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DIONISIO Analise da conversacao

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ANALISE DA CONVERSAÇÃO
A
Angela Paiva Dionísio
1. PARA INÍCIO DE CONVERSA...
Os estudos mais recentes na área da interação verbal definem a linguagem 
como uma forma de ação conjunta (Clark, 1996; Marcuschi, 1998a), que emer­
ge quando falantes/escritores e ouvintes/leitores realizam ações individuais, 
coordenadas entre si, fazendo com que tais ações se integrem, formem um con­
junto. Usar a linguagem consiste, portanto, em realizar ações individuais e so­
ciais. Estamos sempre fazendo algo com a linguagem. Conversar, por exemplo, 
é uma atividade social que desempenhamos desde que começamos a falar. No 
dia a dia, estamos conversando com alguém, convidando alguém para conver­
sar, puxando conversa com um outro. Na década de 1980, em nosso país, foi 
lançado o primeiro livro nesta área com o título Análise da Conversação, de 
autoria do professor Luiz Antônio Marcuschi. Segundo esse autor, “a conversa­
ção é a primeira das formas de interação a que estamos expostos e provavel­
mente a única da qual nunca abdicamos pela vida afora”1. Quando se diz aqui 
“conversação” está se tratando de todas as formas de “interação verbal” exis­
tentes em nossa sociedade, embora alguns estudiosos dessa área a concebam 1
1. Marcuschi, L. A. Análise da conversação. São Paulo, Ática, 1986, p.14.
70 INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA
como apenas as interações verbais face a face em que há “simetria de direitos e 
espontaneidade na realização do evento”2. Ainda segundo esse autor,
é sugestivo, portanto, conceber a conversação como algo mais do que um simples 
fenômeno de uso da linguagem em que ativa o código. Ela é o exercício prático 
das potencialidades cognitivas do ser humano em suas relações interpessoais, tor­
nando-se assim um dos melhores testes para a organização e funcionamento da 
cognição na complexa atividade da comunicação humana. Neste contexto a lín­
gua é um dos tantos investimentos, mas não o único, o que permite uma análise de 
múltiplos fenômenos em seu entrecruzamento3.
A Análise da Conversação (AC) consiste numa abordagem discursiva que 
teve origem na década de 1960, ligada aos estudos sociológicos, ou, mais espe­
cificamente, à Etnometodologia,4 com os trabalhos de Harold Garfinkel, Harvey 
Sacks, Emanuel Schegloff e Gail Jefferson. Enquanto os sociólogos reconhe­
cem que a conversação nos diz algo sobre a vida social, ao procurarem respon­
der a questões do tipo “como nós conversamos?”, os lingüistas da Análise da 
Conversação perguntam “como a linguagem é estruturada para favorecer a con­
versação?” e reconhecem que a conversação nos diz algo sobre a natureza da 
língua como fonte para se fazer a vida social (Eggins & Slade, 1997).
Para a Etnometodologia, os analistas devem ser sensíveis aos fenômenos 
interacionais, observando detalhes e conexões estruturais existentes no proces­
so interativo. Motivados por esses princípios, os estudiosos da AC, nestas três 
décadas de trabalho, procuram investigar os aspectos essenciais para a organi­
zação do texto conversacional. Hilgert (1989) aponta três níveis de enfoque da 
estrutura conversacional:5
a) macronível: estuda as fases conversacionais, que são abertura, fecha­
mento e parte central e o tema central e subtemas da conversação;
b) nível médio: investiga o turno conversacional, a tomada de turnos, a se- 
qüência conversacional, os atos de fala6 e os marcadores conversacionais;
2. Marcuschi, L. A. Perspectivas dos estudos em interação social na Lingiiística brasileira dos anos 
90. Recife, 1998a, p. 7. (Mimeografado.)
3. Ibidem, p. 6.
4. A Etnometodologia “tem como objeto de estudo (a) as atividades práticas do cotidiano, o que 
implica (b) o caráter empírico desse estudo, além disso, supõe (c) um princípio de organização na realiza­
ção dessas atividades pelos membros do grupo social”. Hilgert, J. G. A paráfrase: um procedimento de 
constituição do diálogo. Tese de doutorado. PUC-SP, 1989, p. 80.
5. A análise desses níveis se encontra diluída no desenrolar deste capítulo. Em função disso, faremos 
agora apenas uma apresentação mais geral.
6. Ver o conceito de atos de fala no capítulo “Pragmática”, neste mesmo volume.
A N Á LISE D A C O N V E R S A Ç Ã O 71
c) micronível: analisa os elementos internos do ato de fala, que consti­
tuem sua estrutura sintática, lexical, fonológica e prosódia7.
Dentre as razões que justificam o estudo da conversação, podemos apon­
tar: (i) é a prática social mais comum do ser humano, (ii) desempenha um papel 
privilegiado na construção de identidades sociais e relações interpessoais, (iii) 
“exige uma enorme coordenação de ações que exorbitam em muito a simples 
habilidade lingüística dos falantes”,8 (iv) permite que se abordem questões en­
volvendo “a sistematicidade da língua presente em seu uso e a construção das 
teorias para enfrentar essas questões”9.
Quando estamos conversando, estamos sempre abordando um ou mais de 
um assunto, um ou mais de um tópico discursivo10 11, não importa se os temas são 
sérios, fundamentais para a vida dos interlocutores, para o bem-estar do país, do 
mundo ou se estamos “jogando conversa fora”. O importante é a existência de 
algo e sobre o qual duas pessoas, pelo menos, estão conversando. O tópico 
discursivo pode ser definido como uma atividade em que há uma certa corres­
pondência de objetivos entre os interlocutores (Fávero, 1992) e em que há um 
movimento dinâmico da estrutura conversacional (Jubran et al, 1992), fazendo 
com que o tópico seja um elemento fundamental na constituição do texto oral. 
A organização tópica compreende duas propriedades básicas, que são a centração 
e a organicidade. A primeira propriedade diz respeito ao conteúdo, ou seja, diz 
respeito ao falar-se sobre alguma coisa, enquanto a segunda se refere às rela­
ções de interdependência que são estabelecidas entre os tópicos de uma conver­
sação.
A conversa espontânea se constrói a cada intervenção dos interlocutores, 
ou seja, a elaboração e a produção ocorrem, simultaneamente, no mesmo eixo 
temporal. É uma atividade co-produtiva, que “nunca se pode prever com exati­
dão em que sentido o parceiro vai orientar a sua intervenção”,11 o que não signi-
7. H ilgert, J. G. Op. cit.
8. M arcusch i, L. A. Análise da conversação. São Paulo , Á tica, 1986, p. 5.
9. M arcusch i, L. A. Perspectivas dos estudos em interação social na Lingüística brasileira dos 
anos 90. R ecife , 1998a, p. 6. (M im eografado )
10. U m a das dificuldades encontradas pelos analistas da conversação se refere à definição do term o 
tópico discursivo, tendo em vista o “caráter vago e am plo do significado de assunto, e do conseqüente 
grau de subjetividade que preside a própria com preensão dessa noção” ; (...) e o “fato de que a associação 
de assunto e tema tom a a explicação circular, na m edida em que o conceito de tema carece, igualm ente, 
de um a defin ição precisa” (Jubran, C. C. A. S. et al. O rganização tóp ica da conversação. In: Ilari, R. 
(org .) Gramática do Português fa lado. C am pinas, E d ito ra da U N IC A M P, 1992, pp. 360-361.
11. K och, I. G. V . O texto e a construção dos sentidos. São Paulo , C ontex to , 1997, p. 116.
72 INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
fica que sua organização seja caótica ou aleatória. As contribuições dos falantes 
devem demonstrar, de alguma forma, uma relação com o curso da conversa, 
pois a conversação é uma atividade semântica, ou seja, um processo de produ­
ção de sentidos, altamente estruturado e funcionalmente motivado.
Durante uma conversação, recorremos freqüentemente a enunciados do 
tipo “isso me lembra”, “por falar em”, “agora”, “mudando de assunto”, “voltan­
do ao assunto” para sinalizar que estamos compartilhando cognitivamente da 
interação. Ainda empregamos enunciados do tipo “desculpe interromper a con­
versa de vocês, mas...” quando nos inserimos em interações de que não somos 
participantes. Marcuschi (1998a)destaca que “uma conversação fluente é aque­
la em que a passagem de um tópico a outro se dá com naturalidade, mas é muito 
comum que a passagem de um tópico a outro seja marcada”.12 A determinação e 
a extensão de um tópico discursivo depende da anuência mútua dos interlocutores. 
A estrutura tópica serve, portanto, como “fio condutor de organização discursiva”, 
constituindo um traço fundamental para “definir os processos de entrosamento 
e colaboração entre os falantes na determinação dos núcleos comuns” e para 
“demonstrar a forma dinâmica pela qual a conversação se estrutura”13. Há uma 
linearidade na construção do tópico discursivo, que garante a organicidade da 
interação, pois “o conjunto de relevâncias em foco em dado momento vai, paulati- 
namente, cedendo lugar a outros conjuntos de relevâncias, ligadas a aspectos 
antes marginais do tópico em desenvolvimento ou a novos conjuntos de 
mencionáveis que vão sendo introduzidos a partir dos já existentes”14. Obser­
vando os segmentos (1) e (2) a seguir, conclui-se que há conversações em cada 
um deles e que há um tópico sobre o qual se constrói a interação. No segmento
(1), dois interlocutores (Dora e Josué) discutem sobre uma viagem a ser realiza­
da (tópico discursivo) e no segmento (2), os três interlocutores [duas mulheres 
(M33 e M34) e um homem (H28)] discutem sobre o comportamento feminista- 
machista de M34 (tópico discursivo).
(D
Josué: Eu vou sozinho.
Dora: Eu já d isse que eu vou com você.
Josué: Eu não quero ir com você.
Dora: E po r quê?
12. Marcuschi, L. A. Perspectivas dos estudos em interação social na Linguística brasileira dos 
anos 90. Recife, 1998a, p. 14. (Mimeografado)
13. Ibidem.
14. Koch, I. G. V. Op. cit., p.116.
ANÁLISE D A C O N V E R S A Ç Ã O 73
Josué: Porque eu não gosto de você.
Dora (aflita): E por quê?
Josué: Já te falei. Porque você não vale nada.
Dora: Como é que você vai chegar lá, quer me explicar? 
Josué: Deixa um pouco de dinheiro pra eu comer. 
{Fonte: Central do Brasil, 1998, pp.44-45)
9
( 2)15
Contexto
de Letras
01 H28
02 M33
03 H28
04
05 M34
06 H28
07 M34
08 H28
09 M34
10
11
12 H28
13 M33
14 H28
15 M33
16
17 H28
18 M34
19 H28
20 M33
21 H28
22
23
24 M34
25
26
: Três alunos (duas mulheres (M33 e M34) e um homem (H28)) universitários do Curso 
conversando em uma sala, esperando começar a aula. Sabem da gravação, 
bora gente... tenho aula... ( ) daqui a () minutos 
sinceramente...se fosse se fosse uma oculta era muito melhor 
não... isso é besteira... o papo rola... a gente já falou aqui quem 
é feminista...[M.H.
[M.H.... é ((rindo))
é você
não tem nada a ver 
[do-minadora
[dominadora não... é o seguinte... eu acho que... é um assunto
que não se entra em discussão porque são direitos iguais e
acabou-se se... então não tem o que discutir...
mas... mas eu noto assim
[[mas eu garanto que muita coisa
[[eu acho eu acho é a autoridade...
você você você é a favor do do machismo
por isso eu digo por isso eu digo que eu sou meio feminista
você é uma feminista machista
isso não existe
é... existe... [você () do homem...
. \ •
[pera aí... você acha... pera aí... pera aí
você acha machismo do homem... mas você é assim... veja
bem., você acha assim o machismo do homem... mas você tem que analisar
assim a mulher pode ser machista pelo lado dela [tá entendendo?
[lógico... admito
ser que a mulher pode machista só que eu tô querendo dizer é o 
seguinte que [eu não sou feminista
15. Os textos orais utilizados neste artigo respeitam a form a de transcrição original das fontes de onde 
foram extraídos.
7 4 IN T R O D U Ç Ã O À LINGÜÍSTICA
27 M33 [mas ela é contra a mulher machista... sabia?
28 M34 eu sou a favor de direitos iguais... com isso eu não tô querendo
29 é dizer que... é: o homem num deva... num possa ser cavalheiro [porque...
30 M33 [mas
31 M34 isso aí ele tá deixando... tá... não...
32 M33 isso faz parte do machismo...
33 M34 o cavalheirismo num faz parte do machismo
{Fonte: Projeto Linguagem da Mulher, Elisabeth Marcuschi e Judith Hoffnagel, UFPE, 1989)
No que diz respeito às condições de produção, é clara a distinção entre as 
interações. Em (1), fragmento do roteiro do filme Central do Brasil (1998), os 
interlocutores seguem um planejamento discursivo previamente elaborado, as­
sim como acontece nas novelas, nas peças de teatro, por exemplo. Esse tipo de 
interação simboliza a conversação artificial. Já em (2), fragmento de uma 
conversa informal entre pessoas conhecidas, é possível perceber que a interação 
se dá de forma natural e informal, tendo em vista que é relativamente não- 
planejada, ou seja, a construção da interação vai sendo “planejada e replanejada 
a cada novo ‘lance’ do jogo da linguagem”16. O planejamento ocorre no momen­
to da interação, ou seja, a conversação é localmente planejada. Os interlocutores 
constroem conjuntamente a interação, caracterizando a conversação como uma
atividade co-produtiva, tendo em vista que eles estão empenhados na produção
/
do texto falado. E claro que em Central do Brasil os personagens também 
estão envolvidos na construção de sentido da interação, porém se trata de uma 
simulação das interações reais, naturais, entre os indivíduos na sociedade em 
que estão inseridos. O objeto de estudo da AC é justamente a conversação
natural, ou seja, aquelas que são produzidas em situações naturais.
/
E importante destacar que a conversação natural apresenta variedades no 
grau de formalidade. Estabelecendo uma gradação do informal para o formal, 
podemos observar que há conversações mais informais, como as conversas es­
pontâneas, por exemplo, ao lado de outras bem mais formais, como as conferên­
cias acadêmicas. Ao abordar as diferenças entre fala e escrita, Marcuschi (1995) 
assegura que essas diferenças se dão dentro do “continuum tipológico das 
práticas sociais de produção textual e não na relação dicotômica de dois pólos 
opostos”,17 pois as estratégias de formulação textual que determinam o contínuo
16. Koch, I. G. V. Op. cit., p.63.
17. Marcuschi, L. A. Oralidade e escrita. Conferência pronunciada durante II Colóquio Franco- 
Brasileiro sobre Linguagem e Educação. Natal, UFRN, 26-28 de junho de 1995, p. 14.
ANALISE DA CO N VERSAÇÃO 75
apresentam variações estruturais, léxicas e sintáticas, entre outras, que são res­
ponsáveis pelas semelhanças e diferenças entre fala e escrita.
2. DADOS ORAIS: COMO TRATÁ-LOS?
Antes de prosseguirmos com a apresentação e análise de segmentos de 
textos conversacionais, faz-se necessário comentarmos sobre o sistema de trans­
crição empregado nas transcrições dos dados orais. Como o corpus da AC 
deve ser constituído por conversações produzidas em situações naturais, é ne­
cessário que tais conversações sejam gravadas ou filmadas, para que o analista, 
após a sua transcrição e observação, possa comprovar suas análises. Essa trans­
crição deve ser a mais fiel possível, pois “a análise tem de se concentrar neces­
sariamente na produção dos interlocutores e nunca em interpretações e adapta­
ções do pesquisador. Nesse sentido, por exemplo, representaria um grave equí­
voco que o pesquisador completasse, com base em sua interpretação, um enun­
ciado incompleto ou incompreensível da gravação ou da transcrição, e subme­
tesse essa versão à análise”18.
No livro Análise da conversação, mencionado anteriormente, é apresen­
tado, no capítulo 2, um sistema de transcrição para textos falados. Uma das 
observações feitas por Marcuschi (1986) diz respeito ao fato de “não existir a 
melhor transcrição”19. De acordo com os objetivos da pesquisa, o analista faz a 
transcrição assinalando o que é fundamental para suas análises. É necessário, 
no entanto, que a transcrição seja legível e sem sobrecarga de símbolos compli­
cados. No geral, as normas para transcrição têm seguido as orientações do 
Projeto deEstudo Coordenado da Norma Urbana Lingüística Culta (Projeto 
NURC). Essas normas estão sintetizadas no Quadro 3.1.
A AC analisa materiais empíricos, orais, contextuais, considerando tam­
bém as realizações entonacionais e o uso de gestos ocorridos durante o 
processamento da conversação. Expressões faciais, entonações específicas, 
um sorriso, um olhar ou um maneio de cabeça corroboram com a construção 
do sentido do enunciado lingüístico que está sendo proferido, ou, ainda, podem 
substituir um enunciado lingüístico no processo interacional face a face. As 
conversas espontâneas que construímos cotidianamente estão repletas dessa 
mistura do verbal e do não-verbal. Steinberg (1988) sistematiza os recursos
18. Hilgert, J. G. A paráfrase: um procedimento de constituição do diálogo. Tese de doutorado. 
PUC-SP, p. 90.
19. Marcuschi, L. A. Análise da conversação. São Paulo, Ática, 1986, p. 9.
76 INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA
QUADRO 3.1. NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO
O corrências Sinais Exemplificação
1. Indicação dos falantes os falantes devem ser 
indicados em linha, com 
letras ou alguma sigla 
convencional
H28
M33
Doc.
Inf.
2. Pausas • • • não... isso é besteira...
3. Ênfase MAIÚSCULAS ela comprou um OSSO
4. Alongamento de vogal : (pequeno) 
:: (médio) 
::: (grande)
eu não tô querendo é dizer que... é: o eu 
fico até:: o: tempo todo
5. Silabação -
i
do-minadora
6. Interrogação 9• ela é contra a mulher machista... sabia?
7. Segmentos 
incompreensíveis ou 
ininteligíveis
( )
(ininteligível)
bora gente... tenho aula... ( ) daqui
8. Truncamento de palavras 
ou desvio sintático
/ eu... pre/ pretendo comprar
9. Comentário do transcritor (( )) é ((rindo))
10. Citações C6 >> “mai Jandira eu vô dize a Anja agora 
que ela vai apanhá a profissão de 
madrinha agora mermo"
11. Superposição de vozes [ H28. é... existe... [você ( ) do homem... 
M33. [pera aí... você acha... 
pera aí... pera aí
12. Simultaneidade de vozes [[ M33. [[mas eu garanto que muita coisa 
H28. [[eu acho eu acho é a autoridade
13. Ortografia tô, tá, vô, ahã, mhm
ANALISE D A C O N V E R S A Ç Ã O 7 7
não-verbais normalmente empregados pelos falantes de uma dada língua numa 
conversa em:
a) paralinguagem: sons emitidos pelo aparelho fonador, mas que não fa­
zem parte do sistema sonoro da língua usada;
b) cinésica: movimentos do corpo como gestos, postura, expressão facial, 
olhar e riso;* \
c) proxêmica: a distância mantida entre os interlocutores;
d) tacêsica: o uso de toques durante a interação;
e) silêncio: a ausência de construções lingüísticas e de recursos da paralin­
guagem20.
Steinberg (1988) diz que a paralinguagem é “uma espécie de modifica­
ção do aparelho fonador, ou mesmo a ausência de atividade desse aparelho, 
incluindo nesse âmbito todos os sons e ruídos não-lingüísticos, tais como as­
sobios, sons onomatopaicos, altura exagerada”21. Quanto aos gestos, os audí­
veis estão no campo da paralinguagem, enquanto os visuais podem ser anali­
sados no âmbito da cinésica. Para Steinberg, os atos paralingüísticos e cinésicos 
desempenham funções variadas no curso da interação e de acordo com essas
funções podem ser classificados como lexicais (episódios não-verbais com
. ^ - — ■ ;
significado próprio, como “Shhh” para indicar “fique quieto”), descritivos 
(“suplementam o significado do diálogo através dos ouvidos e dos olhos”), 
reformadores (“reforçam ou enfatizam o ato verbal”), embelezadores (movi- . 
menta-se o corpo todo para realçar a fala) e acidentais (aqueles que ocorrem 
por acaso, sem uma função semântica). Dessa forma, a interação verbal se 
encontra estruturada em uma estrutura tríplice — linguagem, paralinguagem 
e cinésica — ,22 exigindo dessa forma dos analistas da oralidade uma postura 
interdisciplinar, uma vez que esses elementos estruturam a sociedade e são 
por ela estruturados.
Falamos, portanto, com a voz e com o corpo. Por isso, o sistema de trans­
crição deve contemplar informações que assegurem o registro desses aspectos. 
Para exemplificar o que estamos afirmando, vejamos alguns fragmentos de con­
versas espontâneas, examinando a inter-relação entre atos lingüísticos, paralin­
güísticos e cinésicos e verificando algumas seqüências em que esses atos co- 
ocorrem. Os exemplos de (3) a (6) foram extraídos de Dionísio (1998) e nos
20. Steinberg, M. Os elementos não-verbais da conversação. São Paulo, Atual, 1988, p. 3.
21. Ibidem, p. 5.
22. Ibidem, p.16.
78 INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA
mostram como são construídas indicações de pessoas, de objetos, de paisagens 
presentes no momento da interação:
(3)
566 H03 é... o tem po num dá... pá chegá... m elhoro m uito... aqui tá m elhorado m uito...
567 num tem nem com para... eu saí daqui um a época... eu era garoto assim... assim
568 ((aponta para uma m enina com aproxim adam ente 8 anos )) ( ) uns dei zano ...t
(4)
203 M 03 certas co isas ... eu d igo p era í... tin h a um a b ac ia co n fo rm e essa aqui (( pega numa
204 bacia plástica que está próxima e m ostra)) um a bacia... de loiça... eu meiei aqui
205 assim (( demarca na bacia o nível da água colocada na época )) eu butei água ...
(5)
497 P01 com o é m erm o? de onde é a terra do senhô e pra onde é?
*
498 H05 tá veno aquele ((aponta para vários coqueiros ao seu lado direito)) esse pé de coco
499 que tem ali?
500 P01 esse grande? [ esse m aior? ((aponta para o mais alto))
501 H05 [ hum ?... sim esse m aió [... esse ju n to do pequenin in lá... é do m aió
502 P01 [sim tô vendo
503 H05
✓
pra CA é m eu [ . . . ] pra lá
504 P01 [ sim ]
505 H05 ((aponta para frente)) aqui [... nessa nessa m andioquinha que tem aí nessa roça ...
506 P01 [ do lado esquerdo?
507 H05 tá veno?
(6)
201 M 03 e eu eu tava m orava aqui na dona M ocinha.;, ali naquela vage dela... d igo oxi... e
202 aquilo ligero assim tum tum tum... e eu espiei... eu digo eu num tive m edo de 
{Fonte: D IO N ÍSIO , A . Imagens na oralidade. T ese de doutorado. U FPE, 1998)
3. COMO A CONVERSA SE ORGANIZA?
Desde pequenos estamos convivendo com uma regra básica da AC, pois os 
mais velhos nos ensinam que devemos falar um de cada vez. Esperar a vez para 
falar significa esperar a ocorrência de um lugar relevante para a transição
AN ALISE D A C O N V E R S A Ç Ã O 7 9
(LRT), ou seja, esperar por marcas como pausas, hesitações, entonações descen­
dentes, uso de marcadores etc., na fala do nosso interlocutor. Um falante pode 
entregar, o direito de fala a um outro por meio de sinais que deixem claro que ele 
terminou de falar ou por meio de um convite ao outro para falar. Em outras pala­
vras, manda a regra que só após a conclusão de sua “fala” (de seu “turno”), o 
outro interlocutor deve assumir a posição de falante. Mas basta pensarmos num 
grupo de pelo menos três amigos, conversando entre si, durante um encontro 
descontraído ou, ainda, nas salas de aula quando o professor faz uma pergunta à 
turma e vários alunos respondem ao mesmo tempo, para percebermos que esta 
regra não é seguida. Freqüentemente, em sala de aula, estamos dizendo “vocês 
falaram ao mesmo tempo e eu não entendi nada” ou “um de cada vez”. Por outro 
lado, somos capazes de participarmos de uma interação com várias pessoas e nos 
entendermos perfeitamente. A falta de organização nesse tipo de interação é ape­
nas aparente, pois a harmonia e a organização nas conversações são muito relati­
vas.
O primeiro trabalho sobre a organização de turnos conversacionais foi o de 
Sacks, Schegloff & Jefferson (1974). Para eles, a noção de turno engloba dois 
sentidos: (i) o de distribuição de turno, ou seja, qualquer locutor tem o direito de 
tomar a palavra e (ii) o de unidade construcional, isto é, a fala elaborada no 
momento em que um indivíduo toma a palavra e se toma um falante. Com base^ 
nessesprincípios, pode-se definir turno conversacional como cada interven­
ção dos interlocutores formada pelo menos por uma unidade construcional. 
Marcuschi (1986) concebe tumo como “a produção de um falante enquanto ele 
está com a palavra, incluindo a possibilidade de silêncio”, mas não considera 
tumo como “a produção do ouvinte durante a fala de alguém, embora isto tenha 
repercussão sobre o que fala”23. No exemplo (2), já apresentado, temos 22 tur­
nos conversacionais, distribuídos entre os três interlocutores. A interação é cons­
tituída por meio de uma relação simétrica, ou seja, todos os falantes possuem o 
mesmo direito de fala. Os turnos podem ser identificados de acordo com os 
falantes no esquema a seguir:
Retomada de exemplo (2)
01 H28 bora gente... tenho aula... ( ) daqui a ( ) minutos
02 M33 sinceramente... se fosse se fosse uma oculta era muito melhor
03 H28 não... isso é besteira... o papo rola... a gente já falou aqui quem
04 é feminista... [M.H.
05 M34 [M.H.... é ((rindo))
tumo 01 
tumo 02 
tumo 03
tumo 04
23. M arcuschi, L. A. Análise da conversação. São Paulo, Á tica, 1986, p. 89.
80 INTRODUÇÃO À LINGÜiSTICA
06 H28 é você turno 05
07 M 34 não tem nada a ver turno 06
08 H28 [do-m inadora turno 07
09 M 34 [dom inadora não... é o seguinte... eu acho que... é um assunto -!► tum o 08
10 que não se en tra em discussão porque são d ireitos iguais e
11 acabou-se se... en tão não tem o que discutir...
1 2 H 2 8 m as... m as eu noto assim tum o 09
13 M 33 [[m as eu garanto que m uita coisa turno 10
14H 28 [[eu acho eu acho é a autoridade... tum o 11
15 M 33 você você você é a favor do do m achism o tum o 12
16 por isso eu digo por isso eu d igo que eu sou m eio fem inista
17H 28 você é um a fem in ista m achista turno 13
18 M 34 isso não existe tum o 14
19H 28 é... existe... [você ( ) do hom em ... tum o 15
20 M33 [pera aí... você acha... pera aí... pera aí turno 16
21 H28 você acha m achism o do hom em ... m as você é assim ... veja turno 17
22 bem., você acha assim o m achism o do hom em ... mas você tem que analisar
23 assim a m ulher pode ser m achista pelo lado dela [tá entendendo?
24 M 34 [lógico... adm ito + turno 18
25 ser que a m ulher pode m achista só que eu tô querendo d izer é o
26 seguinte que [eu não sou fem inista
27 M 33 [mas ela é contra a m ulher m achista... sabia? turno 19
28 M 34
• # 
eu sou a favor de direitos iguais... com isso eu não tô querendo tum o 20
29 é dizer que... é: o hom em num deva... num possa ser cavalheiro [porque...
30 M 33 [mas turno 21
31 M 34 isso a í ele tá deixando... tá... não...
32 M 33 isso faz parte do m achism o...
33 M 34 o cavalheirism o num faz parte do m achism o tum o 22
{Fonte: P rojeto L inguagem da M ulher, E lisabeth M arcuschi e Judith H offnagel, U FPE, 1989)
Os tumos, quanto ao desenvolvimento do tópico na seqüência conversa- 
cional, podem ser nucleares e inseridos. Os nucleares contribuem substancial­
mente para o desenvolvimento do tópico discursivo, pois exigem que as inter­
venções subseqüentes estejam relacionadas com o turno anterior. No exemplo
(2), os tumos 02,03,07, 08, 11, 12, 13, 14,15, 17, 18, 19,20 e 21 são nucleares 
porque estão dando andamento ao tópico (comportamento feminista-machista 
de M34), enquanto os tumos 04, 05, 06, 09, 10 e 16 são tumos inseridos por 
serem produções marginais em relação ao desenvolvimento tópico da conversa,
ANALISE DA CONVERSAÇÃO 81
apesar de colaborarem para esse desenvolvimento, exercendo sempre uma fun­
ção meramente interacional.
Dependendo do papel desempenhado por cada inserção no desenrolar da 
conversa, os turnos inseridos podem ser classificados como turno de esclareci­
mento, turno de avaliação, turno de concordância, turno de discordância, entre 
outros. Observando os exemplos (2) e (7), podemos constatar que os turnos inse­
ridos também sofrem a influência do tipo de interação, pois no exemplo (2), por se 
tratar de uma conversa espontânea, os interlocutores procuram marcar suas posi­
ções não só por meio de concordâncias (turnos 04,05), mas também de discòrdâncias 
(turnos 06, 16), por exemplo. Já no exemplo (7) a seguir, por se tratar de uma 
entrevista, a postura da documentadora é prodominantemente de concordâncias, 
com apenas uma realização de esclarecimento, com a função de testagem das 
informações dadas. A transcrição a seguir comprova essa classificação:
(7)
Contexto: Entrevista com uma médica, 65 anos, sobre a existência ou não de diferenças na fala do 
homem e da mulher.
10 Inf.M eu não acho que tem... não tem apenas a a mulher normalmente
11 é mais: mais delicada [tem sentimento
12 Doc. [uhrum turno concordância
13 Inf.M essa coisa... não é?
14 Doc. é exato turno concordância
15 Inf.M no todo... não é?
16 Doc. sim de forma genérica turno concordância
17 Inf.M a a a mulher tem mais sensibilidade... não é?
18 Doc. Lihrum + turno concordância
19 Inf.M tem mais: a educação mais apurada... não é?
20 Doc. certo turno concordância
21 Inf.M e: tem mais sensibilidade pra coisas be:las en en entendeu?
22
4
... quase tudo... só isso
23 Doc. só isso? turno de esclarecimento
24 Inf.M só isso... eu só noto essas diferenças
25 Doc. quan:[do
26 Inf.M [mas assim m esm o têm m uitos hom ens 
dade também...
que têm m uita sensib ili-
27 muita sensibilidade
(Fonte: Projeto Auto e Heterocaracterização da Faia do Homem e da Mulher, Ângela Dionísio, 
UFPE, 1994)
82 INTRODUÇÃO À LINGÜÍSTICA
Outro aspecto relevante na organização das conversas é o fato de ser 
constituída pelas estratégias de gestão de turno que dizem respeito à troca de 
falantes, através de passagem de turno e de assalto ao turno, e à sustentação da 
fala. No primeiro caso, “a troca de falantes se processa segundo a presença 
(passagem) ou ausência (assalto) de pistas de LRT”24. Essa troca de turno pode 
ser requerida pelo falante, quando este entrega o turno de forma explícita, ou 
ainda pode ser consentida, isto é, quando a entrega é implícita. Já os assaltos ao 
turno constituem uma espécie de violação de uma regra básica da conversa, que 
é falar um de cada vez. Assim, os autores concebem essa questão da seguinte 
forma: “no assalto, um dos interlocutores invade o turno do outro, sem que a sua 
intervenção tenha sido solicitada ou consentida; em termos funcionais, verifica- 
se que a transição de um turno a outro ocorre sem que haja pistas de LRT. O 
assalto pode ocorrer com ou sem deixa”25. O tipo de assalto com deixa é aquele 
que se dá durante hesitações, alongamentos, entonação descendente, pausas 
realizadas pelo falante que possui o turno. O assalto sem deixa caracteriza-se 
por intervenções bruscas, provocando sobreposição de vozes. Para Marcuschi 
(1986), a ocorrência de sobreposições e de falas simultâneas pode provocar um 
“colapso” na interação. Talvez seja esse conhecimento prévio sobre o funciona­
mento da estrutura da interação que faz com que um dos interlocutores em 
sobreposição desista do turno e deixe o outro assumi-lo, como se verifica no 
exemplo (2), nas linhas 13 e 14:
13 M 33 [[m as eu garan to que m uita co isa
14 H 28 [[eu acho eu acho é a au to ridade...
15 M 33 você você você é a favo r do do m ach ism o
16 p o r isso eu d igo po r isso eu d igo que eu sou m eio fem in ista
I /
Retomando do exemplo (2), no trecho das linhas 16 a 33, constatamos quatro 
ocorrências de troca de falantes, decorrentes de assalto ao turno. Nas linhas 19 e 
20, M33 assalta o turno de H28, durante uma pausa, e nas linhas 23 e 24 o assalto 
se dá durante a realização provável de um sinal prosódico, o que caracteriza em 
ambos os casos um assalto com deixa. Já nas demais ocorrências de assalto ao 
turno (linhas 25 e 26, 29 e 30), as tomadas se dão de forma mais brusca, tendo em 
vista que não há pistas de LRT, caracterizandoo assalto sem deixa.
tu rno 10 
turno 11 
^ turno 12
24. Galembeck, P. et al. O turno conversacional. In: Preti, D. & Urbano, H. A linguagem falada culta 
na cidade de São Paulo. São Paulo, T. A . Queiroz/FAPESP, 1997, v. IV, p. 75. (título original, 1990)
25. Galembeck, P. et al. Op. cit., p. 78.
ANALISE DA CO NVERSAÇÃO 83
15 M 33
16
1 7 H 2 8 
18 M 34 
1 9 H 2 8
20 M 33
21 H28
22
23
24 M 34
25
26
27 M 33
28 M 34
29
30 M 33
31 M 34
32 M 33
33 M 34
você você você é a favo r do do m achism o
por isso eu d igo po r isso eu d igo que eu sou m eio fem in ista
você é um a fem in ista m achista
isso não existe
é... ex iste ... [você ( ) do hom em ...
[pera aí... você acha... pera aí... pera aí 
você acha m achism o do hom em ... m as você é assim ... veja bem ... 
você acha assim o m ach ism o do hom em ... m as você tem que analisar 
assim a m ulher pode ser m ach ista pelo lado dela [tá en tendendo?
[lógico... adm ito ser
que a m u lher pode m ach ista só que eu tô querendo d ize r é o seguin te 
que [eu não sou fem in ista
[m as e la é con tra a m u lher m achista ... sabia? 
eu sou a favor de d ire ito s iguais... com isso eu não tô querendo é d izer 
que... é: o hom em num deva... num possa ser cavalheiro [porque...
[m as isso faz
isso a í ele tá deixando ... tá ... não... 
parte do m achism o...
o cavalheirism o num faz parte do m achism o
Nos contextos de assalto com deixa, podem ser geradas as seguintes situa­
ções:
(i) o interlocutor assaltado abandona o turno e o interlocutor assaltante fica com 
o turno, como em (7), quando a informante assaltou o turno da documentadora 
durante um alongamento:
25 D oc.
26 In f.M
quan:[do
[m as a ss im m esm o têm m u ito s h o m e n s q u e tem m u ita s e n s ib il i­
dade tam bém ...
27 m uita sensib ilidade
(ii) o interlocutor assaltado não abandona o turno e continua a comandar a 
interação, como em (5), pois P01 em sobreposição ao turno de H05, durante 
uma pausa, faz uma solicitação de esclarecimento, mas H05 se mantém no turno 
e ignora a intervenção de sua interlocutora:
505 H 05 ((aponta para frente)) aqui [... nessa nessa m andioqu inha que tem aí nessa roça...
506 P01 [do lado esquerdo?
507 H05 tá veno?
84 INTRODUÇÃO À LINGÜÍSTICA
(iii) o interlocutor assaltado perde o turno, mas o recupera em seguida, como no 
exemplo (2), já que H28 não permite que M33 se mantenha com o turno de que 
ela tentou tomar posse:
19 H 28 é... ex iste ... [você ( ) do hom em ...
20 M 33 [pera aí... você acha... pera aí... pera aí
21 H28 você acha m achism o do hom em ... m as você é assim ... veja bem ... você acha
22 assim o m achism o do hom em ... m as você tem que analisar assim a m ulher
A segunda estratégia de gestão de turnos — a sustentação da fala — é, na 
realidade, uma tentativa empregada pelo falante para garantir a posse do turno, 
assinalando à sua audiência o desejo de manter-se na conduta do diálogo. Para 
isso, recorre aos marcadores conversacionais, aos alongamentos, às repetições e 
à elevação da voz. Ainda no exemplo (2), podemos verificar que no turno 17, linhas 
21-23, H28 realiza quatro pausas e usa um marcador conversacional (“veja bem”) 
para assegurar seu turno, enquanto no turno 20, linhas 28-29, por exemplo, a falante 
M33 mantém seu direito de fala recorrendo a pausas e alongamento de vogal (é:).
No caso das entrevistas formais, a exemplo das realizadas pelo NURC, 
apesar de consistir num evento conversacional, que apresenta uma estrutura 
básica pergunta e resposta, unidade mínima dialógica, semelhante à da conver­
sa espontânea, a elaboração do turno conversacional apresenta uma distinção 
nítida: os turnos que correspondem às respostas tendem a ser longos e não so­
frem intervenção do interlocutor no sentido de tomar o turno. No exemplo (8), o 
turno do documentador contém 20 palavras, enquanto o do informante tem 313. 
Apesar das pausas, dos truncamentos, das hesitações, dos alongamentos, ou 
seja, das várias deixas, o documentador não toma o turno, pois o seu papel era 
meramente conduzir a interação, numa relação assimétrica.
(8)
D oc. você fa lou da ca rn e ... com o d o n a-d e -casa ... q u a is são as p a rtes ... da carne que você 
gosta m ais? [pra te r em casa?
Inf. [áh: eu go/ assim de filé né? ((ri)) a que eu gosto m ais é do filé... m as né
com o: filé filé nem todo com pra... não dá pra com prar en tão ... de ixa ver...p ra churrasco a 
m elho r carne que eu acho é um a carne cham ada p icanha... que: é um a carne que fica por 
c im a... da alcatra ... e que tem assim um a cam adinha de gordura que quando a gen te bo ta no 
fogo derre:te... fica com aquele cheiro... é um a delícia... éh::... deixa ver agora pra consu:m o... 
de ca :as... eu gosto m uito de alcatra ... acho um a carne assim que::...assim m uito saboro:sa 
... e la:... não é m uito du:ra... e dá pra gen te fazer rosb ife m uito facilm ente ... ou tra outro 
pedaço de carne que eu gosto é o con trafilé ... P R IN cipalm ente com osso ... a gente m anda o 
açougueiro assim cortar em fa tia e dá: às vezes um rosb ife m uito bom com o osso que eu
ANALISE DA CONVERSAÇÃO 85
adoro roer o osso do: contrafilé ... e dá churrasco tam bém ... agora... PR A fa/ uhm : aí m eu 
D eus do céu eu m e lem brei de um a coisa... O N TEM ... a/ eu m andei m inha em pregada 
com prar carne pro m eu cachorro ... e e la foi com prar a carne... A contece que e la com prou 
um O SSO que era a co isa m ais lin:da que eu já vi na m inha vida... um osso de braço... de de 
parece um cham baril assim aquele... aquela coisa redon:da... cheia de um as gorduras assim 
entrem eadas e o osso no m eio com um tutano... eu tom ei o osso que era do cachorro ((ri)) 
cozinhei... ((rindo)) fiz um pirão e com i... co isa m ais gostosa desse m undo... é o tal do 
cham baril... eu não conhecia não viu?... a í ontem eu vi... quer dizer... eu já tinha com ido ali 
num barzinho ali na V árzea m uito bom setenta cruzeiros duas pessoas... e eu fiz o o:... 
cham baril M AS que coisa gostosa... pronto... é um ... pedaço de carne que eu... p re/ p re ten­
do com prar... no futuro... é cham baril.
{Fonte: N U R C , R ecife, 1997. Inq. 1 5 0 /R E -1. 245- 256, p. 18)
Nem sempre, porém, é essa a estrutura da entrevista, pois dependendo 
do processo de interação instaurado entre os interlocutores, tal estrutura pode 
consistir numa estratégia de perguntas e respostas, com turnos cujas dimen­
sões estejam mais próximas da conversa espontânea. No exemplo (9), que se 
encontra a seguir, trecho de uma entrevista com uma empregada doméstica, 
percebe-se que a entrevistada (S) limita-se a responder exatamente o que lhe 
é perguntado, com frases curtas, sem demonstrar interesse em desenvolver 
mais exaustivamente a pergunta que lhe foi endereçada. A exceção dessa 
postura se encontra nas linhas de 08 a 14, quando a entrevistada procura es­
clarecer sobre o tempo em que ela acompanha as crianças. No entanto, a 
postura assimétrica permanece, pois o tópico discursivo é proposto pela 
entrevistadora (I), que conduz a interação, sem permitir que haja um desvio do 
tema da entrevista.
(9)
01 I — há quanto tem po está nesta casa?
02 S — há um ano e um m ês
03 I — que é que você faz aqui?
04 S — eu cozinho e arrum o
05 I — você cuida tam bém de crianças?
06 S — cuido m uitcho bem
07 I — fica m uito tem po duran te / com ela... com elas?
08 S — depende do tem po/
09 se ela for saí:
11 e não tivé quem fique
12 eu fico até:: o: tem po todo ...
13 se não tivé outra
86 INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
14 eu eu posso ficá até um ano., dois ... depende 
151 — você gostade crianças?
16 S — gosto bastante
{Fonte: Projeto sobre a Linguagem Falada pela Empregada Doméstica, L. A. Marcuschi, 
UFPE)
4. COMO SE ORGANIZAM AS SEQÜÊNCIAS NA CONVERSAÇÃO?
Pergunta (P) e resposta (R) compõem a unidade fundamental da organi­
zação conversacional, ou par adjacente, na terminologia de Sacks, Schegloff & 
Jefferson26. Mas este par adjacente pode ter “várias formas de realização; a P 
pode ser na forma interrogativa direta, mais comum, ou na indireta”, e as respos­
tas também podem “ser na interrogativa”27. Urbano et al. (1993) abordam es­
sencialmente dois tipos de perguntas: perguntas fechadas (sim/não) e pergun­
tas abertas (sobre algo). O primeiro tipo caracteriza-se como um enunciado, 
que conduz para uma resposta que, em princípio, se constitui de um sim ou de um 
não. A repetição de verbo da pergunta, o uso de back-channel, o uso de certos 
advérbios e o emprego do verbo topicalizado em negativas são alguns recursos 
que substituem o sim/não nesse tipo de pergunta. As perguntas fechadas têm 
carga semântica e as respostas consistem apenas numa confirmação ou não do 
que foi questionado. O segundo tipo, as perguntas abertas, contêm marcadores 
interrogativos e as respostas devem estar compatíveis com a circunstância ex­
pressa no marcador. Esses autores lembram ainda que, ao se realizar um con­
junto de perguntas simbolizando um todo, a tendência é a elaboração de respos­
tas truncadas, de respostas à última pergunta ou numa ordem preferencial do 
interlocutor. Apresentaremos um fragmento de uma entrevista que tinha por 
objetivo verificar como homens e mulheres caracterizam a própria fala e a fala 
do outro:
( 10)
Contexto: Entrevista com um engenheiro, 28 anos, sobre a existência ou não de diferenças na fala 
do homem e da mulher.
01. Doc. e você? como é que você descrevería a SUA fala? Pergunta Aberta
02. InfH. eita ... ((ri demonstrando nervosism o)) a minha voz é muito baixa
03. Doc. sua voz é baixa? + Pergunta Fechada
26. Sacks, Schegloff & Jefferson (1974) elaboraram um modelo sobre o sistema de organização da 
conversação com base na tomada de turno.
27. Marcuschi, L. A . Análise da conversação. São Paulo, Ática, 1986, p. 37.
ANALISE DA CONVERSAÇÃO 87
0 4 .InfH. 
05. Doc. 
0 6 . InfH.
07. Doc.
08. InfH.
09. Doc.
10. InfH.
11.
12. Doc. 
1 3 .InfH.
14. Doc.
15. InfH.
16. Doc. 
1 7 .InfH. 
18. Doc.
✓e
o que mais? Pergunta Aberta
tenho uns vícios de linguagem
vícios de linguagem? ^ Pergunta Fechada
e
que vícios? Pergunta Aberta
é h : ... deixe-me ver... uma coisa que eu me / 
me fiscalizo muito é: concordância... fiscalizo demais
por que você se fiscaliza? Pergunta Aberta
porque [eu acho feio
[e QUANdo você se fiscaliza? Pergunta Aberta
porque eu acho feio... quando falando de modo geral né? 
a qualtquer: situação? ^ Pergunta Fechada
[[é
[[ou tem alguma situação que você se fiscaliza mais do que outra?
Pergunta Aberta
19. InfH. quando estou com vocês ((Doc e InfH riem))
20. Doc. por quê? ^ Pergunta Aberta
21. por que somos da área? 4 Pergunta Fechada
22. InfH. é porque são da área
{Fonte: Dionísio, A., Projeto Auto e Heterocaracterização da Fala do Homem e da Mulher, 
UFPE, 1994)
Analisando o exemplo (10), podemos observar que as perguntas abertas 
são introduzidas pelos pronomes como, o que, que, por que, alguma e o advér­
bio de tempo quando, que tendem a orientar o discurso informante, quanto à 
autodescrição da fala. Das quatro ocorrências de perguntas fechadas, verifica­
mos que as duas primeiras têm uma função meramente interacional, pois pare­
cem desnecessárias do ponto de vista informacional, já que as respostas dadas 
às perguntas abertas que as antecedem são claras e objetivas. A hipótese da 
função interacional justifica-se, por um lado, pelo término do turno do entrevista­
do, demonstrando que não deseja prolongar sua resposta e, por outro lado, pela 
insegurança da entrevistadora em conduzir a interação, ao parafrasear as res­
postas do informante.
5. É BOM FALAR SOBRE MARCADORES CONVERSACIONAIS, NÃO É?
Observando as conversações apresentadas neste capítulo, podemos per­
ceber a ocorrência de alguns recursos que são traços característicos da fala,
88 INTRO DUÇÃO A LINGUÍSTICA
como em (7), por exemplo, em que a informante finaliza seus tumos com o 
emprego de “não é?”, “entendeu?”, procurando interagir com sua interlocutora. 
Esta, por sua vez, participa da conversação empregando expressões não- 
lexicalizadas (“uhrum”) e expressões estereotipadas sinalizadoras de conver­
gência (“é exato”, “sim”, “certo”). Esses recursos são chamados de marcadores 
conversacionais (MC).
Retom ada do exem plo (7)
10 Inf.M eu não acho que tem ... não tem apenas a a m ulher norm alm ente
11 é mais: mais delicada [tem sentim ento
12 Doe. [uhrum
13 Inf.M
14 Doc.
15 Inf.M
16 Doc.
17 Inf.M
18 Doc.
19 Inf.M
20 Doc.
21 Inf.M
essa coisa... não é? 
é exato
no todo ... não é? 
sim de forma genérica
a a a m ulher tem mais sensibilidade... não é? 
uhrum
tem mais: a educação mais apurada... não é? 
certo
e: tem mais sensibilidade pra coisas be:las en en entendeu?
Como o texto oral é planejado e verbalizado ao mesmo tempo, os interlo­
cutores podem empregar MCs em qualquer ponto da interação, desempenhando
funções conversacionais e sintáticas. Os falantes podem inserir MCs no início,
% *
no meio ou no fim de tumos ou de unidades comunicativas (UC). São denomina­
das de unidades comunicativas as porções informacionais, ou seja, os enuncia­
dos conversacionais, que coincidem ou não com tumos, orações ou atos de fala. 
Segundo Marcuschi (1989), “tal como a frase na escrita, a UC no texto oral é 
um ponto de referência dos mais diversos fenômenos lingüísticos”28.
No exemplo (2), o falante H28, no turno 17, emprega dois MCs: “veja 
bem” no início da UC — “veja bem... você acha assim o machismo do ho­
mem...” — e “tá entendendo?” no final do seu turno, que também coincide 
com o término da UC — “você acha assim o machismo do homem... mas você 
tem que analisar assim a mulher pode ser machista pelo lado dela tá enten­
dendo?
28. Marcuschi, L. A . Marcadores conversacionais no português brasileiro: formas, posições e 
funções. In: Castilho, A. T. (org.) Português culto falado no Brasil. Campinas, Editora da UNICAMP, 
1989, p. 288.
ANALISE DA CONVERSAÇÃO 89
Retomada do exemplo (2)
21 H28 você acha machismo do homem... mas você é assim... veja bem... você acha
22 assim o machismo do homem... mas você tem que analisar assim a mulher
23 pode ser machista pelo lado dela [tá entendendo?
Com funções conversacionais, os MCs são produzidos pelos falantes (aqueles 
que servem para dar tempo à organização do pensamento, sustentar o turno, 
monitorar o ouvinte, corrigir-se, reorganizar e reorientar o discurso) e pelos 
ouvintes (aqueles que são produzidos durante o turno do falante e que servem 
para orientar o falante e monitorá-lo quanto à recepção, por meio de sinais de 
convergência, como “sim”, “claro”, “mhm”, “ah sim”; de indagação, como 
“será?”, “mesmo?”, “o quê?”, “é?”; e de divergência, como “duvido”, “não”, 
“peraí”, “calma”).
Os interlocutores podem recorrer a marcadores conversacionais lingüisticos 
(verbais e prosódicos) e paralingüísticos (não-verbais). Os MCs verbais, con­
junto de partículas, palavras, sintagmas, expressões estereotipadas e orações ou 
ainda expressões não-lexicadas (“ahã”, “uhrum”, “ué”) “não contribuem pro­
priamente com informações novas para o desenvolvimento do tópico, mas si­
tuam-no no contexto geral, particular ou pessoal da conversação”29. Os MCs 
prosódicos (chamados também de supra-segmentais), apesar de sua natureza 
lingüística, são de caráter nãó-verbal (os contornos entonacionais, as pausas, o 
tom de voz, o ritmo, a velocidade, os alongamentos de vogais etc.). Dentre eles 
se destacam as pausas eo tom de voz como sendo os mais importantes para as 
análises das conversações. Já os MCs paralingüísticos ou não-verbais estabele­
cem, mantêm e regulam a interação, por meio de risos, olhares, gestos, meneios 
de cabeça.
Quanto às formas em que se apresentam os MCs lingüísticos, eles podem 
ser divididos em quatro grupos:
(i) MCs simples: realizam-se com um só item lexical (“mas”, “éh”, “olha”,
“exatamente”,”agora”, “aí”, “então” etc.);
$
(ii) MCs compostos: realizam-se como sintagmas, geralmente estereoti­
pados (“sim mas”, “bom mas aí”, “e então”, “tudo bem mas” etc.);
(iii) MCs oracionais: realizam-se como pequenas orações (“eu acho que”, 
“não mas sabe”, “sim mas me diga”, “então eu acho que”, “porque eu 
acho que” etc.);
29. Marcuschi, L. A . Análise da conversação. São Paulo, Ática, 1986, p. 62.
9 0 IN T R O D U Ç Ã O A LIN G U ÍST ICA
(iv) MCs prosódicos: realizam-se como recursos prosódicos (entonação, 
pausa, hesitação, tom de voz) e geralmente acompanhados por al­
gum MC verbal.
6. COMO SE CONSTRÓI A COMPREENSÃO NO TEXTO FALADO?
De acordo com Marcuschi (1998b), “admite-se, hoje, que a compreensão, 
na interação verbal face a face, resulta de um projeto conjunto de interlocutores 
em atividades colaborativas e coordenadas de co-produção de sentido e não de 
uma simples interpretação semântica de enunciados proferidos”30. É importante 
salientar que colaboração não implica consenso ou concordância, mas apenas 
a realização de ações coordenadas31. Quando dois ou mais indivíduos partici­
pam de uma conversação, eles estão coordenando conteúdos e ações, ou seja, os 
interlocutores fazem um esforço mútuo para construir sentido, isto é, para cons­
truir um texto coerente. O sucesso de uma interação face a face está, portanto, 
atrelado ao processo interacional estabelecido entre os participantes, uma vez 
que esses se envolvem e refletem esse envolvimento num esforço coletivo, bus­
cando a construção de sentidos. O exemplo (2) exemplifica claramente a distin­
ção entre colaboração e concordância. Os três interlocutores realizam ações 
colaborativas durante toda a interação, ou seja, todos estão engajados no pro­
cesso interacional. No entanto, percebe-se que não há uma concordância entre 
eles: se há um consenso entre M33 e H28, quanto ao fato de considerarem M34 
uma dominadora, uma feminista machista, não há consenso entre eles (M33 e 
H28) e M34, que não concorda com as características que lhe são atribuídas.
Marcuschi (1998b) alerta o analista de interações verbais face a face para o 
fato de que “não lhe cabe apenas identificar e admitir que há compreensão. Ele 
deve dar conta da seguinte questão: como é que os participantes de uma interação 
resolvem suas estratégias e processos de compreensão de forma tão competen­
te?”32. O próprio autor apresenta algumas atividades de compreensão na interação 
verbal, a partir da análise de materiais do corpus do NURC-SP. Dentre as ativida­
des propostas, serão destacadas, neste artigo: a) a negociação; b) a construção de 
um foco comum; c) a demonstração de (des)interesse e (não-)partilhamento; d) 
a existência e diversidade de expectativas e as marcas de atenção.
30. Marcuschi, L. A. Atividades de compreensão na interação verbal. In: Preti, D. (org.) Variações e 
confrontos. São Paulo, FFLCH/USP, 1998b, p.15.
31. Ibidem, p. 21.
32. Ibidem, p. 19.
ANALISE DA CONVERSAÇÃO 91
6.1. Estratégia 1: negociação
A negociação é “aspecto central para a produção de sentido na interação 
verbal enquanto projeto conjunto”33. No exemplo (11), citado a seguir, nas li­
nhas 121 a 128, a troca do fonema /p/ pelo /t/ provocou um estranhamento quan­
to ao nome do veículo — uma Pampa —, já que havia sido entendido por M06 
como “tampa”. O riso (linhas 127 e 130) é resultado da inadequação terminoló­
gica, pois o nome de um objeto (tampa), associado a um meio de transporte não 
parece ser coerente para M06. M06 procura checar a sua compreensão do termo 
e M22 colabora repetindo o nome do carro, enfatizando a sílaba que desfaz o 
equívoco (PAMpa).
#
( 11)
Contexto: Várias pessoas conversam num terreiro da comunidade de Pedra D ’água (PB). M02 
narra a dificuldade encontrada por uma mulher para sair da comunidade, tentando subir uma 
ladeira bastante íngreme.
121 M02 vei uma mulé: naquela mulé de ( ) ela vei no carro ... como é o nome daquele carro
122 Van? ((Van é apelido de M22))
123 M22 uma pampa
124 M02 aí quedê subi a ladera
125 M06 uma tampa?
126 M22 uma PAMpa
127 M02 é ((sorrindo))
128 M06 eu entendi uma tampa
129 M02 (...) aí a mulé veii de Campina dana: Denise
130 M06 veii ( ) com Pampa ((continua a sorrir com o nome do carro))
131 M02 aí cade subi a ladera... arente fícô olhano ela butava o carro... o carro... descia logo 
{Fonte: Tese Imagens na oralidade, Ângela Dionísio, UFPE, 1998)
Marcuschi (1998b) ainda nos chama a atenção para o fato de que “nem 
tudo é negociável. Por exemplo, não negociamos crenças nem convicções, o que 
tem conseqüências por vezes relevantes na continuidade de um tópico e pode 
ditar sua ‘morte’”34. O exemplo (12), fragmento de uma interação longa, na qual 
H05 apresentava as linhas divisórias do lote de terra da sua família, demonstra 
que a atitude encontrada por H05 foi abortar o tópico, mediante a não-compre- 
ensão de P01 sobre as áreas limítrofes. H05 discorda severamente da conclusão
33. Ibidem, p. 19.
34. Ibidem, p. 19.
92 INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA
(linhas 638-639) a que P01 havia chegado. P01 percebe que seu interlocutor 
ficou ofendido e brinca com seu erro (linha 640). Tenta voltar à questão (linha 
642), mas H05 muda de tópico, encerrando o assunto (linha 643). P01 reconhece 
que não há condições de consenso e aceita construir um novo tópico (linha 644).
( 12)
Contexto: A pesquisadora (P01) conversa com um dos moradores da comunidade (H05) sobre o 
tamanho do seu lote de terra. Ambos estão no terreno e H05 aponta para linhas limites da terra.
625 P01 eu sigo esse caminho: eu sigo esse pé de laranja como é que é?
626 H05 num tá veno num tá veno é: essa carrera de capim? ((indica algumas touceiras de
627 capim plantadas acompanhando o trilho que leva até as duas casas acima))
628 P01 tô
629 H05 eu me dirijo por aqui ((indica na direção do capim)) poraqui inté ali ((indicação
630 imprecisa)) agora chegano ali [... ] agora quano chega ali já vai lá: a linha vai sê lá
631 P01 [sim]
632 H05 aquele pezim de pau que sobe lá pá casa do ôto fii ((apesar dele indicar
633 H05 com um pau a direção fica impossível precisar o “pezim de pau” porque
634 há várias árvores))
635 P01 qual? aquele pé lá de cima?
636 H05 sim
637 P01 então eu posso dizê que a linha é esse caminho? [ não?
638 H05 [é po/ NÃO assim oxente
639 fica meu pá cá ainda
640 P01 ah: assim eu tô dando sua terra pros outros ((sorrir))
641 H05 é... é ((sorrir))
642 P01 então vem por onde? aqui por esse baxio é?
H05 vocês querem i lá em: Maria agora qué?
644 P01 bora ... já tá aqui
A
{Fonte: Tese Imagens na oralidade, Angela Dionísio, UFPE, 1998)
6.2. Estratégia 2: construção de um foco comum
Uma outra atividade de compreensão na interação verbal diz respeito à 
construção de um foco comum. Como argumenta Marcuschi, “numa interação 
face a face, a base do sucesso das trocas é a presença de interesses comuns e 
referentes partilhados, previamente existentes ou construídos no processo de 
interação”35. Nos exemplos (7), (8), (9) e (10), que contêm trechos de entrevis-
35. Ibidem, p. 21.
ANALISE DA CO N VERSAÇÃO 93
tas, pode-se observar que, em (7) e (8), entrevistador e entrevistado entram em 
sintonia na configuração de um foco comum, pois os tópicos sugeridos são de­
senvolvidos pelos entrevistados com interesse e atenção. Já em (9) e (10), per­
cebe-se que os entrevistadores têm um esforço maior para conduzir as interações, 
pois as respostas dos entrevistados, apesarde se manterem no tópico focalizado, 
são mais sucintas e não revelam um interesse em informar além do mínimo 
solicitado nas perguntas.
A construção desta sintonia referencial36 nem sempre é possível, exigin­
do de um dos interlocutores um árduo trabalho. No exemplo (12), é possível 
observar o esforço de ambos os interlocutores, buscando construírem o mapa 
das terras de H05. Apesar dos interlocutores terem interesses comuns (a cons­
trução do mapa das terras de H05) e de P01, durante a interação, demonstrar 
concordância ou procurar checar suas dúvidas quanto às informações dadas por 
H05, não foram construídos referentes partilhados no processo da interação, 
pois a pergunta “então eu posso dizê que a linha é esse caminho? [não?” (linha 
637) revela a falta de sintonia referencial.
6.3. Estratégia 3: demonstração de (des)interesse e (não-)partilhamento
A terceira atividade de compreensão apresentada por Marcuschi (1998b) 
é a demonstração de (des)interesse e (não-)partilhamento. No exemplo (5), 
verifica-se que o não-partilhamento das informações vai se desfazendo na medi­
da em que a interação progride. No exemplo (10), o informante afirma que se 
fiscaliza mais ao falar quando está na companhia da documentadora. Em segui­
da, ela pergunta o porquê dessa fiscalização e ao mesmo tempo propõe uma 
razão: serem professoras de língua portuguesa. O argumento proposto é aceito 
imediatamente por seu interlocutor (linha 22). Há entre os interlocutores interes­
ses comuns e conhecimento partilhado. Nem sempre os interlocutores possuem 
os mesmos conhecimentos ou possuem os mesmos interesses sobre os tópicos. 
Para ilustrar esta afirmação, será apresentado a seguir um trecho analisado por 
Marcuschi (1998b), que exemplifica uma situação típica de desinteresse pelo 
tópico em andamento.
(13)
663 L I outro dia aí então o (Fábio) contando umas 
histórias de um:... de um boy barato aí né?...
36. “Sintonia referencial” é um termo empregado por Marcuschi (1998b).
94 INTRODUÇÃO À LINGÜÍSTICA
665 carro envenenadíssimo então temos que quando o cara 
vai acelerar a ss im ::... ele aGArra a direção assim:: 
pisa no acelerador::... e faz um movimento assim como 
estivesse caval/cavalgando 
L2 ahn ((ri))
670 LI e agarra a máquina [assim ((ri))
L2 [queria estar num cavalo
LI porquê?... analogia... ele está cavalgando né?
✓
E o::... o:...
L2 ((ri)) o rei do oeste ahr 
675 LI não tem oeste aqui... ((ri))
L2 não tudo bem:: eu sei entendi 
(D2-Inq. 343, pp. 33-34)37
Pode ser constatada, neste exemplo (13), a construção de uma relação de 
não-colaboração tópica. Os interlocutores discorrem em faixas diferentes (LI 
na faixa séria e L2 na faixa não-séria). L2 toma no sentido literal a analogia que 
LI propõe: “boy barato” — “rei do oeste” e provoca em LI uma reação de 
desagrado (linha 675, “não tem oeste aqui”). A resposta de L2 revela que ele 
estava entendendo, apenas não tinha interesse no assunto. Marcuschi (1998b) 
salienta que “trocas deste tipo são utilizadas intencionalmente para produzir hu­
mor ou então construir piadas ou chistes, pois mostram interlocutores jogando 
em campos diversos, sem sintonia cognitiva”38.
6.4. Estratégia 4: existência e diversidade de expectativas
Um encontro entre pelo menos dois interlocutores gera expectativas muito 
diversificadas, as quais estão intimamente relacionadas ao contexto, às condi­
ções em que o encontro ocorre, ao conhecimento partilhado, às diferentes pers­
pectivas que os interlocutores possuem. Em situações interativas, os interlocuto­
res sempre têm expectativas prévias (às vezes, chegamos até a ensaiar o que 
vamos dizer, como vamos dizer, simulamos a resposta do nosso interlocutor; e 
quase sempre esses ensaios não servem para nada no momento real da interação). 
Por ter expectativas prévias, o falante sempre procura estratégias para fazer 
com que elas ocorram, bem como fica atento à reação do seu interlocutor. A
37. Marcuschi, L. A. Atividades de compreensão na interação verbal. In: Preti, D. (org.) 
Variações e confrontos. São Paulo, FFLCH/USP, 1998b, pp.25-26
38. Ibidem, p. 26.
ANALISE D A C O N V E R S A Ç Ã O 9 5
interação é, pois, um “jogo com regras dinamicamente escolhidas, por isso é um 
jogo perigoso: nem sempre se escolhe a regra certa”39. Nos fragmentos de en­
trevistas dos exemplos (8) e (10), verificamos que, em (8), documentador e 
informante parecem ter selecionado bem as regras do jogo, já que a informante 
constrói o seu turno enumerando as partes da carne que ela mais gosta de ter em 
casa, assinalando no turno aquela de que mais gosta. Já no exemplo (10), o 
informante deixa transparecer um certo espanto com a pergunta da documenta- 
dora, através do emprego de uma interjeição, seguida de uma pausa e um riso 
nervoso (linha 02: “eita... ((ri demonstrando nervosismo )))”.
6.5. Estratégia 5: marcas de atenção
r v
Durante a construção de uma conversação, são de importância fundamen­
tal os sinais enviados pelos interlocutores, pois dependendo desta sinalização é 
possível avaliar se está havendo uma boa sincronia ou uma má sincronia entre os 
interlocutores. A boa sincronia revela maior atenção pelo tópico em andamento 
e uma má sincronia revela problemas no processo interacional, que vão desde a 
não-aceitação do tópico até a não-compreensão do mesmo. O uso de marcadores 
conversacionaís, o uso de alguns traços prosódicos (entonação, mudança de 
altura de som, alongamentos de vogais etc.), a realização de alguns gestos, de 
expressões faciais e de risos são marcas que informam ao falante sobre a com- 
preensão do que está sendo dito e sobre o envolvimento dos seus interlocutores 
na interação. Observando alguns exemplos analisados previamente, neste artigo, 
verificamos as marcas de sintonia entre os interlocutores, como o uso de 
marcadores conversacionais, nos exemplos (5) e (7), de alongamentos nos exem­
plos (10) e (12), e de gestos no exemplo (5). Apesar do caráter sucinto dessas 
análises, é possível afirmar que muito do que se compreende numa interação 
social resulta da relação construída entre os interlocutores e da contextualização 
da própria interação. Não se quer com isso descartar a importância da lingua­
gem verbal, mas apenas salientar (i) que ao falarmos não nos utilizamos apenas 
de uma diversidade de linguagens, mas colocamos em conexão indivíduos, lin­
guagens, cultura e sociedade e que (ii) gestos, expressões faciais e tons de voz 
são, muitas vezes, mais informativos do que construções lingüísticas, visto que a 
“gramática é um veículo pobre para exprimir os sutis padrões de emoção”40.
39. Ibidem , p. 30.
40. Keller, M. C. & Keller, J. D. Im aging in iron, or thought is not inner speech. In: Gum perz, 
J. & L evinson, S. (orgs.) Rethinking linguistic relativity. C am bridge, C am bridge U niversity Press, 
1996, p . l 18.
96 IN TRO D U ÇÃO À LINGÜÍSTICA
No Brasil, a Análise da Conversação consiste numa linha de pesquisa 
que vem sendo praticada sistematicamente e conta com uma produção edito­
rial que abrange transcrições de materiais do corpus do Projeto de Estudo da 
Norma Lingüística Urbana Culta (NURC), análises de textos orais realizadas 
por pesquisadores brasileiros sobre diversos temas da AC, gramáticas de con­
sulta referentes ao português falado, utilizando o corpus dos NURCs, além de 
dissertações e teses apresentadas nos programas de pós-graduação das uni­
versidades brasileiras. Após aBibliografia, o leitor poderá encontrar enumera­
das as publicações referentes às transcrições de textos orais do corpus do 
NURC e aos volumes referentes à gramática do português falado. Uma outra 
conversa que poderá ser iniciada a partir de agora será entre você leitor e as 
referências bibliográficas que foram aqui apresentadas. Certamente, mui­
tos assuntos virão à tona!
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