tanto no sistema legal suíço quanto no italiano. [...] No Brasil, semelhante 
processo de unificação foi pretendido, primeiro com o Projeto de Código de 
Obrigações de 1965, e depois com o Projeto de Código Civil de 1975 que 
após ser emendado e reformado diversas vezes, transformou-se na Lei n° 
10.406 [...] que trouxe dentre outras inovações, a unificação do Direito Civil e 
do Direito Comercial num único código. (RODRIGUES, 2004, p.169). 
 
Por conseguinte, a sociedade simples pode ser entendida muita mais pela sua 
evolução histórica, ou seja, a evolução do capitalismo na Europa refletido no 
capitalismo nacional do que uma formulação filosófica e jurídica de cunho estritamente 
técnico. 
7 
 
 
 
2.2 CONCEITUAÇÃOPROBLEMÁTICA 
 
No nosso ordenamento jurídico, as sociedades podem ser definidas como o 
contrato entre duas ou mais pessoas que, em conjunto, detém a responsabilidade de 
contribuir para o exercício de uma atividade econômica. Posteriormente, a renda 
gerada por essa atividade econômica será repartida entre os membros em 
consonância com o contrato previamente firmado. Assim, a ideia de contrato, 
pluralidade de sócios e fim lucrativos são as bases para entendermos a existência 
das sociedades como pessoas jurídicas 
Segundo Francisco Amaral (2017), as Sociedades são pessoas jurídicas (tal 
como reverberado no Art. 44 do Código Civil de 2002) que visam especialmente o 
objetivo lucrativo dentre as três ideias expostas anteriormente; por outra forma, o fim 
de suas atividades se pauta na reprodução sistêmica do modo de produção 
capitalista via obtenção do lucro que, por sua vez, será reinvestido na produção e -
no contexto de financeirização da economia mundial após a Crise de 1973- cada vez 
mais no mercado de ações. Diferentemente das associações, que são pessoas 
jurídicas que não visam o objetivo lucrativo, as sociedades necessitam de um 
patrimônio mínimo para serem criadas e, assim, gerarem lucros. 
A problemática da conceituação de Sociedade Simples começa na própria 
exposição do termo no Código Civil em seu artigo 982: 
 
Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem 
por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro 
(art. 967) e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu 
objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a 
cooperativa." (Código Civil, 2002, Art. 982). 
 
De maneira formal, a distinção entre sociedade empresarial e a sociedade 
simples nos é apresentada como sendo a primeira titular do exercício de uma atividade 
empresarial e sujeita ao sistema de registro que a criou e a segunda como possuidora 
de um objeto diferente da primeira. 
Como aponta Alfredo de Assis Gonçalves (2004), essa definição é dificultosa 
na medida que o Código Civil de 2002 não traz a essência da distinção entre os 
dois tipos de sociedade, a não ser uma definição tautológica que carece de 
aprofundamento. Evidentemente, há de se tomar consciência que a proposta da 
sociedade simples no nosso ordenamento é a mesma que a vista no ordenamento 
8 
 
 
 
italiano e no ordenamento suíço: a construção de um conceito genérico para servir de 
base a outros tipos de sociedade; dessa forma, parece natural que haja aproximação 
entre o conceito de sociedade simples e sociedade empresarial, como afirma Assis 
Gonçalves: 
 
Pelo sistema adotado, a sociedade simples, enquanto sociedade modelo, 
supre as lacunas das sociedades empresárias [...]. Uma observação atenta 
das disposições do Código de 2002 mostra, de fato, que a disciplina de toda 
matéria societária é praticamente idêntica, pois, se a sociedade simples é a 
plataforma de sustentação das outras sociedades, contendo normas gerais a 
elas aplicáveis, também aquelas se aplicam as disposições do Direito de 
Empresa, relativa às sociedades empresárias. (NETO, 2004, p. 110). 
 
Contudo, a natural aproximação se desmancha e retoma a dificuldade de uma 
definição exata quando relembramos que a sociedade simples do Código Civil de 
2002 também tinha a missão de substituiu a tradicional sociedade civil do Código Civil 
de 1916; assim, a primeira deveria apropriar a definição da segunda, e não servir 
somente como base epistemológica para a conceitualização de sociedade 
empresarial. Rubia Carneiro, citando outro jurista, aponta a falha legislativa na mistura 
de conceitos: 
 
Como adapto dessa crítica, cita-se o Professor Rubens Requião, que 
fundamenta sua posição contra a introdução das sociedades simples no 
direito brasileiro com o argumento de que não há quaisquer raízes na tradição 
jurídica de nosso País, quanto a esse tipo societário. Segundo ele, "seria mais 
conveniente que o Anteprojeto de Código Civil estabelecesse, como no 
regimento de 1916, os princípios gerais que presidem as sociedades." 
(RODRIGUES, 2004, p. 173). 
 
A luz da doutrina mais atual e dos artigos 982 e 966 do código civil, podemos 
encobrir a problemática e conceituar a sociedade simples como uma pessoa jurídica 
que visa o lucro, mas não pelo exercício de atividade empresarial definida como uma 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços, mas sim pelo "exercício de profissão intelectual, de natureza cientifica, 
literária ou artística, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa” (Código Civil, 2002, art. 966, parágrafo único). Ademais, o tamanho da 
sociedade (pequena proporção da sociedade simples e grande proporção da 
sociedade empresarial) pode diferenciar e especificar a sociedade simples, bem como 
9 
 
 
 
o nível de diferenciação de funções, uma vez que a sociedade simples tende a ter 
menos complexificação em relação à sociedade empresarial. 
 
2.3 REGIME JURÍDICO DA SOCIEDADE SIMPLES: CARACTERÍSTICAS 
 
Visto a conceituação problemática de sociedade simples, podemos elencar as 
características desse tipo de corporação que, em larga medida, nos ajudarão a 
responder as perguntas do trabalho. 
A sociedade simples tem como pré-requisito para ser constituída o mínimo 
de duas pessoas; essas, por meio de um contrato escrito, escolhem uma forma 
particular e uma forma pública. Dessa maneira, os futuros sócios devem registrar a 
sociedade simples no Cartório de Registro civil das Pessoas Jurídicas da sua 
sede, tendo como tempo máximo trinta dias após a celebração do contrato 
autenticado (esse deve estar acompanhado do instrumento de procuração caso 
algum sócio esteja representado e, soma-se a isso, a prova de autorização da 
autoridade competente). 
O contrato em si, como afirma Francisco do Amaral (2017), possui normas 
do tipo dispositiva, isto é, que podem ser alteradas, sendo que o art. 999 do 
Código Civil estabelece que é necessário a deliberação unânime para modificar 
as supra comentadas cláusulas contratuais e no caso de outras cláusulas 
necessita-se somente de maioria absoluta. O contrato deve ser redigido seguindo 
as cláusulas prevista no artigo 997 do Código Civil; entretanto, existe uma certa 
liberdade para que os contratantes estabelecem outras cláusulas caso achem 
pertinente. 
Acerca da responsabilidade dos sócios, esses estão, doravante à duração do 
contrato, obrigados a serem leais e colaborarem com o desenvolvimento da 
sociedade. Caso o sócio não integralize suas quotas em 30 dias a contar da 
notificação de cobrança da sociedade, esse poderá ser excluído do quadro 
societário ou ter suas quotas reduzidas ao montante já realizado, como proclama o 
caput do artigo 1.004 do Código Civil. Os outros casos de exclusão de sócios se dará 
mediante a iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento 
de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente, como reverbera o 
artigo 1.030. 
10 
 
 
 
Por fim, a respeito da dissolução da sociedade simples, Rubia Carneiro Neves 
elenca as possiblidades do ato: 
 
São casos de dissolução da sociedade simples, o vencimento do prazo de 
duração, o consenso unânime dos sócios, a deliberação dos sócios, que em 
maioria absoluta decidirem dissolver a sociedade de prazo determinado, a 
uni-pessoalidade, se o mínimo de 2 sócios não for reconstituído no prazo de 
180 dias e a extinção da autorização para funcionar, quando for o caso. 
(RODRIGUES, 2004, p. 184). 
 
2.4 RESPOSTAS ÀS QUESTÔES RELATIVAS A SOCIEDADE SIMPLES 
 
Nesse tópico, as respostas estão sintetizadas e sistematizadas;contudo, a 
base maior delas está contida ao longo do trabalho que, dessa forma, pode ser 
considerado como fonte subjacente. 
 
I. No que consiste o princípio da autonomia das pessoas jurídicas? 
 
Em sentido amplo, como as pessoas jurídicas são formadas à semelhança 
das pessoas naturais, o princípio da autonomia consiste no fato de uma pessoa 
jurídica, por ser sujeito de direito, poder participar das relações jurídicas sendo 
titular de direitos e deveres. 
Agora, em sentido restrito, o princípio da autonomia Patrimonial e de 
Personalidade das pessoas jurídicas consiste na ideia de que a pessoa jurídica 
tem um patrimônio próprio e independente de seus membros, bem como 
personalidade distinta em relação a esses mesmos membros. Dessa forma, o 
princípio da autonomia das pessoas jurídicas é um dos principais fatores para 
que um grupo de pessoal físicas registrem uma pessoa jurídica, uma vez que os 
riscos do negócio para essas diminuem. 
 
II. Como se constitui a pessoa jurídica e quais os pressupostos para sua 
existência legal? 
 
Segundo Francisco Amaral (2017), a pessoa jurídica se constitui a partir do 
processo de personificação de um grupo de pessoas (que se tornarão associações e 
sociedades) ou de um conjunto de bens (que, por sua vez, se tornarão fundações). 
11 
 
 
 
 O processo de personificação possui quatro vertentes teóricas: a da ficção, a 
orgânica, a da realidade técnica e a da instituição. 
Já em relação aos pressupostos para a existência legal da pessoa jurídica, 
isto é, os pressupostos que o direito posto exige, estão contidos no artigo 45 do Código 
Civil : 
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a 
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando 
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se 
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. (Código 
Civil, 2002, Art. 45). 
 
e também, com um entendimento mais doutrinário, na noção de que a pessoa jurídica 
só existe pela necessidade de pessoas naturais combinarem forças e recurso com 
intuito de realizar um objetivo que sozinhas não conseguiriam. 
 
III. Onde ocorre o registro de seu ato constitutivo? 
 
O registro do ato constitutivo no caso das sociedades simples acontece no
 Cartório de Registro civil das Pessoas Jurídicas da sua sede, tendo como 
tempo máximo trinta dias após a celebração do contrato autenticado (esse deve estar 
acompanhado do instrumento de procuração caso algum sócio esteja representado e, 
soma-se a isso, a prova de autorização da autoridade competente). 
 
IV. Quais as consequências do registro de seu ato constitutivo? 
 
No momento em que a pessoa jurídica é registrada, começa sua 
personalidade jurídica; nos dizeres de Francisco Amaral (2017), podemos elencar 
6 grandes consequências; primeiro, forma-se um novo centro de direitos e deveres; 
segundo, esse novo centro tem interesses, direitos e deveres distintos das pessoas 
que dele participam; terceiro, o destino econômico e jurídico do novo centro é 
totalmente diverso do de em seus membros; quarto, a autonomia patrimonial da 
pessoa jurídica é completa em face de seus membros; quinto, a responsabilidade civil 
da pessoa jurídica é independente da das pessoas que a formam; sexto, a pessoa 
jurídica não tem responsabilidade penal. 
 
V. Ela é um conjunto de pessoas ou de bens? Explique. 
12 
 
 
 
 
A Sociedade Simples pode ser definida como um conjunto de pessoas, assim 
como as associações. Contudo, enquanto as associações não visam objetivos de 
natureza lucrativa, a Sociedade Simples tem como fim a atividade econômica, isto é, 
a obtenção de lucros. 
Em face do direito posto, o artigo 981 do Código Civil reverbera tal concepção: 
"Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a 
contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, 
entre si, dos resultados." (Código Civil, 2002, Art. 981). 
 
VI. Quais as suas principais características? 
 
Do ponto de vista estrutural, as características da Sociedade Simples se 
encontram exaustivamente expostas no ponto 2.2 "Sociedade Simples: Conceituação 
problemática" e no ponto 2.3 "Sociedade Simples: Características" desse trabalho 
acadêmico. 
De maneira sintética, podemos definir formalmente as sociedades simples 
como o contrato entre duas ou mais pessoas que, em conjunto, detém a 
responsabilidade de contribuir para o exercício de uma atividade econômica que vise 
o lucro; dessa forma, são aquelas que têm por objeto o exercício de atividade própria 
de cunho não empresarial. Segundo o Código Civil, tais atividades próprias são 
"exercício de profissão intelectual, de natureza cientifica, literária ou artística, 
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa” (Código Civil, 
2002, art. 966, parágrafo único). Ademais, como dito anteriormente, o tamanho da 
sociedade (pequena proporção da sociedade simples e grande proporção da 
sociedade empresarial) é uma das características da sociedade simples, bem como o 
nível de diferenciação de funções, uma vez que a sociedade simples tende a ter 
menos complexificação funcional em relação à sociedade empresarial. 
 
 
VII. É possível incluir ou excluir sócios a bel prazer? 
 
13 
 
 
 
Não é possível incluir ou excluir sócios a bel prazer, pois há prescrições dos 
casos em que se pode excluir sócios no Código Civil; a primeira reside na caso em 
que o sócio não integraliza suas quotas em 30 dias a contar da notificação de 
cobrança da sociedade, podendo esse ser excluído do quadro societário ou ter suas 
quotas reduzidas ao montante já realizado, como proclama o caput do artigo 1.004 do 
Código Civil. Ademais, sócios também poderá ser excluído mediante a iniciativa da 
maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, 
ainda, por incapacidade superveniente, como reverbera o artigo 1.030 do Código Civil. 
 
XI. No caso de formação de uma sociedade simples limitada, explique se esta 
deverá ser registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas ou no Registro 
Público de Empresas Mercantis. 
 
A sociedade simples limitada deverá ser registrada no Cartório de Registro 
civil das Pessoas Jurídicas da sua sede, uma vez que segundo o Art. 983: 
 
A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados 
nos Art. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de 
conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às 
normas que lhe são próprias. (Código Civil, 2002, Art. 983). 
 
dessa forma, mesmo que a sociedade simples adote um tipo de sociedade 
empresarial, como a limitada, ela continuará sendo registrada no Cartório Civil. 
 
XII. Quais são as principais características que diferem as sociedades 
cooperativas das demais sociedades, destacando sua importância social. 
 
No atual Código Civil, as sociedades cooperativas são um tipo de sociedade 
simples; segundo Assis Gonçalves (2004), essa se distingue devido a um traço 
peculiar: é uma sociedade que não tem como fim o lucro, mesmo sendo uma 
sociedade simples, uma vez que a filiação de sócios se dá pela possibilidade de 
utilizar-se dos serviços da sociedade para melhorar de vida. Além disso, as regras do 
artigo 983 não se aplicam às cooperativas e essas são registradas nas Juntas 
Comerciais mesmo sendo sociedades simples. 
14 
 
 
 
 Dessa forma, a sociedade cooperativa não possui interesse social próprio, 
sendo a sua importância social, isto é, comunitária. 
15 
 
 
 
3 CONCLUSÃO 
 
A sociedade simples é uma revoluçãoao mesmo tempo que é uma 
continuidade; com a entrada do conceito no Código Civil de 2002, tentou-se formular 
uma base germinadora do conceito de sociedade ao mesmo tempo que também 
houve um esforço para que a sociedade simples tomasse o lugar da extinta sociedade 
civil. A mistura de conceitos ofuscou e tumultuou o objetivo da sociedade simples. 
Contudo, devido a alguns artigos do código civil, da ação doutrinária e da 
jurisprudência, como dito anteriormente, os juristas brasileiros conseguiram 
conceituar e firmar o lugar da sociedade simples como uma pessoa jurídica de 
natureza privada no ordenamento jurídico nacional.
16 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
RODRIGUES, Frederico Viana. Direito de Empresa no Novo Código Civil – Rio de 
Janeiro: Editora Forense, 2004. 
 
NETO, Alfredo de Assis Gonçalves. Lições de Direito Societário – São Paulo: 
Editora Juarez de Oliveira, 2004. 
 
AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução – São Paulo: Saraiva, 9ª Edição, 2017.

Continue navegando