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Direito Processual Penal - PC-RN - 17

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Aula 17
Direito Processual Penal p/ PC-RN
(Delegado) Pós-Edital
Autor:
Leonardo Ribas Tavares
Aula 17
28 de Dezembro de 2020
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1. Recurso em sentido estrito – RESE ................................................................................................................ 5 
1.1 Taxatividade do rol e interpretação extensiva ......................................................................................... 5 
1.2 Hipóteses de cabimento ........................................................................................................................... 7 
1.2.1 Rejeição ou não recebimento da peça acusatória ....................................................................................................7 
1.2.2 Incompetência do juízo ............................................................................................................................................8 
1.2.3 Procedência das exceções, salvo a suspeição ..........................................................................................................9 
1.2.4 Pronúncia do acusado ..............................................................................................................................................9 
1.2.5 Fiança, liberdade provisória, prisão em flagrante e preventiva ............................................................................ 10 
1.2.6 Quebramento ou perda de fiança ......................................................................................................................... 12 
1.2.7 Prescrição e outras hipóteses de extinção da punibilidade .................................................................................. 14 
1.2.8 Decisão de juiz singular em habeas corpus ........................................................................................................... 15 
1.2.9 Suspensão condicional da pena ............................................................................................................................. 15 
1.2.10 Livramento condicional ....................................................................................................................................... 15 
1.2.11 Nulidade do processo .......................................................................................................................................... 15 
1.2.12 Inclusão ou exclusão de jurado da lista geral ...................................................................................................... 16 
1.2.13 Apelação denegada ou julgada deserta............................................................................................................... 17 
1.2.14 Ordenada a suspensão do processo por questão prejudicial .............................................................................. 18 
1.2.15 Unificação de penas ............................................................................................................................................. 18 
1.2.16 Incidente de falsidade ......................................................................................................................................... 18 
1.2.17 Outras hipóteses tacitamente revogadas pela LEP ............................................................................................. 18 
1.2.18 Conversão de multa em detenção ou prisão simples .......................................................................................... 19 
1.2.19 Recusa de homologação de ANPP ....................................................................................................................... 20 
1.3 Procedimento ......................................................................................................................................... 21 
1.3.1 Prazo e processamento ......................................................................................................................................... 21 
Leonardo Ribas Tavares
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1.3.2 Julgamento ............................................................................................................................................................ 24 
1.3.3 Efeitos .................................................................................................................................................................... 24 
2. Apelação ....................................................................................................................................................... 25 
2.1 Classificação ........................................................................................................................................... 25 
2.1.1 Quanto à extensão................................................................................................................................................. 25 
2.1.2 Quanto ao rito ....................................................................................................................................................... 26 
2.1.3 Quanto ao apelante ............................................................................................................................................... 26 
2.2 Hipóteses de cabimento ......................................................................................................................... 27 
2.2.1 Sentença definitiva de condenação ou absolvição por juiz singular ..................................................................... 27 
2.2.2 Decisão definitiva ou com força de definitiva por juiz singular ............................................................................. 28 
2.2.3 Decisões do Tribunal do Júri .................................................................................................................................. 28 
2.2.3.1 Nulidade posterior à pronúncia: ......................................................................................................................... 29 
2.2.3.2 Sentença do juiz contrária à lei ou à decisão dos jurados: ................................................................................. 29 
2.2.3.3 Erro ou injustiça na aplicação da pena ou medida de segurança:...................................................................... 30 
2.2.3.4 Decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos: .................................................................. 31 
2.3 Procedimento ......................................................................................................................................... 32 
2.3.1 Prazo e processamento ......................................................................................................................................... 32 
2.3.2 Julgamento ............................................................................................................................................................ 34 
2.3.3 Efeitos .................................................................................................................................................................... 34 
3. Embargos de declaração .............................................................................................................................. 35 
3.1 Cabimento – vícios ................................................................................................................................. 37 
3.2 Prazo ....................................................................................................................................................... 37 
3.3 Forma – procedimento ........................................................................................................................... 38 
3.4 Efeitos .....................................................................................................................................................39 
4. Carta testemunhável .................................................................................................................................... 41 
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4.1 Cabimento - prazo .................................................................................................................................. 41 
4.2 Procedimento - efeitos ........................................................................................................................... 42 
5. Recursos extraordinário e especial .............................................................................................................. 43 
5.1 Aspectos gerais....................................................................................................................................... 44 
5.2 Cabimento e procedimento .................................................................................................................... 44 
5.2.1 Recurso extraordinário .......................................................................................................................................... 44 
5.2.2 Recurso especial .................................................................................................................................................... 45 
6. Recurso ordinário constitucional (ROC) ....................................................................................................... 45 
6.1 ROC ao Supremo Tribunal Federal ......................................................................................................... 45 
6.2 ROC ao Superior Tribunal de Justiça: ..................................................................................................... 46 
7. Agravo em execução .................................................................................................................................... 46 
7.1 Cabimento .............................................................................................................................................. 46 
7.2 Procedimento ......................................................................................................................................... 47 
8. Embargos infringentes e de nulidade .......................................................................................................... 48 
8.1 Cabimento .............................................................................................................................................. 48 
8.2 Procedimento ......................................................................................................................................... 49 
8.3 Efeitos ..................................................................................................................................................... 49 
9. Resumo ......................................................................................................................................................... 50 
9.1 Recurso em sentido estrito (RESE) .......................................................................................................... 76 
9.2 Apelação ................................................................................................................................................. 78 
9.3 Embargos de declaração ........................................................................................................................ 80 
9.4 Carta testemunhável .............................................................................................................................. 81 
9.5 Recurso extraordinário ........................................................................................................................... 81 
9.6 Recursos extraordinário e especial ......................................................................................................... 82 
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9.7 Recurso ordinário constitucional (ROC) ................................................................................................. 83 
9.8 Agravo em execução .............................................................................................................................. 83 
9.9 Embargos infringentes e de nulidade ..................................................................................................... 84 
10. Referências bibliográficas .......................................................................................................................... 84 
 
 
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1. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – RESE 
Trata-se de espécie recursal empregada para impugnar, via de regra, decisões interlocutórias não 
terminativas (colocam fim a uma etapa procedimental, sem julgar o mérito), embora o Código de Processo 
Penal preveja, também, sua utilização contra algumas decisões terminativas (colocam fim ao processo, sem 
julgar o mérito). 
Em virtude de destinar-se, regra geral, à impugnação de decisões não terminativas, costuma-se traçar um 
paralelo entre o recurso em sentido estrito no processo penal com o agravo de instrumento no processo 
civil. Entretanto, “existem diferenças importantes, notadamente a possibilidade de interposição de recurso 
em sentido estrito contra algumas espécies de sentenças, não havendo, no CPC, possibilidade de agravo 
contra tal espécie de ato processual” (Távora, 2017). 
1.1 TAXATIVIDADE DO ROL E INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA 
As hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito estão previstas no art. 581 do CPP, in verbis: 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
I - que não receber a denúncia ou a queixa; 
II - que concluir pela incompetência do juízo; 
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
IV – que pronunciar o réu; 
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de 
prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; 
VI – Revogado; 
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; 
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da 
punibilidade; 
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; 
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; 
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; 
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XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; 
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; 
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; 
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; 
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; 
XVIII - que decidir o incidente de falsidade; 
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; 
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; 
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774; 
XXII - que revogar a medida de segurança; 
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação; 
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. 
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 
28-A desta Lei. (Incluídopela Lei nº 13.964, de 2019) 
Cabe registrar, desde logo, que alguns incisos do citado dispositivo se tornaram inócuos com o advento da 
Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984), que acabou por criar nova espécie de recurso, o agravo em execução, 
especificamente cabível para impugnar decisões em sede de execução de pena. Isso será evidenciado quando 
do estudo de cada uma das hipóteses. 
Pois bem. Analisando-se o referido artigo, surgem as seguintes questões: 
O rol do art. 581 é taxativo❓ Cabe interpretação extensiva quanto às hipóteses de cabimento do recurso em 
sentido estrito❓ 
A doutrina é conflitante nesse assunto. Há entendimento (minoritário) no sentido de que o rol é taxativo, de 
maneira que não há se falar em recurso em sentido estrito contra qualquer outra decisão senão as 
expressamente previstas no art. 581 do CPP. 
Por outro lado, tem prevalecido o entendimento, principalmente jurisprudencial , de que o rol do art. 581 
do CPP admite interpretação extensiva (ou seja, ampliando-se o espectro de abrangência da norma com a 
atividade hermenêutica – “a lei disse menos do que deveria dizer”), como se depreende do seu próprio art. 
3º, in verbis: 
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Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como 
o suplemento dos princípios gerais de direito. 
Essa atividade interpretativa, contudo, deve respeitar a vontade do legislador (voluntas legislatoris), e deve 
ser limitada às omissões não intencionais da lei, não podendo abarcar as omissões voluntárias. 
1.2 HIPÓTESES DE CABIMENTO 
Como visto, o recurso em sentido estrito será cabível nas hipóteses do art. 581 do CPP, admitindo-se a 
interpretação extensiva nos casos de omissão involuntária do legislador que apresentem significativo grau 
de semelhança com algum caso admitido. Não obstante isso, é também cabível o RESE em outras três 
hipóteses, por expressa previsão contida em legislações extravagantes. 
MOUGENOT BONFIM sintetiza: 
Além dos casos previstos no art. 581 do CPP, a legislação extravagante contém outras hipóteses 
em que se admite a interposição de recurso em sentido estrito. Portanto, desafiam o recurso em 
sentido estrito as decisões que: 
a) determinam o arquivamento do inquérito policial ou peças de informação pertinentes a crimes 
contra a economia popular ou contra a saúde pública (Lei n. 1.521/51, art. 7º), ressalvados os 
crimes sujeitos à Lei n. 11.343/2006; 
b) decretam a suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, ou a medida 
cautelar de suspensão, ou ainda que indeferirem o requerimento do Ministério Público, nos 
crimes cometidos na direção de veículos automotores previstos no Código de Trânsito Brasileiro 
(Lei n. 9.503/97, art. 294, parágrafo único); 
c) apliquem lei nova a fato julgado por sentença condenatória irrecorrível, nos termos do art. 13, 
§ 1º, do Decreto-lei n. 3.931/41 (Lei de Introdução ao CPP) (Bonfim, 2013). 
Vejamos, agora, cada uma das hipóteses previstas no art. 581 do CPP: 
1.2.1 Rejeição ou não recebimento da peça acusatória 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
I - que não receber a denúncia ou a queixa; 
O não recebimento ou rejeição da peça acusatória ocorrerá nos casos do art. 395 do CPP, e compreende: (I) 
a sua manifesta inépcia, (II) a falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal e 
(III) a falta de justa causa. 
Aqui há se fazer um breve registro. Em estrita literalidade, o artigo 395 do CPP prevê hipóteses de rejeição 
da denúncia, nada falando a respeito de seu não recebimento. Disso surgiu corrente de entendimento, que 
é minoritária, no sentido de que “não recebimento” e “rejeição” seriam coisas diferentes. Em suma, a 
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primeira diria respeito a aspectos meramente formais da exordial acusatória; a segunda, ao próprio mérito, 
em menor ou maior escala. 
Essa diferenciação, contudo, perdeu força; prevalece a posição de que não há diferença entre as expressões 
não recebimento e rejeição, de maneira que será cabível o RESE, com fundamento no art. 581, I do CPP, nas 
hipóteses do art. 395 do Código de Processo Penal. 
Imperioso registrar uma situação pontual, com a qual é necessário haver cautela. Trata-se da decisão que 
não recebe ou rejeita denúncia ou queixa no âmbito dos Juizados Especiais Criminais. Por expressa previsão 
legal do art. 82 da Lei 9.099/1995, contra essa decisão será cabível apelação, e não recurso em sentido 
estrito: 
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que 
poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, 
reunidos na sede do Juizado. [...] 
Por fim, confira o teor das Súmulas 707 e 709 do STF a respeito dessa hipótese de cabimento do RESE: 
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso 
interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo 
Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição 
da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. 
1.2.2 Incompetência do juízo 
II - que concluir pela incompetência do juízo; 
Refere-se à decisão interlocutória pela qual o juiz , ex officio ou a requerimento das partes, declara a sua 
incompetência relativa ou absoluta, remetendo os autos ao juízo competente, conforme art. 109 do CPP. 
Não se confunda requerimento das partes com a exceção de incompetência oposta nos termos do art. 108 
do CPP. Em se tratando de decisão que conclua pela incompetência do juízo no bojo desse incidente 
processual, será cabível o RESE com fulcro no inciso seguinte. 
Portanto, a hipótese do inciso II do art. 581 restringe-se às decisões de incompetência tomadas 
pelo juiz no bojo dos autos, com ou sem invocação das partes, mas sem a existência de um 
incidente específico (Bonfim, 2013). 
Ademais, considerando os limites da interpretação extensiva, não caberá recurso em sentido estrito da 
decisão que entender pela competência do juízo. 
Por outro enfoque, entende-se cabível o recurso em sentido estrito com fundamento nesse inciso contra as 
decisões de desclassificação no âmbito da primeira fase do Tribunal do Júri – judicium accusationis (art. 419 
do CPP), “afinal, ao desclassificar a imputação para crime que não seja doloso contra a vida, é evidente que 
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o juiz sumariante está concluindo, de ofício, pela incompetência do Tribunal do Júri, razão pela qual a via 
impugnativa adequada contra essa decisão será o RESE do art. 581, II” (Lima, 2017). 
1.2.3 Procedência das exceções, salvo a suspeição 
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
Trata-se das exceções de incompetência, litispendência, legitimidade de parte e coisa julgada (art. 95 do 
CPP), porquanto o dispositivo excepcionou a de suspeição. Essa ressalva decorre de raciocínio lógico, tendo 
em vista a própria consequência prática da declaração de suspeição do magistrado, como elucida TÁVORA: 
Realmente, não faria sentido a interposição do recurso em sentido estrito contra decisão que 
julgar procedente a exceção de suspeição. Nada mais lógico: se o próprio juiz está afirmando que 
é suspeito para julgar determinado processo, por motivo de foro íntimo, não cabe à parte exigir 
que ainda assim ele atue no processo que, o próprio magistrado se averbou sem a necessária 
imparcialidade (Távora, 2017). 
Por outro lado, a decisão que julgar improcedente as exceções referidasno inciso III do art. 581 são 
irrecorríveis, “podendo a parte prejudicada valer-se de habeas corpus, em caso de flagrante ilegalidade, ou 
aguardar futura e eventual apelação, para reiterar a impugnação” (Nucci, 2015). A mesma sorte seguirá a 
decisão que julgar improcedente exceção de suspeição, porquanto, nesse caso, será ela julgada pelo próprio 
tribunal pleno, conforme art. 103, § 4º do CPP. 
1.2.4 Pronúncia do acusado 
IV – que pronunciar o réu; 
Anteriormente à Lei 11.689/2008, admitia-se a interposição de recurso em sentido estrito de decisão que 
pronunciasse ou impronunciasse o réu. Contudo, em virtude da nova redação conferida ao art. 416 do CPP 
(“Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação”), realocou-se a impugnação 
da decisão de impronúncia para o âmbito da apelação✔. 
Portanto, caberá recurso em sentido estrito apenas da decisão que pronunciar o réu, submetendo-o a 
julgamento pelo Tribunal do Júri. Esse recurso, aliás, terá o condão de suspender o julgamento em plenário, 
conforme art. 584, § 2º do CPP. 
Em relação à legitimidade para interposição do recurso com base nesse inciso, poderá fazê-lo a defesa e o 
próprio Ministério Público, tanto contra o acusado (caso tenha sido pronunciado por crime diverso do 
requerido pelo parquet) quanto a seu favor (se o Ministério Público for sucumbente, como no caso de, por 
ocasião das alegações finais, ter requerido a impronúncia ou absolvição do acusado). 
A respeito da figura do assistente de acusação, BRASILEIRO minudencia as posições adotadas pela doutrina e 
pela jurisprudência: 
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Grande parte da doutrina entende que o assistente da acusação não tem legitimidade para 
recorrer contra a decisão de pronúncia. Em primeiro lugar, porque essa possibilidade não consta 
do art. 271 do CPP. Segundo, porque, sob a ótica de que sua presença no processo penal tem 
como objetivo único a obtenção de sentença condenatória para garantir a satisfação do dano, a 
pronúncia não causa qualquer prejuízo a esse direito, já que não aprecia o mérito da imputação, 
sendo de todo irrelevante, para seus interesses, o fato de o acusado ter sido pronunciado por 
homicídio simples ou qualificado. Ao assistente, portanto, não se confere interesse recursal para 
pretender a inclusão de qualificadoras eventualmente afastadas pela pronúncia. 
Nos Tribunais Superiores, prepondera a orientação de que, a despeito da redação dos arts. 271, 
584, § 1º e 598, todos do CPP, o assistente do Ministério Público tem legitimidade para interpor 
recurso em sentido estrito contra a decisão de pronúncia. Em caso concreto em que se discutia 
a legitimidade do assistente para recorrer contra a pronúncia, a fim de reintroduzir qualificadoras 
imputadas na denúncia, o Supremo concluiu que, apesar de se tratar de matéria controvertida 
na doutrina e na jurisprudência, o interesse do ofendido não está limitado à reparação civil do 
dano, alcançando, na verdade, a exata aplicação da justiça penal. Conferindo amplitude 
democrática aos princípios que asseguram a ação penal privada subsidiaria e o contraditório, 
com os meios e recursos a ele inerentes, a Suprema Corte entendeu que, não havendo recurso 
pelo Ministério Público, deve ser reconhecida a legitimidade do assistente para interpor RESE 
contra a pronúncia para obter o reconhecimento de qualificadora do crime de homicídio (Lima, 
2017). 
1.2.5 Fiança, liberdade provisória, prisão em flagrante e preventiva 
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de 
prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; 
Em primeiro lugar há se observar que o inciso se refere às decisões judiciais, e não a eventuais decisões 
emanadas da autoridade policial em sede de inquérito. Vejamos cada uma das situações dispostas no inciso 
nas quais se admitirá a interposição do RESE. 
Concessão: a fiança será concedida como contracautela à prisão em flagrante (art. 310, III do 
CPP) ou como medida cautelar autônoma diversa da prisão (art. 319, VIII do CPP), quando se 
mostrar, nesse caso, adequada a afastar a necessidade de prisão preventiva, seja cumulada 
ou não com outras medidas cautelares; 
Negativa: de outro lado, não será concedida a fiança nos casos dos arts. 323 e 324 do CPP: 
Art. 323. Não será concedida fiança: 
I - nos crimes de racismo; 
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos 
definidos como crimes hediondos; 
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III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional 
e o Estado Democrático; 
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: 
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, 
sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; 
II - em caso de prisão civil ou militar; 
III - (revogado) 
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312). 
Ainda, a fiança poderá ser negada caso não se demonstre adequada ao caso concreto, conforme art. 282, I 
e II do CPP; 
Arbitramento: refere-se ao valor arbitrado para a fiança. A fixação do valor deve obediência aos limites e 
diretrizes dos arts. 325 e 326 do CPP: 
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites:[...] 
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de 
liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos; 
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de 
liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. 
§ 1º Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: 
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; 
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou 
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. 
Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da 
infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias 
indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até 
final julgamento. 
Em não havendo observância a esses parâmetros na decisão, admite-se a interposição do RESE; 
Cassação: a fiança será cassada nas hipóteses dos arts. 338 e 339 do CPP: 
Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em qualquer fase do 
processo. 
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Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito inafiançável, 
no caso de inovação na classificação do delito. 
A título de exemplo, na medida em que o art. 322 do CPP, com redação determinada pela Lei nº 
12.403/11, somente autoriza a concessão de fiança pela autoridade policial nos casos de infração 
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos, conclui-se que, 
diante da concessão de fiança pelo Delegado em crime de furto qualificado, cuja pena é de 02 
(dois) a 08 (oito) anos de reclusão, há de ser determinada a cassação da fiança, decisão judicial 
esta que pode ser impugnada mediante RESE (CPP, art. 581, V). Nesse caso, o fiador também terá 
legitimidade para recorrer (Lima, 2017). 
Inidoneidade: o art. 340 do CPP prevê as hipóteses em que se exigirá reforço da fiança (complemento do 
valor depositado a título de garantia): 
Art. 340. Será exigido o reforço da fiança: 
I - quando a autoridade tomar, por engano,fiança insuficiente; 
II - quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, 
ou depreciação dos metais ou pedras preciosas; 
III - quando for inovada a classificação do delito. 
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na 
conformidade deste artigo, não for reforçada. 
 Caso não haja esse complemento do valor, a fiança será julgada inidônea; 
Indeferimento ou revogação de prisão preventiva, concessão de medida cautelar e relaxamento de prisão 
em flagrante: são hipóteses vinculadas estritamente ao status libertatis do acusado. 
A interpretação extensiva do dispositivo autoriza a conclusão de que também a decisão que 
indefere pedido de prisão temporária expõe-se ao recurso em sentido estrito. Por essa mesma 
razão, expõe-se a recurso em sentido estrito, embora não incluída na literalidade do dispositivo, 
a decisão que indefere a aplicação de medida cautelar pessoal diversa da prisão, além daquela 
que aplica medida cautelar pessoal em desacordo, qualitativa ou quantitativamente, com o que 
requereu a acusação (Gonçalves, et al., 2017). 
1.2.6 Quebramento ou perda de fiança 
VI – Revogado; 
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; 
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Quebramento da fiança: as hipóteses de quebramento da fiança estão previstas nos arts. 327, 328 e 341 do 
CPP, in verbis: 
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, 
todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o 
julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada. 
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, 
sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua 
residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado. 
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: 
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; 
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; 
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; 
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; 
V - praticar nova infração penal dolosa 
Julgada quebrada a fiança, o acusado será submetido a duas consequências: impossibilidade de prestação 
de nova fiança no mesmo processo (art. 324, I do CPP) e a perda de metade do seu valor, podendo o juiz 
impor outras medidas cautelares ou até mesmo, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 343 do 
CPP) – contanto que estejam presentes os requisitos para a custódia cautelar (art. 312, CPP). 
Importante consignar que a interposição do recurso em sentido estrito apenas terá o condão de suspender 
a perda da metade do valor, como dispõe o art. 581, § 3º do CPP: 
§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de 
perda da metade do seu valor. 
Perdimento da fiança: de outro lado, a perda da fiança abrange a totalidade do valor prestado, e ocorrerá 
na hipótese do art. 344 do CPP: 
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não 
se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. 
Registre-se que só há se falar em perda da fiança após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, 
na hipótese de o acusado (agora apenado) frustrar o início do cumprimento da pena, seja ela da natureza 
que for (privativa de liberdade, restritiva de direitos e até mesmo multa). 
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1.2.7 Prescrição e outras hipóteses de extinção da punibilidade 
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da 
punibilidade; 
As causas de extinção da punibilidade estão previstas no art. 107 do Código Penal, em um rol exemplificativo: 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
VII – revogado; 
VIII – revogado; 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
Deve-se analisar essa hipótese de cabimento do RESE sob um enfoque residual. Se a extinção da punibilidade 
advier no curso da execução penal, será cabível agravo em execução (art. 197 da Lei de Execuções Penais); 
se for reconhecida no corpo da sentença, será cabível apelação, conforme art. 593, § 4º do CPP: 
§ 4º Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que 
somente de parte da decisão se recorra. 
Questão que surge dentro dessa hipótese legal diz respeito ao cabimento (ou não) do recurso em sentido 
estrito com fundamento no inciso VIII do art. 581 do CPP contra decisão que absolve sumariamente o 
acusado em razão da extinção da punibilidade (art. 397, IV do CPP). MADEIRA apresenta as duas visões sobre 
o tema: 
A questão não é simples. Isto porque a decisão em sua parte é dispositiva, mas baseada na 
declaração de extinção da punibilidade. 
Há, portanto, duas posições. Primeira posição entende que se trata de recurso em sentido estrito 
(art. 581, VIII, do CPP) e portanto dá prevalência ao conteúdo da decisão (declaração de extinção 
da punibilidade). Segunda posição dá prevalência ao dispositivo, ou seja, a absolvição e entende 
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que o recurso cabível é a apelação do art. 593, I, do CPP. Não há posição da jurisprudência quanto 
a este tema de maneira que, enquanto não solucionada a questão, deverá ser aplicado o princípio 
da fungibilidade recursal (Dezem, 2018). 
1.2.8 Decisão de juiz singular em habeas corpus 
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; 
Essa hipótese de cabimento do RESE limita-se às decisões proferidas pelo juiz , em primeira instância 
(como nos casos em que o ato coator é praticado pela autoridade policial). Por outro lado, “caso se trate de 
Habeas corpus julgado em segundo grau, o recurso cabível será o Recurso Ordinário Constitucional (arts. 
102, II, a e 105, II, a, ambos da CF/1988)” (Dezem, 2018). 
Especificamente nos casos de negativa da ordem, tem-se admitido a impetração de novo habeas corpus em 
detrimento da interposição de RESE com esse fundamento. 
1.2.9 Suspensão condicional da pena 
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; 
Estamos tratando do chamado sursis. Entende-se que esse inciso não mais tem aplicabilidade. Ora, por certo 
que, para se falar em suspensão condicional da pena, é necessária uma prévia sentença penal condenatória. 
Assim, o benefício poderá ser concedido em duas situações: 1) na própria sentença penal condenatória, 
hipótese em que será cabível apelação, e não recurso em sentido estrito, mesmo que a impugnação verse 
apenas sobre esse ponto (art. 593, § 4º do CPP); e 2) em decisão proferida pelo juízo da execução, sendo 
cabível o agravo em execução (art. 197 da LEP). 
1.2.10 Livramento condicional 
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; 
O livramento condicional é um benefício da execução penal previsto no art. 83 do Código Penal. Portanto, a 
decisão que o conceder, negar ou revogar necessariamente será emanada do juízoda execução. 
Desta forma, com o advento da Lei 7.210/1984 – Lei de Execução Penal (LEP), entende-se que esse inciso foi 
tacitamente revogado, uma vez que, contra as decisões proferidas pelo juiz da execução, caberá agravo em 
execução (art. 197 da LEP), e não recurso em sentido estrito. 
1.2.11 Nulidade do processo 
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; 
A respeito do termo instrução, AVENA alerta: 
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Importante referir que, apesar de constar no inciso XIII a palavra “instrução”, o termo deve ser 
interpretado em sentido amplo, vale dizer, no sentido de fase judicial. Assim, desde que tenha 
sido recebida a inicial acusatória e que não haja ainda sentença, caso venha o juiz a invalidar todo 
o processo ou qualquer ato nele realizado (antes ou depois da fase instrutória), será cabível o 
RESE (Avena, 2017). 
Perceba-se que o inciso prevê a declaração de nulidade do processo, total ou parcial, de maneira que não 
será toda e qualquer constatação de vício que ensejará a interposição do RESE com esse fundamento. AURY 
LOPES JUNIOR detalhadamente diferencia duas situações que podem ocorrer nesse ponto, bem como as 
respectivas consequências para o processo: 
Quando o juiz, de ofício ou mediante invocação de qualquer das partes, verificar que um 
determinado ato processual foi praticado com defeito e que essa violação da forma prejudicou a 
eficácia do princípio constitucional tutelado, deverá analisar se: 
a) o ato pode ser refeito sem defeito, sendo que isso é suficiente para obter-se a eficácia desejada 
do princípio constitucional violado; ou, 
b) a repetição não é possível ou não é suficiente para obter-se a eficácia principiológica desejada. 
No primeiro caso, estamos diante de um defeito sanável. O ato deverá ser refeito com plena 
observância da tipicidade processual prevista, não sendo necessária a decretação da nulidade. 
No segundo caso, o defeito é insanável, não havendo nada mais a ser feito para restabelecer a 
regularidade do processo, sendo a decretação da nulidade, com a respectiva ineficácia e o 
desentranhamento das peças, o único caminho possível. 
Essa distinção é fundamental, pois o recurso em sentido estrito somente poderá ser utilizado no 
segundo caso, quando efetivamente há a decretação da nulidade. A mera constatação da prática 
de um ato defeituoso, com a determinação de repetição – saneamento –, não é passível de 
recurso em sentido estrito. Quanto à extensão da contaminação, é irrelevante para fins recursais, 
pois a nulidade total ou parcial é igualmente impugnável. O caráter total ou parcial da anulação 
pode, por outro lado, constituir o próprio mérito do recurso, na medida em que a parte, por 
exemplo, sustentar que não houve a contaminação dos atos posteriores. Mas isso é a 
fundamentação do recurso, e não um requisito do recurso (Júnior, 2018). 
Por outro lado, da decisão que não acolher pedido de declaração de nulidade do processo não caberá recurso 
em sentido estrito, incumbindo-se à parte buscá-la em habeas corpus ou em preliminar de posterior 
apelação. 
1.2.12 Inclusão ou exclusão de jurado da lista geral 
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; 
Anualmente é realizada uma listagem geral dos jurados que poderão ser convocados para as sessões de 
julgamento do ano seguinte no Tribunal do Júri, na forma do art. 425 do CPP. A lista geral será publicada pela 
imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano, podendo ser alterada de ofício pelo juiz ou em virtude de 
reclamação por qualquer do povo até o dia 10 de novembro. É o que dispõe o art. 426, caput e § 1º do CPP: 
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Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela 
imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal 
do Júri. 
§ 1º A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz 
presidente até o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva. [...] 
Desta forma, da decisão que incluir ou excluir jurado dessa lista geral, seja ex officio, seja por reclamação, 
cabe recurso em sentido estrito com fundamento no art. 581, XIV do Código de Processo Penal. 
1.2.13 Apelação denegada ou julgada deserta 
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; 
Lembre-se de que, uma vez interposto o meio impugnatório, ocorrerá o chamado juízo de prelibação ou de 
admissibilidade, no qual será verificada a presença dos pressupostos recursais objetivos e subjetivos. Essa 
análise preliminar será realizada tanto pelo juízo a quo quanto pelo juízo ad quem. 
Constatados todos os pressupostos, o recurso será recebido ou conhecido. Por outro lado, ausente algum 
dos pressupostos essenciais, será denegado. 
O recurso em sentido estrito com fundamento no inciso XV do art. 581 do CPP apenas será cabível contra a 
decisão do juízo a quo que não receber a apelação interposta. “Isso porque, como visto anteriormente, o 
RESE é modalidade de impugnação que se dirige, tão somente, contra decisão de juiz singular , jamais 
contra decisões de órgãos colegiados dos Tribunais ou decisões monocráticas de relator nos processos que 
lhe estejam afetos” (Lima, 2017). 
Aliás, essa hipótese de cabimento do recurso em sentido estrito representa situação peculiar dentro do 
sistema recursal do Código de Processo Penal, uma vez que, em regra, contra as decisões que denegarem 
seguimento ao recurso caberá carta testemunhável (art. 639 do CPP): 
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: 
I - da decisão que denegar o recurso; 
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad 
quem. 
Lado outro, se o recurso denegado for o próprio recurso em sentido estrito, 
será cabível a carta testemunhável (Dezem, 2018). 
Além dessa hipótese, também caberá o recurso em sentido estrito no caso 
de ter sido a apelação julgada deserta. A deserção é um fato extintivo do 
recurso que se consubstancia na falta do preparo (pagamento das despesas 
processuais para o seu processamento), quando exigido para a espécie. Há, 
segundo a doutrina, apenas um caso de exigência do preparo em sede 
Denega apelaçãoDenega apelação
•RESE
Denega RESEDenega RESE
•Carta testemunhável
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recursal: o recurso manejado pelo querelante (para outros também o querelado), não reconhecidamente 
pobre, nas ações penais de iniciativa privada personalíssimas ou exclusivamente privadas (art. 806, § 2º do 
CPP). 
1.2.14 Ordenada a suspensão do processo por questão prejudicial 
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; 
Trata-se de decisão que suspende o processo em razão das questões prejudiciais do art. 92 do CPP (de 
suspensão obrigatória – referentes ao estado civil de pessoas) ou do art. 93 do CPP (de suspensão facultativa 
– não referentes ao estado civil). 
Caso o juiz negue a suspensão do processo, não será cabível recurso em sentido estrito, tendo em vista a 
omissão voluntária do legislador nesse sentido. Contudo, entende-se que sempre poderá ser questionada 
via habeas corpus ou mandado de segurança (Dezem, 2018). 
Por fim, o Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento de que é cabível o RESE para as decisões que 
suspenderem o processo, ou mesmo que indeferirem a produção antecipada de provas com base no art. 366 
do Código de Processo Penal. Nesse sentido, veja-se o Informativo 640, de 15 de fevereiro de 2019: 
Destaque - É cabível recurso em sentido estrito para impugnar decisão que indefere produção 
antecipadade prova, nas hipóteses do art. 366 do CPP. 
1.2.15 Unificação de penas 
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; 
Trata-se de mais uma hipótese tacitamente revogada pela Lei de Execução Penal, uma vez que a decisão 
sobre a unificação das penas é de competência do juízo da execução (art. 66, III, “a” da LEP), sendo cabível o 
agravo em execução com base no art. 197 da mesma lei. 
1.2.16 Incidente de falsidade 
XVIII - que decidir o incidente de falsidade; 
O incidente de falsidade previsto nos arts. 145 e seguintes é destinado à verificação, pelo juiz, da falsidade 
material ou ideológica de determinado documento juntado ao processo. Julgado improcedente o incidente, 
o documento será mantido no processo; julgado procedente, será desentranhado dos autos, não mais 
servindo como prova (art. 145, IV do CPP). De ambas as decisões será cabível o recurso em sentido estrito. 
1.2.17 Outras hipóteses tacitamente revogadas pela LEP 
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; 
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; 
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XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774; 
XXII - que revogar a medida de segurança; 
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação; 
As matérias referidas nesses cinco incisos dizem respeito ao juízo da execução, de maneira que as respectivas 
decisões serão impugnáveis pelo instrumento específico do agravo em execução, com fundamento no art. 
197 da Lei 7.210/1984 – Lei de Execução Penal. 
1.2.18 Conversão de multa em detenção ou prisão simples 
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. 
Eis aqui outra hipótese tacitamente revogada. A antiga redação do art. 51, caput do Código Penal conferida 
pela Lei 7.209/1984 permitia expressamente (não mais) a conversão da multa em detenção ou prisão 
simples, como se vê: 
Art. 51 - A multa converte-se em pena de detenção, quando o condenado solvente deixa de pagá-
la ou frustra a sua execução (REVOGADO); 
Posteriormente, contudo, a Lei 9.268/1996 revogou o referido dispositivo, conferindo-lhe nova redação, a 
qual não mais previu essa possibilidade de conversão: 
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de 
valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, 
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (REVOGADO) 
A partir de então (Lei 9.268/1996), não mais se admitiu a conversão da multa em pena privativa de 
liberdade, perdendo o inciso XXIV do art. 581 do CPP a sua aplicabilidade. 
Mais recentemente, apenas por complemento, o Pacote Anticrime alterou a redação do art. 51 do Código 
Penal, que passou a ter o seguinte texto: 
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz 
da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida 
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da 
prescrição. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Sobre a multa, aliás, o STJ (que sempre entendera que multa era dívida pecuniária, sendo possível a extinção 
da punibilidade, independentemente do seu pagamento), ajustando-se à compreensão do STF, passou a 
dizer em sentido contrário; ou seja: o adimplemento da multa é condição a ser observada para a extinção da 
punibilidade do apenado. Nesse sentido: 
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 1. ADI n. 3.150/DF. 
MULTA. NATUREZA DE SANÇÃO PENAL. 2. DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE E 
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INCONSTITUCIONALIDADE. EFEITO VINCULANTE. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. NECESSÁRIO O 
PAGAMENTO DA MULTA. 3. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. O Supremo Tribunal 
Federal, ao julgar a ADI n. 3.150/DF, declarou que, à luz do preceito estabelecido pelo art. 5º, 
XLVI, da Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de liberdade e de outras restrições - 
perda de bens, prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos -, é espécie de 
pena aplicável em retribuição e em prevenção à prática de crimes, não perdendo ela sua natureza 
de sanção penal. 2. Dessarte, as declarações de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade 
são dotadas de eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder 
Judiciário. Assim, não se pode mais declarar a extinção da punibilidade pelo cumprimento 
integral da pena privativa de liberdade quando pendente o pagamento da multa criminal. 3. 
Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1850903/SP, Rel. Ministro 
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 28/04/2020) 
Atualmente, portanto e consolidando: 
✓ multa é considerada dívida de valor, pena pecuniária (natureza jurídica de sanção); 
✓ Ministério Público deve executar a pena de multa, tem legitimação prioritária; 
✓ Fazenda Pública também tem legitimidade para executar a pena de multa, 
subsidiariamente; 
✓ a execução da pena de multa deve se operar perante o juízo da execução penal, não o da condenação 
(de conhecimento); 
✓ “não se pode mais declarar a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa 
de liberdade quando pendente o pagamento da multa criminal”. 
1.2.19 Recusa de homologação de ANPP 
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 
28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
O Pacote Anticrime trouxe uma nova hipótese de cabimento para o RESE, nas situações em que o juiz se 
negar a homologar o acordo de não persecução penal; novo instituto despenalizador também introduzido 
com as inovações. 
O CPP permite, então, que o juiz exerça ‘fiscalização’ em relação aos requisitos legais e às condições dispostas 
no ANPP, inclusive devolvendo os autos ao Ministério Público para reformulação da proposta, nos termos do 
§ 5º do art. 28-A. Por consectário, permite o mesmo artigo a ‘recusa’ da homologação: 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou 
quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da 
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia. 
Por essas disposições, fica claro que a legalidade e a não arbitrariedade do ANPP será objeto de análise 
judicial. Claro que o Ministério Público pode não concordar com isso; nesse caso, qual o caminho apontado 
em lei? Impugnação recursal, mediante recurso em sentido estrito. 
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1.3 PROCEDIMENTO 
1.3.1 Prazo e processamento 
Será interposto por petição ou por termo nos autos. Em regra, o prazo para a interposição do recurso em 
sentido estrito é de 5 dias . Todavia, como visto anteriormente, o RESE interposto contra a decisão que 
inclui ou exclui jurado da lista geral (art. 581, XIV do CPP) terá prazo de 20 dias, a ser contado da publicação 
definitiva dessa lista. É o que dispõe o art. 586 do CPP: 
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias. 
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da 
publicação definitiva da lista de jurados. 
O recurso em sentido estrito admite dois tipos de processamento: nos próprios autos ou por instrumento 
(autos apartados). 
Será processado nos próprios autos quando, grosso modo, a sua interposição não tumultuaro deslinde do 
processo. O art. 583 do CPP elenca algumas dessas situações: 
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: 
I - quando interpostos de oficio; 
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; 
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. [...] 
Desta forma, o recurso será processado nos próprios autos nos seguintes casos: 
1) recurso ex officio, como no caso de concessão de habeas corpus; 
2) rejeição ou não recebimento da peça acusatória (art. 581, I do CPP); 
3) procedência das exceções, salvo a de suspeição (inc. III); 
4) pronúncia do réu (inc. IV), salvo a hipótese do art. 583, parágrafo único do CPP: “O recurso da pronúncia 
subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos 
não tiverem sido ainda intimados da pronúncia”; 
5) decretação de extinção da punibilidade (inc. VIII); 
6) julgamento de habeas corpus em primeira instância (inc. IX); 
7) outros casos que não prejudiquem o andamento do processo. 
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A maioria das situações descritas provoca a paralisação do andamento do processo principal, 
motivo pelo qual não há empecilho para o recurso em sentido estrito ser processado nos autos, 
sem a formação do instrumento. Exemplos de recursos que não prejudicam o andamento do 
processo: a) contra decisão que indefere o seguimento da apelação, já que o recurso em sentido 
estrito tem efeito suspensivo nesta hipótese (art. 584), não existindo razão para formar-se um 
instrumento à parte; b) contra decisão que ordena a suspensão do processo, em virtude de 
questão prejudicial, pois o trâmite processual cessa de toda maneira (Nucci, 2015). 
Por outro lado, o recurso será processado via formação de instrumento ou traslado nos demais casos, 
“mormente em razão dos obstáculos que imporia ao processamento do feito, ocasionando sua estagnação” 
(Bonfim, 2013). São eles: 
1) pronúncia nos termos do parágrafo único do art. 583 do CPP supracitado; 
2) demais incisos do art. 581 do CPP, ou seja, contra a decisão que: 
2.1) concluir pela incompetência do juízo (art. 581, II do CPP); 
2.2) versar sobre a liberdade do réu (inc. V); 
2.3) julgar quebrada ou perdida a fiança (inc. VII); 
2.4) indeferir o pedido de extinção da punibilidade (inc. IX); 
2.5) anular o processo de instrução criminal (inc. XIII); 
2.6) decidir o incidente de falsidade (inc. XVIII). 
Pois bem. Nas hipóteses em que o recurso for processado via instrumento, caberá à parte indicar as peças 
dos autos para traslado, conforme art. 587 do CPP. 
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo 
termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado. 
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias, e dele 
constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for 
possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição. 
Em seguida, recebido o recurso pelo juiz, terá o recorrente o prazo de 2 dias para apresentar as razões 
recursais (art. 588 do CPP): 
Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, 
extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será 
aberta vista ao recorrido por igual prazo. 
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Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor. 
Segundo a doutrina, em verdade, o prazo para oferecimento das razões do recurso deve ser contado da 
específica intimação do recorrente para esse fim, após o recebimento pelo juiz, não devendo se admitir a 
contagem aparentemente automática constante do art. 588. Nesse sentido, BRASILEIRO e NUCCI: 
Apesar de o art. 588, caput, do CPP, sugerir que o prazo de 02 (dois) dias para apresentação das 
razões recursais corra de maneira automática após a interposição do recurso (ou extração do 
traslado pelo escrivão), prevalece o entendimento no sentido de que sua fluência só terá início 
após a notificação do recorrente para essa finalidade (Lima, 2017). 
A redação do referido art. 588 dá a entender que o prazo de dois dias corre da data da 
interposição do recurso, sem qualquer intimação, o que não corresponde à realidade, aplicando-
se a regra geral do art. 798, § 5.º, a, do Código de Processo Penal. Justifica-se esse entendimento, 
pois o recorrente, ao apresentar seu recurso, deve aguardar o recebimento pelo juiz e seu regular 
processamento, para, então, poder apresentar suas razões (Nucci, 2015). 
Na sequência, será aberta vista ao recorrido para que apresente as contrarrazões também no prazo de 2 dias 
(art. 588, in fine do CPP). 
Conforme art. 589 do CPP, com ou mesmo sem as contrarrazões do recorrido, os autos retornarão ao juízo 
a quo para a realização de juízo de retratação no prazo de 2 dias, podendo o magistrado rever o seu 
posicionamento (reformando total ou parcialmente sua decisão) ou mantê-la em sua integralidade: 
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro 
de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os 
traslados que lhe parecerem necessários. 
A propósito, sobre essa dispensabilidade das contrarrazões, BONFIM pondera: 
A lei processual, portanto, dispensa a manifestação do recorrido para a apreciação do recurso, 
exigindo apenas que ele tenha sido intimado para tanto. A doutrina, no entanto, não é pacífica. 
Muitos entendem que o juiz deve nomear defensor ad hoc para oferecer contrarrazões, caso não 
tenham sido apresentadas no prazo legal, nas hipóteses em que a ausência trouxer prejuízo para 
o réu. De qualquer forma, se quiser ofertá-las, poderá indicar peças para o instrumento (Bonfim, 
2013). 
No caso de retratação pelo juiz, com a reforma da decisão atacada, será também cabível a interposição de 
recurso, agora pela parte contrária, mas sem a possibilidade de novo juízo de retratação ou de novas razões 
e contrarrazões pelas partes. É o que dispõe o parágrafo único do art. 589 do CPP: 
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, 
poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. 
Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em 
traslado. 
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1.3.2 Julgamento 
O recurso em sentido estrito será julgado pelo respectivo órgão de segunda instância: as Câmaras Criminais 
dos Tribunais de Justiça (Justiça Estadual) ou as Turmas dos Tribunais Regionais Federais (Justiça Federal). 
Note-se, contudo, que há uma exceção a essa regra, consubstanciada no recurso em sentido estrito 
interposto com base no inciso XIV do art. 581 do CPP (inclusão ou exclusão de jurado da listagem geral), 
que será julgado diretamente pelo Desembargado-Presidente do Tribunal, nos termos do art. 582, parágrafo 
único do CPP: 
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente do Tribunal de Apelação. 
1.3.3 Efeitos 
O recurso em sentido estrito sempre será dotado de efeito devolutivo, na medida em que devolve ao juízo 
ad quem o reexame da matéria impugnada. 
Também sempre terá efeito regressivo, diferido ou iterativo, porquanto permite ao magistrado a quo o juízo 
de retratação (art. 589 do CPP). Inclusive, “se o juiz não se manifestar, fundamentadamente, na fase do juízo 
de retratação, em fiel observância à regra do art. 589, caput, do CPP, a instânciasuperior deve converter o 
julgamento do recurso em diligência, para que o juízo a quo o faça” (Lima, 2017). 
Ainda, poderá apresentar efeito extensivo caso, em havendo identidade de situações jurídicas entre os 
acusados do mesmo crime no processo, o recurso interposto por um aproveite ao outro. 
Outrossim, será dotado de efeito suspensivo nas seguintes e excepcionais situações elencadas pelo art. 584 
do CPP, in verbis: 
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de 
livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. 
§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-
se-á o disposto nos arts. 596 e 598. 
§ 2º O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento. 
§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de 
perda da metade do seu valor. 
Desta forma, desconsiderando-se as hipóteses tacitamente revogadas, terão efeito suspensivo, em maior ou 
menor amplitude, os RESES interpostos contra: 
• decisão que declara perdida fiança (art. 581, VII, in fine do CPP); 
• decisão que denegar ou julgar deserta apelação (art. 581, XV do CPP); 
• decisão que julgar quebrada a fiança (inc. VII), suspendendo tão somente o efeito de perda de 
metade do valor – § 3º do art. 584 do CPP); 
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• decisão que pronunciar o acusado (inc. IV), suspendendo, segundo o § 2º do art. 582, tão somente o 
julgamento. 
2. APELAÇÃO 
A apelação é o instrumento apto a impugnar sentenças condenatórias ou absolutórias, bem como algumas 
decisões definitivas ou com força de definitivas – como no caso do art. 593, II do CPP –, devolvendo a matéria 
ao juízo ad quem para reanálise, com o fito de modificar parcial ou totalmente o decisum. Mais adiante 
distinguiremos essas espécies de decisões. 
É considerado o recurso que permite a mais ampla impugnação de decisões judiciais, uma vez que possibilita 
a devolução plena da matéria à instância superior, respeitados, é claro, os princípios gerais dos recursos. 
2.1 CLASSIFICAÇÃO 
A apelação pode ser classificada em algumas espécies, a depender do critério adotado. Vejamos quais são: 
2.1.1 Quanto à extensão 
Considerando o que dispõe o art. 599 do CPP (“As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo 
o julgado, quer em relação a parte dele”), pode-se classificar a apelação, em sua extensão, como plena ou 
limitada. 
o plena: o apelante impugna integralmente a decisão, devolvendo-se toda a matéria para reexame pelo 
juízo ad quem. “Aqui a decisão do juízo ad quem, em razão da plenitude da cognição, sempre 
substituirá a decisão do juízo a quo, inclusive nos casos em que confirmar a sentença impugnada” 
(Bonfim, 2013). 
o limitada ou parcial: impugna-se uma parte do julgado, o que acaba por delimitar o espectro de 
reanálise pelo órgão de segunda instância. 
Cabe relembrar, nesse ponto quanto à extensão, algumas observações. Dois princípios exercem notável 
influência no âmbito da extensão do efeito devolutivo dos recursos, em especial o recurso de apelação: os 
princípios da reformatio in mellius e da non reformatio in pejus. 
Desta forma, em sendo apelante a acusação, o juízo ad quem poderá apreciar toda a matéria fática e de 
direito (caso seja apelação plena) ou tão somente as questões impugnadas (apelação parcial). Por outro lado, 
não poderá reconhecer, contra o acusado, nulidade não arguida pela acusação, nos termos da Súmula 160 
do STF: 
É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da 
acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício. 
Entretanto, poderá o juízo ad quem apreciar ex officio questões e matérias que favoreçam a situação do 
acusado, pouco importando se o recurso for exclusivo da acusação (reformatio in mellius – sempre admitida). 
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Essa regra é, contudo, limitada nas decisões que envolvam Júri, em decorrência do princípio da soberania 
dos veredictos, bem como do teor da Súmula 713 do STF: 
O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua 
interposição. 
Acaso a defesa seja a apelante, seguem-se as mesmas orientações, de modo que o juízo ad quem poderá 
analisar toda e qualquer matéria, ainda que ex officio, desde que represente melhora na condição do 
acusado, sendo vedada a reformatio in pejus, respeitando-se, claro, a exceção da Súmula 713 do STF. 
2.1.2 Quanto ao rito 
O Código de Processo Penal prevê dois ritos procedimentais na segunda instância para o julgamento da 
apelação: o rito sumário e o rito ordinário: 
• sumário: será empregado quando a apelação tratar de contravenções penais ou crimes aos quais a 
lei comine pena de detenção, conforme art. 610 do CPP, que também dispõe sobre o procedimento: 
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de habeas corpus, e nas apelações 
interpostas das sentenças em processo de contravenção ou de crime a que a lei comine pena de 
detenção, os autos irão imediatamente com vista ao procurador-geral pelo prazo de cinco dias, 
e, em seguida, passarão, por igual prazo, ao relator, que pedirá designação de dia para o 
julgamento. 
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e apregoadas as partes, com a 
presença destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição do feito e, em seguida, o presidente 
concederá, pelo prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos advogados ou às partes que a 
solicitarem e ao procurador-geral, quando o requerer, por igual prazo. 
• ordinário: refere-se à apelação interposta contra crimes aos quais a lei comine pena de reclusão, 
conforme art. 613 do CPP: 
Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas em processos por crime a que a lei 
comine pena de reclusão, deverão ser processadas e julgadas pela forma estabelecida no Art. 
610, com as seguintes modificações: 
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, que terá igual prazo para o exame do 
processo e pedirá designação de dia para o julgamento; 
II - os prazos serão ampliados ao dobro; 
III - o tempo para os debates será de um quarto de hora. 
2.1.3 Quanto ao apelante 
Parte da doutrina ainda classifica a apelação, em relação à figura do apelante, em principal ou subsidiária. 
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• principal: seria a apelação interposta pelo Ministério Público, dominus litis da ação penal pública; 
• subsidiária: “quando interposta pelo ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 do 
CPP (cônjuge, descendente, ascendente ou irmão), ainda que não se tenha habilitado como 
assistente, nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não foi 
interposta apelação pelo Ministério Público, no prazo legal (art. 598) [...]” (Bonfim, 2013). 
2.2 HIPÓTESES DE CABIMENTO 
A apelação será cabível nas hipóteses previstas no art. 416 e, principalmente, no art. 593 do CPP. O art. 416 
prevê o seu cabimento contra as decisões de impronúncia e de absolvição sumária prolatadas ao término da 
primeira etapa do procedimento especial do Tribunal do Júri. 
A propósito, uma forma excelente de memorizar qual a espécie recursal adequada à impugnação 
das quatro possíveis decisões proferidas ao término da primeira fase do procedimento do 
Tribunal do Júri é a seguinte: “Vogal com vogal; consoante com consoante” . Veja: 
Da decisão que Absolve sumariamente ou Impronuncia, caberá Apelação. Da decisão que 
Pronuncia ou Desclassifica caberá Recurso em sentido estrito. Assim fica impossível errar! 
Enfim, vejamos, agora, cadauma das hipóteses elencadas no art. 593 do CPP. 
2.2.1 Sentença definitiva de condenação ou absolvição por juiz singular 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: 
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; 
A sentença será condenatória quando, ao término da instrução, nela for acolhida, total ou parcialmente, a 
pretensão da acusação. Por sua vez, será absolutória quando essa pretensão for julgada improcedente em 
virtude do reconhecimento de alguma das hipóteses do art. 386 do CPP. 
Entende-se que também será cabível apelação contra a sentença que absolver sumariamente o acusado 
com base no art. 397 do CPP, com exceção de seu inciso IV: 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá 
absolver sumariamente o acusado quando verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo 
inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
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Excepciona-se o inciso IV do art. 397 porque a decisão que julga extinta a punibilidade do agente é recorrível 
mediante recurso em sentido estrito, por expressa previsão legal (art. 581, VIII do CPP). 
2.2.2 Decisão definitiva ou com força de definitiva por juiz singular 
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não 
previstos no Capítulo anterior; 
Há se distinguir, aqui, o que são decisões definitivas e o que são decisões com força de definitivas. A doutrina 
não é uníssona quanto a esses conceitos, mas em linhas gerais é possível conceituar: 
a) decisões definitivas: são as decisões que extinguem o processo ou o procedimento, com análise do mérito, 
mas sem condenar ou absolver o acusado. 
Caso não haja previsão legal de RESE contra tais decisões, a apelação será o recurso adequado. 
A título de exemplo, a decisão que declara extinta a punibilidade é decisão de mérito; no entanto, 
para essa hipótese, há previsão legal de RESE (CPP, art. 581, VIII). Se o juiz reconhece a ausência 
de condição objetiva de punibilidade, tal decisão é definitiva. Como não há previsão legal de RESE 
contra ela, a apelação será a impugnação correta. Outros exemplos podem ser lembrados: 
decisão que julga o pedido de restituição, nos termos do art. 120, § 1º, do CPP; decisão que 
ordena ou não o sequestro, nos termos do art. 127 do CPP; decisão que autoriza (ou não) o 
levantamento do sequestro (CPP, art. 131); decisão que acolhe (ou não) o pedido de 
especialização e registro de hipoteca legal ou de arresto (CPP, arts. 134 a 137), etc (Lima, 2017). 
b) decisões com força de definitivas: também denominadas de decisões interlocutórias mistas, são as 
decisões que, sem julgar o mérito, colocam fim ao processo (decisão interlocutória mista terminativa) ou a 
uma etapa procedimental (decisão interlocutória mista não terminativa). 
A título de exemplo de decisão interlocutória mista terminativa, podemos citar a decisão que 
acolhe a exceção de coisa julgada, a exceção de litispendência, a que rejeita a denúncia ou queixa, 
etc. Desde que não haja previsão legal de RESE contra tais decisões, será cabível a apelação. 
Como exemplos de decisões interlocutórias mistas não terminativas, podemos citar a pronúncia, 
para a qual, todavia, há previsão legal de RESE (CPP, art. 581, IV). Caso não haja previsão legal de 
RESE – por exemplo, no caso da decisão que remete as partes ao juízo civil no pedido de 
restituição de coisas apreendidas –, a impugnação adequada será a apelação (Lima, 2017). 
2.2.3 Decisões do Tribunal do Júri 
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; 
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c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; 
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. 
Ao contrário das demais hipóteses, a apelação contra decisão do Tribunal do Júri é de fundamentação 
vinculada✔; ou seja, há prévia delimitação dos fundamentos que podem ser empregados ao recorrer. Essa 
limitação é evidenciada pela Súmula 713 do STF: 
O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da 
sua interposição. 
Vale a referência rápida, neste ponto, de que quando há condenação a pena igual ou superior a 15 anos, de 
acordo com alteração operada pelo Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019), ocorre, regra geral (tanto que não 
haja questão substancial plausível), a execução provisória da pena (art. 492, I, ‘e’) e a apelação não terá efeito 
suspensivo (§ 4º do art. 492). 
Vejamos os quatro casos para apelação: 
2.2.3.1 Nulidade posterior à pronúncia: 
Trata-se dos vícios ocorridos após a decisão de pronúncia. Cabe, aqui, diferenciar os casos de nulidades 
relativas e absolutas. 
Eventuais nulidades relativas que tenham ocorrido posteriormente à pronúncia deverão ser arguidas 
oportunamente, sob pena de preclusão e convalidação, não mais servindo para posterior apelação com base 
nessa alínea. Conforme BONFIM, essa oportunidade será: 
a) logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes (art. 571, V, do CPP); 
b) se decorrentes do julgamento em plenário, logo depois de ocorrerem (art. 571, VIII, do CPP). 
Caso o juiz-presidente não acolha nulidade tempestivamente arguida, caberá apelação, com 
fulcro na alínea vertente (Bonfim, 2013). 
Por outro lado, as nulidades absolutas poderão ser alegadas a qualquer momento, pois nunca se convalidam 
(insanáveis), de modo que até mesmo uma nulidade absoluta anterior à pronúncia poderá embasar apelação 
com base no inc. III, “a” do art. 593 do CPP. 
Acaso provido o recurso, será anulado o ato viciado, bem como os demais que dele se originem ou 
dependam, devendo o acusado ser submetido a novo julgamento. 
2.2.3.2 Sentença do juiz contrária à lei ou à decisão dos jurados: 
No primeiro caso, o juiz-presidente do Tribunal do Júri não observa as devidas disposições legais ao prolatar 
a sentença, mesmo que atenda ao veredicto dos jurados. 
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[...] tal como ocorre quando os jurados desclassificam a infração para outra de competência do 
juízo singular e o juiz-presidente condena o acusado, por exemplo, por lesão grave sem que haja 
exame pericial comprobatório de que o ofendido ficou incapacitado para as funções habituais 
por mais de 30 dias, afrontado a norma inserta no art. 158 do Código de Processo Penal 
(Gonçalves, et al., 2017). 
No segundo caso, o juiz-presidente prolata a sentença em sentido diverso do veredicto dos jurados. Exemplo: 
o Conselho de Sentença não reconhece a existência de qualquer qualificadora ao crime de homicídio, mas o 
juiz-presidente condena o acusado pelo crime de homicídio qualificado, fixando-lhe a pena de 12 anos de 
reclusão. 
Enfim, em ambos os casos caberá ao juízo ad quem promover a devida correção do julgado à lei ou ao 
veredicto dos jurados, conforme art. 593, § 1º do CPP, sem que isso represente qualquer ofensa à soberania 
dos veredictos: 
§ 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos 
jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. 
2.2.3.3 Erro ou injustiça na aplicação da pena ou medida de segurança: 
Haverá erro quando o juiz-presidente quantificar a pena em desconformidade

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