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* Tópico 3 DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE RENDA E PRODUTO NACIONAL: O Mercado de Bens e Serviços (O Lado Real da Economia) 2ª. parte * EAE-0111 Fundamentos de Macroeconomia (Curso de Administração de Empresas) 2º. Semestre 2017 Prof. Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos * * Curva de Demanda Agregada de Bens e Serviços (DA): composta pela demanda de quatro agentes macroeconômicos: DA = C + I + G + (X – M) Modelo Keynesiano Básico: Lado Real onde: C = consumo (famílias e empresas) I = investimento (bens de capital) G = gastos do governo (saúde, investimento, etc) X = exportações (bens e serviços) M = importações (bens e serviços) y = * * 3ª. A curva de OA é fixada (decorrência da 2ª. hipótese) OA = f(N,K,Tec). Como esses fatores de produção são constantes a curto prazo, a OA permanece fixa (não há deslocamentos, apenas movimentos ao longo da curva, que depende do nível de utilização desses fatores) 4ª. A curto prazo, apenas a demanda agregada provoca variações no nível de equilíbrio da renda nacional. (Consequencia das anteriores) Para tirar a economia de uma situação de desemprego, a curto prazo, deve-se procurar elevar a DA. A DA é mais sensível a curto prazo que a OA. 1ª. Desemprego de Recursos. A DA situa-se abaixo da OA de pleno emprego. Preços constantes, com que as variáveis são consideradas em valores reais (deflacionadas). (A) 2ª. Curto Prazo. A curto prazo, o estoque dos fatores de produção (mão de obra, capital) são considerados constantes, fixos. Embora a força de trabalho e a capacidade produtiva instalada sejam fixas, seus níveis de utilização variam. Hipóteses Hipóteses do Modelo Keynesiano Básico OAPE * * Função consumo (C): o consumo agregado é função crescente do nível de renda nacional (y). O modelo mais simples supõe o consumo como uma função linear. C = f(y) C = a + by onde: a = consumo autônomo (parte do consumo que não depende da renda) b = propensão marginal a consumir. Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Consumo e Poupança Agregados Lei Psicológica Fundamental de Keynes: 0 < b < 1 : o acréscimo do consumo é uma parcela do acréscimo de renda. Exemplo: b= 0,8: dado um acréscimo de renda de, digamos 100 milhões, a coletividade consome 80 milhões. Existe ainda o conceito de propensão média a consumir (PMeC): é a relação entre um dado nivel de consumo, a um dado nível de renda: PMeC = C/y y C = a + by A declividade b é chamada de propensão marginal a consumir (PMgC): é a variação de consumo, dada uma variação na renda nacional. PMgC = b = ∆C/∆y * * Função poupança (S): é a parcela da renda nacional não consumida, em dado período de tempo. S = y – C Como C = a + by , segue que: S = -a + (1 - b)y onde (1 – b) = PMgS é a propensão marginal a poupar (variação da poupança agregada, dada uma variação na renda nacional. O conceito de propensão média a poupar é o complemento da propensão média a consumir: PMeS=1-PMeC. È a relação entre o nível de poupança e o nível de renda. Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Consumo e Poupança Agregados * * Exemplo: Supondo a seguinte função consumo agregado: C = 100 + 0,8 y A função poupança agregada será S = 1 – C = - 100 + 0,2y A Propensão marginal a consumir é igual a 0,8, e a propensão marginal a poupar é igual a 0,2 (1-0,8). Supondo um dado nível de renda 10000, substituindo na função consumo e na função poupança, teremos os valores do consumo e da poupança, para esse nível de renda: C = 100 + 0,8.10000 = 8100 e S = -100 + 0,2.10000 = 1900 Ou seja, ao nível de renda real y = 10.000, parte vai para consumo (C = 8100) e o restante vai para Poupança (S = 1900). Ao nível de renda 10000, a Propensão média a consumir PMeC=8100/10000=0,81 e a Propensão Média a Poupar PMeS=1-PMeC = 0,19 Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Consumo e Poupança Agregados * * Função investimento (I): bens e serviços que visam a aumentar a produção futura. É também conhecido como Taxa de Acumulação de Capital. O investimento pode ser visto de duas formas: Investimento visto como elemento da demanda agregada: é a fase que gasta apenas com instalações, equipamentos etc, antes do investimento maturar e resultar em acréscimos de produção; Investimento visto como elemento da oferta agregada: ocorre quando aumenta a capacidade produtiva, após a maturação do investimento. Hipóteses: A curto prazo, como se supõe a Oferta Agregada fixada, o investimento afeta apenas a Demanda Agregada; O investimento é autônomo ou independente da renda nacional (significa dizer que depende de outras variáveis, que não a renda nacional): I = constante ou I f(y) Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Investimento Agregado * Função gastos do governo (G): os gastos do governo são autônomos em relação à renda nacional: G = constante ou G f(y) Função impostos ou tributação (T): no modelo simplificado, a tributação é autônoma, ou seja, não é induzida pela renda nacional: T = constante ou T f(y) Neste caso, a função consumo vista anteriormente, passa a depender da renda disponível yD, ao invés da renda nacional y: C = a + b (y – T) = a – byD onde yD = y–T renda disponível (renda que “sobra” para os consumidores poupar ou consumir) (NOTA: Nas Contas Nacionais, o conceito de renda disponível é mais amplo: exclui da renda recebida as importações, e inclui transferências do governo ao setor privado) Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Gastos e Receitas do Governo * Função exportação (X) e importação (M): são variáveis autônomas em relação a renda nacional (modelo simplificado): X = constante ou X f(y) M = constante ou M f(y) * Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Exportações e Importações Agregadas * * y=OA DA = C + I + G + X - M DA = C + I + G DA = C + I T DA=C+I+G+X-M Como a Função Consumo é a única que depende da Renda : e as demais são constantes em relação à Renda: Somando, vem: G I y M X DA C y DA DA = C Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Demanda Agregada Completa * * y=OA=PIB real DA = C + I + G + X - M DA=C+I+G+X-M Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Demanda Agregada Completa * * A linha tracejada (ângulo de 45o) representa os infinitos pontos possíveis de equilíbrio entre a Demanda e Oferta Agregadas de bens e serviços (ou seja, OA=DA). Como a Oferta Agregada é fixada a curto prazo, a renda de equilíbrio y* será determinada pela posição da Demanda Agregada. É o Princípio da Demanda Efetiva, como definimos anteriormente. O equilíbrio é determinado pela DA (curto prazo). y* = renda de equilíbrio (DA=OA) ype = renda de pleno emprego ) 45o OAPE OA = DA Equilíbrio macroeconômico de curto prazo Lado Real (Mercado de Bens e Serviços) * * Determinação do equilíbrio: observações importantes A renda de equilíbrio ocorre quando OA = DA e não necessariamente é a renda de pleno emprego; Decorre do exposto em (1) que o equilíbrio não indica necessariamente algo desejável, pois pode existir um grande volume de recursos não empregados;É um equilíbrio macroeconômico esperado, planejado (ex ante), e não o equilíbrio efetivo (ex post). O equilíbrio ideal, de pleno emprego, ocorre quando y*=yPE Equilíbrio macroeconômico de curto prazo Lado Real (Mercado de Bens e Serviços) * OA = DA )45º yPE y=OA DA = C + I + G + X - M y* DA=C+I+G+X-M OAPE Equilíbrio macroeconômico de curto prazo Lado Real (Mercado de Bens e Serviços) * Dados: C= 60 + 0,8 (y-T) I= 30 T= 25 M= 5 G=20 X=15 a) determine a renda real y de equilíbrio b) calcular o valor de equilíbrio do Consumo e da Poupança Agregada Solução Algébrica Equilíbrio macroeconômico de curto prazo Lado Real (Mercado de Bens e Serviços) * 1) Calculo da renda de equilíbrio: Condição de equilíbrio: OA = DA (1) Oferta Agregada OA = y (2) Demanda Agregada DA = C + I + G + X - M (3) Substituindo (2) e (3) em (1), vem: y = 60 + 0,8 (y-25) + 30 + 20 + 15 - 5 y*0 = 500 2) C*0 = 60 + 0,8 (y-T) = 60 + 0,8 (500 - 25) = 440 S*0 = -60 + 0,2 (y-T) = -60 + 0,2 (500 - 25) = 35 (y*0 , C*0 e S*0 são valores no ponto de equilíbrio onde OA=DA) Solução Algébrica Equilíbrio macroeconômico de curto prazo Lado Real (Mercado de Bens e Serviços) * Uma forma alternativa para determinar-se o equilíbrio macroeconômico, ou seja, o produto/renda nacional de equilíbrio, é através dos conceitos de Vazamentos e Injeções, a partir do fluxo circular de renda, onde quem gera renda (produção) são as empresas, e quem recebe a renda são as famílias: Vazamentos: todo recurso que é retirado do fluxo básico (empresas e famílias), ou seja, toda renda recebida pelas famílias, que não retorna às empresas nacionais na compra de bens de consumo no mesmo período: poupança, impostos e importações; Vazamentos = S + T + M 2. Injeções: todo recurso que é injetado no fluxo básico e que não teve origem na venda de bens de consumo às famílias num dado período (gastos que não foram induzidos, que não dependem, da renda das famílias): novos investimentos, gastos públicos e exportações. Injeções = I + G + X Equilíbrio macroeconômico de curto prazo através de Vazamentos e Injeções * Injeções e Vazamentos representam deslocamentos da curva de Demanda Agregada: vazamentos reduzem a DA, e injeções elevam a DA. Ou seja, são variações exógenas. Variações ao longo da curva da DA são devidas a variações induzidas (dependentes) da Renda Nacional (não são injeções nem vazamentos, não deslocam a DA). Nota: reduções em S, T e M representam injeções, bem como reduções em I, G e X representam vazamentos do fluxo circular de renda. Equilíbrio macroeconômico de curto prazo através de Vazamentos e Injeções * * Determinação do equilíbrio, igualando vazamentos com injeções: Vaz < Inj crescimento da renda nacional Vaz > Inj queda da renda nacional Vaz = Inj equilíbrio estacionário OAPE Equilíbrio macroeconômico de curto prazo através de Vazamentos e Injeções * * OAPE DA= C+I+G+X_M y* y* yPE yPE Demanda Agregada OA = DA Vazamentos Injeções y=renda real y=renda real Equilíbrio macroeconômico de curto prazo em 3 apresentações gráficas * * Com os dados do exercício anterior, calcular o nível de equilíbrio da renda nacional, igualando vazamentos e injeções. Resposta: não foi dada a função poupança, mas sim a função consumo C = 60 + 0,8 (y-T) Para determinarmos a função poupança, basta fazer S = - C S = -60 + 0,2 (y-T) A condição de equilíbrio será S + T + M = I + G + X Resolvendo o exercício, chegar-se-à à renda de equilíbrio y*0 = 500, e à poupança de equilíbrio S*0 = 35, como determinado no exercício anterior, quando igualamos OA=DA. Equilíbrio macroeconômico de curto prazo através de Vazamentos e Injeções Exercício * Observe-se que a condição de equilíbrio, igualando vazamentos e injeções, fica: S* + T* + M* = I* + G* + X* 35 + 25 + 5 =30 + 20 + 15 65 = 65 É uma forma de checar os resultados do exercício Equilíbrio macroeconômico de curto prazo através de Vazamentos e Injeções * Utilizando novamente os dados do exercício anterior, vamos supor que os gastos do governo aumentem de 20 para 70 ( G=50). Recalculando a renda de equilíbrio, chegamos a y*1= 750 e y*1 - y*0 = y = 750 – 500 = 250 Por quê um G =50 gerou y =250? Ou seja, y=5 vezes G? A explicação é dada pelo chamado Multiplicador Keynesiano Multiplicador keynesiano * Multiplicador keynesiano (k) é a variação da Renda Nacional y, dada uma variação autônoma em qualquer elemento da DA (C,I,G,T,X,M,). Neste modelo simplificado, onde apenas o Consumo depende da Renda Nacional (C = f(y)), e as demais variáveis que afetam a demanda agregada são autônomas, vem: y = k DA e k = Veremos que: k = y = 1 = 1 = 1 DA 1 – b 1-PMgC PMgS sendo PMgC e PMgS as propensões marginais a consumir e a poupar, respectivamente. Multiplicador keynesiano y DA * OA = DA ) 45º y*1 y=OA DA = I = 100 y*0 y = 400 DA DA’ DA Multiplicador keynesiano Supondo que o valor do multiplicador seja k = 4, e ocorra um acréscimo da Demanda agregada, através de um aumento dos investimentos privados de 100 ( I= 100, tem-se que y = 400. Graficamente: * Dedução da fórmula dos multiplicadores, a partir do equilíbrio OA=DA Da condição de equilíbrio OA=DA, vem y = C + I + G + X - M = a + b (y-T) + I + G + X – M y = a + by – bT + I + G + X – M y – by = a – bT + I + G + X – M y (1 – b) = a – bT + I + G + X – M y = (a – bT + I + G + X – M) 1 (1 – b) Derivando parcialmente em relação a cada elemento da demanda agregada, vem: (Negativo; vazamento de renda) (Negativo; vazamento de renda) (Positivos; injeções de renda) (supondo o modelo simplificado, onde apenas o Consumo é função da Renda Nacional, e as demais variáveis (I,G,X,M) independentes da Renda Nacional y). Multiplicador keynesiano * Dedução da Fórmula do multiplicador, a partir da Soma de P.G. (supondo também o modelo simplificado) Vamos considerar o caso do multiplicador de gastos do Governo. Suponhamos que o Governo contrate uma construtora por R$ 50 milhões (G=50). Por um lado, parte desse dinheiro vai ser gasto na compra de insumos (asfalto, areia, máquinas, etc), e parte transforma-se em renda dos seus proprietários (lucros) e funcionários (salários). Os proprietários e funcionários tanto da construtora, como dos setores de insumos, vão poupar uma parte (depende da propensão marginal a poupar), e vão consumir a maior parte (depende da propensão marginal a consumir). Suponhamos adicionalmente que a propensão marginal a consumir seja 0,8 (80% da renda nacional) e a poupar 0,2 (20% da renda). Assim, daqueles R$ 50 milhões iniciais, R$ 40 milhões serão gastos em consumo, digamos, em shoppings, feiras-livres, etc., e R$ 10 milhões poupados. Os proprietários e funcionários dos shoppings, feiras-livres,etc., etc., também pouparão 20% dos R$ 40 milhões (8 milhões), e gastarão 80% dos R$ 40 milhões (R$ 32 milhões), em compras das mais diversas. A propensão a poupar tem um efeito amortecedor, ou seja, um vazamento a cada passo, nesse processo. E assim vai: a moeda vai passando de mãos em mãos, criando renda e emprego por onde passa. Com isso, aqueles 50 milhões iniciais poderão chegar, ao final do processo, a um aumento de renda de 250 milhões, como no exercício anterior. continua .... Multiplicador keynesiano * ….continuação Dedução da Fórmula do multiplicador, a partir da Soma de P.G. No exemplo anterior, a sequência de aumentos da DA e da Renda (R$ 50 milhões, R$ 40 milhões, R$ 32 milhões, etc.)constitui-se numa P.G. cujo primeiro elemento é 50 (a variação autônoma inicial nos gastos), com razão igual a 0,8, que é a propensão marginal a consumir. A partir da fórmula da Soma dos termos de uma P.G. ilimitada, a soma é a variação da renda ∆y, o primeiro termo (a1)é ∆G = 50, e a razão (q) é b = 0,8. Tem-se então que ∆y = G/1-b = 50/(1-0,8) = 50/0,2 = 50x5 = 250 O multiplicador é igual a Portanto, ∆G = 50 levou a ∆y = k.∆G e ∆y = 5 . 50 = 250 Multiplicador keynesiano * OA = DA 45º y*1 =750 y=OA DA= G= 50 y*0=500 y=250 DA DA’ DA Multiplicador keynesiano * * O processo é iniciado por uma variação autônoma(exógena) da DA, ou seja, um deslocamento da DA devido à variação autônoma de algum de seus elementos (C, I, G, X, M): ou seja,devido a alguma injeção ou vazamento do fluxo de renda; Dada a variação autônoma (que desloca a DA), a sequência é dada por variações induzidas (endógenas) do consumo (ao longo da DA), provocado pela variação da renda. A extensão dessa sequência dependerá da propensão marginal a consumir; O multiplicador supõe uma economia em desemprego. Se a economia estiver em pleno-emprego, o aumento de gastos provoca inflação, e não aumento da renda e do emprego; Neste modelo simplificado (só lado real da economia), o lado monetário não afeta, nem é afetado. Mas na realidade alterações da taxa de juros, da disponibilidade de crédito, da taxa de câmbio, afetam a Demanda Agregada, e consequentemente o valor do multiplicador; O multiplicador também tem um efeito perverso: assim como a renda aumenta num múltiplo, para aumentos da DA, o contrário também é válido para quedas da DA (a renda caí num múltiplo da queda da DA). Multiplicador keynesiano: Hipóteses
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