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PRÁTICA SIMULADA I 
Aula 5 – Resolução do caso concreto referente a Aula 4
Prof. Gustavo Bastos
Caso concreto
Miranda Lúcia de Sousa sofre acidente, vindo a necessitar urgentemente de atendimento médico hospitalar. O Hospital Cobra Tudo Ltda., que tem sede em Salvador, na Bahia, recebe a paciente, mas exige um cheque caução do seu irmão, Cláudio de Sousa, que tem domicílio em Salvador, na Bahia, no exorbitante valor de R$ 300.000,00. No dia seguinte, Cláudio consulta seu advogado para anular o negócio jurídico realizado. Com fundamentos legais, elabore a petição inicial adequada.
 
 
Prof. Gustavo Bastos Aula 5 – Elaboração de Petição Inicial
PRÁTICA SIMULADA I
 Resolução do caso concreto
. Elaboração da petição inicial:
 COMPETÊNCIA: 
Qual(is) o(s) artigo(s) posso utilizar ??? 
Inicialmente, preciso verificar se há relação de consumo entre as partes. Entendo que sim. Desta forma, podemos invocar o art. 101, I do CDC, o qual estabelece que a ação poderá ser proposta no domicílio do autor, ora consumidor. Conforme previsto no enunciado, o Autor mora em Salvador – Bahia.
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PRÁTICA SIMULADA I
Entretanto, como 2ª opção, temos ainda a possibilidade de propor a referida ação, levando em consideração o foro do domicílio do réu, com fundamento no art. 94, do CPC. Ou seja, trata-se de opção do autor. 
 
OBS.: No caso em tela, isto é irrelevante, tendo em vista que ambas as partes encontram-se situadas em Salvador. 
Portanto, teremos:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SALVADOR DO ESTADO DA BAHIA
OBS: Não abrevie nada em sua petição – exigência da OAB
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PRÁTICA SIMULADA I
 LEGITIMIDADE
 
- ATIVA: CLÁUDIO DE SOUSA
OBS.: O Autor da ação é o Cláudio e não a Miranda, uma vez que foi ele quem experimentou o prejuízo econômico e pretende desfazer o negócio jurídico.
. Qualificação completa do Autor;
. Art. 39, I, do CPC
 
- PASSIVA: HOSPITAL COBRA TUDO LTDA
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PRÁTICA SIMULADA I
 AÇÃO: Ainda não estamos aptos a atribuir o nomen iuris da ação, por mais que o caso tenha nos dado uma grande dica. Voltaremos a abordar este assunto ao final da aula.
 RITO: Entendo que deveríamos avançar e depois voltar ao ponto, assim como fizemos com o nome da ação. 
 DOS FATOS
. Procure narrar os fatos seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos;
. Encerre com um parágrafo conclusivo.
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PRÁTICA SIMULADA I
 DOS FUNDAMENTOS
 
. Sugestões:
1ª) NEGÓCIO JURÍDICO
O N.J. resulta de uma atuação da vontade em combinação com o preceito legal; há algo mais, que é a intenção: finalidade jurídica – Art. 104, do CC – requisitos
2ª) DEFEITOS do negócio jurídico
Há casos em que há declaração de vontade do agente, mas em 
circunstâncias tais não traduza a verdadeira atitude volitiva
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do agente. Nestes casos, há um N.J. defeituoso. São 6 os defeitos do negócio jurídico: ERRO, DOLO, COAÇÃO, ESTADO DE PERIGO, LESÃO e FRAUDE CONTRA CREDORES.
3ª) Devemos, a partir de agora, IDENTIFICAR qual dos defeitos do negócio jurídico está presente no caso em estudo. 
Neste caso, estamos diante do ESTADO DE PERIGO, previsto no art. 156, do CC.
 
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 
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O estado de perigo está ligado à preservação da vida, ou seja, ao risco de vida (ex.: da mãe que promete toda a sua fortuna para quem venha salvar seu filho, ameaçado pelas ondas do mar ou de ser devorado pelo fogo).
 
No caso em tela, a obrigação assumida foi excessivamente onerosa, onde o autor, para salvar sua irmã, se submeteu a assinar um cheque no importe de R$ 300.000,00 a fim de que fosse atendida.
4ª) CONSEQUÊNCIA DO ESTADO DE PERIGO: ANULAÇÃO DO NJ - art. 171, II, do CC
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PRÁTICA SIMULADA I
- Podemos, ainda, acrescentar a nossa fundamentação:
5ª) Art. 1º, da Resolução Normativa da ANS nº 44 - Estabelece a prática do cheque caução ilegal
“RESOLUÇÃO NORMATIVA-RN 44, DE 24 DE JULHO DE 2003
Dispõe sobre a proibição da exigência de caução por parte dos Prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde.
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, no uso das atribuições que lhe confere o inciso VII do artigo 4º da Lei 9.961, de 28 de janeiro de 2000, considerando as contribuições da Consulta Pública nº 11, de 12 de junho de 2003, em reunião realizada em 23 de julho de 2003, adotou a seguinte Resolução Normativa e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação.
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Artigo 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço.
Artigo 2º Fica instituída Comissão Especial Permanente para fins de recepção, instrução e encaminhamento das denúncias sobre a prática de que trata o artigo anterior.
§1º As denúncias instruídas pela Comissão Especial Permanente serão remetidas ao Ministério Público Federal para apuração, sem prejuízo das demais providências previstas nesta Resolução.
§ 2º Os processos encaminhados ao Ministério Público Federal serão disponibilizados para orientação dos consumidores no site da ANS, www.ans.gov.br.
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Artigo 3º A ANS informará à operadora do usuário reclamante quanto às denúncias relativas a prestador de sua rede, bem como a todas as demais operadoras que se utilizem do referido prestador, para as providências necessárias.
Artigo 4º Esta Resolução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
Pela Resolução, fica vedada, em qualquer situação, a cobrança do já tão mencionado depósito, de forma a vincular a prestação do serviço ao consumidor à essa exigência, tendo sido criada uma Comissão Especial Permanente para instruir as denúncias recebidas e encaminhá-las ao Ministério Público Federal para apuração, sem prejuízo de que a ANS faça cumprir tais dispositivos por ela emanados (artigo1º, §1º, Lei nº 9656/98 c/c artigo 2º, §1º, parte final, da Resolução Normativa nº 44/003 da ANS). 
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6ª) Como há relação de consume entre as partes, posso aplicar o CDC ao caso em voga. Desta forma, podemos ainda citar o art. 39, V do CDC, o qual prevê as práticas abusivas.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
Inc. V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
OBS.: Não se esqueçam de inserir doutrina e jurisprudência em suas petições
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 DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a V. Exª:
1º) a citação do Réu;
2º) seja julgado procedente para anular o negócio jurídico celebrado entre as partes;
3º) a inversão do ônus da prova;
OBS.: Não preciso fundamentar este pedido, tendo em vista que é uma norma de ordem pública e de interesse social
4º) a condenação do Réu aos ônus da sucumbência.
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 DAS PROVAS 
Requer a produção de todas as provas admitidas em direito, na amplitude do art. 332, do CPC, em especial as de caráter documental e depoimento pessoal do representante legal do Réu.
 DO VALOR DA CAUSA 
Dá à causa o valor de R$ 300.000,00. 
Nestes Termos
Pede Deferimento
(Parte autenticativa)
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Por último, analisemos o nomen iuris da ação e o rito
 AÇÃO: AÇÃO DE ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
 RITO: O rito será o ORDINÁRIO, uma vez que NÃO podemos aplicar o art. 275, inc. I, do CPC (limitação em relação ao valor – até 60 salários mínimos) e também não estamos diante de nenhuma das hipóteses do inciso II. 
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