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0 FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS DO ARAGUAIA - FACISA COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO ROBERTA ROSA SANTANA MANEJO E DESCARTE DO LIXO HOSPITALAR DE ACORDO COM A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS LEI Nº.12.305/10 Barra do Garças - MT Maio - 2018 1 ROBERTA ROSA SANTANA MANEJO E DESCARTE DO LIXO HOSPITALAR DE ACORDO COM A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS LEI Nº.12.305/10 Artigo Científico elaborado sob orientação de do Professor Drº. Lauro Luis Petrazzini, para obtenção de grau de Bacharel em Direito, da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas do Araguaia – FACISA. Barra do Garças - MT Maio - 2018 2 FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS DO ARAGUAIA – FACISA COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO A Banca Avaliadora, abaixo-assinada, ___________________, com a nota _____, o Artigo: MANEJO E DESCARTE DO LIXO HOSPITALAR DE ACORDO COM A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS LEI Nº.12.305/10 elaborado por ROBERTA ROSA SANTANA como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito BANCA AVALIADORA: ___________________________________ Drº Lauro Luis Petrazzini ___________________________________ (Assinatura por extenso do Membro Convidado) Barra do Garças – MT Maio – 2018 3 MANEJO E DESCARTE DO LIXO HOSPITALAR DE ACORDO COM A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS LEI Nº.12.305/10 Roberta Rosa Santana1 Drº. Lauro Luis Petrazzini 2 RESUMO: O descarte inadequado dos resíduos de serviços de saúde pode afetar o ambiente e a sociedade como um todo pelo potencial de contaminação desse material. Este artigo dedicou-se a avaliar os impactos ambientais causado pelo manejo e descarte do lixo hospitalar incorreto, de acordo com a Lei nº.12.305/10, bem como analisar como é realizado o manejo e descarte destes resíduos de saúde; compreender qual é o papel dos Órgãos competentes, quais as medidas que estão sendo aplicadas e averiguar quais as ações que podem ser aplicadas pelo Poder Público para amenizar tais problemas. Para tanto, requereu o uso da pesquisa básica, cuja forma de abordagem foi uma pesquisa qualitativa, de cunho exploratório, bem como o uso de pesquisa bibliográfica, a partir do método de abordagem dedutivo. Isto posto, conclui-se que é evidente a importância do manejo e descarte do lixo hospitalar correto, entretanto apesar do Brasil já possui legislação especifica é necessário que o Poder Público e o Privado atentam para essas disposições legais, fazendo-as cumprir pois observa-se que muitos municípios ainda não se adequaram a nova Lei. PALAVRAS-CHAVE: Gerenciamento. Meio ambiente. Saúde pública. 1 Acadêmica do 8º semestre do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas do Araguaia – FACISA. 2 Doutor em Agronomia/Fitotecnia. Professor do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas do Araguaia – FACISA. 4 1 INTRODUÇÃO Os resíduos sólidos constituem uma preocupação ambiental mundial, especialmente em centros urbanos com grande aglomeração de pessoas, onde a produção de resíduos sólidos ocorre em alta escala diariamente, quando coletados e tratados inadequadamente, provocam efeitos diretos na saúde da população e contribuem para a degradação do meio ambiente (GONÇALVES; LIMA, 2017, p. 146). Na década de 1980, os resíduos que eram oriundas da saúde, chamava-se "lixo hospitalar", hoje a expressão utilizada é Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), que são gerados pelos hospitais, clínicas, farmácias, laboratórios dentre outros. É importante destacar que o descarte inadequado dos resíduos causa comprometimento no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas, podendo causar danos prejudiciais para a população e até mesmo os profissionais da saúde. O gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde deve estar de acordo com a legislação específica para esse tipo de resíduo, quais sejam: RDC nº 306/2004 (BRASIL, 2004) e a resolução CONAMA nº 358/2005 (SILVA et al., 2015, p. 68). As Leis Federais, Estaduais e Municipais, atendendo aos dispositivos Constitucionais que tratam dos Resíduos Sólidos, da Sustentabilidade e do Meio Ambiente, expressam em seus textos legais, uma série de medidas, chamadas Medidas Protetivas, àquelas destinadas ao Tratamento do Lixo Hospitalar, e de Políticas Públicas, àquelas destinadas a conscientização da sociedade. Nesse contexto, esta pesquisa teve como tema o Manejo e Descarte do Lixo Hospitalar de acordo com a Lei nº. 12.305/10, buscando compreender como é realizado este manejo, tendo em vista a análise do seguinte problema: Como ocorre o manejo e descarte do lixo hospitalar e qual órgão é responsável pela aplicação desta lei? Observa-se que tem que haver avaliação da maneira correta do manejo e descarte do lixo hospitalar, devendo ser bem acondicionado para facilitar a remoção, e jogado no local adequado. 5 Trata-se também de uma pesquisa exploratória, que possibilitou uma maior familiaridade com o problema levantado, tornando-o evidente, capaz de contribuir com futuras pesquisas. Utilizou-se o procedimento técnico bibliográfico na elaboração da pesquisa, pois esta teve embasamento em materiais já publicados, principalmente livros doutrinários, artigos científicos e legislação. Todo o trabalho foi desenvolvido em tópicos e sub-tópicos que versam sobre o tema apontando pontos importantes sobre o resíduo sólidos de serviço de saúde, como reduziros riscos de saúde dos funcionários e da sociedade, trazer a importância do respaldo da Lei 12.305/10. Sendo assim, frente ao exposto, o objetivo geral desta pesquisa será avaliar os impactos ambientais causado pelo manejo e descarte do lixo hospitalar incorreto, de acordo com a Lei nº.12.305/10, bem como analisar como é realizado o manejo e descarte destes resíduos de saúde; compreender qual é o papel dos Órgãos competentes, quais as medidas que estão sendo aplicadas e averiguar quais as ações que podem ser aplicadas pelo Poder Público para amenizar tais problemas. Para alcançar os objetivos propostos, foi desenvolvido pesquisa qualitativa embasada na pesquisa bibliográfica a partir de leis e obras que tratam e discute a temática, tendo em vista tal procedimento ser essencial para a formulação de respostas ao problema levantado. Adotou-se para análise, o método dedutivo o qual permite a análise do todo para as partes, tendo em vista esta parte de teorias e leis mais gerais (Constituição Federal, Leis Federais, Leis Estaduais e Leis Municipais) para a ocorrência de fenômenos particulares. Como método de procedimento, foi utilizado o método monográfico, que permite a observação dos fatores, tendo como finalidade obter generalizações. O desenvolvimento desta pesquisa é importante pois, permitirá ao leitor ter conhecimento sobre o grande risco que os resíduos de serviços de saúde traz para a sociedades e até mesmo para os funcionários, por possuir presença de materiais biológicos capazesde causar infecções, produtos químicos perigosos e rejeitos radioativos, que requerem cuidados específicos de acondicionamento, transporte, armazenamento, e tratamento para a destinação final. O que levou a escolher o tema, foi a necessidade vista de buscar informações sobre como é tratado o lixo hospitalar de acordo com a literatura existente, e como os municípios atendem o que está previsto na legislação. 6 Assim sendo, este estudo se justifica por abordar à reflexão acerca dos resíduos de serviço de saúde e seus impactos no meio ambiente, em conformidade com a Lei 12.305/10. A solução adequada para a destinação correta dos resíduos de serviços de saúde constitui uma medida extremante importante para o dia-a-dia de uma unidade hospitalar, contribuindo assim para manter a saúde pública. Foi com esse intuito de avaliar quais são as providencias tomadas pelos municípios que fazem parte de um novo conceito: o gerenciamento integrado do lixo, que envolve diferentes soluções, como a reciclagem e a disposição dos rejeitos em aterros que seguem critérios ambientais, que foi desenvolvido esta pesquisa. 2 RESIDUOS SÓLIDOS A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da norma técnica NBR 10.004 (1987) define como resíduos sólidos aqueles no estado sólido e semissólido que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Outrossim a periculosidade de um resíduo é caracterizada em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas. Assim podem apresentar riscos à saúde pública, provocar ou acentuar, de forma significativa, a mortalidade ou incidência de doenças e riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada, neste sentido, faz-se necessário conhecer as responsabilidades com o lixo hospitalar e suas implicações ao meio ambiente, visto que este tipo de resíduo sólido quando descartados de forma incorreta, traz severas consequências ao meio ambiente e a saúde pública. 2.1 O MEIO AMBIENTE E AS RESPONSABILIDADES COM O LIXO HOSPITALAR O Princípio da Prevenção relaciona-se com o perigo concreto de um dano, ou seja, sabe-se que não se deve esperar que ele aconteça, fazendo-se necessário, portanto, a adoção de medidas capazes de evitá-lo, pois já se sabe antecipadamente que o ato gerará dano ao meio ambiente. Evitar a incidência de danos ambientais é a ideia chave do Princípio da Prevenção, já que as sequelas de um dano ao meio ambiente, muitas vezes, são graves e irreversíveis. Tal Princípio se caracteriza como norte a seguir, uma vez que atua mais no sentido da prevenção do que no da reparação. 7 Em razão dos impactos que os resíduos hospitalares podem causar, quando mal gerenciados, o art. 27-A, da Lei nº 12.305/10, dispõe que no “caso de resíduos de serviços de saúde, o Município é responsável por: I – manter serviço regular de coleta e transporte; II – dar destinação final adequada aos resíduos coletados”. A Lei nº 12.305/2010 dentro da causa de justificação atribui aos geradores de resíduos de saúde a responsabilidade pela destinação final, ambientalmente adequada desses resíduos e cria a obrigatoriedade da elaboração de um plano de gerenciamento específico, que deve ser seguido rigorosamente, pois o simples encaminhamento de “lixo” hospitalar sem qualquer cuidado pode gerar consequências imprevisíveis, com a disseminação de graves doenças. A compreensão da especificidade do dano causado ao meio ambiente e das peculiaridades do regime jurídico de sua reparação impõem em um primeiro momento, que se defina o que se entende por meio ambiente, como objeto de proteção jurídica. Trata-se não apenas de uma exigência lógica, mas acima de tudo de uma necessidade de tomada de posição que determinara as características e a extensão pretendida (MIRRA, 2004, p. 428). No tocante ao que foi dito o legislador trata o meio ambiente como um objeto de proteção jurídica, ou seja, demonstra o quanto o homem é irracional, sendo necessária a intervenção de leis para garantir que o homem não destrua completamente o seu habitat de sobrevivência. Meio ambiente é ao mesmo tempo um meio e um sistema de relações. A existência e a conservação de uma espécie estão subordinadas aos equilíbrios entre os processos destruidores e os processos do seu meio. O meio ambiente é um conjunto de dados fixos e de equilíbrios de forças concorrentes que condicionam a vida de um grupo biológico que comporta ele próprio, simbioses e parasitoses que entram na combinação de equilíbrio (BECHARA, 2003, p. 14). O autor acima conceitua meio ambiente de uma forma bastante irrelevante, deixando bem claro que meio ambiente trata-se de um conjunto que condicionam a vida de um grupo biológico, grupo este que também se encontra o homem o inserido. Nem todos sabem o significado de meio ambiente, grande exemplo disso é a degradação desenfreada do planeta de forma devastadora, provando que a maioria dos indivíduos aqui residentes não sabem o que significa meio ambiente e qual sua importância para a vida, e o resultado dessa falta de conhecimento já estamos sentindo na pele. A questão do lixo hospitalar é um dos grandes desafios deste século para o poder público. 8 Os resíduos hospitalares são os sangue e hemoderivados, excreções, secreções, restos oriundos de áreas de isolamento, fetos e peças anatômicas, bem como objeto perfurantes ou cortantes capazes de causar punctura ou corte. Os problemas trazidos pelos resíduos hospitalares, bem como os riscos de contaminação que representam, a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT estabelece uma série de normas para conceituar e denominar os resíduos gerados nos hospitais, laboratórios, clínicas e demais serviços de saúde (FIORILLO, 2012, p.369). Conforme exposto acima nos faz entender que a grande ampliação das cidades, das áreas hospitalares, culminou na necessidade de implantar normas e leis buscando facilitar a classificação, a separação e o destino do material hospitalar, a partir do conhecimento sobre os vários tipos de resíduos. Nos dias de hoje o que percebe é um grande volume de lixo hospitalares sendo recolhidos diariamente, e todos os tipos, seja eles, radioativos, químicos, perfurantes, infectantes e os comuns. Nesse sentido é valido compreendermos que no ano de 1993, foi editada a Resolução 05/93 da CONAMA (1993) que representou a primeira norma legal de classificação dos resíduos sólidos dos RSS que passaram a ser divididos em quatro grupos, sendo: Grupo A (infectantes); Grupo B (químicos); Grupo C (radioativos); Grupo D (comuns) (FIORILLO, 2012, p.327). Apesar de ter sido criados quatros grupos para a classificação dos resíduos sólidos, surgiu a necessidade de aprimorar mais ainda, pois com o passar dos anos, houve-se, mais resíduos que eram descartados, dando-se uma nova Resolução 283/01 do CONAMA, onde acrescentou o Grupo E (perfurocortantes). No Art. 12, Anexo I, a Resolução CONAMA nº 358/2005 (BRASIL, 2005), que trata da classificação dos resíduos de serviços de saúde quanto aos riscos potenciais aos trabalhadores que os manipulam, à saúde pública e ao meio ambiente, assim relata: I – GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência e concentração, podem apresentar risco de infecção, como culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos [...] II – GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde públicaou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade; como desinfetantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, efluentes de processadores de imagens [...]. De acordo com esta resolução, os resíduos podem ser classificados ainda em: 9 III – GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes das atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. IV – GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares, como papel de uso sanitário e fralda, restos alimentares, entre outros. V – GRUPO E: Materiais perfurocortantes como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas [...]. Segundo aponta Fiorillo (2012, p. 373), sobre o tratamento dos resíduos hospitalares, via aterro sanitário, e os impactos ambientais, com base no art. 2º da Resolução Conama nº. 1/86. Art. 2º Dependerá da elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e da SEMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: (...) X - aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos. O tratamento de resíduos hospitalares tem que ser feito adequadamente, garantindo que serão eliminadas as características de periculosidade e é possível a preservação dos recursos naturais, para que após isso possa ser depositado no aterro sanitário. 2.2 A LEI Nº. 12.305/2010 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS E SUAS DIRETRIZES Com a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, através da Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010, uma vez que esta lei representou no ordenamento jurídico brasileiro um marco regulatório de expansão da consciência do grande problema da degradação do meio ambiente por parte dos resíduos sólidos. A promulgação da nova lei dispôs sobre os princípios, dos objetivos, dos instrumentos como também de todas as diretrizes relativas à gestão integrada no controle e gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos no Brasil, incluindo nesse ponto os resíduos perigosos (SINNOTT, 2012, p. 14). Submetem-se aos termos desse diploma legal as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta e indiretamente, pela produção de resíduos sólidos e as que atuem na gestão integrada ou no 10 gerenciamento de resíduos sólidos. Nesse aspecto, podemos destacar que a Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê, ainda, a reunião de ações adotadas pelo governo federal, isoladamente ou em regime de cooperação com estados, Distrito Federal, municípios ou particulares a fim de estabelecer uma organização integrada e ambientalmente adequada aos resíduos sólidos (MILARÉ, 2011, p.863). Nesse sentido foi averiguado que a Lei nº. 12.305/10, veio de forma inovadora. Nela inclui pessoas físicas e jurídicas, tornando as mesmas responsáveis direta ou indiretamente pela produção dos resíduos sólidos. Isso nos permite entender que a lei chama atenção para uma causa muito importante, ela compartilha os deveres, procurando conscientizar a sociedade brasileira, não só reclamar, mas aprender a participar colaborar, por meio de representação política ou não, na defesa do meio ambiente, se tornando uma causa única do povo brasileiro. Segundo aponta Carvalho (2008), a Lei nº. 12.305/2010 veio acompanhada de fatos importantes, de mudanças inovadoras com a finalidade de alcançar a uniformização no tratamento dado aos resíduos sólidos produzido no Brasil, promovendo uma devida proteção ambiental, considerando tanto os aspectos econômicos quanto os sociais, mas com um único propósito, engajar todos nessa luta pela preservação ambiental. Em relação ao discurso supracitado foi visto que as diretrizes da Lei 12.305/10, deve ser obrigação de todos os brasileiros, a lei prevê um tratamento para os resíduos produzidos no Brasil, ou seja, responsabilidade compartilhada, não sendo responsabilidade apenas do estado, a lei garanti que o recolhimento e tratamento dos resíduos passa ser de todos. Outra diretriz muito importante da Lei 12.305/10, trata-se da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, que deverá ser inserida até agosto de 2014 no setor privado, apenas rejeitos deverão ser destinados a aterros sanitários, e todo o restante dos resíduos sólidos aproveitável deverão ser remetido à reutilização e à reciclagem. Igualmente, os estados e municípios deverão, no prazo de dois anos da publicação da lei, elaborar os respectivos planos de gestão de resíduos sólidos, a fim de que tenham acesso aos recursos da União destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos (LEMOS, 2012, p.14). Segundo aponta Saldanha (2012, p.117) sobre as providencias adotadas pela nova lei destacando que: “as providências tomadas pelos municípios fazem parte de um novo conceito: o gerenciamento integrado do lixo, que envolve diferentes soluções, como a reciclagem e a disposição dos rejeitos em aterros que seguem critérios ambientais”. 11 É importante destacar o quanto a nova Lei 12.305/10 é inovadora, a mesma garante total reciclagem dos resíduos sólidos reaproveitável, abrindo assim uma oportunidade para a geração de emprego, para os catadores e cooperativas possibilitando um aumento maior de resíduos a ser reciclado. Outro ponto importante é que a mesma lei estipulou um prazo para que isso ocorra, já que é uma realidade “agosto de 2014”, deixando bem claro que os municípios e estados são obrigados no prazo máximo de dois anos da publicação que foi no ano de 2010 elaborar planos de gestão de resíduos sólidos, o que garantem uma possibilidade maior de responsabilidade do poder público na questão ambiental. 2.3 MANUSEIO E DESCARTE DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS) Destaca-se que o manuseio e o descarte dos resíduos é de suma importância, a serem realizados corretamente conforme a legislação aplicável, para que não ocorra efeitos adversos no meio ambiente, e não haja risco para a saúde humana, pela exposição de agentes biológicos, químicos entre outros. De acordo com a NBR 10004 da ABNT (1987), a Resolução 283/01 do CONAMA (2001) e a RDC 33/03 da ANVISA (2003), o RSS requer técnicas e cuidados especiais para seu manuseio, desde a segregação até o descarte final, após receberem tratamento (JR PHILIPPI, 2005, p. 341). No tocante ao que foi dito, deve ter um manuseio e descarte dos resíduos adequadamente de maneira correta, para isso deve-se seguir algumas etapas que são estabelecidas pela Vigilância Sanitária. As etapas podem variar de acordo com o porte do serviço de saúde, sendo elas: Separação ou Segregação: devendo ser feito na própria fonte geradora no instante em que o resíduo é produzido, completando com sua identificação. Acondicionamento: devendo esta de acordo com o tipo de resíduo, observando-se, principalmente, que materiais cortantes, perfurantes, etc. Coleta: depende do tipo do estabelecimento, podendo ser coleta interna, externa ou especial, na coleta deve-se feito o fechamento do saco já preenchido até dois terços de sua capacidade. Armazenamento: ela objetiva guarda e protegeros resíduos gerados antes de seu transporte. Transporte; Local de apresentação dos resíduos à coleta externa e Cuidados com o pessoal (JR PHILIPPI, 2005, p. 342). É importante salientar que o mesmo destaca sobre todas as etapas que deve ser seguida para o gerenciamento dos resíduos, pois os mesmo devem ser contidos em recipientes resistentes para que não possa haver nenhum tipo de vazamento. 12 Nesse sentido foi averiguado que o manejo e descarte é de suma importância, pois a população deve-se conscientizar sobre os riscos de danos ao meio ambiente decorrente de alguns agentes como os biológicos, químicos ou físicos, e até mesmo risco para a saúde humana a partir dos efeitos adversos à saúde, pela a exposição humana aos agentes biológicos, por isso, tem que fazer o manuseio e descarte corretamente, seguindo todas as etapas que são exigidas por lei. O tratamento dos resíduos sólidos de saúde se dão por várias tecnologias, porém as mais comuns são autoclavagem, micro-ondas, incineração ou sepultamento (para peças anatômicas) e disposição em aterro licenciado para esse fim, conforme estabelece a Resolução CONAMA nº 358/2005. Entretanto, pesquisas sobre resíduos sólidos realizadas pelo IBGE e pela ABRELPE evidenciam a presença de formas inadequadas de tratamento e disposição final dos resíduos no país, tais como a queima em forno simples ou a céu aberto e a disposição em lixões. Esta disposição inadequada dos RSS citadas acima, como a céu aberto ou a queima não-controlada, aumenta o risco da propagação de infecções e da exposição a emissões tóxicas provenientes da combustão incompleta. De acordo com Jr Philippi (2005, p. 345), "todos que trabalham em serviços de saúde, ou mesmo aqueles que usufruem desses serviços como os paciente/cliente, produzem resíduos e devem ter os devidos cuidados, seguindo às normas dos serviços e comunicando sempre à Comunicação Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) qualquer ocorrência ou dúvida". Isto posto nota-se que, não somente o profissional da área de saúde deve-se ter os devidos cuidados com os resíduos hospitalares gerados, mas também os pacientes/clientes, seguindo corretamente o regulamento do descarte, pois alguns resíduos podem ser reciclados e outros materiais são infectantes sendo nocivos para a saúde humana, por isso não pode-se misturar, para que não haja contaminação nos demais resíduos. 2.4 A RESPONSABILIDADE DO DESCARTE DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO BRASIL Segundo Borges et al., (2016, p. 95), para que haja o manejo adequado dos resíduos, a legislação obriga a formulação, por parte dos serviços de saúde, do Plano de Gerenciamento Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS). Este plano tem o propósito de 13 minimização da geração de resíduos e ainda proporcionar aqueles já produzidos um destino seguro, com eficiência e adoção de medidas de segurança e saúde para trabalhadores. Conforme estabelecido no Artigo 2º, item XI da Resolução CONAMA nº 358/2005, que define: XI – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS: documento integrante do processo de licenciamento ambiental, baseado nos princípios da não geração de resíduos e na minimização da geração de resíduos, que aponta e descreve as ações relativas ao seu manejo, [...], contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao meio ambiente (BRASIL, 2005). Neste sentido, o mesmo busca através destas medidas, proteger direta e indiretamente os envolvidos com o manuseio, preservar a saúde pública, o meio ambiente e os recursos materiais. Entretanto, o planejamento e implementação deste, fica a cargo do responsável legal pelo estabelecimento. Assim, a responsabilidade pelos resíduos hospitalares, no sistema brasileiro, é compartilhado pelo Poder Público e pelo produtor do lixo hospitalar. Desta forma, para garantir que todo lixo hospitalar seja coletado, tratado e descartado de forma adequada, é necessário que os hospitais tenham plano de gerenciamento de lixo bem definidos; pois caso contrário, o descarte deste gerará muitos prejuízos. Esses planos devem incluir protocolos, sistemas e processos de descarte desde a sua segregação (leito do paciente) até deixar a instalação para o descarte final. O treinamento sobre a coleta e destino deste lixo deve envolver desde o profissional que faz o atendimento da infecção até o descarte fora do hospital. Para desenvolver o plano de gerenciamento de lixo, os hospitais devem realizar uma coleta segura, observando a legislação municipal, estadual e federal, de descarte de resíduos, desenvolvendo listas dos lixos infectantes gerados em suas instalações e dos locais onde são gerados. Neste sentido, Guerra (2012, p.39) esclarece que: A remoção e a destinação final dos resíduos hospitalares são, nos Estados Unidos, problema dos próprios estabelecimentos hospitalares e não uma atribuição dos serviços públicos de limpeza. Aqui, a ideia geral é que o problema é só do serviço público de limpeza urbana, mas não é assim. Os que atuam no setor em referência têm responsabilidades próprias, podendo até incidir na prática de crimes contra a saúde pública. 14 A Constituição Federal brasileira assim estabelece: Art. 30. Compete aos Municípios: (...) omissis V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; (gn). Dessa forma, compete ao Município, o ente federado que mais próximo está da comunidade, estabelecer regras para a coleta, tratamento, descarte e/ou incineração dos resíduos hospitalares. Ocorre que, em virtude dos seus parcos recursos, o Município acaba não tendo condições de tratar esses resíduos e eles acabam indo, em sua maioria, para o lixo comum, sem tratamento adequado. Entretanto, no que concerne aos aspectos da biossegurança e prevenção de acidentes, compete à ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ao Ministério do Meio Ambiente, através do SISNAMA – Sistema nacional de Meio Ambiente, com o apoio da Vigilância Sanitária dos Estados e Municípios, bem como a órgãos de meio ambiente locais, a limpeza urbana, a orientação e a fiscalização destas atividades. Há diversos órgãos responsáveis para atuar na gestão do lixo hospitalar. Tal competência, acaba por permitir que esses diversos órgãos, acabem negligenciando no seu poder/dever, de fiscalizar e regulamentar, o tratamento de resíduos hospitalares e, ao invés de otimizar, acabam por não se efetivar as medidas necessárias para a implementação de tratamento e descarte correto deste lixo hospitalar. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Frente ao que foi exposto, nota-se que, embora constitua uma mínima parcela de todo o resíduo produzido em uma comunidade, os RSS oferecem riscos emergentes à segurança de trabalhadores responsáveis por seu manuseio, à qualidade do meio ambiente e à saúde da população em geral, por meio de seus constituintes tóxicos e de difícil degradação. Os impactos do lixo hospitalar são imensuráveis tanto na saúde pública quanto no meio ambiente. A periculosidade de certos resíduos contaminantes, como os resíduos biológicos, podem causar doenças e contaminar o solo e a água. O manejo inadequado dos 15 RSS pode gerar desastres ambientais e ocasionar doenças infecciosas que resultam na perda da qualidade de vida da população que, diretaou indiretamente, venha ter contato com o material descartado. Desta forma, é de suma importância a aplicabilidade da Lei 12.305/10 para o descarte destes materiais nos municípios para minimizar e eliminar seus riscos a sociedade e ao meio ambiente. No entanto, observa-se na literatura muitos estudos apontando que ainda há muitos municípios que não se adequaram a nova lei. A falta de recursos financeiros e a falta de controle e fiscalização dos órgãos competentes são os principais fatores que levam as unidades de saúde a negligenciarem esse aspecto, não tratando adequadamente seus resíduos A Lei n°. 12.305, de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) estabelece em seu “art. 20º procedimentos de elaboração de planos de gerenciamento de resíduos de diferentes origens, incluindo aqueles gerados em serviços de saúde”, e determina a necessidade de uma gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos de responsabilidade dos órgãos públicos e privados. A partir da publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o desafio da redução na geração dos resíduos tornou-se uma necessidade prioritária uma vez que metas de redução e reaproveitamento, com vistas a diminuir a quantidade de resíduos encaminhados para disposição final, passou a ser demandada para todas as esferas. No que diz respeito ao manejo e descarte dos resíduos sólidos de saúde, a técnica de gerenciamento de resíduos correta inicia-se pela fase de segregação, onde é realizado a classificação de algumas informações acerca de suas características como resíduo químico, físico, biológico, estado físico e grau de contaminação. Em seguida os RSS passam pela fase de acondicionamento onde armazenado e tratado, ficando pronto para a coleta e transporte no qual, mediante a informação adquirida, será conhecido o seu destino final. À luz dos pontos elencados no decorrer desta pesquisa, conclui-se que é evidente a importância do manejo e descarte do lixo hospitalar correto, entretanto apesar do Brasil já possui legislação especifica é necessário que o Poder Público e o Privado atentam para essas disposições legais, fazendo-as cumprir pois observa-se que muitos municípios ainda não se adequaram a nova Lei. Para garantir que todo lixo hospitalar seja coletado, tratado e descartado de forma adequada, é necessário que os hospitais tenham plano de gerenciamento de lixo bem definidos, pois só através de um gerenciamento seguro e uma fiscalização eficaz por parte dos Poderes Públicos responsáveis, será possível dar ao lixo hospitalar, um tratamento adequado e condizente com sua periculosidade, protegendo o meio ambiente e a saúde pública. 16 4 REFERÊNCIAS BECHARA, Erika. A proteção da fauna sob ótica constitucional. São Paulo, Saraiva, 2003. BRASIL, Lei 12.305 Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília: Congresso Nacional, 2010. _______, ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada. RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Disponível em: < http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ebe26a00474597429fb5df3fbc4c6735/RDC_ 306.pdf?MOD=AJPERES >. Acesso em 25 de nov. 2017. _______, Constituição (1988). 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