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BIOMAR SAÍDA

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Este relatório visa apresentar, de maneira sucinta, um relato da saída de campo realizada no dia 3 de junho de 2017, onde o objetivo consistia, essencialmente, em praticar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula, ao longo da disciplina de Biologia Marinha, do curso de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 
Saímos de barco da Marina da Glória (marcador amarelo) às 14:30h, supervisionados pelos professores responsáveis, que ao longo do caminho fizeram uma breve introdução sobre o conteúdo abordado, explicando sobre o manejo de cada equipamento utilizado, sobre os diversos tipos de amostras coletadas e sobre os resultados esperados em cada uma das práticas. 
A turma foi dividida em dois grupos, onde cada grupo realizou as práticas propostas em dois locais. O primeiro ponto de amostragem foi no Canal Central da Baía de Guanabara (marcador vermelho), e o segundo local de amostragem ocorreu na Enseada Rasa do Flamengo (marcador verde), como mostra o mapa da figura 1. Em cada um destes pontos utilizamos diferentes métodos analíticos, no Canal Central, às 15:35, utilizamos a Garrafa de Van Dorn, o Disco de Secchi e CTD e, posteriormente, Rede de Arrasto e Busca Fundo na Enseada Rasa, às 16:30.
 
 
Figura 1: Mapa da Baía de Guanabara. Indicando o ponto de partida e os locais de amostragem. Marcado de amarelo está o ponto de partida, Marina da Glória. Em vermelho está marcado o primeiro ponto de amostragem, Canal central e marcado em verde, está a Enseada do Flamengo, segundo local de amostragem. 
Garrafa de Van Dorn
 	Este instrumento é utilizado na coleta de amostras desde a superfície até outras diferentes profundidades, buscando recolher material de estudo para fatores abióticos.
 	É constituída de PVC bem rígido, borracha de látex e molas e abraçadeiras de aço inox, além de cabo de Nylon e, sistema de desarme em metal.
 	O mecanismo de utilização consiste em descer verticalmente a garrafa para que se obtenha amostras do fundo ou superfície, dependendo do objetivo do estudo. Ao atingir a profundidade necessária para coleta, é lançado um mensageiro que fecha as tampas das extremidades. Posteriormente a garrafa é retirada e a amostra é reservada, priorizando retirar 1º o oxigênio dissolvido e depois os organismos que forem vivos (caso esses sejam os objetivos da amostragem).Figura 2: Garrafa de Van Dorn sendo inserida na água por um aluno.
 	A profundidade em que nos localizamos era de 17 metros e a garrafa desceu até 5 metros. Coletamos a amostra (nomeada de amostra C) e essa foi separada para análise de fitoplâncton.
 Figura 3: Garrafa de Van Dorn sendo manuseada pelo monitor, enquanto apontava seus constituintes.
 
 
 
Disco de Secchi
 	O instrumento é utilizado para medição da transparência da água, através da penetração vertical de luz pela coluna d’água.
 	Consiste basicamente em um disco metálico pintado intercaladamente das cores preto e branco, em quadrante alternados, sendo suspenso por um cabo com marcações de metragem.
 	A leitura foi realizada por volta das 15:30h, descemos o disco na água e vimos até qual ponto de visão foi possível identificá-lo. Na profundidade de 2,6 metros, aproximadamente, não foi possível visualizá-lo na água.
 	O tempo estava ensolarado, com vento de fraco a moderado, e o resultado da prática foi melhor do que o esperado para a localidade, Baía de Guanabara, visto que é bastante poluída por esgotos e lixos diversos, além de outros resíduos domésticos produzidos pela população habitante dessa bacia hidrográfica.
Figura 4: Disco de Secchi após retirada da água na prática.
 
CTD (conductivity, temperature and depth)
É utilizado para obter perfis de condutividade, temperatura e pressão ao longo da coluna d’água. Através de medidas de condutividade e pressão, se obterá a salinidade e profundidade. Além desses 3 sensores, o CTD pode também possuir sensores para parâmetros d’água, tais como o pH, oxigênio dissolvido, turbidez e fluorescência. Dessa forma, o aparelho gera um perfil, que pode ser mostrado no visor, que é construído a medida que o mesmo submerge e emerge na coluna d’água. 
Formado por sensores que descem na extremidade de um cabo de guincho. A análise ocorre através dos sinais elétricos e registros internos do equipamento.
Fizemos a amostragem através da inserção do equipamento na água, 10 segundos na superfície depois submersão, até a profundidade de 12 metros (dos 17 metros totais do Canal Central). Os dados obtido foram:
· Temperatura: 21º C fundo e 22ºC superfície
· Salinidade: 33 superfície e 34,5 fundo
 
 Figura 5: CTD sendo manejado pelo professor, apresentando os resultados obtidos na amostragem.
 
 
 
 Seguem abaixo as tabelas dos dados obtidos pelo CTD nas quatro estações exploradas pelas turmas do diurno e do noturno:
 
 
 
Considerações finais sobre a técnica de CTD: 
A respeito do conceito de termoclina, que é a camada de variação de temperatura em uma determinada profundidade do mar, podemos observar através dos dados obtidos na tabela que a termoclina é pouco desenvolvida, apresentando-se valores de temperatura pouco variáveis ao longo da coluna d’água. Esse efeito se dá por conta da pouca profundidade mesmo nos locais de análise mais profundos da Baía de Guanabara, sendo zonas rasas mais difíceis de captar termoclina. Mesmo com essa constatação, podemos sim observar uma variação, mas não tão drástica e aparente que possa nos levar ao conceito de termoclina.
Além disso, quanto à salinidade, pudemos observar que à medida que o aparelho de CTD chegava a maiores profundidades, mais salina se tornava a amostra. Podemos comparar tal aumento com a quantidade de nutrientes disponíveis que também se mostra maior em maiores profundidades. Este fenômeno se dá por conta do uso análogo ao dos nutrientes, onde eles descem pela coluna d’água. Vale notar que a salinidade nos pode inferir valores de condutividade, uma vez que quanto mais sais dissolvidos na água, mais condutiva ela se torna.
A temperatura máxima atingida na amostragem foi de 22ºC. A profundidade máxima foi de cerca de 12 metros, no ponto em Jurujuba.
Rede de Zooplâncton
 O nome zooplâncton deriva do grego zoon (animal) e planktos (a deriva), logo, o plâncton é formado por organismos que vivem dispersos na coluna d’água, com meios de locomoção limitados. Já o termo zooplâncton se refere à parcela heterotrófica de organismos do plâncton. Entretanto, apesar de muitas vezes definidos como organismos de pouca mobilidade, diversos organismos do zooplâncton, como microcrustáceos, podem se mover extensivamente. Sendo assim, estes organismos possuem uma heterogeneidade tanto espacial quanto temporal em função das condições do ambiente, e não são aleatoriamente distribuídos como poderia se pensar devido ao significado do termo plâncton.
O zooplâncton é constituído de muitos tipos de organismos, grande parte destes possui ciclo de vida curto, havendo uma resposta rápida em relação a mudanças ocorridas no ambiente, como por exemplo, mudanças climáticas (temperatura, vento), concentração de nutrientes, pH, entre outros fatores. Assim, a composição de espécie do zooplâncton e a abundância destas podem ser alteradas em função de variações no meio, podendo ser de grande utilidade como indicador biológico para avaliação da qualidade da água, mostrando, por exemplo, variações na comunidade com relação ao grau de eutrofização do meio.
A importância do zooplâncton reside principalmente em seu papel de condutor do fluxo de energia, dos produtores primários para os consumidores de níveis tróficos superiores, sendo assim um importante grupo responsável pela produtividade secundária e também fundamental no transporte e regeneração de nutrientes pelo seu elevado metabolismo.
As redes de plâncton, apesar dos vários problemas de amostragem, constituem os meios mais rápidos e mais comumente utilizados para a coleta de organismos planctônicosda faixa do meso e macroplâncton. Uma rede simples consiste basicamente de três partes: a boca, geralmente circular, feita de metal ou outro material rígido; uma parte cônica constituída de panagem de rede feita de material resistente, principalmente nylon; e um copo coletor de plástico ou metal fixado no final da rede.
Existem redes dos mais diversos formatos, sendo que a mais simples possui a forma cônica, com a parte superior mais larga da rede presa a um aro que, por sua vez é atado, através de tirantes, a um cabo que é manipulado do barco. Outro tipo de rede tradicionalmente usado é o conhecido por cilíndrico-cônico, por possuir uma panagem com parte anterior cilíndrica além da cônica. O tamanho e a forma da panagem varia de acordo com os vários modelos existentes. A boca de rede mais simples apresenta forma circular de diâmetros diversos, mas outras formas como quadrada ou retangular são observadas. Alguns modelos possuem um sistema de fechamento ou fechamento-abertura-fechamento, que servem para amostragens estratificadas na coluna de água.
O tamanho da malhagem das redes para zooplâncton varia grandemente, mas geralmente entre cerca de 50mm até 500mm. Quando se deseja coletar organismos menores é desejável utilizar redes de malhas mais finas, mas se o objetivo for o de capturar organismos grandes como os de macrozooplâncton, geralmente usa-se malhas mais grossas.
Figura 6: Rede de zooplâncton similar a usada na prática.
 
Busca fundo
 Uma ferramenta montada em aço inoxidável ligada a um cabo que se mantém preso a embarcação, utilizada para retirada de amostras de sedimentos e comunidades bentônicas que habitam ambientes aquáticos de fundo macio. Apresentam portas superiores articuladas que se abrem quando a draga é abaixada, permitindo a passagem da água e minimizando a onda de choque, além de permitir análise rápida e retirada de parte da amostra coletada.
Foram utilizados dois modelos de busca fundo:
Van Veen
É muito utilizado em estudos bentônicos costeiros devido à sua simplicidade e por não exigir equipamentos de grande porte na embarcação. É constituído por dois "baldes" presos a dois braços longos cruzados, ligados por dois cabos que se unem em um só, atuando como alavanca. Quando armado, os braços se mantém abertos através de um trinco em "L" que prende a parte superior dos "baldes" unidos. Com o impacto no fundo, este trinco é solto, liberando o movimento dos braços. Com o movimento de recuperação da ferramenta, o cabo ligado aos braços os forçam unindo-os e fechando os "baldes" um com o outro, trazendo consigo parte do sedimento onde a ferramenta estava repousada.Figura 7: Busca fundo, modelo Van Veen
Ekman
Este modelo apresenta uma estrutura quadrangular, com a parte do fundo aberta, apresentando duas portas que a selam fechando-se uma em direção a outra através da força de uma mola. Quando armado, ambas as portas são mantidas abertas presas por um curto cabo que a fixa em um pequeno pino de um gatilho que o mantém levantado através da pressão de uma pequena mola. Este pino está presente para ambas os lados para cada porta. Deste gatilho sai um cabo que se mantém preso à embarcação. Neste cabo corre um peso de aço inoxidável, chamado de mensageiro. Quando posicionado a ferramenta sobre o substrato que se deseja tomar amostra, o mensageiro é lançado pelo cabo. Quando impacta sobre o gatilho, o mensageiro força as suas molas a se comprimir abaixando os pinos que mantinham as portas inferiores abertas. Neste momento, as portas fecham imediatamente, selando parte do substrato onde a ferramenta se mantinha repousada.Figura 8: Busca fundo, modelo Ekman
Nesta prática, todas as tentativas de se obterá amostras não tiveram sucesso. Uma hipótese para isto é o constante balançar da embarcação e a correnteza. Que forçaram os Busca Fundo para longe do ponto inicial, deixando o cabo que as prendiam angulado, impedindo um destravamento correto além de não posicionar a parte aberta inferior da ferramenta de forma correta em ambos os modelos.
Discussão final
A saída de campo teve como objetivo básico a realização de práticas para coletas marinhas, apresentando aos alunos os tipos de equipamentos necessários para cada tipo de amostra a ser coletada e como é realizado o manejo de cada aparelho.
Ao todo, foram realizadas cinco práticas, divididas em dois pontos de amostragem da baia de Guanabara, o primeiro ponto de amostragem foi no Canal Central, onde realizamos três práticas, utilizando a garrafa de Van Dorn, o disco de Sechi e CTD, os resultados obtidos para cada prática ficaram dentro da normalidade esperada, tendo um diferencial positivo no resultado do disco de Sechi, que foi melhor que o esperado, tendo em vista a boa turbidez da água por causa da poluição.
No segundo ponto, Enseada Rasa, realizamos duas práticas: rede de arrasto e busca fundo, sabendo-se que foi o primeiro contato dos alunos com o equipamento, os resultados ficaram dentro do esperado, e na prática de busca fundo fizemos várias tentativas até conseguir manejar corretamente o equipamento, utilizando dois tipos diferentes de equipamentos, com mesma funcionalidade. O resultado do manejo da prática de rede de arrasto também esteve dentro do esperado pelos professores.
Após a realização dessas práticas, fica clara a importância dessa experiência para a formação profissional dos alunos, onde foram apresentados equipamentos, suas respectivas funções e como manejá-los corretamente. Desta forma, pode-se concluir que o objetivo da saída de campo foi cumprido satisfatoriamente, enriquecendo o conhecimento dos presentes e despertando o interesse de muitos pelas técnicas utilizadas nos campos em biologia marinha.
Referências bibliográficas
http://www.milan-ec.com.br/produto_interna/id/8/Garrafa-de-van-dorn-vertical
http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/secc.htm
https://oceanografiaeafins.wordpress.com/2015/02/06/instrumentos-oceanograficos/
ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/010/ah827p/ah827p11.pdf
https://www.danilorvieira.com/disciplinas/iof1202/ofd_capitulo06.php
http://ecologia.ib.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=167&Itemid=469
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Beatriz Lemos, Bruno Joaquim, Jonas Medeiros, Julia São Tiago, Juliana Barbosa, Vitor Elias
Relatório de Práticas de Biologia Marinha
Rio de Janeiro
Junho de 2017

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