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RESUMO TEP II

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RESUMO TEP II
TEP II- Descrição geral
 
O TAT é considerado um teste projetivo que consiste em apresentar uma série de pranchas, selecionadas pelo examinador ao sujeito, e este deverá contar uma história sobre cada uma das pranchas.
 As histórias obtidas com frequência revelam componentes importantes da personalidade, a atitude do sujeito frente a diversas situações, bem como suas necessidades, temores, desejos, dificuldades, permitindo, assim, o acesso a sua personalidade, segundo a teoria de Murray.
Informações gerais
Composto por:
01 Manual
30 pranchas impressas em cartão bristol e 1 cartão em branco
Público Alvo: pode ser aplicado em pessoas com idades entre 14 e 40 anos.
Aplicação: Individual
 Série completa (20 pranchas)
 Série resumida (10 pranchas) 
Tipos de pranchas
O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem situações humanas clássicas. Segundo as instruções originais, a cada sujeito devem ser aplicados 20 estímulos, perfazendo o total de vinte histórias. O grau de realismo é variável, sendo as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas. Cada prancha apresenta impressos no verso, apenas um número ou um número seguido de uma ou mais letras. O número indica a ordem em que o estímulo deve ser apresentado, na série, e as letras referem-se ao gênero e/ou idade aos qual o estímulo se destina. 
As pranchas, impressas em branco e preto, representam situações de trabalho, relações familiares, perigo, medo, atitudes sexuais e agressão, e uma prancha em branco que permite associações mais livres. 
O uso de figuras nas pranchas tem por objetivo facilitar a produção do sujeito, que tem que encarar determinadas situações típicas que nos interessa que sejam exploradas e permite padronizar a interpretação. 
Aplicação:
Rapport – É a técnica de criar uma ligação de empatia com a outra pessoa, proporcionar um clima agradável;
 Ambiente – Consultório limpo, com temperatura favorável, sem ruídos e sem estímulos desfavoráveis e etc.
Instruções e Inquérito.
Inquérito- Consiste em perguntas feitas pelo psicólogo, após o término do discurso espontâneo do sujeito em cada prancha. 
Tem como objetivo de completar a história ou elucidar algum aspecto que não tenha ficado claro. 
 “Eu tenho aqui algumas pranchas que vou lhe mostrar. 
Quero que você faça uma história para cada uma delas. 
Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. 
Fale o que as pessoas estão sentindo e pensando e como termina a história. 
Você pode fazer o tipo de história que quiser. 
Compreendeu? Bem, então aqui está a primeira prancha. Faça o melhor que puder”. 
A prancha 16 é dada com uma instrução especial: 
“Veja o que você pode ver nesta prancha em branco, o psicólogo deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma coisa”. Depois que o sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou, o psicólogo deve dizer: “Agora me conte uma história sobre isso”.
Conceito de projeção
* Métodos projetivos: expressão inaugurada por L. K. Frank em 1939 em um artigo para explicar a semelhança de 3 provas psicológicas sobre a personalidade, a saber:
1) Teste de associação de palavras de C. G. Jung (1904);
2) Psicodiagnóstico de Rorschach (1920) e
3) T.A.T. (Thematic apperception test) de Muray (1935).
Métodos e técnicas projetivas
 Associações produzidas/respostas dadas pelo examinando são livres, porém determinadas pela personalidade e seu funcionamento; 
 Toda produção projetiva é o produto de uma síntese pessoal; 
 Os testes projetivos favorecem a descarga sobre o material do teste de tudo aquilo que ele recusa ser, pois o vivencia como mau ou como ponto vulnerável.
Influências para a Psicologia projetiva
Duas correntes influenciaram a Psicologia Projetiva e, conseqüentemente, os métodos projetivos: 
1) Gestalt: os métodos projetivos procuravam descobrir as formas e as leis perceptivas e intelectuais humanas a partir da apresentação de figuras ambíguas. Entretanto, a Psicologia Projetiva amplia a Psicologia da Forma, interessando-se pelas relações do homem com os outros, ao mesmo tempo que pelas relações do homem com seu mundo vivenciado já que os métodos projetivos constituíram-se como uma forma de abordar a personalidade e não a percepção.
2) Psicanálise: ocorre nos métodos projetivos um processo muito próximo as associações livres em um processo de análise. As respostas dadas pelo examinando são determinadas pela organização individual da personalidade, ou seja, por sua história de vida, pela dinâmica da personalidade, por suas tendências e conflitos.
Etimologia
Etimologicamente a palavra projeção possui três sentidos:
1º) que denota ação física de projetar, arremessar, lançar para o exterior → Relação com o conceito de paranóia descrito por Sigmund Freud na aula anterior; 
2º) matemático, originário da Geometria projetiva = noção de propriedade projetiva (as propriedades projetivas de uma figura são conservadas em qualquer projeção plana da mesma figura) → possui relação estreita com a noção de projeção utilizado pela Neurologia;
3º) origem na Ótica, propriamente na noção de projeção luminosa → transposição para a Psicofisiologia → também adotado por Sigmund Freud quanto a projeção dos estados afetivos interiores no mundo exterior. “ (...) atravessando o interior da personalidade, fixa a imagem do seu núcleo secreto sobre um revelador (aplicação do teste), permitindo depois sua leitura fácil, por meio da ampliação ou projeção ampliadora em uma tela (interpretação do protocolo).”
Conceito de projeção
 Como esses três sentidos participam dos métodos, técnicas e testes projetivos? 
1º) A descarga de impulsos e emoções delimita o nível onde opera o teste projetivo; 
2º) Fundamenta o rigor científico das técnicas projetivas pois o material apresentado para o sujeito funciona como um anteparo no qual o sujeito, pela regra de projeção oblíqua, dará respostas correspondentes a sua personalidade; 
3º) As técnicas funcionam como um veículo/meio condutor do conteúdo latente da personalidade para o meio externo, manifesto.
Projeção segundo Freud
 1896 – Mecanismos de defesa da Paranóia 
Repressão do conflito/ sentimento reprimido, suscitando um mecanismo de defesa o qual consiste em uma desconfiança em relação à outra pessoa. 
 Há projeção daquilo que não se quer ser! A projeção neste caso é a expulsão de um desejo intolerável e sua rejeição para fora da pessoa. 
a) “Eu (um homem) o amo (ele, um homem)” 
b) “Eu não o amo, eu o odeio” 
c) “Eu o odeio” torna-se “Ele me odeia (ou me persegue), o que justifica o ódio que eu sinto por ele
1901 - Ampliação do conceito de projeção: 
Desconhecimento por parte do sujeito de desejos e emoções não aceitos por ele como seus, dos quais é parcialmente inconsciente e cuja existência atribui a realidade externa. 
 PROJEÇÃO → DESLOCAMENTO: a projeção conserva o conteúdo do sentimento inconsciente, deslocando/separando o objeto do sentimento.
Ex: Crenças no acaso e superstição
Métodos e técnicas projetivas
 Métodos projetivos são técnicas utilizadas para investigação global da personalidade e de sua da dinâmica; 
 Aborda-se a personalidade como uma estrutura em evolução, cujos elementos constitutivos estão em relação; 
 Nas técnicas projetivas apresenta-se um material ambíguo (figuras, manchas, ilusões óticogeométricas) para o sujeito;
Características dos testes projetivos
 Liberdade de expressão nas respostas: “associação livre” da psicanálise; 
 Tempo maior de aplicação; 
 Material ambíguo, vago, manchas, figuras, instruções mais livres; 
 Inquérito no final da aplicação para conhecimento da dinâmica psíquica.
Tipos de Projeção
 Projeção especular: características particulares ou desejadas projetadas em outra pessoa (indistinção primitiva da imagem de si e do outro).
 Projeção catártica: características que pretende não ter e que recusa considerar comosua e das quais se livra por catarse, deslocando-as para outra pessoa.
 Projeção complementar: características, sentimentos e atitudes atribuídos a outra pessoa para justificar os seus.
Categorias de respostas dos testes projetivos
 Integradas - (predomínio da forma pelo conteúdo): a imagem, a sensação, o humor permanecem controlados pelo afeto.
 Desintegradas - (predomínio do conteúdo): liberação de impulsos, emoções, representação fantasmática.
Categorias de tarefas nos testes projetivos
 Temáticos: de ordem sintagmática (mensagem/ conteúdo) 
Em função da combinação e organização da mensagem. Ex.: T.A.T., relatos verbais.
 Estruturais: de ordem paradgmática (código / forma) 
Em função da seleção e da substituição por semelhança em um do recurso de repertório. Ex.: psicodiagnóstico de Rorschach, Zulliger.
Desenvolvimentos do Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E)
INTRODUÇÃO
O Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E) é uma técnica de investigação da personalidade que emprega, basicamente, desenhos livres associados a estórias*, no contexto do diagnóstico psicológico. 
Foi introduzido por Walter Trinca, em 1972 
Exploração da dinâmica inconsciente da personalidade;
Exploração inconsciente de tipo vertical e focal;
Relacionada especialmente às queixas e outras angústias emergentes em dada situação. 
O exame psicológico, ocupava-se, na clínica psicológica, prioritariamente com a horizontalidade e a extensão da personalidade em seus múltiplos aspectos. 
Predominância do uso de testes objetivos, a modelos médicos e psicométricos.
O Procedimento de Desenhos-Estórias, juntamente com outras técnicas de investigação psicanaliticamente fundamentadas, como a Hora de Jogo Diagnóstica (Aberastury, 1982) e o Jogo de Rabiscos (Winnicott, 1984), ajudou a consolidar uma nova maneira de se conceber e realizar o diagnóstico psicológico. Importante, acreditamos, é sublinhar que 
O D-E veio se inseri no processo diagnóstico de tipo compreensivo
 Trinca trouxe uma abordagem clínica renovadora e uma visão humanística integradora dos propósitos do diagnóstico psicológico. 
Não somente a psicanálise, como também a psicologia fenomenológico-existencial, a psicologia da Gestalt, o behaviorismo, os estudos sobre a dinâmica familiar, a análise dos processos de desenvolvimento da criança e outras áreas da psicologia lançaram luz sobre o foco da problemática humana que foi incorporada no diagnóstico compreensivo. 
NATUREZA E CARACTERÍSTICAS
O Procedimento de Desenhos-Estórias é:
Técnica de investigação da personalidade;
No contexto do diagnóstico psicológico;
Meio auxiliar de ampliação do conhecimento da personalidade;
Em situações clínicas ou não-clínicas. 
OBJETIVO
Tem por base, como afirmamos, a combinação do emprego de desenhos livres com o recurso de contar estórias. 
O examinando realiza uma série de desenhos livres, associados às estórias que eles contam, também de modo livre. 
D-E já foi referido como uma técnica de desenhos livres que servem como estímulos de apercepção temática.
Instrumento com características próprias, que se vale de processos expressivo-motores e aperceptivo-dinâmicos. 
Os desenhos livres servem para eliciar as estórias, mas o resultado desse par se compõe em um todo uno e indiviso. 
Além disso, a integridade do conjunto exige a utilização de “inquéritos” e títulos para as unidades gráficoverbais. 
O examinando realiza um primeiro desenho livre e, a partir deste, inventa uma estória. 
Responde, em seguida, às perguntas do examinador e dá um título à produção. 
A unidade gráfico-verbal é normalmente repetida, na mesma seqüência, por cinco vezes. Tal reiteração seqüencial não resulta em unidades isoladas, mas em uma comunicação contínua, que serve aos propósitos da constituição de um todo, denominado Procedimento de Desenhos Estórias.
Trata-se de uma técnica que deixa o examinando livre para se comunicar; 
As informações advindas do emprego do Procedimento são habitualmente reunidas a outras para a composição da compreensão clínica. 
Em particular, o uso conjugado do D-E com as entrevistas clínicas vem propiciar a obtenção de informações focais e nodais dentro do setting do diagnóstico psicológico. 
O D-E:
Técnica de investigação que não se restringe às noções habituais e particulares que temos a respeito dos testes psicológicos. 
Estes, geralmente, se prendem a questões fundamentais de fidedignidade, sensibilidade e padronização, que não são igualmente consideradas no D-E. 
Não o são justamente por ser ele uma técnica de exploração livre e ampla, e por visar a uma compreensão da dinâmica psíquica profunda. 
Podemos sintetizar, dizendo que o Procedimento de Desenhos-Estórias tem como características principais:
 
1) Associações livres por parte do examinando; 
2) Atingir aspectos inconscientes da personalidade; 
3) O emprego de meios indiretos de expressão;
4) Participação em recursos de investigação próprios das técnicas projetivas;
5) Possibilidades da observação livre; 
6) Extensão dos processos da entrevista semi-estruturada e não-estruturada.
TÉCNICA DE APLICAÇÃO
A administração do Procedimento é individual
Por profissionais devidamente qualificados.
Folhas de papel em branco de tamanho ofício, 
Lápis preto e uma caixa de lápis de cor. 
O sujeito é colocado sentado, trabalhando em uma mesa, e o examinador senta-se à sua frente. 
É dada a tarefa após verificação de bom rapport entre examinando e aplicador.
Espalham-se os lápis sobre a mesa, ficando o lápis preto (ponta de grafite) localizado ao acaso dentre os demais.
Coloca-se uma folha de papel na posição horizontal, com o lado maior próximo do sujeito. 
Não se menciona a possibilidade de este alterar essa posição, nem se enfatiza a importância do fato. Solicita-se ao examinando que faça um desenho livre: 
“Você tem essa folha em branco e pode fazer o desenho que quiser, como quiser”. Aguarda-se a conclusão do primeiro desenho. Quando estiver concluído, não é retirado da frente do sujeito. 
O examinador solicita, então, que ele conte uma estória associada ao desenho: “Você, agora, olhando o desenho, pode inventar uma estória, dizendo o que acontece”. 
Na eventualidade de o examinando demonstrar dificuldades de associação e de elaboração da estória, pode-se introduzir recursos auxiliares, dizendo-lhe, por exemplo: “Você pode começar falando a respeito do desenho que fez”. 
Concluída, no primeiro desenho, a fase de contar estórias, passa-se ao “inquérito”. 
Neste, podem-se solicitar quaisquer esclarecimentos necessários à compreensão e interpretação do material, produzido tanto no desenho quanto na estória. 
O “inquérito” tem, também, o propósito de obtenção de novas associações. 
Ainda com o desenho diante do sujeito, pede-se o título da estória. 
Chegando a esse ponto, retira-se o desenho da vista do examinando. 
Com isso, temos concluída a primeira unidade de produção, composta de desenho livre, estória, “inquérito”, título e demais elementos relatados. 
O examinador tomará nota detalhada da estória, da verbalização do sujeito enquanto desenha, da ordem de realização, dos recursos auxiliares empregados, das perguntas e respostas da fase de “inquérito”, do título, bem como de todas as reações expressivas, verbalizações paralelas e outros comportamentos observados durante a aplicação. 
Pretende-se conseguir uma série de cinco unidades de produção. 
Assim, concluída a primeira unidade, repetem-se os mesmos procedimentos para as demais. Na eventualidade de não se obterem cinco unidades em uma única sessão de 60 minutos, é recomendável combinar o retorno do sujeito a nova sessão de aplicação. Não se alcançando o número de unidades igual a cinco, ainda que utilizado o tempo de duas sessões, será considerado e avaliado o material que nelas o examinando produziu. Se as associações verbais forem pobres, convém reaplicar o processo, a partirda fase de contar estórias. 
Não é aconselhável o uso de borracha. Para outros esclarecimentos quanto à aplicação, vide Trinca, W. (1976). 
O D-E foi introduzido como técnica de avaliação psicológica individual. 
Alguns estudos atuais, contudo, consideram a possibilidade de ser aplicado coletivamente (Aiello-Vaisberg, 1997; Gavião & Pinto, 1999). 
Originalmente, foi apresentado para sujeitos de ambos os sexos, de cinco a 15 anos de idade. 
Hoje, esse uso se estendeu a crianças de três e quatro anos, bem como a adultos de todas as idades. 
Os examinandos podem pertencer a quaisquer níveis mental, socioeconômico e cultural (Trinca, A., 1997).
FINALIDADES
O D-E foi proposto, inicialmente, para o estudo dos conteúdos psicodinâmicos da personalidade, que abrangem especialmente os processos de natureza inconsciente. 
Ele é de grande valor na detecção de componentes das experiências subjetivas.
 Ultimamente, contudo, tem se enfatizado que se presta, também, ao reconhecimento das características formais e estruturais da personalidade. 
A produção gráfica revela, como afirma Grassano (1996), a concepção e os conflitos inerentes ao manejo espacial, às funções e ao interior do próprio corpo, bem como as angústias e fantasias dominantes com relação ao corpo de outras pessoas, construídas desde as primitivas relações de objeto. 
Como, no D-E, os desenhos livres não são somente substitutivos de pranchas destinadas a provocar estórias, mas constituem importantes fatores a serem avaliados de forma integrada com os demais elementos presentes, podemos dizer que tal produção gráfica é reveladora de características formais e estruturais. Hammer (1991), Van Kolck (1981) e a própria Grassano (1996) oferecem indicadores para interpretá-los desse modo. Tardivo (1985; 1997) enfoca os aspectos formais da produção gráfica no D-E e sua coerência dentro do conjunto da produção global. 
De início, essa técnica de investigação da personalidade foi concebida para avaliar sujeitos normais, neuróticos e psicóticos em situação eminentemente clínica. 
Com o passar do tempo, verificou-se que, em função de sua extrema adaptabilidade, se prestava a diversas outras situações, como, por exemplo, aos contextos da psicologia escolar, da saúde pública, da psicologia forense, das instituições de atendimento a pessoas carentes, deficientes, etc. 
Temos encontrado uma ampla utilização do DE na pesquisa, seja dentro, seja fora da clínica psicológica. Além disso, ele se revela útil em diagnóstico breve, psicoterapia breve, entrevista devolutiva, follow-up e inúmeras outras áreas.
FUNDAMENTAÇÃO
O Procedimento de Desenhos-Estórias encontra sua fundamentação nas seguintes suposições: 
1) O indivíduo pode revelar suas disposições, esforços e conflitos ao estruturar ou completar uma situação incompleta. Essa suposição fundamenta as técnicas projetivas em geral. Ela vem sendo comprovada por meio de pesquisas e de experiência clínica. 
2) As associações livres tendem a se dirigir a setores em que o indivíduo é emocionalmente mais sensível. Essa hipótese, que fundamenta a própria psicanálise, aplica-se ao D-E, que, como vimos, deixa o examinando livre para realizar a tarefa. Nesta, ele tende a exprimir seus impulsos, conflitos, angústias, fantasias inconscientes, etc. 
3) Nas técnicas projetivas, quanto menor for a estruturação e a direção do estímulo, tanto maior será a tendência de surgir material emocionalmente significativo. Quando são solicitados livremente desenhos e estórias, e quando é minimizada a direção oferecida pelo examinador, pode-se esperar que os núcleos significativos da personalidade tenham a oportunidade de se manifestar. 
4) No contato inicial, o cliente tende a comunicar seus principais conflitos e fantasias inconscientes sobre a doença e a cura. Aberastury (1982) explica, de modo geral, esse fenômeno, dizendo que, no caso da criança, esta espera que os profissionais que a atendem não reproduzam a conduta de seus objetos originais, que provocaram a doença ou o conflito. Tanto para as crianças quanto para os adultos, têm se verificado nas consultas iniciais evidências empíricas e clínicas para essa hipótese. 
5) Crianças e adolescentes preferem comunicar-se por desenhos e fantasias aperceptivas a se expressar por comunicações verbais diretas. A surpresa, para nós, foi constatar que os adultos, muitas vezes, têm essa preferência. 6) Determinada seqüência reiterada de provas gráficas e temáticas tende a produzir um fator ativador dos mecanismos e dinamismos da personalidade, levando a maior profundidade e clareza na comunicação. A reiteração do par desenho-estória conduz a um processo unitário de comunicação, com início, meio e fim.
AVALIAÇÃO
O D-E é uma técnica que permite várias modalidades de avaliação. Do vértice da análise de conteúdo com fundamentação psicanalítica, temos observado, tanto em pesquisas realizadas, como na clínica psicológica, o uso do método denominado “livre inspeção do material”. Essa forma de avaliação se baseia em uma análise globalística. Ou seja, levando-se em conta o conjunto da produção (desenhos, estórias, respostas aos “inquéritos” e outras associações), são levantadas hipóteses referentes à natureza dos impulsos, das fantasias inconscientes, das angústias e conflitos predominantes, dos vínculos mais significativos, das defesas mais utilizadas, entre outros aspectos. 
Tenta-se relacionar tudo isso com as queixas. Podemos mencionar, aqui, a profundidade do método, que depende da experiência clínica. Contudo, ao utilizá-lo, o profissional corre o risco de se equivocar, especialmente se não dispõe de muita experiência clínica. 
Dada a riqueza do material que surge no Procedimento de Desenhos-Estórias, há a possibilidade de se realizar uma análise dos aspectos formais e estruturais, como foi mencionado. Nesse caso, a ênfase é colocada nas qualidades aparentes dos desenhos (localização, qualidade do grafismo, temas predominantes, uso das cores, significado das cores, etc.). São consideradas, também, as qualidades da verbalização: adequação ao nível evolutivo do sujeito, grau de coerência entre os desenhos, as estórias e os títulos, além de outros aspectos. Por intermédio dessa análise, pode-se avaliar o grau de organização das funções egóicas, como o raciocínio, a memória, a lógica, a estruturação espacial, temporal, etc. Tardivo (1985; 1997) propôs itens para a análise dos aspectos formais. Focalizou, de modo especial, a produção gráfica e a coerência entre os aspectos que compõem o D-E. Christofi (1995) utilizou esse esquema, comparando os dados de Tardivo (numa amostra de crianças normais) com crianças que apresentavam problemas de aprendizagem. 
O estudo revelou a utilidade do D-E no diagnóstico psicopedagógico, de acordo com as características formais. As crianças com dificuldades de aprendizagem apresentaram maior imaturidade emocional, incapacidade de adequação ao meio e baixa tolerância à frustração. Acreditamos ser interessante usar esse tipo de análise em combinação com a análise de conteúdo, pois ambas se complementam. 
Passemos, agora, aos referenciais de análise de conteúdo. Mencionamos, inicialmente, o trabalho de Trinca, W. (1972). Ele propôs um referencial de análise elaborado desde as respostas de 53 sujeitos que compunham a amostra de sua pesquisa. Esse referencial é composto por dez áreas, ou categorias: Atitude Básica, Figuras Significativas, Sentimentos Expressos, Tendências e Desejos, Impulsos, Ansiedades, Mecanismos de Defesa, Sintomas Expressos, Simbolismos e Outras Áreas da Experiência. Tomando por base esse referencial, Tardivo (1985) analisou 80 protocolos de crianças normais, criando um outro referencial de análise. Das dez áreas apresentadas, as sete primeiras foram consideradas relevantes por Tardivo e denominadas Grupos. Estes foram numerados de I a VII, reunindo cada qual certo número de traços, num total de 33. Resumimos, em seguida, esse referencial de análise. 
Grupo I – Atitude Básica (traços de 1 a 5): 
1. Aceitação (estão incluídas,neste traço, as necessidades e preocupações com aceitação, êxito, crescimento e as atitudes de segurança); 
2. Oposição (atitudes de oposição, desprezo, hostilidade, competição, negativismo, etc.); 
3. Insegurança (inclui as necessidades de proteção, abrigo e ajuda, as atitudes de submissão, inibição, isolamento e bloqueio e as atitudes de insegurança); 
4. Identificação Positiva (sentimentos de autovalorização, auto-imagem e autoconceito reais e positivos; busca de identidade e identificação com o próprio sexo); 
5. Identificação Negativa (este traço se opõe ao traço 4 e se refere aos sentimentos de menor valia, menor capacidade, menor importância e identificação com o outro sexo). 
Grupo II – Figuras Significativas (traços de 6 a 11): 6. Figura Materna Positiva (mãe sentida como presente, gratificante, boa, afetiva, protetora, facilitadora – objeto bom); 7. Figura Materna Negativa (mãe vivida como ausente, omissa, rejeitadora, ameaçadora, controladora, exploradora – objeto mau); 8. Figura Paterna Positiva (sentida como próxima, presente, gratificante, afetiva e protetora); 9. Figura Paterna Negativa (semelhante ao traço 7, aqui em relação ao pai); 10. Figura Fraterna Positiva e/ou Outras Figuras (aspectos de relacionamento com irmãos e/ou com outros iguais, companheiros, amigos, etc., ou seja, cooperação, colaboração, etc.); 11. Figura Fraterna Negativa e/ou Outras Figuras (aspectos negativos do relacionamento: competição, rivalidade, conflito, inveja). 
Grupo III – Sentimentos Expressos (traços 12 a 14): 
12. Sentimentos Derivados do Instinto de Vida (ou de tipo construtivo: alegria, amor, energia instintiva e sexual); 
13. Sentimentos Derivados do Instinto de Morte (ou de tipo destrutivo: ódio, raiva, inveja, ciúme persecutório); 
14. Sentimentos Derivados do Conflito (sentimentos ambivalentes, que surgem da luta entre os Instintos de Vida e de Morte, ou seja, sentimentos de culpa, medos de perda, de abandono, sentimentos de solidão, de tristeza, de desproteção, ciúme depressivo e outros). 
Grupo IV – Tendências e Desejos (traços 15 a 17): 15. Necessidades de Suprir Faltas Básicas (as mais primárias, como desejo de proteção e abrigo, necessidades de compreensão, de ser contido, de ser cuidado com afeto, necessidades orais, etc.); 16. Tendências Destrutivas (as mais hostis, como desejo de vingança, de atacar, de destruir, de separar os pais); 17. Tendências Construtivas (as mais evoluídas, como necessidades de cura, de aquisição, de realização e autonomia, de liberdade e crescimento).
Grupo V – Impulsos (traços 18 e 19): 18. Amorosos; 19. Destrutivos. Grupo VI – Ansiedades (traços 20 e 21): 20. Paranóides; 21. Depressivas. Grupo VII – Mecanismos de Defesa (traços 22 a 33): 22. Cisão; 23. Projeção; 24. Repressão; 25. Negação/Anulação; 26. Repressão ou Fixação a Estágios Primitivos; 27. Racionalização; 28. Isolamento; 29. Deslocamento; 30. Idealização; 31. Sublimação; 32. Formação Reativa; 33. Negação Maníaca ou Onipotente. 
Outros autores, também, propuseram referenciais de análise para o D-E. Em especial, indicamos Castro (1990), Mázzaro (1984), Mestriner (1982) e Paiva (1992). Além da orientação psicanalítica, o D-E permite outros tipos de avaliação. Já tivemos oportunidade de oferecer exemplos de avaliação junguiana, behaviorística e fenomenológico-existencial, considerando-se um caso clínico (vide Tardivo, 1997).
ILUSTRAÇÃO CLÍNICA
Fabiano tem sete anos de idade. Foi encaminhado pela professora da escola que freqüenta, porque, sem motivos aparentes, passou a ir mal na escola, a não conseguir assimilar as lições. Até o meio do ano, ia bem, depois deixou de aprender, tendo sido reprovado. Quem o trouxe à consulta foi Selma, uma tia paterna de Fabiano, que, juntamente com a avó paterna e dois outros tios, cuidam da criança desde bebê. O pai mora em uma cidade distante, no Nordeste, e vê o filho, no máximo, uma vez por ano. Da mãe não se tem notícia, desde que ela abandonou o lar, quando Fabiano era bebê. Ao vir para a casa da avó e dos tios, o bebê estava descuidado e muito doente. Desde cedo, ele se afeiçoou aos parentes, especialmente a Selma, que praticamente foi quem o criou. Ele se mantém desligado do pai e da nova mulher deste. Selma tem um namorado, e, por vezes, Fabiano chama a ambos de mamãe e papai. A criança é sustentada financeiramente por ela e pelos dois tios. Sempre se sentiu bem na família, que o ama.
Nas entrevistas, verificou-se que há um fator encoberto, escondido, de Fabiano pela família. Selma pretende se casar brevemente. Não contou esse fato ao menino, porque teme uma reação desfavorável da parte dele. Além disso, não sabe quem cuidará dele após seu casamento. A avó pensou em enviá-lo ao pai. A preocupação de Selma é grande, visto que são muito ligados entre si: o menino a espera todas as noites, antes de ela chegar do trabalho e do curso que faz. Quanto aos tios, é mais ligado a um deles do que ao outro. Tem ciúmes quando a avó e a tia dão atenção a outras crianças.
Procedimento de Desenhos-Estórias
CASO 1- Verbalização: “A menina foi para a casa dela. 
Ela tava pensando: que casa pequenina, vou ficar logo nessa casa? 
Que raiva que tem essa casa pequenina, minha mãe foi logo morar nessa casa? 
Queria morar no castelo, o castelo é tão gostoso, já pensou se eu casasse com o filho do príncipe? 
Nessa rua deserta não tem ninguém para brincar. 
Só brincar na rua, só brincar na rua não adianta, nem tem jogo, porque não brinca com ninguém. Posso acabar? 
Ai, tchau gente, vou para minha casa. Acabou”. 
(Psicólogo: Quem é menina?) 
“É uma menina, eu não sei o nome dela, não conheço, vou inventar. Renata, eu acho que ela tá certa, numa rua deserta não dá para brincar, o quintal é pequeno, não tem muita flor, o castelo é maior.” 
(Psicólogo: Aconteceu alguma coisa?) 
“Um dia uma cobra já mordeu, ela tava assim passeando nos matos, tropeçou na pedra e a cobra mordeu. Ela deu um grito, o pai dela veio, já tinha mordido, foi na esquina pegou um táxi, foi para o Pronto-Socorro.” 
(Psicólogo: E depois?)
 “Vai dar uma tempestade, a casa dela vai cair, a mãe dela e ela vão morrer, menos o pai dela, porque a casa tá um pouco torta, por isso que eu fiz torta.” 
(Psicólogo: E com o castelo, o que aconteceu?) 
“Caiu os tijolos, o rei morreu, ficou o príncipe e o filho dele. O príncipe foi ser o rei, ele tinha muito dinheiro, moravam cinco pessoas, o dinheiro era dele. O pai dele falava que quando ele morresse podia fazer o que quisesse com o castelo, podia pegar empregada. Cinco empregadas. Aí ele pegou, fez outro castelo.” 
Título: A casa pequenina.
Interpretação: Oposição entre uma situação favorável e outra desfavorável. Angústia de que tenha de se haver com restrições e frustrações. Mais ainda: angústia de ficar só. Receia passar por mudanças e sofrimentos traumáticos, com perdas relacionadas à figura materna.
CASO2- Verbalização: “Um jardim, aí as borboletas falavam: bem que a gente podia ser gente, para morar numa casa, gente bem bonita. Tinha muitos rubim em ouro, mas mesmo assim a gente se transformava em borboleta para ninguém roubar. Acabou.” 
(Psicólogo: O que aconteceu ao jardim?) 
“Um dia esse jardim ficou muito seco, faz de conta, porque era um dia verão, ficou muito seco, queimava e a borboleta falava: ‘que pena que minha irmã morreu de sol quente’. Eu coleciono borboletas”. 
(Psicólogo: Por que queriam ser gente?) 
“Porque quando chovia elas não tinham lugar, elas caíam com as asas pesadas e os meninos que colecionavam pegavam elas. Eu tenho uma borboleta tão bonita, mas por trás tá toda feia. Quando tiver muitas eu jogo essa fora, vou fazer umas árvores e colo as borboletas com cola tenaz.” 
(Psicólogo: Como termina?) 
“Um dia as pedras começaram a rolar, mataram todas as plantas, a semente caiu e nasceram outras.” 
(Psicólogo: Vai acontecer mais alguma coisa?) 
“Vai dar uma grande chuva, vai passar aqueles ratos, e as plantas, as borboletas vão morrer, as águas vão levar as sementes para outro jardim, vai ficarflorido e esse vai ficar seco, menos a flor amarela porque ela tem semente.
”Título: Jardim florido.
Interpretação: Receios de perdas e de transformações ameaçadoras, destruidoras dos vínculos amorosos. Por detrás da aparente segurança, esconde-se a angústia de abandono e o medo de uma grande catástrofe. Insegurança quanto à manutenção da própria identidade.
CASO3- Verbalização: “O que eu desenho?” 
(Psicólogo: O que você quiser.) 
“Queria fazer uma locomotiva.” Tenta fazer mas não consegue. Rabisca a folha, diz que errou, devolve o papel. 
CASO4- Verbalização: “Era uma vez um zoológico. Aí deu uma tempestade, os bichos entrou tudo para a casinha. Aí o dono, a casa do dono caiu. Era muito forte, o dono abandonou o zoológico.
 Tinha muitos animais, mas os animais foi jogado pela chuva. Tinha onça, tinha mais camelo, tinha jacaré, tinha patos, tinha mais peixe, tinha um monte de jaula maior, assim com tubarão. Tinha tigre, tinha serpente, tinha águia, tinha rinoceronte e tinha hipopótamo. Eu tenho um jogo de zoológico, com vários bichos. Acabou. Só ficou esses bichos. Esse zoológico era numa ilha que ninguém sabia onde ficava. Quando eu crescer, eu vou achar ossos antigos nas cavernas. Assim, vou estudar muito, vou ser isso, vou viajar para Paris, para achar bichos antigos, ir no espaço.” 
(Psicólogo: Vai acontecer alguma coisa?) 
“Não vai acontecer, a tempestade já aconteceu. Eu vejo muitos monstros em desenhos. Gosto do filme de trem fantasma, assisto ‘Sexto Sentido’. Eu queria ter 18 anos para assistir filmes de fantasma, de mistério.” 
Interpretação: A reviravolta, que ele teme, pode atingir as bases de sustentação de sua personalidade. Uma poderosa força destruidora ameaça levar tudo de roldão. Ele tem de buscar forças no fundo de si próprio para enfrentar os males, que já aconteceram. Em face dos medos pelos quais passa, gostaria de ser adulto a fim de desvendar os mistérios que são dele escondidos. 
CASO 5- Verbalização: “O que eu vou desenhar?” 
(Psicólogo: O que você quiser.) 
“Pode ser algo simples?” 
(Psicólogo: Como quiser.) 
“Não tenho mais vontade de desenhar.” Desenha rapidamente. “Esse daqui não tem estória. Nesse jardim deu uma seca muito forte. As folhas entortaram todas. Só.” 
(Psicólogo: Vai acontecer mais alguma coisa?) 
“Vai dar uma chuva bem forte e as plantas vão sair bem bonitas.” 
Título: Jardim horroroso. Deu uma risada, olhou para o psicólogo e disse: “Não tá feio mesmo? Não é melhor o título buquê horroroso? Eu tou com uma preguiça de fazer desenho, não quero mais!” 
Interpretação: Apesar da angústia e da resistência que a situação provoca, pela reiteração do tema principal da iminência de uma catástrofe afetiva, ainda resta uma vaga esperança de recomposição (“as plantas vão sair bem bonitas”).
Discussões: A queixa escolar em relação a Fabiano representa apenas o aspecto visível de um drama vivido inconscientemente por ele, quando o ambiente familiar lhe esconde a ameaça de abandono e de subtração de vínculos essenciais. Ele capta essa situação e a expressa claramente no Procedimento de Desenhos-Estórias. Permanece, porém, a questão de saber se a situação atual não corresponderia à reativação de um conflito primitivo, de natureza mais profunda, relacionado ao abandono.
Avaliação segundo o referencial de Tardivo
Como Atitude Básica, há o predomínio da Insegurança, já que se evidencia a percepção que Fabiano tem do mundo e de sua realidade atual como desproteção.
Encontramos conteúdos de abandono e perda em quatro unidades de produção. 
Na terceira (que ele não conseguiu concluir), há um “trem que não pôde andar”. Pai e Mãe surgem como Figuras Significativas, mas não são capazes de oferecer contenção às angústias de Fabiano. 
Ele sente que perde essas figuras, sendo abandonado por elas (na terceira unidade, o dono abandona os animais). 
Outras figuras (borboletas, na segunda unidade) perdem-se e morrem. Em relação aos Sentimentos Expressos, temos a presença dominante de sentimentos derivados do conflito, embora estejam presentes, também, os derivados do Instinto de Vida. 
Há tentativas de realizar a construtividade (chuva para o jardim, o castelo para morar), mas elas se mostram insuficientes e ineficazes. 
O que prevalece é a sensação geral de perda dos bons objetos: sentimentos de abandono e extrema desproteção. 
O menino torna-se muito ameaçado por esses sentimentos, mas vem se equilibrando. Pode não suportar e, então, corre o risco de desmoronamentos no self. 
Assim, no Grupo IV (Tendências e Desejos), notamos o predomínio de Necessidades de Suprir Faltas Básicas. São claros seus pedidos de abrigo, proteção e a necessidade de ser acolhido. Estão presentes os Impulsos amorosos (nos pedidos de ajuda e proteção), mas também os destrutivos (nas casas que caem, nos incêndios que queimam os jardins e matam as borboletas). 
Parece que sobressaem as Ansiedades Depressivas, mas não se descartam, de modo algum, as Paranóides. Fabiano refere-se aos monstros que gosta de ver, aos filmes de terror, aos trens fantasmas, provavelmente como projeções de figuras ameaçadoras. 
Mas o que predomina, acreditamos, são as intensas ansiedades de perda, portanto, de natureza depressiva. Nos Mecanismos de Defesa, há a dificuldade de Fabiano poder utilizá-los eficazmente. Tenta se controlar, mas está presente, sempre, o perigo de cair, de ruir, de se desmoronar; e assim, falhando as defesas, o próprio self pode se desmoronar. 
O D-E foi bastante eficaz para fazer ressaltar angústias que Fabiano vivencia nesse momento de sua vida. Tendo sido já abandonado numa primeira vez, vê-se novamente ameaçado de perder laços afetivos, sendo reeditadas suas angústias primitivas. 
Poderá ser devolvido a um pai que ele não conhece direito. 
 
A mãe que ele conhece, e que o criou, deverá se casar, não pretendendo levá-lo consigo. 
Pelo D-E, nota-se que Fabiano percebe, inconscientemente, essa situação e se vê muito ameaçado. 
São claros, também, seus pedidos de ajuda e proteção.
PROCEDIMENTO DE DESENHOS DE FAMÍLIA COM ESTÓRIAS (DF-E)
Desde 1978, tem sido divulgada uma técnica de investigação psicológica introduzida, também, por Trinca, W. (1989) e denominada Procedimento de Desenhos de Família com Estórias (abreviadamente, DF-E). 
Esse instrumento de avaliação se origina, igualmente, das técnicas gráficas e temáticas, sendo um desdobramento relativamente recente da técnica de desenhos de família (Trinca, W., et alii, 1991). 
Consiste na realização de uma série de quatro desenhos de família, na ordem correspondente às seguintes instruções: 
1) “Desenhe uma família qualquer”; 
2) “Desenhe uma família que você gostaria de ter”; 
3) “Desenhe uma família em que alguém não está bem”; 
4) “Desenhe a sua família”. 
Após a realização de cada desenho, é solicitado ao examinado que conte livremente uma estória, tomando por base o desenho. Faz-se, a seguir, o “inquérito” e, finalmente, pede-se o título da produção. 
Assim como o D-E, o DF-E é composto por unidades de produção gráfico-verbais, cada qual contendo desenho, estória, “inquérito” e título. 
A reiteração seqüencial de quatro unidades de produção, com a anotação completa das reações do examinado, constitui a base da técnica. Esse conjunto passa a ter características unitárias e indivisas.
A administração é individual, podendo ser aplicado indistintamente a ambos os sexos e a todas as idades, quando o examinando consegue desenhar e verbalizar. 
As condições de aplicação e o material necessário são os mesmos descritos para o Procedimento de Desenhos-Estórias. 
Ou seja, há oferecimento de lápis preto e coloridos, livre utilização das cores, impedimento do uso de borracha e recomendação do retorno do examinando, caso não seja possível a obtenção das quatro unidades em uma única sessão de aplicação. Informações mais detalhadas encontram-se em Trinca, W. (1997). 
O DF-E tem por finalidade a detecção de processos e conteúdos psíquicos de natureza consciente einconsciente, relacionados aos objetos internos e externos que dizem respeito à dinâmica da família.
Conhecimento das relações intrapsíquicas e intrafamiliares do examinando. 
Por isso, espera-se que sejam postos em evidência, relativamente a essas relações, conflitos psíquicos, fantasias inconscientes, angústias atuais e pregressas, defesas e outros movimentos das forças emocionais. 
Sua aplicação é recomendada quando o profissional percebe ou intui que as dificuldades emocionais têm relação com conflitos e fatores familiares presentes no mundo interno e/ou no mundo externo do examinando. 
A fundamentação do Procedimento de Desenhos de Família com Estórias sustenta-se, mutatis mutandis, nos pressupostos que servem de base para o Procedimento de Desenhos Estórias. 
Em particular, funda-se em conhecimentos sobre a dinâmica inconsciente da personalidade, a regra da associação livre, a dinâmica da família, os princípios gerais das técnicas projetivas, os princípios de condução das entrevistas clínicas não-estruturadas e semiestruturadas, etc. 
Para um roteiro de avaliação, Trinca, W (1997) sugere alguns itens:
 a) características peculiares das figuras paterna e/ou materna; 
b) tipos de vínculo e formas de interação com as figuras parentais; 
c) trocas sexuais e afetivas entre as figuras parentais; 
d) relacionamentos com figuras fraternas e outras figuras do meio familiar; e) determinantes da estrutura e da dinâmica familiar; 
f) forças psicopatológicas e psicopatogênicas existentes na família; g) eventos familiares reveladores de conflitos e dificuldades; 
h) pontos centralizados de conflitos e dificuldades no examinando; i) descrição que o examinando faz de si próprio; 
j) atitudes para com a vida e a sociedade; 
l) tendências, necessidades e desejos; 
m) tonalidades das angústias e das fantasias inconscientes predominantes; 
n) características das forças de vida e de destrutividade; 
o) mecanismos de defesa; 
p) fatores de aquisição da individualidade e de integração do self; 
q) outras áreas de experiência emocional. 
Lima (1997c), por sua vez, acrescenta outros aspectos de avaliação, como, por exemplo, o modo pelo qual o examinando conceitua a família, o valor atribuído a esta no contexto de vida, a vivência das funções parentais, o grau de maturidade do examinando em relação às figuras parentais, as expectativas sobre cada membro do grupo familiar, o grau de contato do examinando em relação a si mesmo e aos membros da família, a relação entre os sintomas e a dinâmica familiar, etc. 
O DF-E tem se verificado eficaz no diagnóstico individual e de casal, na utilização cruzada entre a criança e os pais e na avaliação da dinâmica da família como um todo. Além disso, é empregado com sucesso nos processos de psicoterapia de casal e de família.
PROCEDIMENTO DE DESENHOS-ESTÓRIAS COM TEMA
Trata-se de uma extensão do D-E para estudos específicos de determinados temas, propostos de maneira explícita. 
O examinando é convidado a desenhar algum tema, que o examinador indica de antemão.
 Depois, pede-se que conte uma estória associada livremente ao desenho. 
Seguem-se as mesmas recomendações que se fazem para a aplicação do D-E comum, ou seja, mantém-se o “inquérito”, o título, as cinco unidades de produção, a oportunidade do uso das cores, etc. 
Há grandes benefícios na utilização do D-E temático, quando o setting, por si só, não ofereça indicações a respeito da estruturação da tarefa, e o examinando tenha dúvidas sobre o que se espera de suas realizações. 
Tem-se verificado que essa forma de apresentação do D-E é válida para a pesquisa, para as práticas na escola, na empresa, em instituições públicas, etc. Possui sobre o D-E comum a vantagem de poder ser facilmente aplicado, também de modo coletivo. 
Aiello-Vaisberg (1997) diz que o D-E com Tema é uma alternativa fecunda para pesquisa da representação social. Ela costuma fazer a aplicação em grupo, pedindo aos sujeitos para criar uma estória, que eles mesmos registram no verso da folha desenhada. 
A técnica permite, assim, o estudo de temas, como o doente mental, o deficiente físico, a situação escolar, a pessoa gorda, o hospital, a casa, a velhice, a equipe de trabalho, etc.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Temos, assim, uma técnica de investigação da personalidade onde permite um amplo leque de possibilidades de uso. 
Em relação a muitas outras técnicas, é de fácil manejo, e os custos são baixos. 
Para a realização do diagnóstico breve, pode ser comodamente associada às entrevistas não-estruturadas. 
No caso do exame epidemiológico das populações carentes, seu valor é inestimável. 
Além disso, trata-se de um tipo de exame que tem sido descrito como altamente motivador para os seus participantes. 
Pela liberdade e espontaneidade de sua penetração psíquica, opõese aos métodos invasivos e insere-se no espírito de uma nova forma de se conceber a ciência (por contraste com a ciência dita “clássica”). 
Tipos de pranchas
Tipo de Estímulo
Convenção
Universal
Apenas o número
Para mulheres
Número seguido de F
Para homens
Número seguido de H
Para crianças do sexo feminino (menina)
Número seguido de M
Para crianças do sexo masculino (rapaz)
Número seguido de R

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