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resumo direito civil 7 termo 2 bimestre

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Resumo Direito Civil – 2º Bimestre 
Da Aquisição da Propriedade por Acessão – arts. 1248 ao 1259 CC
- Conceito: é uma forma originária de aquisição da propriedade de bem imóvel, que pode se dar forma natural ou artificial. 
- Espécies: 
*Naturais: decorrem da força da natureza por formação de ilhas; por aluvião; por avulsão; por abandono de álveo. 
*Artificiais: decorrem de força humana por plantações ou construções. 
- Acessão Natural – 1249 a 1252 
a) Das Ilhas: ocorrem em rios não navegáveis, onde formam-se ilhas. 
Art. 1249: 
a ilha se formando ao meio da margem do rio, será dividida igualmente entre os ribeirinhos vizinhos de ambas as margens, na proporção de suas testadas. 
a ilha formada na linha divisória em que a maior parte esteja de um lado só da margem, os acréscimos se darão em maior parte na propriedade em que a ilha se estabeleceu, restando à outra propriedade apenas a proporção que lhe cabe. 
nos casos em que por força natural o rio formar um novo braço, a ilha que se formar pertencerá aquela propriedade a qual o novo braço se estendeu. 
b) Da aluvião (art. 1250): ocorre quando porções de terras de uma propriedade, por força natural vão se deslocando de forma lenta, em longo período e de forma imperceptível à outra propriedade, passando a pertencer a esta a qual se deslocou. Por ocorrer de forma vagarosa e muitas vezes demorar anos para que se forme esse aterro, não gera direito de indenização àquele que “perdeu” esse pedaço de terra. 
*Proprietários diferentes: as terras serão divididas na proporção de cada um sobre a antiga margem. 
c) Da avulsão (art.1251): ocorre quando de forma rápida e violenta, onde por força natural uma porção de terra se desloca de uma propriedade para outra, juntando-se à esta. Como ocorreu de forma repentina gera direito de indenização ao antigo proprietário, que tem o prazo de 01 ano para pleitear o prejuízo a partir da data de ruptura das terras. 
*Recusa ao pagamento de indenização: se o novo proprietário se recusar a pagar a indenização, deverá remover a parte acrescida por avulsão. 
d) Do Álveo Abandonado (art. 1252): é um fenômeno do rio que seca de forma definitiva, sendo que onde era água passa a ser terra, pertencendo essas terras aos ribeirinhos a qual faziam margem com o antigo rio. 
- Acessão Artificial – 1253 a 1259 
*Presunção (art.1253): toda plantação ou construção feita em um terreno, presume-se que foram feitas pelo seu proprietário e custeados por ele, salvo prova em contrário. 
*Plantação ou construção em terreno próprio com materiais alheios (art.1254): o material alheio utilizado passa a pertencer ao que realizou a construção, pois incorporou ao seu solo, porém este deverá pagar o valor do material ao seu antigo dono, além de poder responder por perdas e danos se agiu de má fé. 
*Plantação ou construção em terreno alheio (art.1255): se agiu de boa fé, aquele que plantou em terreno alheio tem direito a indenização pela construção ou plantação realizada, mas se agiu de má fé perderá para o proprietário tanto o material (sementes, plantas) como o que foi construído. 
*Construção ou plantação que exceder consideravelmente o valor do terreno (parágrafo único art.1255): se agiu de boa fé, aquele que plantou ou edificou em terreno alheio adquire a propriedade do solo, desde que pague indenização ao proprietário, que deve ser estabelecida judicialmente se não houver acordo entre as partes. 
*Dolo bilateral (art.1256): se houver má fé de ambas as partes (tanto de quem plantou/construiu e do dono do terreno), o proprietário terá o direito as sementes, plantas e construções por ser o proprietário do solo, mas aquele que fez a construção/plantação pode pleitear indenização sobre o valor da acessão (parte construída ou plantada). 
*Má fé (parágrafo único art. 1256): é considerada má fé por parte do proprietário do terreno quando esse permite que se faça construção ou plantação em sua presença sem impugná-la. 
*Obs (art.1257 e parágrafo único): o mesmo se aplica quando um terceiro, que não é dono das sementes, plantas ou materiais, emprega-os de boa-fé́ em solo alheio. Assim mesmo o proprietário os adquire, e o dono das plantas ou dos materiais poderá́ cobrar a indenização do dono do solo quando não puder haver do plantador ou construtor. 
*Invasão da construção feita em solo próprio ao solo alheio (art.1258): quando a construção invade solo alheio, desde que não ultrapasse a vigésima parte deste, o construtor que agir de boa fé adquirirá a propriedade dessa parte invadida. Caso a construção exceder a vigésima parte do terreno alheio, responderá por indenização, inclusive pelo valor da área que o proprietário de terreno alheio perdeu e também pela desvalorização da área remanescente. 
*Pagamento da indenização por má fé (parágrafo único): se o construtor estiver de má fé deverá pagar em décuplo as perdas e danos referentes a área invadida para poder adquirir essa propriedade, quando tal área que ultrapasse a vigésima parte não puder ser demolida. 
Dos Direitos de Vizinhança 
- Finalidade: evitar e compor eventuais conflitos de interesses entre proprietários de prédios vizinhos. Em geral, as limitações são impostas como obrigação de permitir a prática de certos atos pelo vizinho e de se abster da prática de outros.
- Do uso anormal a propriedade – arts. 1277 a 1281 
*Art. 1277: trata-se um preceito genérico sobre o mau uso da propriedade, de forma que venha interferir na segurança, sossego causando conflitos de vizinhança. Tais conflitos podem ser classificados em três espécies: 
a) Ilegais: atos ilícitos que obrigam a composição do dano e geram direito de indenização, como por exemplo, atear fogo no prédio vizinho. 
b) Abusivos: ocorrem quando o causador do incômodo mantem-se nos limites de sua propriedade mas de certa forma atinge o direito de seu vizinho, como por exemplo, o barulho excessivo por som alto. 
c) Lesivos: são aqueles atos que causam danos aos vizinhos, ainda que a atividade seja legal e o seu dono não esteja fazendo uso anormal da propriedade, como por exemplo, uma indústria que esteja poluindo a área onde está localizada. 
O art. 1277 traz proteção aos vizinhos vítimas de conflitos ilícitos e abusivos, dando-lhes o direito de fazer cessar os incômodos que são considerados anormais. 
Vale ressaltar que para conferir tal direito, primeiramente é necessário definir se os atos causados pelo vizinho são de fato considerados anormais, observando as seguintes hipóteses: 
verificar a extensão do dano: se o dano ou incômodo encontra-se dentro dos limites, deverá ser suportado; 
considerar a zona em que reside: deve-se observar a natureza do local, como por exemplo, residências localizadas em um distrito industrial não possuirão o mesmo “sossego” de um bairro tranquilo apenas residencial. 
anterioridade da posse: não tem razão para reclamar aquele que constrói em local barulhento e perigoso. 
- Soluções para a composição dos conflitos: 
1. Incômodo tolerável: não deve ser reprimido, pois algumas situações, desde que não ultrapasse o direito alheio, devem ser toleráveis. 
2. Incômodo intolerável: 
*Interesse particular: primeiramente o juiz deve estabelecer que seja reduzido a normalidade, caso não seja possível determinará que seja cessado quando tratar-se de interesse particular. (art.1279)
*Interesse público: não deverá cessar o evento danoso, mas o responsável deverá pagar indenização ao vizinho prejudicado. (art.1278)
- Possibilidade de postular direitos (art. 1280): quando um prédio ameaçar ruína, o proprietário ou possuidor do prédio vizinho pode exigir que este seja demolido ou que seja prestado caução pelo dano iminente, devendo o juiz verificar qual a melhor solução cabível. 
- Direito de fazer obras e prestação de garantias (art.1281): se a execução de uma obra apresentar ameaças ao imóvel vizinho, o prejudicado poderá exigir garantias daquele que está executando essa obra. 
Das Árvores Limítrofes – arts. 1282 a 1284 
- Tronco na linha divisória (art. 1282): quando o tronco da árvorese encontra na linha divisória entre os prédios confinantes, presume-se que pertença igualmente à ambos, embora admita prova em contrário. Assim, ambos necessitam da autorização um do outro para efetuar qualquer corte na árvore. Para os frutos, segue a mesma regra (condomínio necessário). 
- Corte de raízes e ramos (art.1283): quando o tronco tiver fixado em apenas um imóvel, mas as raízes e ramos se espalharem para imóvel vizinho, o proprietário do imóvel invadido pode cortar os ramos e raízes sem autorização do “dono” da arvore, desde que seja na linha vertical. Tal fundamento se dá pelo princípio da liberdade, podendo ainda exigir indenização se não puder cortar o tronco curvado. 
- Frutos caídos (art.1284): desde que caiam naturalmente, os frutos caídos de arvore de terreno vizinho em terreno alheio invadido pelas ramas pertencerão ao dono do solo. Os frutos caídos em via pública pertencem ao dono da árvore. 
Da Passagem Forçada – art. 1285 §§1º, 2º e 3º
- Prédio encravado: aquele que não possua de forma alguma saída para via pública, nascente ou porto. 
- Direito a indenização cabal (art.1285): aquele que se encontra em prédio encravado pode constranger o seu vizinho a lhe dar passagem forçada, mediante pagamento de indenização cabal que deverá ser estipulada em juízo, se necessário. 
- Escolha do imóvel onerado (art.1285 §1º): o imóvel escolhido para dar passagem forçado ao imóvel encravado será aquele sofra menos prejuízo e possa dar acesso mais facilmente. 
- Alienação parcial (art. 1285 §2º): quando houver alienação parcial do imóvel de forma que umas das partes torne-se encravada, o proprietário da parte que dá acesso a via pública, nascente ou porto deverá tolerar a passagem do proprietário do imóvel encravado. 
- Passagem já existente (art.1285 §3º): aplica-se a mesma regra citada acima quando antes da alienação do imóvel já existia uma passagem através de imóvel vizinho, não sendo obrigado o proprietário deste imóvel constrangido a dar outra passagem. 
Da Passagem de Cabos e Tubulações – arts. 1286 e 1287 
- Pagamento de indenização (art.1286): o proprietário de prédio confinante será obrigado a tolerar a passagem por seu imóvel de cabos, tubulações e outros condutos de serviços relacionados a utilidade pública, como água, luz, esgoto, por prédios vizinhos quando não houver outro modo de fazê-los ou que seja excessivamente oneroso. Porém, deverá ser paga indenização para aquele que suporte a passagem, de modo que atenda também a desvalorização da área remanescente. 
- Direito de exigir (parágrafo único art. 1286): o proprietário do prédio que está sendo onerado tem direito de exigir por onde deverá passar a tubulação, cabos, etc, de forma que seja menos prejudicial ao seu prédio, inclusive pleitear mudança por parte e as custas do seu vizinho para que seja removida e instalada em outro local do imóvel, se necessário. 
- Obras de segurança (art. 1287): caso as instalações ofereçam graves riscos ao prédio onerado, o seu proprietário poderá solicitar que sejam feitas obras de segurança visando sua segurança e de sua família. Mesmo assim, ainda que sejam tomadas todas as precauções para a realização dessa obra, caso aconteça algum dano no imóvel onerado decorrente dessas obras, o vizinho deverá pagar indenização, pois sua responsabilidade neste caso é objetiva. 
Das Águas – arts. 1288 a 1296 
- Classificação das águas: 
*Naturais: águas da chuva (art. 1288)
Os prédios inferiores são obrigados a receber as águas que correm naturalmente dos superiores. Se o dono do prédio superior fizer obras de arte para facilitar o escoamento, deve proceder de modo que não piore a condição natural e anterior do outro. 
*Artificiais: decorrente de obras humanas, como os poços artesianos (art. 1289)
Quando tratar-se de águas artificiais, o dono de prédio inferior que esteja suportando a água caída de prédio superior poderá solicitar o seu desvio ou pagamento de indenização pelo prejuízo que sofrer, deduzindo dessa indenização o valor do benefício obtido. 
- Princípio da solidariedade humana e da função social da propriedade (art.1290): aqueles que se utilizarem de águas não captadas para suas necessidades, não poderão desviá-las para que aquelas que sobrarem possam ser utilizadas para os outros usarem também. 
- Poluição das Águas (art.1291): devemos ressaltar que embora o CC traga essa fundamentação de que as águas necessárias as primeiras necessidades dos possuidores de prédios inferiores não possam ser poluídas pelos donos dos prédios superiores e se não for possível deverá recuperá-las ressarcindo os danos, caso não haja possibilidades de desviá-las artificialmente, é necessário lembrar que a CF e as leis especiais ambientais proíbem a poluição de águas, sendo que a regra do CC deve se adequar as regras da CF por ser essa a lei máxima. 
- Princípio que veda o enriquecimento ilícito (art. 1292): o proprietário de imóvel tem direito a realizar obras para o represamento de águas em seu prédio, porém se estas águas represadas invadirem prédio alheio, o proprietário deste prédio prejudicado deverá ser indenizado pelo dano sofrido, sendo deduzido desse valor indenizatório o valor do benefício obtido. 
- Do Aqueduto (art.1293): o aqueduto trata-se de um canal construído entre prédios alheios, afim de obter águas a que tenha direito. Qualquer um poderá construir esses canais, desde que indenize os proprietários dos prédios prejudicados, além de não causar prejuízos que sejam consideráveis à agricultura e a indústria, bem como o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos. 
- Indenização por danos futuros provenientes do aqueduto (art.1293 §1º): se ocorrem danos futuros provenientes da construção do aqueduto, o dono do imóvel prejudicado tem direito ao ressarcimento por esses danos e pela deterioração do imóvel que possa ter sido causada por essas obras de canalização das águas, como infiltrações e irrupções. 
- Canalização subterrânea (art.1293 §2º): o proprietário do imóvel prejudicado pela construção do aqueduto pode exigir que a obra seja feita de forma subterrânea quando atravessar áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais. 
- Construção do aqueduto x prejuízos (art.1293 §3º): o aqueduto deverá ser construído de forma que cause o mínimo de prejuízo aos prédios vizinhos, cabendo também àquele responsável pela obra as despesas quanto a sua conservação. 
- Aqueduto x impedimento de cerca ou construção (art. 1295): a construção de aqueduto não impede que sejam cercados os imóveis ou que se realize construções sobre eles, podendo inclusive utilizar-se dele para suas primeiras necessidades. 
- Direito de utilização de águas supérfluas: os proprietários poderão canalizar as aguas supérfluas oriundas do aqueduto desde que indenize os proprietários de imóveis prejudicados e o dono do aqueduto, devendo essa indenização abranger o valor das despesas que seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação. A preferência para utilização dessas águas supérfluas é dos proprietários dos imóveos que são atravessados pelo aqueduto (parágrafo único). 
Dos limites entre prédios e do direito de tapagem – arts. 1297 e 1298 
- Direito de tapagem (art. 1297): 
*Finalidade: toda obra divisória construída entre os prédios presume-se, relativamente, ser de ambos os proprietários (co-titularidade), que poderão cercar, valar, murar ou tapar seus respectivos imóveis, podendo constranger o imóvel confinante a fazer a demarcação conjuntamente com ele, repartindo igualmente as despesas. 
ª1º: Até que se prove ao contrário, os intervalos, muros, cercas e tapumes divisórios pertencem a ambos proprietários de prédios confinantes, devendo as despesas serem divididas entre eles. 
§2º: as sebes vivas, árvores ou plantas que servem de marco divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas de comum acordo entre os proprietários. 
§3º:*tapumes comuns: destinados a impedir a passagem de animais de grande porte, cujo custo deve ser suportado por cada proprietário.Sebes vivas, cercas de arame ou de madeira.
*tapumes especiais: destinados a impedir a passagem de animais de pequeno porte, os quais devem correr por conta do proprietário desses animais.
- Limites confusos (art. 1298) – se os limites entre as demarcações desses terrenos forem confusos e não houverem outros meios para estabelece-los, se determinarão pela posse justa, ou seja, aquela posse que não é violenta, clandestina (feita às escondidas) ou precária (obtida com abuso de confiança, daquele que a recebe com obrigação de restituí-la). Ainda não sendo possível resolver-se o conflito pela posse justa, o terreno contestado se dividirá em parte iguais entres os prédios. Ainda não bastando tal resolução, se adjudicará o terreno a um deles, mediante indenização ao outro prejudicado.
Direito de Construir – arts. 1299 ao 1313 
- Liberdade genérica de construir (art. 1299): tal artigo consagra a liberdade do proprietário de edificar sobre seu prédio. Contudo, tal prerrogativa, não é conferida de modo absoluto, pelo contrário, é conformada pelos regulamentos administrativos (por questões de segurança) e direitos dos confinantes (evitar conflitos vicinais).
Proprietário do imóvel – responsabilidade objetiva.
Construtor – responsabilidade subjetiva.
Litisconsórcio: facultativo.
Assim, o direito do vizinho ou do poder público de garantir os limites previstos na legislação pode ser efetivado por meio de:
* Ação de nunciação de obra nova: deve ser proposta quando a obra irregular ainda estiver em fase de construção. 
* Ação demolitória: deve ser proposta quando a obra já estiver pronta. 
- Construção e despejo de águas sobre o prédio confinante (art.1300): a construção deverá ser feita de modo que o prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho, como por exemplo, a chuva que cai em um prédio e jorra ou goteja para o prédio vizinho.
- Restrições quanto às janelas, eirados, terraços e varandas (art. 1301): é proibido abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho afim de resguardar o direito à privacidade e a intimidade dos vizinhos, cumprindo assim o assegurado pelo direito de vizinhança. 
*Obs: segundo a sumula 120 do STF paredes de tijolos de vidro translucido pode ser levantada a menos de metro e meio do prédio vizinho.
*Janelas (§1º): cuja visão não incida sobre a linha divisória, não poderão ser abertas a menos de 75 cm.
(§2ª): esta regra não abrange as aberturas para luz ou ventilação, aquelas não maiores de 10 cm de largura x 20 cm de comprimento x 2 m de altura.
- Pretensão ao desfazimento da obra (art.1302): trata-se de prazo decadencial de ano e dia para que o dono de prédio atingido pelo despejo de água ou pela abertura de acessos (tratado no art. 1301), para que exija o seu desfazimento. Não pleiteando nesse prazo a obra se consolida e assim o confinante prejudicado: perde o direito de reclamar o desfazimento da obra “ilícita”; fica sujeito à edificação em estrita conformidade com normas pertinentes.
*Obs: essa regra não atinge quanto a luz e a ventilação, pois a qualquer tempo o prejudicado pode construir contramuro, ainda que lhes vede a claridade.
- Distância especial para edificações na zona rural (art. 1303): não será permitido levantar edificações a menos de 3 metros do terreno vizinho à vista da maior necessidade de aproveitamento pleno de todos os espaços disponíveis.
 – Efeitos quanto a edificação sujeita a alinhamento (art.1304): 
*Direito de travejamento – colocar traves ou vigas sobre o prédio vizinho, apoiando sua construção. Tal direito é conferido ao proprietário do imóvel contiguo que pretenda edificar utilizando parede previamente levantada por seu confinante, obedecendo os seguintes requisitos: que o imóvel urbano seja sujeito a alinhamento; que a parede suporte o travejamento; que o confinante seja embolsado do valor da metade da parede e metade do chão.
Obs: Se a construção ruir ou causar danos ao proprietário confinante, deve o construtor indenizá-lo, independentemente de culpa.
- Efeitos quanto a parede divisória estendida ao prédio confinante: o confinante que primeiro construir, pode estabelecer a parede divisória até meia espessura do terreno contiguo.
 – Condomínio de parede-meia e regime de utilização (art. 1306): poderá o condômino utilizar a parede até a meia espessura, desde que obedecidos os requisitos: 
*não coloque em risco a segurança ou a separação dos prédios.
*será precedida de prévio aviso ao condômino
– Efeitos pessoais e reais quanto ao alteamento de parede divisória (art. 1307): a parede divisória entre os prédios pode ter sua altura aumentada mesmo que seja preciso a reconstrução, desde que o interessado na obra se responsabilize por todos os custos advindos da realização da obra e também dos gastos resultantes da sua conservação, sendo admissível esta hipótese apenas quando puder suportar tal providência, ou seja, não apresentar risco de desabamento. 
- Vedações quanto a Infiltração e interferências nocivas (art.1308): é proibido que sejam encostadas à parede divisória equipamentos responsáveis por infiltrações ou outras espécies de interferências prejudiciais. Referida regra não abrange as chaminés ordinárias e fogões de cozinha, pois não representam fundado risco para o prédio vizinho.
- Poluição/ inutilização de poço ou nascente preexistente (art. 1309): são proibidas construções que possam poluir, ou inutilizar, para uso ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes. Tal regra só se aplica no caso de preexistência da fonte (captada ou não).
– Subtração de águas de primeira necessidade (art. 1310).é proibida a construção de obra que retire ao titular de poço ou nascente águas indispensáveis às suas primeiras necessidades. 
- Realização de obras acautelatórias em casos de desmoronamento/ deslocamento (art. 1311): preconiza a realização de obras acautelatórias sempre que a obra puder provocar movimentação de terra, desmoronamento ou o comprometimento da segurança do imóvel vizinho, possuindo o proprietário do prédio vizinho direito de ressarcimento pelo prejuízos que sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias.
- Cumulação entre ações demolitória e indenizatória (art. 1312): há possibilidade de cumulação entre pedidos de caráter demolitório, quando a construção foi feita em desacordo com a regulamentação prevista; e indenizatório, quando o construtor é obrigado a pagar perdas e danos – lucros cessantes e danos emergente, porque de alguma forma causou danos ao imóvel vizinho, afligindo os direitos de vizinhança. 
*Não implicará em demolição: construção e invasão inferior a 1/20 do imóvel vizinho se de boa-fé e se o valor da construção exceder o dessa parte; e construção e invasão superior a 1/20 do imóvel vizinho, desde que esteja de boa-fé.
– Hipóteses que permitem o ingresso ao imóvel vizinho (art.1313): trata-se permitir que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, desde que respeitadas as orientações quanto a horários e forma de utilização, para:
* reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório. Ex: reparações de esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços, nascentes, aparo de cerca viva.
*apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que ali se encontrem casualmente. Desta forma, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá ser impedido a sua entrada no imóvel.
- Obs: se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado direito a ressarcimento.

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