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O processo evolutivo e os agrupamentos taxonômicos Prof. Dr. Márcio Efe Objetivos da Sistemática Descrição da diversidade Ordenação da diversidade Gênese da diversidade Hoje em dia, a partir da idéia e métodos da Sistemática Filogenética vimos que a construção do ordenamento da diversidade se dá a partir de processos evolutivos Entende-se que esses processos evolutivos são compostos por repetições intercaladas de dois sub- processos conhecidos como anagênese e por cladogênese. Anagênese e Cladogênese Anagênese: processo pelo qual um caráter surge ou se modifica numa população ao longo do tempo, sendo responsável pelas novidades evolutivas. Cladogênese: processo responsável pela ruptura da coesão inicial numa população, gerando duas ou mais populações que não mais se comunicam , sendo responsável pelo aumento da diversidade. Anagênese : um caráter muda ao longo do tempo no interior de uma mesma espécie (Fatores causais: mutação (novas raças e espécies), fluxo gênico (restrito a populações separadas por barreiras geográficas), seleção natural (decide sobre a sobrevivência das mutações), deriva gênica (flutuações casuais na freqüência gênica). Cladogênese: uma espécie ancestral divide-se em duas espécies filhas (Fatores causais: vicariância e dispersão). Analogia e homologia Se duas ou mais estruturas desempenham funções semelhantes nos organismos que as portam, estas estruturas são denominadas análogas, independente das suas origens; Se duas ou mais estruturas em organismos diferentes são derivadas da mesma estrutura ancestral, são denominadas homólogas, independente das suas funções. Os diferentes ossos existentes nos membros anteriores de vertebrados são homólogos. MUITO CUIDADO !!! A proposição de que duas estruturas são homólogas só pode ser feita com base em evidências indiretas, havendo três critérios básicos de inferência: consideram-se homólogas estruturas que possuem forma parecida, estruturas que possuem a mesma posição relativa a outras estruturas do corpo, e estruturas com a mesma origem embrionária. Resumindo ... As homologias permitem então reconstruir a história dos táxons se determinarmos quais são, de um conjunto de condições homólogas, as condições antigas das derivadas. S É R I E de T R A N S F O R M A Ç Ã O S É R I E de T R A N S F O R M A Ç Ã O Antiga = primitiva = PLESIOMÓRFICA Derivada = recente = APOMÓRFICA Os caracteres apomórficos e plesiomórficos são sempre compartilhados pelos indivíduos de uma ou mais espécies Quando os estados apomórficos ou plesiomórficos são compartilhados por grupos de organismos, passam a ser denominados simplesiomorfias e sinapomorfias (com o prefixo "sin", ação conjunta, juntamente). apomorfia plesiomorfia sinapomorfia Quando entre os indivíduos de uma espécie apenas seus caracteres apomórficos são exclusivos, são chamados de autapomorfias. Num determinado momento t0, os indivíduos da espécie alfa (α) apresentam a forma do corpo quadrada, diferente de todos os outros organismos conhecidos. Nesse momento (t0), a forma "quadrada" do corpo é uma autapomorfia para a espécie α. Entendendo ... Entendendo ... Em um momento seguinte (t1), a população da espécie α é dividida em duas pelo surgimento de uma barreira, formando as espécies beta (β) e gama (γ). Essa barreira mantém as duas populações isoladas, não permitindo o cruzamento entre elas. No momento da formação dessas duas novas espécies, elas ainda apresentam a forma quadrada da espécie ancestral (α). Nesse momento (t1), a forma quadrada é uma sinapomorfia para as espécies β e γ. Entendendo ... Com o passar do tempo, as espécies β e γ vão sofrendo diferentes pressões seletivas fazendo com que cada uma delas passe a apresentar modificações em relação à outra e ambas em relação à espécie ancestral α. Em t2, elas continuam apresentando o estado sinapomórfico "corpo quadrado". Contudo, na espécie β, surgiu rabo e na espécie γ, surgiram pés. Nesse momento, os rabos e os pés são estados autapomórficos para as espécies β e γ, respectivamente. Entendendo ... Em t3, surge uma outra barreira que fragmenta a população da espécie γ em duas, formando as espécies delta (δ) e épsilon (ε). No momento em que surge essa barreira, as espécies δ e ε ainda apresentam a forma quadrada e pés, assim como a espécie ancestral (γ). Nesse momento (t3), para as espécies δ e ε, a forma quadrada do corpo representa uma simplesiomorfia e a presença dos pés, uma sinapomorfia. Entendendo ... no momento t4 a espécie β vem se mantendo ao longo do tempo sem modificar-se. O mesmo não acontece com as espécies δ e ε que, com o passar do tempo, sofrem pressões seletivas diferentes. Assim, cada uma destas espécies apresenta modificações em relação à outra e ambas em relação à espécie ancestral γ. Em t4, para as espécies δ e ε, o corpo quadrado representa uma simplesiomorfia e os pés representam sinapomorfias. Nesse momento, surgiu bico na espécie δ e orelhas na espécie ε, representando os estados autapomórficos para elas. Continuando ... Esta análise é a essência do método filogenético: sinapomorfias são indícios de ancestralidade comum exclusiva, ou seja, demonofiletismo. Grupos monofiléticos são aqueles que contêm o ancestral comum mais recente e todos os descendentes desse ancestral podem ser identificados por compartilharem características exclusivas (sinapomorfias) resultantes do processo evolutivo, e conseqüentemente apresentam um maior relacionamento de parentesco. Os grupos merofiléticos são subdivididos em duas outras categorias: parafiléticos e polifiléticos. A condição parafilética de "Pisces“ foi definida quando se verificou que uma parte dos peixes apresenta maior parentesco com o grupo dos Tetrápoda do que com outros peixes. os "peixes pulmonados" (Dipnoi) são mais próximos filogeneticamente dos Tretrapoda (anfíbios, mamíferos, tartarugas, lagartos, cobras, crocodilos e aves), do que dos demais "peixes"; isto é, tanto Dipnoi quanto Tetrapoda apresentam um mesmo ancestral comum e exclusivo deles. Os "peixes" ósseos com nadadeiras raiadas (Actinopterygii) são mais próximos de celacantos (Actinistia) + Dipnoi + Tetrapoda do que dos "peixes" cartilaginosos (Chondricthyes) e dos "peixes" ágnatos. Os "peixes" cartilaginosos compartilham o mesmo ancestral com os "peixes" ósseos com nadadeiras raiadas, os celacantos, os "peixes" pulmonados e os tetrápodes; e esse ancestral não é o mesmo ancestral dos "peixes" ágnatos. O grupo de "animais de sangue quente" é polifilético Exercitando ... No cladograma apresentado abaixo identifique entre os agrupamentos mostrados (AD, BC e EF) quem é monofilético, parafilético e polifilético. Resumindo ... O grupo EF é monofilético, pois todos os seus membros descendem de um ancestral comum e único a eles. O grupo BC é parafilético, pois embora os dois tenham um ancestral comum, alguns descendentes deste ancestral não pertencem ao grupo (D, E e F). O grupo AD é polifilético, pois do ancestral comum entre A e D saem dois outros grupos, um monofilético (EF) e outro parafilético (BC).
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