durante seu funcionamento são submetidas a uma grande tensão dada pela própria máquina. As lâminas normalmente trabalham sob uma tensão de tração que varia entre 12 a 25 kgf/cm2, o que corresponde a aproximadamente 2 a 3 vezes a tensão de tração das serras de fita para desdobro, cujo valor é de aproximadamente 7 kgf/cm2. SANTINI, E.J. Lâminas de serra 23 4.4. Soldagem da lâmina de serra-fita (joining) A lâmina de serra-fita normalmente é adquirida no comércio em rolos de comprimento variável, e para ser utilizada nos equipamentos de desdobro, precisa ser cortada na dimensão correta. Feito isso, as extremidades da lâmina devem ser unidas através da soldagem. A soldagem da lâmina pode ser realizada através de diferentes meios: soldagem forte, soldagem elétrica, soldagem a gás e soldagem a topo. Quando efetuados corretamente, qualquer um desses métodos oferece costuras de solda boas e seguras. Fitas estreitas são soldadas, de preferência, com máquinas elétricas, enquanto que em lâminas largas, o método mais empregado na Europa e, provavelmente, no Brasil, é a soldagem com liga de prata. Os materiais necessários e os procedimentos adotados por ocasião da soldagem de uma lâmina de serra-fita, são descritos a seguir: 4.4.1. Metal de solda A liga de prata é o material geralmente empregado porque permite baixas temperaturas de fundição e fusão. Uma liga típica é constituída de 45-65% de prata, aproximadamente 25%, 10% e 5-10% de cobre, zinco e cádmio, respectivamente. A inclusão do cádmio permite reduzir ainda mais as temperaturas. A temperatura de fusão desse metal de solda oscila entre 670 e 720°C, portanto, abaixo da temperatura de têmpera do aço. O metal de solda é encontrado na forma de uma lâmina com espessura entre 0,10 e 0,12 mm, largura sempre um pouco maior do que o chanfro, geralmente em torno de 20 mm, e com comprimento alguns milímetros a mais que a largura da lâmina. A Aplicação desses metais é normatizada, sendo que a ASTM recomenda o uso de metais de solda com até 72% de Ag e até 24% de cd. Ensaios de tração em juntas soldadas da lâmina apresentaram uma resistência em torno de 100 kgf/mm2. A ruptura, contudo, normalmente ocorre fora do local onde foi realizada a soldagem. 4.4.2. Fundente O fundente é uma substância pastosa a base de boro, aplicado nas extremidades chanfradas e no metal de solda com o objetivo de facilitar o seu espalhamento, bem como proteger as superfícies do aço contra a oxidação do ar. Pastas de solda como Castolin 181, Eutector Flux 1600B, Prata Flux, são os tipos mais utilizados. O bórax dissolvido em um pouco de água, forma uma pasta apropriada para lâminas estreitas. Para lâminas largas, porém, é mais indicado o uso de um líquido como o ácido clorídrico diluído ou uma solução de cloreto de zinco misturada com cloreto de amônio. A corrosão do aço pode ser evitada através de lavagem com uma solução de soda. 4.4.3. Aparelho de soldagem O equipamento deve ter uma constituição robusta, possuir um conjunto de presilhas para fixação da lâmina, e um par de ferros de soldar para efetuar a soldagem (Figura 21). SANTINI, E.J. Lâminas de serra 24 FIGURA 21 - Aparelho de soldagem para lâminas de serra de fita. Os principais componentes de um aparelho de soldagem são mostrados na Figura 22. Depois de aquecidos, os ferros de soldar são posicionados encima e embaixo da área da lâmina a ser emendada e mantidos sob pressão até o final do processo. Devem ser fabricados de um aço resistente ao calor, ligado com aproximadamente 23% de Ni e 25% de Cr, para evitar o seu descascamento de oxidação, o que tornaria o aquecimento da lâmina desigual. Os ferros de solda devem ser levemente mais compridos que a largura da fita. São previamente aquecidos em forja ou forno elétrico a uma temperatura em torno de 850°C (até adquirir cor vermelho claro), o que corresponde a 100-150°C acima da temperatura de fusão do metal de solda, para compensar a perda de calor ocasionada pelo manuseio. FIGURA 22 - Componentes de um aparelho de soldagem. 1 - ferro de soldar superior 2 - ferro de soldar inferior 3 - lâmina de serra 4 - cunha móvel 5 - encosto 6 - mesa 4.4.4. Preparativos, soldagem e operações complementares Os extremos da lâmina são cortados em ângulo reto com as bordas, através de uma guilhotina especial, tendo-se o cuidado de deixar a junta exatamente no centro do dente. Com esse procedimento, obtém-se uma maior área de soldagem e, em conseqüência, maior resistência na junta. É importante que a seqüência dos dentes permaneça inalterada, mantendo-se o mesmo passo dos demais, de modo a possibilitar a afiação com máquinas automáticas. ` Após o corte, executa-se o chanfro dos extremos com uma inclinação de 1:10 (Figura 23). Esta relação significa que uma lâmina com 1,5 mm de espessura deve ter um chanfro de 15 mm de largura. SANTINI, E.J. Lâminas de serra 25 FIGURA 23 - Chanfro para soldagem da lâmina de serra-fita Para realizar essa operação, aconselha-se o uso de uma esmeriladora especial, com rebolo afiado e não muito duro. O emprego de máquinas chanfradeiras permite realizar com precisão essa operação, resultando uma superfície plana e sem abaulamentos em toda a sua extensão. O chanfro pode ser executado manualmente através de limas, que é uma alternativa menos precisa e mais demorada. Neste caso, deve-se ter o cuidado de fixar o extremo da lâmina através de grampos ou de torno, para minimizar as imprecisões provocadas pela influência humana. Em ambos os casos, os extremos chanfrados não devem formar cantos agudos, sendo que os mesmos devem ter aproximadamente 0,1 mm de espessura, para evitar superaquecimento. As superfícies a serem soldadas às vezes são tratadas com uma lixa grossa para que se tornem ásperas e facilitem a soldagem. Nesse estágio não devem ser mais tocadas com as mãos, pois óleos, graxas, gorduras ou qualquer vestígio de impureza prejudica a soldagem. A preparação da soldagem, os extremos da lâmina são colocados sobre o aparelho de soldar, de forma que o seu dorso fique apoiado no encosto. As extremidades chanfradas são aproximadas, colocadas sobre o entalhe existente no centro do aparelho, e então, ambos os lados da lâmina são pré-fixados pelos parafusos de aperto. Após, separa-se um pouco as extremidades chanfradas, espalha-se o fundente sobre as suas superfícies, e posteriormente, introduz-se o metal de solda na posição exata. Antes do aperto definitivo dos parafusos fixadores da lâmina, o passo dos dentes dever ser novamente conferido. O metal de solda deve exceder em aproximadamente 3,0 mm, tanto na largura do chanfro como na largura da lâmina (Figura 24). Este excesso contribui para uma boa soldagem, e pode ser eliminado após a operação. Em linhas gerais, após a colocação da lâmina de serra-fita no aparelho, a soldagem deve ser executada, considerando-se os componentes apresentados na Figura 22, através dos seguintes passos: ♦♦♦♦ apertar os parafusos fixadores nos dois lados da lâmina; ♦♦♦♦ colocar o ferro de soldar inferior sobre a cunha móvel, embaixo da área de soldagem, e posicioná-la de forma a elevar ligeiramente as extremidades da lâmina; ♦♦♦♦ introduzir o ferro superior na sua posição, alinhado com o ferro inferior e a cunha; ♦♦♦♦ apertar rapidamente o conjunto por meio do parafuso central; ♦♦♦♦ afrouxar os parafusos fixadores da lâmina para que a fita possa dilatar-se livremente; ♦♦♦♦ consumada a soldagem, soltar o parafuso central e retirar os ferros de solda. Se os ferros de solda tiverem grande capacidade calorífica, a lâmina de serra pode ser superaquecida, e alcançar a temperatura de têmpera, o que deve ser evitado. Temperatura superior a recomendada pode tornar o metal de solda