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Módulo Extra - Como identificar a peça

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IDENTIFICANDO A PEÇA
 
Como identificar a peça?
Antes de dar continuidade ao estudo das demais peças, importante fazer uma breve introdução a respeito da identificação do momento processual. Tendo em mente como o processo criminal funciona, qualquer técnica de memorização de cabimento de peça se torna obsoleta, pois a escolha da peça adequada acaba resultando de mero raciocínio lógico.
Imagine que o processo, em sentido amplo, é composto por três fases: a) fase pré-processual; b) fase processual; c) fase pós-processual. A fase pré-processual engloba todos os momentos anteriores ao recebimento da denúncia/queixa, enquanto a processual comporta tudo o que ocorrer desde o recebimento até o trânsito em julgado. Após o trânsito, temos a fase pró-processual.
O recebimento da denúncia ou queixa
O recebimento não pode ser confundido com o oferecimento. O oferecimento é o ato de ajuizamento da ação, seja por denúncia ou queixa. Em seguida, a petição inicial é encaminhada ao juiz competente, que, com base no art. 395 do CPP, pode ou não recebê-la. Portanto, o recebimento não é o simples ato de entrega física da petição ao juiz, mas a decisão a respeito de sua admissibilidade ou não.
Como fase pré-processual, deve ser considerado tudo o que ocorrer anteriormente ao recebimento da petição inicial pelo juiz. Como principais peças, temos o relaxamento da prisão em flagrante e o pedido de liberdade provisória, para atacar a prisão em flagrante, e algumas peças de previsão excepcional, conforme rol abaixo.
Principais peças pré-processuais
a) relaxamento da prisão em flagrante: tem como objetivo o reconhecimento de ilegalidade da prisão em flagrante;
b) pedido de liberdade provisória: a prisão ocorreu dentro da legalidade, mas, por ausência de requisitos legais, deve o acusado aguardar o seu julgamento em liberdade;
c) defesa prévia do art. 55 da Lei 11.343/06: o dispositivo é claro ao afirmar que a peça é cabível quando “oferecida a denúncia”. Portanto, é anterior ao recebimento;
d) defesa preliminar do art. 514 do CPP: no dispositivo que fundamenta a peça, não está muito claro que o cabimento é anterior ao recebimento. No entanto, pela leitura do art. 516, fica evidente o momento em que deve ser oferecida.
No próximo tópico, veremos a fundo a defesa prévia e a defesa preliminar, bem como a resposta à acusação. Por ora, é preciso deixar clara a diferença entre o oferecimento do recebimento, visto que influencia diretamente na tese a ser defendida.
Fase processual
Recebida a denúncia ou a queixa, extingue-se a fase pré-processual e tem início a fase processual, que comporta a “vida” do processo criminal. Por envolver diversos atos, é a que possui o maior número de peças dentre as três fases.
Os atos da fase processual são facilmente identificáveis. Se falarmos em audiência, decisão interlocutória, sentença ou acórdão, sem dúvida alguma estaremos tratando de algum momento da existência do processo criminal. Portanto, as fases pré-processual e processual não se confundem. 
Talvez a única peça que gere alguma dúvida é a resposta à acusação, do art. 396 do CPP, pois exige o conhecimento da diferença entre o oferecimento e o recebimento. Mas, sabendo distinguir os dois momentos, não resta dúvida de que a resposta pertence à fase processual, pois a redação do CPP afirma, expressamente, que será cabível após o recebimento.
No rol de peças processuais, são as principais:
a) a resposta à acusação (art. 396 ou 406, este, no rito do júri, do CPP): é a primeira manifestação do réu no processo, logo após o recebimento e a citação;
b) memoriais (art. 403, § 3º, do CPP): encerrada a audiência de instrução e julgamento, as alegações finais devem ser feitas oralmente. No entanto, em alguns casos, em virtude da complexidade do caso ou do número de acusados, as alegações podem ser oferecidas por escrito – em memoriais. Antigamente, antes da reforma do CPP, a peça era intitulada “alegações finais”, e estava prevista no art. 500 do CPP;
c) apelação (art. 593 do CPP): cabível contra sentença, quando não for o caso de recurso em sentido estrito;
d) recurso em sentido estrito (art. 581 do CPP): cabível contra sentença ou decisão interlocutória prevista no art. 581. Em tópico futuro, veremos que alguns incisos foram revogados;
e) carta testemunhável (art. 639 do CPP): de todas as peças, é a menos utilizada na prática. É cabível contra a decisão que denegar o recurso ou que obstar o seu seguimento ao juízo “ad quem”;
f) embargos de declaração (arts. 382 e 619, ambos do CPP): cabível contra decisões obscuras, contraditórias ou omissas, em qualquer grau jurisdicional;
g) embargos infringentes e/ou de nulidade (art. 609, parágrafo único, do CPP): cabível contra decisões não unânimes de segunda instância;
h) recurso ordinário constitucional (arts. 102, II, “a”, e 105, II, “a” e “b”, da CF): cabível contra decisões denegatórias de HC ou MS;
i) recurso especial e recurso extraordinário (arts. 105, III, e 102, III, ambos da CF): cabíveis em situações específicas, previstas na CF.
Todas as peças serão vistas, futuramente, em tópico próprio. Contudo, a explicação acima serve para demonstrar que não há como confundir as peças da fase processual com as da pré-processual. Exceto na resposta e nos memoriais, todas as demais são cabíveis somente contra decisões judiciais - logo, há um processo em trâmite.
O habeas corpus e o mandado de segurança
São as únicas cabíveis em todas as fases: pré-processual, processual e pós-processual. A razão é simples: a violência à liberdade de locomoção e ao direito liquido e certo podem ocorrer a qualquer momento. Portanto, não há como limitar o cabimento de ambas a determinado momento processual.
Fase pós-processual
Se o recebimento é o inicio da “vida” do processo, o trânsito em julgado é a sua “morte”. Após o trânsito, as peças da fase processual já não são mais cabíveis, tampouco as da fase pré-processual. Duas situações devem ser analisadas na última fase do nosso estudo: a execução da pena e a revisão criminal.
I – A execução da pena: após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o réu, agora condenado, pode pedir uma miríade de benefícios em seu favor (progressão de regime, livramento condicional etc). Todas esses pedidos são julgados pelo juiz da execução penal, e, contra todas as decisões dele, cabe agravo em execução (art. 197 da LEP).
II – A revisão criminal (art. 621 do CPP): após a condenação transitada em julgada, não existindo mais recursos para a discussão do mérito da ação, é cabível a revisão criminal, desde que ocorra uma das situações previstas no art. 621. A revisão só é possível em favor do condenado, não podendo ser intentada contra decisões absolutórias.
Portanto, as peças pós-processuais não são confundíveis com as das demais fases. Dessa forma, o medo de errar a peça deve ser deixado de lado, pois os momentos do processo criminal são muito bem delineados pela lei, não tendo como utilizar a peça inadequada.
Em resumo:
a) fase pré-processual: todos os momentos anteriores ao recebimento da inicial;
b) fase processual: todos os momentos desde o recebimento até o trânsito em julgado;
c) fase pós-processual: tudo o que ocorrer após o trânsito em julgado.

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