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PROCESSO CIVIL – RODRIGO CARDOSO

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PROCESSO CIVIL – RODRIGO CARDOSO
2º BIMESTRE – 8º DN
1) Diferença entre PROCESSO e PROCEDIMENTO:
PROCESSO: é o instrumento por meio do qual o Estado realiza a jurisdição.
PROCEDIMENTO: conjunto de atos ordenados pelos quais o juiz exerce a jurisdição e as partes a defesa de seus interesses; meio externo pelo qual o processo se instaura, se desenvolve e termina. 
PROCESSO x PROCEDIMENTO
 (gênero) (espécies)
Na prática, essa distinção é útil para definir a COMPETÊNCIA LEGISLATIVA, visto que só a UNIÃO pode legislar sobre o PROCESSO, mas os ESTADOS e o DF podem legislar sobre os PROCEDIMENTOS, inclusive diferente do CPC – os procedimentos previstos no CPC só se aplicam obrigatoriamente na Justiça Federal – Art. 22, I e Art. 24, XI da CRFB/88.
2) Modelos PROCESSUAIS e PROCEDIMENTAIS:
PROCESSUAIS:
Conhecimento
Execução
Cautelar
OBS: TODOS esses possuem procedimentos especiais e comum.
PROCEDIMENTAIS:
Comum (ordinário e sumário)
Especial
Art. 318.  Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único.  O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução.
3) Classificação/ Justificativa da necessidade de diferenciação entre procedimento COMUM e ESPECIAL:
Reciprocamente considerados, ou seja, o procedimento especial é denominado assim porque é comparado a um procedimento comum/geral/principal;
Existem direitos materiais especiais que exigem um procedimento diferenciado, logo, o conteúdo do processo justifica a existência de um rito diferenciado; necessidade de uma prestação jurisdicional mais rápida;
A técnica singular/especial exigida é incompatível com o procedimento comum;
Circunstâncias meramente históricas, ou seja, por tradição/razão histórica existe essa diferenciação; é uma opção normativa.
Por que é necessário ter um procedimento especial?
Pelos motivos apresentados acima.
4) Utilização dos Procedimentos Especiais:
Princípio da Adequação: o legislador deve sempre criar um procedimento especial para atender a cada novo direito material especial que surgir.
Disponibilidade quanto ao procedimento: está ligada ao cabimento de fungibilidade dos procedimentos, ou seja, quando não ofender a competência/contraditório, quando não houver prejuízo.
- O rito sumário comporta o rito ordinário.
- Posso optar por não ajuizar a ação no JEC e ajuizar na vara comum.
- Ordinário para sumário NÃO PODE
 
Princípio da Fungibilidade:
Fungibilidade (regra geral): é permitido às partes renunciarem o rito especial em favor do comum, desde que não haja prejuízo.
- Especial para comum
- Comum para especial NÃO PODE
Infungibilidade (exceção): a fungibilidade não é permitida quando o rito especial for essencial à própria tutela do direito material.
Ex. Inventário, Consignação, etc.
OBS: Art. 327 do CPC/2015
- É possível usar as técnicas dos procedimentos especiais no procedimento comum se houver cumulação de pedidos
Art. 327.  É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
5) Tipicidade Vs. Déficit Vs. Flexibilização:
 Princípio da Flexibilização: não é possível que o legislador preveja todas as situações que necessitariam da utilização de procedimentos ou técnicas especiais, por esse motivo, a quantidade de procedimentos especiais positivados pode se mostrar deficitária. Com isso, pelo princípio da adaptação o juiz pode flexibilizar o procedimento para adapta-lo ao caso concreto.
Adequação: o legislador deve criar procedimentos adequados a cada novo direito material especial que surgir.
Adaptação: possibilidade do juiz flexibilizar o procedimento a fim de adaptá-lo ao caso concreto.
- Existem 4 modelos de flexibilização:
1º MODELO – FLEXIBILIZAÇÃO LEGAL GENÉRICA:
- Não é a regra no Brasil;
- O legislador autoriza de forma genérica que o juiz faça adaptações;
Ex.
Art. 723 do CPC – [...]
Parágrafo único.  O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna.
Art. 6º da lei 9.099/95 - O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.
2º MODELO – FLEXIBILIZAÇÃO LEGAL ALTERNATIVA
- É a regra no Brasil;
- A lei autoriza a
adaptação do procedimento observadas as alternativas dadas pela própria lei.
Ex. Providências preliminares.
3º MODELO – FLEXIBILIZAÇÃO PROCEDIMENTAL JUDICIAL
- Independentemente de previsão legal expressa, o juiz pode realizar a adaptação.
Ex. O juiz pode inverter a ordem de produção de provas, pode dilatar prazos processuais.
Art. 139, IV do CPC – O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
Art. 361.  As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente.
4º MODELO – FLEXIBILIZAÇÃO PROCEDIMENTAL VOLUNTÁRIA
- É a adaptação do procedimento por vontade das partes.
Ex. 
Art. 190.  Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Art. 191.  De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
Existem ações possessórias em sentido estrito e amplo – a diferença da classificação é dada pelos elementos da ação (partes, causa de pedir e pedido) – as ações de pedir em sentido estrito tem como causa de pedir a posse – as ações possessórias em sentido amplo tem outras causa de pedir, mas o pedido é a posse e elas podem, inclusive, ter a mesma causa de pedir. 
Ações possessórias em sentido estrito: Manutenção / reintegração / interdito proibitório – essas ações são marcadas por cognição sumária – por enquanto, só essas serão estudadas, ou serão só elas mesmo, não entendi direito. 
Ações possessórias em sentido amplo: Embargos de terceiros / oposição  antes também se considerava a usucapião, nunciação de obra nova – reivindicação – publiciana – imissão. 
Procedimento: Arts. 554 / 568 do CPC – para utilizar o procedimento especial aqui previsto tem um prazo limite, caso perca o prazo deverá utilizar Ação de conhecimento, procedimento comum – a principal vantagem do procedimento especial é a possibilidade de tutela liminar e a vantagem de audiência especial para acordo – O Professor Entende que essa liminar é uma espécie de tutela de evidência.
Fungibilidade: Art. 554 – O juiz dará a tutela de acordo com o que se verificar na realidade, seja porque a situação fática se alterou, seja porque a parte pediu errado - turbação/esbulho e fácil confundir e, mesmo que não confunda, uma turbação pode virar esbulho de uma hora para outra. 
Grande número de pessoas: 554, §§ 1o a 3o, CPC  se figura grande número de pessoas no polo passivo - cita pessoalmente quemfor encontrado no local e cita o resto por edital – essa norma permite citar pessoas que nem se sabe quem é ou onde estão, cita “qualquer interessado”  Se tiver gente em situação de vulnerabilidade tem que notificar a Defensoria – O juiz deve dar ampla divulgação da citação por edital. 
Cumulatividade: Art. 555 – já pode pedir indenização por prejuízos na própria Ação possessória – somente perdas e danos decorrentes e consequentes do esbulho/turbação em questão – tipo, não pode dizer “ah, juiz, mas no ano passado ele já tinha invadido, é dano moral”, não, isso não pode. 

Duplicidade: Art. 556 – na ação possessória cabe pedido contraposto e reconvenção, é uma ação de mão dupla, mas a ação já é dúplice em natureza, então, mesmo que o réu não se defenda, ele pode ganhar se o autor perder – a improcedência do pedido do autor será sempre favorável ao réu.
Proibição de exceção de domínio: Art. 557, CPC - não pode alegar propriedade (domínio) em ação possessória – no CC/1916 podia discutir propriedade pra ver quem tem melhor domínio – depois proibiu, mas a jurisprudência se pacificou que, se houvesse dúvida sobre quem tinha a melhor posse, decidia a favor de quem fosse dono – Agora o CPC fala que não pode, mas os civilistas falam que pode se o autor já tiver alegado domínio tbm, ou seja, se o autor abre mão da proibição de alegar domínio, o réu tbm vai poder. 
o Pode alegar usucapião? Quem alega usucapião em defesa de ação possessória, na verdade, está alegando posse – entende-se, então, pode sim alegar usucapião. 
Caráter possessório (rito comum/especial): Art. 558 – Se a ação for proposta no prazo de ano e dia do esbulho, utiliza-se esse procedimento – passou esse prazo, vai pro rito comum – caráter possessório é o que torna a ação possessória em ação possessória em sentido estrito, é a causa de pedir, quero a posse porque sou possuidor – é a posse justificada pela posse “tenho direito a me reintegrar na posse porque já sou o possuidor” – tem que alegar isso no prazo de ano e dia pra ter direito ao procedimento especial. 

Litígio coletivo por posse de imóvel: Art. 565, CPC - Litisconsórcio multitudinário.

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