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DIREITO INTERNACIONAL – PONTO 11

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DIREITO INTERNACIONAL – PONTO 11
11. Elaborado com base no livro Direito Ambiental, de Paulo de Bessa Antunes (2008).
PROTEÇÃO ÀS FLORESTAS.
Atualizado por Herley Brasil, em agosto de 2012 (incluindo pontos do resumo do TRF5 – em azul –, atualizado de acordo com o novo Código Florestal)
NOVO CÓDIGO FLORESTAL - NOTAS GERAIS:
Em primeiro lugar, ressalte-se que a Lei 12.651/12, inicialmente denominada “Novo Código Florestal”, teve sua ementa alterada, sendo suprimida a menção a Código. Assim, apesar do apelido, a nova lei não se denomina Código. E a razão é simples: o texto não é um conjunto sistematizado de normas relativas às florestas, não é uma coleção de leis. A legislação a respeito se encontra muito dispersa e a abrangência da Lei 12.651 não é grande.
Abrangência do NCF: o antigo (primeiro Código Florestal, de 1934) tratava de todas as florestas brasileiras, com ênfase na produção de madeira. Tratava dos monumentos naturais, florestas protetoras, florestas de rendimentos (produção de madeira), florestas remanescentes (as demais). O de 1965 manteve basicamente os institutos do anterior, mas sua abrangência diminuiu com o tempo (criação da Lei das Unidades de Conservação, Lei da Mata Atlântica, Lei de diversidade biológica, Lei de Gestão das Florestas Públicas etc. – leis especiais que tiraram do âmbito do Cód. de 65 sua regulamentação. Assim, o “Cód. Florestal” ficou reservado, praticamente, apenas para áreas particulares). Porém, mantendo a tradição, nos referimos à Lei 12.651 como NCF (Novo Código Florestal).
Destaca-se que o NCF foi objeto de acirrada discussão no Congresso, tendo sido vários dispositivos da nova lei vetados pela Presidente, sob pressão, principalmente de grupos ambientalistas. Criou-se até um movimento denominado “Veta, Dilma”, com a participação de autoridades, artistas, do Greenpeace. Diz-se que o NCF foi fruto de proposta da bancada ruralista no Parlamento. Assim, vários dispositivos em vigor no Código são fruto da MP 571/12, cujo prazo de validade termina em outubro/2012. Há grande expectativa sobre a apreciação dos vetos da Presidente pelo Congresso.
O principal ponto negativo apontado pelos maiores críticos foi a instituição das chamadas “áreas consolidadas”, espaços degradados por desobediência à legislação anterior cujos infratores foram anistiados. Houve, assim, o reconhecimento cabal de fatos consumados sem adequadas medidas de efetiva de recuperação do que foi desmatado no passado, premiando quem descumpriu a lei. Já os defensores da anistia asseveram que as áreas consolidadas foram criadas para compatibilizar a proteção do meio ambiente com as atividades já realizadas, por motivo de segurança jurídica. A ampla anistia foi abrandada por alguns vetos e pela MP 571.
O art. 1º-A, introduzido pela MPv 571/12 estabeleceu que o fundamento central no Novo Código é a proteção e uso sustentável das florestas, o que não estava implícito na redação original, sendo essa a razão do veto do art. 1º.
Foram poucas as mudanças com o Novo Código em termos gerais e estruturais, já que a lei aprovada permitiu somente ajustes pontuais para adequação da situação de fato à situação de direito pretendida pela legislação ambiental.
A proteção do meio ambiente natural continua sendo obrigação do proprietário mediante a manutenção de espaços protegidos de propriedade privada, divididos entre Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL). 
Uma novidade está na implementação e na fiscalização desses espaços, agora sujeito ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), que promete imprimir maior controle das florestas.
Letra “g” do preâmbulo do item 09 da Agenda 21 (Rio-92): “As florestas são essenciais para o desenvolvimento econômico e para a manutenção de todas as formas de vida”.
Não há conceito legal de floresta. Na doutrina, Pierre Merlin: “formação vegetal espontânea ou produzida, caracterizada pela predominância de árvores e pela fraca iluminação do sol. Por extensão, uma vasta superfície (...) plantada em formação cerrada”.
No dicionário Aurélio, floresta pode ser definida como formação arbórea densa, na qual as copas se tocam.
O Direito comparado e o brasileiro não fornecem muitas definições normativas de floresta, embora sejam inúmeras as leis voltadas para o tema. 
Paulo de Bessa Antunes afirma que o Direito deve socorrer-se de conceitos da biologia e da ecologia, que não trabalham com conceito genérico de floresta, porque cada uma das diferentes modalidades de florestas terá sua própria definição. Exemplificando, cita que o cerrado não será definido nos mesmos termos que a floresta amazônica.
Não há, portanto, conceito jurídico genérico de floresta, existindo, contudo, conceitos específicos para alguns tipos de floresta (floresta de preservação permanente, por exemplo).
O fato de o art. 225, § 4º, CF (“A Floresta Amazônica Brasileira,a Mata Atlântica,a Serra do Mar, o Pantanal Mato-grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”) ter destacado os ecossistemas mencionados não quer dizer que estes possuam status jurídico diferenciado. Apenas tiveram destaque em sua regulação constitucional.
(Novo Código Florestal) Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais com o fundamento central da proteção e uso sustentável das florestas e demais formas de vegetação nativa em harmonia com a promoção do desenvolvimento econômico, atendidos os seguintes princípios: (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
I - reconhecimento das florestas existentes no território nacional e demais formas de vegetação nativa como bens de interesse comum a todos os habitantes do País; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
II - afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, da biodiversidade, do solo e dos recursos hídricos, e com a integridade do sistema climático, para o bem-estar das gerações presentes e futuras; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
V - ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, coordenada com a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Política Agrícola, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, a Política de Gestão de Florestas Públicas, a Política Nacional sobre Mudança do Clima e a Política Nacional da Biodiversidade; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
(...)
A referência ao “patrimônio nacional” no art. 225 da CF/88 não teve o condão de desapropriar os bens onde se encontravam as florestas em benefício do Estado ou da Nação. Apenas realça-se a proteção legal desses bens e reafirma o dever de todos no sentido de atuar visando a sua preservação.
Extrai-se do art. 1º do Código Florestal que esta norma protege as “florestas E DEMAIS FORMAS DE VEGETAÇÃO NATIVA EM HARMONIA COM A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO”. Assim, o Código Florestal protege: florestas, demais formas de vegetação e as terras propriamente ditas (daí a expressão ÁREAS de preservação permanente)
Art. 2o  As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.
Exprimir que “as florestas e demais formas de vegetação são bens de interesse comum a todos” significa que, embora o domínio da floresta seja público ou privado, o interesse deve ser compreendido como a faculdade legal e constitucionalmente assegurada a qualquer indivíduo de exigir, administrativa ou judicialmente, do titular do domínio que ele preserve a sua boa condição ecológica.
ÁREAS (FLORESTAIS) DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP)
(Código Florestal)Art. 3, II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
(Enfim, basicamente a APP tem a função de preservar a água, o solo, a paisagem, a fauna e a flora).
A APP é caracterizada pela intocabilidade dos recursos naturais da área, salvo casos de utilidade pública ou interesse social ou outros definidos nesta lei
Florestas de preservação permanente pelo efeito do Código Florestal
Os Estados poderão estabelecer, em sua legislação própria, outros critérios para que se definam locais nos quais a flora será considerada de preservação permanente, já que o Código Florestal é tido como lei geral (nacional).
CONFLITO DE NORMAS – INEXISTÊNCIA – NORMA ESPECIAL QUE SE COMPATIBILIZA COM PRECEITO GERAL CONTIDO NA NORMA FEDERAL. O disposto no artigo 19, parágrafo 1º da Lei Estadual nº 10.561/91 não conflitua com o preceito contido no artigo 21, parágrafo único do Código Florestal. Trata-se aquela de lei especial, compatível com o tratamento genérico da norma federal. Recurso improvido. (REsp 246531/MG, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/03/2001, DJ 11/06/2001 p. 108)
Art. 4o  Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei::
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: [...]
A Lei 7.754/89, ao passo em que manteve as florestas e demais formas de vegetação existentes nas nascentes dos rios como floresta de preservação permanente, dispõe que deverá ser constituída nas nascentes dos rios uma área em forma de paralelogramo, cuja área seja definida em regulamento, na qual são vedadas a derrubada de árvores e qualquer forma de desmatamento.
A preocupação do art. 4º, “a”, “b”, “c”, “d” e “e” do Código Florestal situa-se na preservação da vegetação que protege os cursos d’água, diante de sua relevância. “A remoção da cobertura vegetal reduz o intervalo de tempo observado entre a queda da chuva e os efeitos nos cursos d’água (deflúvio de base), diminui a capacidade de retenção de água nas bacias hidrográficas e aumenta o pico de cheias”. Ademais, a cobertura vegetal limita a possibilidade de erosão do solo, minimizando a poluição dos cursos de água por sedimentos”.
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento, observado o disposto nos §§ 1o e 2o;
IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;
XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
§ 1o  Não se aplica o previsto no inciso III nos casos em que os reservatórios artificiais de água não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água.
§ 2o  No entorno dos reservatórios artificiais situados em áreas rurais com até 20 (vinte) hectares de superfície, a área de preservação permanente terá, no mínimo, 15 (quinze) metros.
§ 4o Fica dispensado o estabelecimento das faixas de Área de Preservação Permanente no entorno das acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
A proteção das florestas e demais formas de vegetação que se encontrem no topo dos morros, montes, montanhas e serras tem a finalidade de preservar a integridade dos acidentes geográficos, evitando, ainda, enchentes e inundações nos térreos mais baixos (a vegetação constitui barreira natural).
Também, o simples efeito da vigência do Código Florestal fez com que as restingas, fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangue, fossem consideradas como de preservação permanente.
Restinga também tem conceito normativo, na Resolução Conama nº 04/1985: “acumulação arenosa, paralela à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzida por sedimentos transportados pelo mar, onde se encontram associações vegetais muito características, comumente conhecidas como ‘vegetação de restinga’”. A função da restinga é a contenção das dunas, bem como garantir a estabilização dos manguezais, os quais são essenciais à formação da vida marinha e se constituem em abrigo e fonte de alimentação para os seres marinhos.
		→ Lembrar que, por estarem situadas no litoral ou em áreas sujeitas à influência das marés, os manguezais são bens pertencentes ao Patrimônio da União (art. 20, IVe VII, CF c/c art. 2º, DL 9760/46).
O caput do art. 4º pretendeu por fim a grande controvérsia sobre a aplicação do Código Florestal às áreas urbanas: por disposição expressa, portanto, o NCF se aplica a essas áreas.
As florestas de preservação permanente por efeito da lei só podem ser suprimidas por outra lei, diante do princípio da similitude das formas.
Floresta de preservação permanente por ato do Poder público
A instituição dessas áreas de preservação permanente, através de ato administrativo (Decreto, via de regra), possui conteúdo declaratório. Preenchidos os requisitos do art. 6º, a Administração deverá editar o decreto declaratório da área de preservação permanente. É declaratório, pois “as áreas que ora estão sendo tratadas já são consideradas protegidas desde a edição do Código Florestal”.
Art. 6o  Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público; 
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
IX – proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
APPs:
Notas:
As áreas de preservação permanente são aquelas que devem ser mantidas intactas pelo proprietário ou possuidor de imóvel rural, independentemente de qualquer outra providência ou condição em virtude da sua natural “função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (Art. 3º, II, da Lei 12.561/12).
Não houve grandes alterações do que eram as APPs sob a égide da Lei nº 4.771 e o que determina a Lei 12.561/12. 
Apenas algumas situações ficaram mais claras, tais como:
a) ficou expressamente previsto que somente devem ser protegidas como APPs as faixas marginais dos cursos d’água naturais, eliminando a dúvida quanto aos regos e canais artificiais;
b) a medição das faixas marginais de apps passou a ser da borda da calha do leito regular dos cursos d’água, deixando de ser a partir do nível mais alto em faixa marginal, como acontecia sob a égida da antiga lei, o que dificultava muito a sua delimitação;
c) a situação dos lagos e lagoas naturais passou a ser expressamente definida por lei, o que não acontecia, ficando claro que, quanto aos reservatórios artificiais prevalece o disposto no respectivo licenciamento ambiental, que continua obrigatório para qualquer intervenção em curso d’água.
d) importante mencionar o disposto no Art. 62, com disposição expressa quanto aos reservatórios artificiais de água destinados a geração de energia ou abastecimento público estabelecidos antes de 2001, cuja área de preservação permanente se estabeleceu na distância entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum e que deverá servir para regularizar muitas propriedades prejudicadas com a Resolução 302 do CONAMA.
Além das mencionadas APPs hídricas, de aplicação certamente generalizada, mantiveram-se, com alguns esclarecimentos, a proteção das encostas, dos topos de morros, restingas, manguezais, bordas de tabuleiros e chapadas e de altitude superior a 1800 metros. 
A Medida Provisória fez muito bem em esclarecer que as áreas de preservação permanente em Veredas é a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado.
Sem prejuízo de serem áreas de preservação permanente as encostas, com declividade maior que 45°, foram declaradas de uso restrito, não passíveis de supressão da vegetação natural, as áreas com declividade entre 25° e 45º, garantida a manutenção das atividades atualmente existentes, bem como da infraestrutura instalada (Art. 11 da Lei 12.651/12).
APPs: regras para áreas consolidadas - Lei 12.651/12
A consolidação da utilização da utilização antrópica das Áreas de Preservação Permanente foi aspecto principal da Medida Provisória 571/12 e dos vetos da Presidente da República ao projeto de lei aprovado no Congresso Nacional.
As regras originais, segundo o governo, eram muito brandas. Trecho das razões do veto: “O dispositivo parece conceder uma ampla anistia aos que descumpriram a legislação que regula as áreas de preservação permanente até 22 de julho de 2008, de forma desproporcional e inadequada. Com isso, elimina a possibilidade de recomposição de uma porção relevante da vegetação do País. [...] a proposta não articula parâmetros ambientais com critérios sociais e produtivos, exigindo que os níveis de recomposição para todos os imóveis rurais, independentemente de suas dimensões, sejam praticamente idênticos. Tal perspectiva ignora a desigual realidade fundiária brasileira [...]”.
Pelo texto alteradopela MPv, a regra geral é no sentido de que “Nas Áreas de Preservação Permanente é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008” (Art. 61), mas foram estabelecidas diversas condicionantes e limitações para a continuidade do uso dessas áreas. O art. 61-A, introduzido pela MPv 571/12, traz disciplina detalhada da recomposição das áreas consolidadas, com tratamento isonômico (mais brando para pequenos proprietários e mais severo para os grandes proprietários), especificado para cada tipo de APP. Em matéria de APP, ficou bem claro a invocação a inexistência de direito adquirido a poluir, devendo a propriedade se adequar às conformação legal de sua função social ambiental.
Em primeiro lugar, relativamente às APPs hídiricas (aquelas nas faixas marginais de cursos d’água naturais, nascentes e olhos d’água) a continuação das atividades foi permitida desde que uma parte dessas áreas de preservação permanente seja recomposta com vegetação nativa. A faixa dessa contrapartida à consolidação é variável de acordo com o tamanho do curso d’água cuja APP pretende proteger e com o tamanho da propriedade que está sujeita à contraprestação, de modo que pequenas propriedades são menos oneradas que propriedades com área maior que 4 módulos fiscais, assim considerada a área da propriedade em 22 de Julho de 2008. 
Como exemplo, citamos o caso de uma propriedade com mais de 4 módulos fiscais. Nessas propriedades poderão se manter as atividades agrárias nas áreas de preservação permanente desde que feita a recomposição: a) da faixa marginal de 20 metros, nos cursos d’água com até 10 (dez) metros de largura, b) da faixa marginal de metade da largura do rio nos demais casos, obedecido o mínimo de 30 metros e o máximo de 100 metros; c) da faixa de 15 metros no entorno de nascentes e olhos d’água perenes; d) da faixa de 30 metros no entorno de lagos e lagoas naturais; e) da faixa marginal de 50 metros, em projeção horizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e encharcado das veredas.
A autorização do uso dessas áreas que deveriam ser de Preservação Permanente, bem como a contrapartida em recomposição florestal deverão constar de Projeto de Regularização Ambiental e estar inscritas no CAR – Cadastro Ambiental Rural. Sendo assim, mais uma vez, a efetividade das medidas dependerá muito da regulamentação dos dispositivos e implementação dos projetos pelo Poder Executivo.
Regras especiais:
Grande foco da MPv 571/12. As regras originais, segundo o governo, eram muito brandas. Trecho das razões do veto: “[...] a proposta não articula parâmetros ambientais com critérios sociais e produtivos, exigindo que os níveis de recomposição para todos os imóveis rurais, independentemente de suas dimensões, sejam praticamente idênticos. Tal perspectiva ignora a desigual realidade fundiária brasileira [...]”.
§ 12. Será admitida a manutenção de residências e da infraestrutura associada às atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, inclusive o acesso a essas atividades, desde que não estejam em área que ofereça risco à vida ou à integridade física das pessoas.
§ 16. As Áreas de Preservação Permanente localizadas em imóveis inseridos nos limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral não são passíveis de ter quaisquer atividades consideradas como consolidadas, ressalvado o que dispuser o Plano de Manejo .
§ 17. Em bacias hidrográficas consideradas críticas, o Chefe do Poder Executivo poderá, em ato próprio, estabelecer metas e diretrizes de recuperação ou conservação da vegetação nativa superiores às definidas como regra geral.
Art. 64. Na regularização fundiária de interesse social dos assentamentos inseridos em área urbana de ocupação consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009.
§ 2o Para fins da regularização ambiental prevista no caput, ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, será mantida faixa não edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado. 
§ 3o Em áreas urbanas tombadas como patrimônio histórico e cultural, a faixa não edificável poderá ser redefinida de maneira a atender aos parâmetros do ato do tombamento.
EXERCÍCIO DO DIREITO DE PROPRIEDADE EM ÁREA FLORESTAL
Pelo Código Florestal, a propriedade florestal está regida pelas limitações gerais existentes, tais como normas de vizinhança e o desempenho da função social da propriedade, delineada na Constituição e regulada pelo Código Florestal.A propriedade florestal possui 3 limitações principais: áreas de preservação permanente, reservas legais e corte somente com autorização do poder público.
Para P.B.Antunes, não se trata de verdadeira limitação; o uso adequado às normas ambientais faz parte do próprio conteúdo da propriedade florestal: “o proprietário deve respeitar os ‘direitos da coletividade’, utilizando-a dentro dos preceitos estabelecidos pelo Código Florestal”.
Reserva legal florestal (RLF)
Notas:
As áreas de Reserva Legal também continuam seguindo a mesma lógica daquela da Lei de 1.965, alterada pela Medida Provisória 2.166/01. Ou seja, se traduz na obrigação legal do proprietário de preservar uma área de floresta nativa equivalente a um percentual da sua área total, variável de 20% a 80%, conforme a localização e o bioma.
Assim, se o imóvel for localizado na Amazônia Legal (estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão – a oeste do meridiano de 44º de longitude oeste), o percentual de vegetação nativa de responsabilidade do proprietário será de 80% (oitenta por cento) da área situada em região de florestas; b) 35% (trinta e cinco por cento) da área situada em região de cerrado; e c) 20% (vinte por cento) da área situada em região de campos gerais.
Se o imóvel for localizado em qualquer outra região do país, o proprietário será responsável pela proteção de vegetação nativa em área correspondente a 20% da área total do seu imóvel.
Ficou, por conseguinte, definitivamente superada a concepção inicial do Código Florestal de 1965, de que a Reserva Legal era um limite para o desmatamento lícito (“Art. 26. A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá do cadastramento do imóvel no CAR, de que trata o art. 29, e de prévia autorização do órgão estadual competente do Sisnama”). Agora, trata-se, claramente de um ônus inerente ao exercício da propriedade, cuja responsabilidade é propter rem, acompanha a coisa, independentemente do vínculo pessoal. Nesse sentido, expressamente o § 2º do art. 2º do NCF: As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
Quanto à Reserva Legal, uma novidade relevante é a possibilidade do cômputo da APP na reserva legal. Esse benefício, que poderá ser muito útil à regularização de imóveis rurais, está, no entanto, limitado às hipóteses em que:
a) o cômputo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo;
b) a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação; e
c) o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
A Reserva Legal continua sendo passível de exploração limitada, mediante manejo sustentável, sendo que sua averbação no Cartório de Registro de Imóveis não será obrigatório a partir da sua declaração e inclusão no CAR – Cadastro Ambiental Rural.
	Regime da reserva legal – aspectos relevantes - Lei 12.651/12
Art. 17, § 1o Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável, previamente aprovado
pequena propriedade ou posse rural familiar - procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação de tais planos de manejo
Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR
Na posse, a área de Reserva Legal é assegurada por termo de compromisso
A transferência da posse implica a sub-rogação das obrigações assumidas no termo de compromisso 
O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis
Art. 21. É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar: I - os períodos de coleta e volumes; II - a época de maturação dos frutos e sementes; III - técnicas adequadas
Art. 22. O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito comercial depende de autorização do órgão competente 
Art. 23. O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propósito comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos
Art. 24. No manejo florestal nas áreas fora de Reserva Legal, aplica-se o regime das liberdades inerentes à RL (quem pode o mais pode o menos)
	Reserva legal: regras para áreas consolidadas - Lei 12.651/12
Não houve alteração pela MPv.
Apesar do alarde, a Lei 12.651/12 não permite a consolidação da Reserva Legal. Ou seja, todos os imóveis rurais, independentemente do uso consolidado das áreas para cultivo ou criação de animais estão sujeitos à obrigação de manter reserva legal. A exceção fica por conta dos desmatamentos feitos com base nas leis vigentes nas épocas em que ocorreram (cf. art. 68, abaixo analisado).
Sendo assim, tal como já vinha sendo exigido sob a égide da Lei nº 4.771/65, todos aqueles proprietários que não tiverem área correspondente aos percentuais mencionados no Art. 12 da nova Lei (20%, 35% ou 80%, conforme o caso) com vegetação nativa preservada (incluindo, como se disse, as APPs), estão obrigados a fazê-lo mediante: a) recomposição da reserva legal; b) regeneração natural da vegetação de reserva legal; ou c) compensação da reserva legal.
Também não houve novidade nesse particular. O dispositivo do agora Art. 66 do Código Florestal é praticamente idêntico ao revogado Art. 44, do Código anterior, que também previa, como faz a nova lei, instrumentos facilitadores para a compensação ambiental, a saber:
a) a compensação mediante aquisição de cotas de reserva AMBIENTAL (Art. 66, §5º, I - anteriormente Cotas de Reserva Florestal – Art. 44-B do Código revogado). Trata-se de uma excelente oportunidade para a criação de um mercado organizado de serviços ambientais, com negociação de títulos correspondentes a áreas de vegetação nativa para compensação. Em mais de 10 anos da previsão legal sob a égide da Medida Provisória 2.166/01 o dispositivo nunca foi regulamentado, pelo que somos céticos dessa solução;
b) instituição de servidão ambiental ou arrendamento de reserva ambiental (Art. 66, §5º, II; Art. 44-A do Código revogado). Trata-se de um instituto de efetividade e que já vinha funcionando como solução eficaz para a cessão precária, temporária e reversível de excedentes florestais para compensação ambiental;
c) doação ao órgão ambiental competente de área localizada no interior de unidade de conservação de domínio público, pendente de regularização fundiária (Art. 66, §5º, II; Art. 44, § 6º do Código Revogado).
A única novidade é a possibilidade de compensação mediante o cadastramento de outra área, equivalente e excedente à Reserva Legal, localizada no mesmo bioma (Art. 66, §5º, IV), sendo certo que a lei anterior só previa que a compensação poderia utilizar área na mesma microbacia hidrográfica (Art. 44, II).
• Da relativização da Lei no Tempo:
É princípio fundamental de direito, previsto no Art. 5º , XXVI, da Constituição Federal do Brasil, que a Lei nova não afetará o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. Não obstante essa determinação fixou-se no Superior Tribunal de Justiça entendimento de que não há direito adquirido contra o meio ambiente, especialmente para que se pudesse condenar proprietários rurais que desmataram legalmente suas propriedades a recompor áreas de florestas nativas em tamanho equivalente ao que seriam suas reservas legais.
A reversão, de lege lata, dessa corrente doutrinária e jurisprudencial é uma das mais importantes inovações da Lei nº 12.651/12. Com efeito, o Art. 68 dispôs expressamente que “Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão devegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos nesta Lei”. Somente será necessária a recomposição das áreas de reserva legal se o desmatamento tiver sido efetuado em desacordo com legislação vigente à época do desmatamento.
Do ponto de vista prático, o dispositivo terá sua aplicabilidade muito variável, caso a caso, sendo fundamental a análise detalhada do histórico de ocupação de cada uma das propriedades rurais, bem como da legislação vigente à época. Trata-se, evidentemente, de uma análise penosa e custosa, mas que compensará a muitos proprietários de terras, especialmente em regiões mais valorizadas e de ocupação anterior a 1989.
Essas disposições transitórias, de relatividade da lei no tempo de sua vigência, não são, em princípio, aplicáveis para áreas que hoje são consideradas de preservação permanente, como já visto, cuja regularização dos usos estabelecidos dependerá da possibilidade de manutenção das áreas de uso consolidado.
OUTROS PONTOS RELEVANTES DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL:
• Cadastro Ambiental Rural:
Alardeado com ânimo, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) é a grande novidade do Código Florestal. Da maneira com que está proposto, será a importante ferramenta que falta ao Poder Público para a gestão do uso e ocupação do solo quanto às questões ambientais.
De inscrição obrigatória para todos os proprietários rurais, o CAR será um novo registro público, onde deverão ser inscritas as propriedades, com seu perímetro identificado e delimitado com coordenadas geográficas, assim como todos os espaços protegidos no interior do imóvel, especialmente APPs e Reserva Legal.
• Disciplina do uso ecologicamente sustentável dos apicuns e salgados (áreas do entorno dos manguezais): já que Zona Costeira é patrimônio Nacional.
Há limites de área total em cada Estado, necessidade de respeito ao ZEE, de licenciamento e de EIA/RIMA em determinados casos.
A licença ambiental, na hipótese deste artigo, será de 5 (cinco) anos, renovável apenas se o empreendedor cumprir as exigências da legislação ambiental e do próprio licenciamento.
• Supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo: 
A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá do cadastramento do imóvel no CAR e de prévia autorização do órgão estadual competente do Sisnama.
Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão de vegetação que abrigue espécie da flora ou da fauna ameaçada de extinção dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras.
Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso alternativo do solo no imóvel rural que possuir área abandonada.
Além do disposto no Novo Código e sem prejuízo da criação de unidades de conservação da natureza, o poder público federal, estadual ou municipal poderá: I - proibir ou limitar o corte das espécies da flora raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção, bem como das espécies necessárias à subsistência das populações tradicionais, delimitando as áreas compreendidas no ato, fazendo depender de autorização prévia, nessas áreas, o corte de outras espécies; II - declarar qualquer árvore imune de corte, por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes; III - estabelecer exigências administrativas sobre o registro e outras formas de controle de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à extração, indústria ou comércio de produtos ou subprodutos florestais.
• Da exploração florestal:
É livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas nas áreas não consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso alternativo do solo serão permitidos independentemente de autorização prévia, devendo o plantio ou reflorestamento estar previamente cadastrado no órgão ambiental competente e a exploração ser previamente declarada nele para fins de controle de origem.
A exploração de florestas nativas e formações sucessoras, de domínio público ou privado dependerá de licenciamento pelo órgão competente do Sisnama, mediante aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS.
A aprovação do PMFS pelo órgão competente do Sisnama confere ao seu detentor a licença ambiental para a prática do manejo florestal sustentável, não se aplicando outras etapas de licenciamento ambiental.
O detentor do PMFS encaminhará relatório anual ao órgão ambiental competente e será submetido a vistorias técnicas para fiscalizar as operações e atividades desenvolvidas na área de manejo.
Serão estabelecidas em ato do Chefe do Poder Executivo disposições diferenciadas sobre os PMFS em escala empresarial, de pequena escala e comunitário.
Compete ao órgão federal de meio ambiente a aprovação de PMFS incidentes em florestas públicas de domínio da União.
São isentos de PMFS: a supressão de florestas e formações sucessoras para uso alternativo do solo (há autorização específica, mas não há plano de manejo, porque há supressão e não uso sustentável); II - o manejo e a exploração de florestas plantadas localizadas fora das APPs; III - a exploração florestal não comercial realizada nas pequenas propriedades rurais ou por populações tradicionais.
Há procedimentos simplificados para pequenas propriedades rurais e regras especiais para empresas industriais que usem grande quantidade de matéria prima.
• Disciplinamento do uso do fogo:
É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:
I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada; II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo plano de manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor; III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente aprovado pelos órgãos competentes.
Excetuam-se da proibição constante no caput as práticas de prevenção e combate aos incêndios e as de agricultura de subsistência exercidas pelas populações tradicionais e indígenas.
É necessário o estabelecimento de nexo causal na verificação das responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares. 
• Controle do desmatamento:
O órgão ambiental competente, ao tomar conhecimento do desmatamento ilegal, deverá embargar a obra ou atividade. O embargo restringe-se aos locais onde efetivamente ocorreu o desmatamento ilegal. Há previsão de publicidade da medida adotada.
• Detalhamento de procedimentos para a agricultura familiar:
A intervenção e a supressão de vegetação em Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal para as atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental, em regra, dependerão de simples declaração ao órgão ambiental competente.
Registro no CAR da Reserva Legal: cabe aos órgãos competentes integrantes do Sisnama, ou instituição por ele habilitada, realizar a captação das respectivas coordenadas geográficas.
Reserva Legal: poderão ser computados os plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas da região em sistemas agroflorestais.
Manejo sustentável da Reserva Legal para exploração florestal eventual, sem propósito comercial direto ou indireto: independe de autorização dos órgãos ambientais competentes, respeitados certos limites legais.
Manejo florestal madeireiro sustentável da Reserva Legal com propósito comercial direto ou indireto depende de autorização simplificada do órgão ambiental competente.
• “Dumping ambiental”:“Art. 74. A Câmara de Comércio Exterior - CAMEX é autorizada a adotar medidas de restrição às importações de bens de origem agropecuária ou florestal produzidos em países que não observem normas e padrões de proteção do meio ambiente compatíveis com as estabelecidas pela legislação brasileira”. 
Outras observações em relação ao NCF:
- Tem quase o dobro de artigos da anterior. basicamente, detalha mais institutos da anterior (exemplo, detalhe muito mais o tratamento do fogo). Impõe desmatamento zero, salvo em caso de reconstituição ou compensação.
- NCF disciplinou algumas áreas de proteção pelo tamanho da propriedade. Do ponto de vista ambiental isso não faz sentido (em determinadas situações quem é pequeno pode desmatar, mas o grande, não).
- Houve alargamento das hipóteses de utilidade pública e interesse social, para fins de intervenção e/ou supressão de vegetação nativa em APPs, o que tem sido criticado pelos ambientalistas.
- APP: vinculação da área, independentemente da existência de vegetação. Assim, houve a fixação do alargamento das funções da APP.
- lei nova não mudou o conceito de APP. Em termos de proteção das faixas marginais, se manteve as mesmas faixas de proteção da lei anterior (Lei 4.771/65).
- manguezais são APPs em toda sua extensão
- art. 2, § 1: procedimento sumário do CPC para os casos de uso irregular da propriedade, garantindo maior agilidade na tramitação de processos;
- arts. 64 e 65: projeto de regularização fundiária para áreas consolidadas (solução para a situação das áreas urbanas, de encostas e de margens de rios, desde que comprovada a inexistência de risco para a população) – diagnóstico ambiental da situação
- art. 29: cadastro ambiental rural: melhor controle das florestas
- art. 35: sistema nacional de controle da origem da madeira, do carvão e de outros produtos florestais integrado pela União Federal, Estados e Municípios, coordenado, fiscalizado e regulamentado pelo IBAMA (MP 571/2012).
- Art. 35, § 1: possibilidade de bloquear a emissão de DOF (documento de origem florestal) dos entes não integrados ao Sistema Nacional.
Indenizabilidade da proteção florestal. Jurisprudência.
A proteção florestal, seja por RFL ou por APP, não implica desapropriação, nem deve ser indenizada, exceto se restringirem o domínio.
STJ
ADMINISTRATIVO. LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS. INDENIZAÇÃO. PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR. 1. O apossamento administrativo de propriedade privada, ainda que não acompanhado de ocupação física, se restringir os poderes inerentes ao domínio, justificam o direito à indenização, salvo quando se tratar de área de preservação permanente (APP) ou de reserva legal(RL), exceto quanto a esta se o proprietário contar com plano de manejo devidamente aprovado pela autoridade competente. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público. 2. Recurso especial provido. (REsp 905410/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/05/2007, DJ 30/05/2007 p. 289)
ADMINISTRATIVO – DESAPROPRIAÇÃO – ÁREA TOMBADA PARA RESERVA FLORESTAL DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR – INDENIZAÇÃO. 1. A jurisprudência do STJ sedimentou o entendimento de que não há indenização pela só limitação administrativa. 2. Se a limitação vai ao ponto de privar o seu proprietário do uso pleno, indeniza-se na mesma proporção do prejuízo causado. 3. Área de preservação permanente que impede o uso da propriedade, mas onde não é possível haver exploração econômica do manancial vegetal. Indenização limitada à terra nua, não se estendendo à cobertura vegetal. 4. Recurso especial do Estado de São Paulo provido em parte e improvido o dos expropriados. (REsp 167070/SP, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/06/2005, DJ 22/08/2005 p. 172)
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. PROPRIEDADE PARTICULAR. LEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO. RECURSO ESPECIAL. CONTRARIEDADE À LEI FEDERAL E DISSÍDIO PRETORIANO. DIVERGÊNCIA COMPROVADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. I - Lei municipal declarando área particular de preservação permanente, restringindo o direito de propriedade do autor, leva à obrigação de ressarcir eventuais prejuízos sofridos pelo proprietário, sendo evidente, pois, o interesse de agir. II - O município é parte legítima para figurar no pólo passivo da relação processual, uma vez que as limitações no uso da floresta que cobre a área sub judice decorreram da edição de lei municipal, fundamento do pedido de indenização. (REsp 228942/SC, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/05/2000, DJ 19/06/2000 p. 135)
O Supremo Tribunal Federal tem entendimento divergente:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ESTAÇÃO ECOLÓGICA JURÉIA-ITATINS. DESAPROPRIAÇÃO. MATAS SUJEITAS À PRESERVAÇÃO PERMANENTE. VEGETAÇÃO DE COBERTURA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. Desapropriação. Cobertura vegetal sujeita a limitação legal. A vedação de atividade extrativista não elimina o valor econômico das matas preservadas, nem lhes retira do patrimônio do proprietário. 2. Impossível considerar essa vegetação como elemento neutro na apuração do valor devido pelo Estado expropriante. A inexistência de qualquer indenização sobre a parcela de cobertura vegetal sujeita a preservação permanente implica violação aos postulados que asseguram os direito de propriedade e a justa indenização (CF, artigo 5º, incisos XXII e XXIV). 3. Reexame de fatos e provas técnicas em sede extraordinária. Inadmissibilidade. Retorno dos autos ao Tribunal de origem para que profira nova decisão, como entender de direito, considerando os parâmetros jurídicos ora fixados. Recurso extraordinário conhecido em parte e, nesta, provido.
(RE 267817, Relator(a):  Min. MAURÍCIO CORRÊA, Segunda Turma, julgado em 29/10/2002, DJ 29-11-2002 PP-00042 EMENT VOL-02093-03 PP-00523) 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESAPROPRIAÇÃO. ÁREA SUJEITA À PRESERVAÇÃO PERMANENTE. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. A área de cobertura vegetal sujeita à limitação legal e, conseqüentemente à vedação de atividade extrativista não elimina o valor econômico das matas protegidas. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(AI 677647 AgR, Relator(a):  Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 20/05/2008, DJe-102 DIVULG 05-06-2008 PUBLIC 06-06-2008 EMENT VOL-02322-07 PP-01451) 
A pretensão que tem por objeto a indenização constitui ação real, com prazo prescricional geral (após o NCC, decenário):
 A jurisprudência vem firmando o entendimento de que as restrições de uso de propriedade particular impostas pela Administração, para fins de proteção ambiental, constituem desapropriação indireta, devendo a indenização ser buscada mediante ação de natureza real, cujo prazo prescricional é vintenário. Recurso especial desprovido. (REsp 149834/SP, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/12/1998, DJ 29/03/1999 p. 81)
Quando o imóvel for desapropriado, é necessária a demonstração de exploração econômica (lícita) para o recebimento de indenização pela cobertura vegetal:
A indenização da cobertura florística depende da efetiva comprovação de que o proprietário esteja explorando econômica e licitamente os recursos vegetais, nos termos e limites de autorização expedida de maneira regular. Precedente: REsp 608.324/RN, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, Rel. p/ acórdão Min. João Otávio de Noronha, Segunda Turma, DJ 3.8.2007. (REsp 905783/RO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/02/2008, DJe 27/05/2008)
VI - O valor atribuído à cobertura florística, destacado do valor do terreno, deve ser excluído da indenização quando tal cobertura for insusceptível de exploração econômica, como na hipótese dos autos, uma vez que a área já havia sido declarada como de preservação permanente em data anterior à criação do parque nacional que fundamentou o pedido indenizatório. Precedentes: REsp nº 809.827/SP, Rel.Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 18.12.2006; REsp nº 724.442/RN, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ de 02.03.2007; REsp nº 403.571/SP, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 29.08.2005; REsp nº 838.983/AC, Rel. Min. JOSÉ DELGADO , DJ de 03.09.2007 e REsp nº 904.628/BA, Rel. Min. DENISE ARRUDA, DJ de 02.08.2007. VII - RECURSO ESPECIAL DA UNIÃO PARCIALMENTE CONHECIDO E NESTA PARTE PROVIDO. RECURSO ESPECIAL DO EXPROPRIADO PREJUDICADO. (REsp 935888/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/12/2007, DJe 27/03/2008)
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. TERRENOS MARGINAIS. DOMÍNIO PÚBLICO. INVIABILIDADE DA INDENIZAÇÃO. HONORÁRIOS. ARTIGO 27, § 1º, DO DECRETO 3.365/41. JUROS COMPENSATÓRIOS. BASE DE CÁLCULO. NECESSIDADE DE FIXAÇÃO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. INDENIZAÇÃO. AUSÊNCIA.(...)
6. A mata nativa em área de preservação permanente, em regra, não é indenizável em sede de desapropriação, pois é inviável sua exploração direta.
(REsp 1150414 / SP; RECURSO ESPECIAL 2009/0021883-3; Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 23/02/2010; DJe 08/03/2010)
Já a área de reserva legal, só poderá ser indenizada se houver plano de manejo aprovado pela autoridade competente. Ademais, como é de utilização restrita, o valor da indenização será inferior ao da área de exploração irrestrita:
A área de reserva legal de que trata o § 2° do art. 16 do Código Florestal é restrição imposta à área suscetível de exploração, de modo que não se inclui na área de preservação permanente. Não se permite o corte raso da cobertura florística nela existente. Assim, essa área pode ser indenizável, embora em valor inferior ao da área de utilização irrestrita, desde que exista plano de manejo devidamente confirmado pela autoridade competente. (REsp 867085/PR, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/10/2007, DJ 27/11/2007 p. 293)
Se a limitação é preexistente à aquisição do imóvel, não cabe pedido indenizatório pelo adquirente do imóvel:
É inadmissível a propositura de ação indenizatória na hipótese em que a aquisição do imóvel objeto da demanda tiver ocorrido após a edição dos atos normativos que lhe impuseram as limitações supostamente indenizáveis, como ocorrera, in casu, com os decretos estaduais n. 10.251/1977 e n. 19.448/1982 de preservação da Serra do Mar (Precedente: EREsp n.º 254.246-SP, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, Rel. para acórdão Min. João Otávio Noronha, julgados em 13/12/2006) (EREsp 209297/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/06/2007, DJ 13/08/2007 p. 318)
DA GESTÃO DAS FLORESTAS PÚBLICAS – LEI 11.284/2006
 A Lei 11.284/2006 estabelece no plano jurídico um sistema de gestão de florestas destinado a criar produtos e serviços em proveito do desenvolvimento sustentável, concebendo a floresta como um instrumento de exploração econômica eficiente e de largo alcance, compreendendo: 
I - a criação de florestas nacionais, estaduais e municipais (...) e sua gestão direta; 
II - a destinação de florestas públicas às comunidades locais, nos termos do art. 6º desta Lei; 
III - a concessão florestal, incluindo florestas naturais ou plantadas e as unidades de manejo das áreas protegidas referidas no inciso I do caput deste artigo.
A lei 11.284/2006 é tida como norma geral, de modo que as leis estaduais e municipais deverão se adequar às suas normas de contornos gerais, bem como, pela competência suplementar, poderão elaborar normas supletivas e complementares e estabelecer padrões relacionados à gestão florestal:
Art. 2º § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão as adaptações necessárias de sua legislação às prescrições desta Lei, buscando atender às peculiaridades das diversas modalidades de gestão de florestas públicas.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e em relação às florestas públicas sob sua jurisdição, poderão elaborar normas supletivas e complementares e estabelecer padrões relacionados à gestão florestal.
Princípios da gestão de florestas públicas
Art. 2o Constituem princípios da gestão de florestas públicas: 
I - a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores culturais associados, bem como do patrimônio público;
II - o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável local, regional e de todo o País;
III - o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação;
IV - a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da agregação de valor aos produtos e serviços da floresta, bem como à diversificação industrial, ao desenvolvimento tecnológico, à utilização e à capacitação de empreendedores locais e da mão-de-obra regional;
V - o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de florestas públicas, nos termos da Lei no 10.650, de 16 de abril de 2003;
VI - a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacionada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas;
VII - o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre a importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos florestais;
VIII - a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das florestas.
Da gestão direta
Art. 5º O Poder Público poderá exercer diretamente a gestão de florestas nacionais, estaduais e municipais criadas nos termos do art. 17 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, sendo-lhe facultado, para execução de atividades subsidiárias, firmar convênios, termos de parceria, contratos ou instrumentos similares com terceiros, observados os procedimentos licitatórios e demais exigências legais pertinentes.
§ 1º A duração dos contratos e instrumentos similares a que se refere o caput deste artigo fica limitada a 120 (cento e vinte) meses.
§ 2º Nas licitações para as contratações de que trata este artigo, além do preço, poderá ser considerado o critério da melhor técnica previsto no inciso II do caput do art. 26 desta Lei.
Da destinação às comunidades locais
As comunidades locais são “populações tradicionais e outros grupos humanos, organizados por gerações sucessivas, com estilo de vida relevante à conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica” e, antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais serão identificadas para a destinação, pelos órgãos competentes.
A destinação pode ser feita nas seguintes formas:
I - criação de reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável, observados os requisitos previstos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000;
II - concessão de uso, por meio de projetos de assentamento florestal, de desenvolvimento sustentável, agroextrativistas ou outros similares, nos termos do art. 189 da Constituição Federal e das diretrizes do Programa Nacional de Reforma Agrária;
III - outras formas previstas em lei.
§ 3º O Poder Público poderá, com base em condicionantes socioambientais definidas em regulamento, regularizar posses de comunidades locais sobre as áreas por elas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas, que sejam imprescindíveis à conservação dos recursos ambientais essenciais para sua reprodução física e cultural, por meio de concessão de direito real de uso ou outra forma admitida em lei, dispensada licitação.
Estas destinações serão feitas de forma não onerosa para o beneficiário e efetuada em ato administrativo próprio (art. 6º, § 1º).
A previsão dos instrumentos de destinação, não impede que as comunidades locais participem das licitações destinadasà concessão florestal, por meio de associações comunitárias, cooperativas ou outras pessoas jurídicas admitidas em lei (art. 6º, § 2º).
Concessão florestal
É “a delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”. Já a unidade de manejo é o “perímetro definido a partir de critérios técnicos, socioculturais, econômicos e ambientais, localizado em florestas públicas, objeto de um Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS, podendo conter áreas degradadas para fins de recuperação por meio de plantios florestais” (art. 3º, VII e VIII).
A concessão florestal será autorizada em ato do poder concedente e formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do edital de licitação (art. 7º). O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando a conveniência da concessão florestal, caracterizando seu objeto e a unidade de manejo (art. 12). Também, as licitações para concessão florestal serão realizadas na modalidade concorrência e outorgadas a título oneroso, sendo vedada a declaração de inexigibilidade prevista na Lei 8666/93 (art. 12).
A publicação do edital de licitação de cada lote de concessão florestal deverá ser precedida de audiência pública, por região, realizada pelo órgão gestor, nos termos do regulamento, sem prejuízo de outras formas de consulta pública (art. 8º).
São elegíveis para fins de concessão as unidades de manejo previstas no Plano Anual de Outorga Florestal – PAOF, que é proposto pelo órgão gestor e definido pelo poder concedente, contendo a descrição de todas as florestas públicas a serem submetidas a processos de concessão no ano em que vigorar (art. 10), o qual será submetido ao órgão consultivo da respectiva esfera de governo. Se for federal, ainda requer a manifestação da SPU/MPOG e se situado em faixa de fronteira, deverá ouvir o Conselho de Defesa Nacional.
Objeto da concessão
A concessão florestal terá como objeto a exploração de produtos e serviços florestais, contratualmente especificados, em unidade de manejo de floresta pública, com perímetro georreferenciado, registrada no respectivo cadastro de florestas públicas e incluída no lote de concessão florestal.
É vedada a outorga de qualquer dos seguintes direitos no âmbito da concessão florestal (art. 16, §1º):
I - titularidade imobiliária ou preferência em sua aquisição;
II - acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e desenvolvimento, bioprospecção ou constituição de coleções; 
III - uso dos recursos hídricos acima do especificado como insignificante, nos termos da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997; 
IV - exploração dos recursos minerais;
V - exploração de recursos pesqueiros ou da fauna silvestre;
VI - comercialização de créditos decorrentes da emissão evitada de carbono em florestas naturais.
 Licenciamento ambiental
Prevê-se, ainda, licenciamento ambiental, compreendendo a licença prévia e a licença de operação, não se exigindo a licença de instalação. 
A licença prévia para uso sustentável da unidade de manejo será requerida pelo órgão gestor, mediante a apresentação de relatório ambiental preliminar ao órgão ambiental competente integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.
Nos casos potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente, assim considerados, entre outros aspectos, em função da escala e da intensidade do manejo florestal e da peculiaridade dos recursos ambientais, será exigido estudo prévio de impacto ambiental - EIA para a concessão da licença prévia.
O início das atividades florestais na unidade de manejo somente poderá ser efetivado com a aprovação do respectivo PMFS pelo órgão competente do SISNAMA e a conseqüente obtenção da licença de operação pelo concessionário.
Há descrição de procedimento licitatório específico, utilizando-se da Lei 8666/93 supletivamente, inclusive no que tange ao contrato administrativo, nos arts. 19 a 35.
O prazo dos contratos de concessão florestal será estabelecido de acordo com o ciclo de colheita ou exploração, considerando o produto ou grupo de produtos com ciclo mais longo incluído no objeto da concessão, podendo ser fixado prazo equivalente a, no mínimo, um ciclo e, no máximo, 40 (quarenta) anos. Mas se for contrato contratos de concessão exclusivos para exploração de serviços florestais será de, no mínimo, 5 (cinco) e, no máximo, 20 (vinte) anos.
Recursos financeiros oriundos dos preços da concessão florestal
Os recursos financeiros oriundos dos preços da concessão florestal, via de regra, serão destinados aos Estados, aos Municípios e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal no sentido de propiciar recursos econômicos em face do uso da floresta como bem ambiental.
A Lei 11.284/06 e o Decreto (regulamentador) Federal nº 6.063/2007, prevêem o pagamento de duas formas de preço pela outorga: 
O preço calculado sobre os custos de realização do edital de licitação da concessão florestal federal de cada unidade de manejo, que deve ser pago ao concessionário, excluído do custo do edital aqueles relacionados às ações realizadas pelo poder público e que, por sua natureza, geram benefícios permanentes ao patrimônio público (art. 37, Decreto 6063/2007).
O preço da concessão florestal: calculado em função da quantidade de produto ou serviço auferido do objeto da concessão ou do faturamento líquido ou bruto.
	Resultado da exploração, excluído o valor mínimo do art. 36, §3º; (art. 39, II)
	Estados = 30%
	Municípios = 30%
	FNDF = 40%
	Resultado da exploração, excluído o valor mínimo do art. 36, §3º, no caso de concessão florestal de unidades localizadas em florestas nacionais criadas pela União; (art. 39, §1º, II)
	Estado = 20%
	Município = 20%
	FDF = 20%
	ICM-Bio = 40%
O art. 36, §3º da Lei 11284/06, prevê que “será fixado, nos termos de regulamento, valor mínimo a ser exigido anualmente do concessionário, independentemente da produção ou dos valores por ele auferidos com a exploração do objeto da concessão”, valor este que integrará os pagamentos anuais devidos pelo concessionário. A distribuição se dá pela seguinte forma:
	Será fixado, nos termos de regulamento, valor mínimo a ser exigido anualmente do concessionário, independentemente da produção ou dos valores por ele auferidos com a exploração do objeto da concessão. (art. 39, I)
	Órgão gestor da floresta = 70%
	IBAMA= 30%; para utilização restrita em atividades de controle e fiscalização ambiental de atividades florestais, de unidades de conservação e do desmatamento.
	Se oriundos dos preços da concessão florestal de unidades localizadas em florestas nacionais criadas pela União: o valor integral vai para o órgão gestor (art. 39, §1º, I).

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