Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Plano de Aula: Aula 04 - Estruturas de Mercado e os aspectos jurídicos ECONOMIA POLÍTICA - CCJ0252 Título Aula 04 - Estruturas de Mercado e os aspectos jurídicos Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 4 Tema Estruturas de Mercado e os aspectos jurídicos Objetivos Conhecer as estruturas de mercado. Compreender os preceitos constitucionais sobre a concorrência. Analisar a Lei Antitruste brasileira e sua relação com as estruturas de mercado. Estrutura do Conteúdo ESTRUTURAS DE MERCADO E OS ASPECTOS JURÍDICOS Conceituação de Estruturas de Mercado Estruturas de Mercado Abuso do Poder Econômico Preceito constitucional sobre a concorrência Lei Antitruste Brasileira e a Estrutura de Mercado Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC Abaixo, apresentamos de forma resumida os aspectos a serem abordados pelos professores sobre o conteúdo da aula. As questões aqui colocadas deverão ser contextualizadas procurando associar aos fatos recentes. Conceituação de Estruturas de Mercado As estruturas de mercado se dividem inicialmente entre o "mercado de bens e serviços" e o "mercado de fatores de produção". Pode-se representar a economia através de um fluxo circular em que os seus diferentes componentes se complementam, interagindo como fornecedores e consumidores uns dos outros dependendo do mercado em que se encontrem. Famílias e empresas, portanto, podem ser demanda ou oferta dependendo da posição em que se encontrem no mercado. Assim, as empresas no "mercado de bens e serviços" são os ofertantes e os membros das famílias são seus demandantes, de forma oposta no "mercado de fatores de produção" os membros da família são os ofertantes e as firmas/empresas são seus demandantes. Desta forma, pode-se entender o mercado como um conjunto de relações que são travadas pelos agentes econômicos (demanda e oferta) em torno de um dado produto, ou conjunto de produtos, em certo período de tempo. Sua estrutura irá, portanto, depender da forma como os agentes econômicos estão organizados. Sendo uma "estrutura de mercado" dada pela forma como fornecedores e consumidores estão organizados no mercado para realizar as suas transação de venda e compra. Assim, ao analisar o mercado pelo lado de como os fornecedores (oferta) estão organizados frente aos consumidores (demanda), tem-se as estruturas do mercado de bens e serviços, mas se esta análise privilegiar a forma como os consumidores estão organizados frente os fornecedores, tem-se as estruturas do mercado de fatores de produção. Os mercados produtores estão estruturados de modo diferenciado, podendo ser classificado dos seguintes modos: concorrência perfeita, monopólio e oligopólio. Estruturas de Mercado a) Concorrência Perfeita A Concorrência Perfeita, ou competição pura, é a estrutura adequada, visando o funcionamento ideal da economia, servindo como parâmetro em face das outras estruturas de mercado, daí, ter que ser preenchido os seguintes requisitos: A existência de um número muito grande de empresas produtoras e de compradores no mercado, onde nenhum destes possui condições suficientes de influenciar o mercado; - Os bens, serviços ou produtos são padronizados, não diferenciados (homogêneos); - As empresas não têm nenhum tipo de influência em relação aos preços dos produtos, informações privilegiadas, na realidade, este mercado é transparente; - Não existem impedimentos, acordos, restrições, barreiras à entrada ou saída de outras empresas no mercado (mobilidade); A Constituição Federal de 1988, incorpora a livre iniciativa no Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira - em seu artigo 170, inciso IV, a saber: Artigo 170 - "A ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...] IV-livre concorrência;" b) Monopólio O monopólio é a falta, a ausência de concorrência, é uma figura que se situa em sentido oposto ao da livre concorrência ora preceituada pela Constituição Federal em seu artigo 170, inciso IV, pois tem o poder de influenciar o mercado, significando a existência de um único fornecedor, podendo neste caso, impor o preço que mais lhe provier para suas mercadorias e ficando, assim, sujeitado ao nível de vendas dele decorrente. Daí, o monopólio é o modo mais nítido de poder de mercado. Tem como características básicas: - Existência de única empresa produtora no mercado, não existindo concorrência na oferta, ou seja, um único vendedor; ou um vendedor que controla toda oferta do mercado; - Controle sobre a matéria-prima, produto ou serviço; - Barreiras ao registro de novas patentes, afastando assim qualquer concorrente; - Não há produtos similares, que podem ser substitutos; - Situação privilegiada na quantidade produzida e no preço, maximizando assim o lucro. O monopolista está só e decorrente deste estar só, é que tem liderança para escolher o preço de suas vendas; É importante ressaltar que o governo em determinados casos, tem papéis distintos quanto a esta estrutura de mercado monopolista. Em primeiro lugar de combate, para evitar o abuso do poder econômico, e em segundo lugar é quando o próprio governo garante, tornando-o inteiramente apropriados, a exemplo dos monopólios do governo no controle de determinados setores estratégicos, criando assim, monopólios legais, garantindo o direito de propriedade, direitos autorais, patentes, como no Correios, dentre outros monopólios legais. Concluindo, todo monopolista não se preocupa com concorrentes, pois não o tem. Quanto ao Monopólio Natural, é uma situação em que temos bens exclusivos e com quase nenhuma rivalidade. Este tipo de mercado, em sua maioria, é regulamentado pelo governo, sendo longo o prazo de retorno. Pode-se citar o gás natural, distribuição de energia elétrica, como exemplos. c) Oligopólio O oligopólio é uma situação de concentração de mercado, ou seja, é um tipo de mercado dominado por um reduzido número de grandes empresas, com alto grau de concentração local, e estas empresas, influencia no preço de mercado de maneira ostensiva, o que leva as outras firmas a reagirem em face ao abuso do poder econômico. As empresas oligopolistas, que não são em grandes quantidades, promovem o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços, que podem ser homogêneos ou diferenciados, formando barreiras à entrada de potenciais concorrentes, efetuando gastos de grande monta em tecnologia de ponta, produção em larga escala, marketing, dentre outros, ou se associando aos grandes grupos econômicos, inviabilizando a entrada de novas empresas no mercado. Pode-se dar como exemplo as empresas do ramo de laboratórios farmacêuticos, aço, alumínio, cimento, aviação, bancos, comunicação. Sendo assim, pode-se afirmar que a receita operacional destes oligopólios tem significativa influência no Produto Interno Bruto - PIB dos países. Os oligopólios podem ainda se apresentar de forma diferenciada (Oligopólio Diferenciado), quando os produtos destas empresas apresentam diferentes níveis de diferenciação (características particulares de cada produto) e se estabelece um nível de concorrência maior entre os participantes do mercado, ou concentrada (Oligopólio Concentrado), quando o produto das empresas participantes é tão idêntico (homogêneo) que estas passam a só ter a escala de produção como forma de competição pelo mercado, fazendo com que apenas empresas de porte e com alto nível de concentração do mercado, possam existir. Muitas vezes o grau de concentração é tão alto nestes mercados que apenas duas empresas atuam, transformando sua estrutura num "Duopólio", caso extremo do oligopólio onde há apenas duas grandes empresas controlando a oferta do mercado. No que se refere ao oligopólio conivente, constituem num grupo de empresasque de modo tácito colocam o mesmo preço nos seus produtos e/ou serviços, porém com uma empresa liderando a fixação destes preços. Cabe ressaltar algumas formas de organização empresarial presentes no oligopólio: Cartéis, trustes e holding. CARTEL: No cartel as empresas são legitimamente independentes e, de modo geral, têm atuação no mesmo ramo, acordando entre si e, promovendo a dominação de mercado de modo geral, através da combinação de preços, seja no ramo de produtos ou de serviços. Sendo assim, pode-se identificar a caracterização de prática abusiva, com vistas ao domínio de mercado, aumentado expressivamente seus lucros, contrariando, deste modo, a livre concorrência ora preceituada na Constituição Federal brasileira em seu artigo 170, inciso IV. TRUSTE: Truste é uma estrutura empresarial em que empresas, em geral, do mesmo ramo ou setor, e que detêm grande parte do seu mercado, organizam-se numa nova empresa para em conjunto dominarem este mercado, fornecendo um produto em comum e, com isso, eliminarem a concorrência e fixarem um preço único de acordo com seus interesses. Esta é uma associação que pode se dar pela fusão ou combinação formal de empresas já existentes no mercado. Caso esta associação se dê por uma combinação formal e não por uma fusão, as empresas envolvidas podem manter suas estruturas administrativas e produtivas separadas com intuito de retornarem as suas condições anteriores caso os resultados obtidos não sejam os esperados. HOLDING OU SOCIEDADE GESTORA DE PARTICIPAÇÕES SOCIAIS: O holding é uma situação em que é criada uma empresa para que esta venha a administrar um conglomerado empresarial. Assim, pode-se vislumbrar uma poderosa estratégia de gestão, com o objetivo de promover o domínio de determinada oferta de qualquer tipo de produtos e/ou serviços, visando engrandecer seus lucros. Para melhor entendimento, pode-se tratar o holding como sendo na realidade, uma sociedade empresarial juridicamente independente, porém seu objetivo maior será a de participação no capital de outras sociedades empresariais. Como exemplo, o verificado no setor bancário, no de seguros, dentre outros, pelo fato de virem a concentrar o controle de suas diversas empresas. Essa forma de administração é muito praticada pelas grandes corporações nesta era de globalização. Concluindo este assunto, as fusões promovem em sua maioria e cada vez mais frequente, a instalação de grandes conglomerados empresariais, pois detêm significativos recursos financeiros, favorecendo, deste modo, o uso de tecnologia de última geração, trabalhando em economia de escala, diminuindo de modo predatório em sua maioria, a concorrência, especialmente nos países em desenvolvimento. Abuso do Poder Econômico O abuso do poder econômico é uma prática abusiva, porém de difícil identificação, pois não se trata de uma empresa acompanhar o preço da outra, praticando o uso de preços similares, como acontece na indústria automobilística, pois isto é competitividade e não conluio. Sendo assim, cada vez fica mais difícil sua caracterização. O artigo 173, parágrafo 4° da Constituição Federal reprime o abuso do poder econômico para que não haja a dominação dos mercados, combatendo a eliminação da concorrência como também o aumento arbitrário dos lucros. Tal preceito constitucional foi complementado pela lei antitruste, Lei n° 8884 de 11 de junho de 1994, quase integralmente revogada pela Lei no. 12.529 de 30 de novembro de 2011, coibindo assim os atos de concentração, as infrações à ordem econômica, reprimindo o abuso do poder econômico. Preceito constitucional sobre a concorrência A Carta Magna de 1988 enfatiza o livre mercado através de seus princípios gerais, voltado para políticas públicas direcionadas ao bem estar social. Enfatizando a importância de erradicar as desigualdades sociais como também regionais, está voltada para o desenvolvimento econômico, através de ações do Estado na economia, conforme o artigo 170 e incisos: Artigo 170 - "A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa; tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. Parágrafo Único: É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei." O caput do artigo 170 trata inicialmente da valorização do trabalho humano, é objeto de luta durante vários séculos, onde de um lado está o fator trabalho e do outro o fator capital, luta de todas as nações por uma harmonia, um equilíbrio. Na realidade, o que se objetiva é a criação de empregos com condições dignas para o trabalho vir a ser realizado e remunerado de modo justo. Já a livre iniciativa, está vinculada ao princípio da liberdade, ao liberalismo clássico, fundamentando a ordem econômica e financeira. Na livre escolha tem-se a liberdade tanto para produzir os bens quanto para consumi-los, porém nos limites estabelecidos pela Constituição Federal. A justiça social está tratada no artigo 3° da Constituição federal, onde toda sociedade deve ser livre, justa e solidária, com redução das desigualdades tanto sociais quanto regionais. Quanto aos princípios gerais deflagrados nos incisos, é focalizada a soberania nacional, presente no inciso I, do artigo 170 como também no inciso I do artigo 1° também da Carta Maior. A propriedade privada, no inciso II, do artigo 170 da CF, lastreia-se na liberdade, consubstanciada pelo artigo 5°, caput, da Carta Maior, dos direitos individuais, visando à proteção da propriedade privada, dos meios de produção, característica principal do sistema capitalista de livre concorrência. O direito a propriedade privada individual é um pressuposto da liberdade de iniciativa. A função social da propriedade permite particularmente a implantação de uma política agrícola mais ajustada e evita à concentração da produção nas mãos de alguns poucos. A função social da propriedade, inciso III, do artigo 170 da CF, primeiramente é tratada no artigo 5°, inciso XXII e XXIII, da Carta magna onde é garantido o direito de propriedade. Ela abrange tanto a propriedade urbana quanto da rural. O artigo 182 da Constituição Federal trata da política de desenvolvimento urbano, bem como o artigo 185 em seu parágrafo único, cuida da propriedade produtiva rural. Já o artigo 186, trata dos requisitos para que estas funções sejam atendidas. Como pode vislumbrar, é um conjunto de regras contratuais necessárias que formam um conjunto para o desenvolvimento do livre mercado. A livre concorrência está contida no inciso IV do artigo 170 da CF, e a livre iniciativa está fundamentada no artigo 1°, inciso IV da CF, ambos os princípios se complementam na ordem econômica. Já a defesa do consumidor, contida no inciso V do artigo 170 da CF, tem legislação própria, sendo o Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8078 de 11/9/1990. Nesta legislação, existe a preocupação de proteger a parte mais fraca desta relação que é o consumidor. A base está fundamentada no artigo 5°, inciso XXXII, da Constituição Federal, onde prevê que "o estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor". O princípio da defesa do consumidor que consta da ordem econômica e financeira mostra uma tendência do direitomoderno de proteger o consumidor, o elo talvez mais importante da economia de mercado. A Organização das Nações Unidas através da Resolução no. 39/248 de 09/04/1985 definiu as condições básicas a serem adotadas pelos governos na elaboração e o fortalecimento da legislação e as políticas de proteção ao consumidor. O artigo 4° do Código de Defesa do Consumidor passa a dar corpo ao princípio da defesa do consumidor previsto na Constituição Federal, e estabelece os parâmetros da Política Nacional de Relações de Consumo, que veio a nortear o processo de intervenção do Estado no mercado de consumo. A defesa do meio ambiente, preceituada no inciso VI do artigo 170 da CF, tem por fim assegurar que o meio ambiente seja sustentável, visando à aplicação da Constituição Federal em seu artigo 225 como também da Lei n° 6.938, de 31/08/1981, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, quanto das normas internacionais como a Agenda 21 (Rio-92). Para que haja a redução das desigualdades regionais e sociais, ora tratada no inciso VII do artigo 170 da CF, considera-se a educação como elemento principal através do qual se coloca no combate à pobreza, através da qualificação da mão-de-obra diminuindo, assim, a quantidade dos que ficam marginalizados. Em função disso, para cessar as desigualdades ora mencionadas, objetivam-se fortalecer empreendimentos em regiões menos privilegiadas como também seu mercado consumidor. Importante ressaltar através do preceito constitucional mencionado no artigo 173, definindo o papel do Estado na ordem econômica, à preocupação em impedir tanto a formação de trustes e cartéis dentre outras ora definidas na lei n° 12.529 de 30 de novembro de 2011. Passa, assim, o Estado conforme previsto no artigo 174 da Carta Maior a desempenhar o papel de Agente Normativo e Regulador. Quanto à busca do pleno emprego, no inciso VIII do artigo 170 da CF, é uma situação alcançada por uma economia equilibrada de forma a atender aos anseios da população por um trabalho justo e digno. O tratamento favorecido para empresas de pequeno porte é objeto do derradeiro inciso IX do artigo 170 da CF, como também está previsto no artigo 179 da Carta Magna e no artigo 970 do Código Civil., conforme transcritos abaixo: A Constituição Federal do Brasil, artigo 179 estabelece que ?A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação destas por meio de lei.? O Código Civil, artigo 970 define que "A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes". O Estatuto da Microempresa - ME e da Empresa de Pequeno Porte - EPP, Lei n° 9841/1999, deu tratamento jurídico diferenciado a este tipo de empresa, consubstanciado no preceito constitucional dos artigos 170 e 179 da Carta Maior. O tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital de pequeno porte, previsto na Constituição Federal do Brasil de 1988, fortalece a concorrência. Ao eliminar entraves burocráticos e reduzir encargos sociais e tributos das pequenas empresas, o legislador permite que pequenos empreendimentos tenham condições de sobreviver e mesmo de prosperar em um ambiente extremamente competitivo. O parágrafo único do artigo 170 da CF prevê o livre exercício de qualquer atividade econômica, desde que ela seja lícita e observada às formalidades legais como o registro de seus atos de constituição, dentre outros. Lei Antitruste Brasileira e a Estrutura de Mercado A Lei Antitruste Brasileira, Lei no. 12.529 de 30/11/2011, tem o intuito de restaurar o processo de concorrência no mercado e reprimir os abusos praticados no mercado de consumo. Art. 1° Esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC e dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico. [...] Art. 4° O Cade é entidade judicante com jurisdição em todo o território nacional, que se constitui em autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Federal, e competências previstas nesta Lei. Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II - dominar mercado relevante de bens ou serviços; III - aumentar arbitrariamente os lucros; e IV - exercer de forma abusiva posição dominante. [...] § 3° As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica: I - acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer forma: a) os preços de bens ou serviços ofertados individualmente; b) a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou limitada de bens ou a prestação de um número, volume ou frequência restrita ou limitada de serviços; c) a divisão de partes ou segmentos de um mercado atual ou potencial de bens ou serviços, mediante, dentre outros, a distribuição de clientes, fornecedores, regiões ou períodos; d) preços, condições, vantagens ou abstenção em licitação pública; II - promover, obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes; III - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; IV - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços; [...] XV - vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço de custo; [...] XVIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; e XIX - exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, intelectual, tecnologia ou marca. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC O governo brasileiro vem atuando nos últimos anos no sentido de combater os abusos no mercado de consumo e a concentração excessiva no processo produtivo. Anos atrás, ocorreram discussões no âmbito do CADE sobre a fusão da Brahma e da Antártica, dando origem a criação da AMBEV. Posteriormente, foi submetida ao CADE o processo de aquisição da Garoto pela Nestlé, o que poderia ocasionar uma concentração excessiva no processo de fabricação de chocolates. O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) é formado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica ? CADE, pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda ?SEAE e pela Secretaria de Direito Econômico - SDE. O SEAE e a SDE têm função analítica e investigativa, atuando na instrução dos processos, enquanto que o CADE atua como um tribunal administrativo. As decisões do CADE não cabem recursos na esfera do Poder Executivo, podendo apenas sofrer revisão no Poder Judiciário. Destaca-se o papel preventivo do CADE, pois na realidade o que é feito é a análise dos atos de concentração, tais como nas fusões, nas incorporações e nas associações empresariais. Por fim, o SEAE é um órgão consultivo, de assessoramento técnico ao CADE, vinculado ao Ministério da Fazenda, que atua na emissão de pareceres técnicos para subsidiar as decisões do CADE. É um órgão do PoderExecutivo, que acompanha a formação de preços da economia, reajustes de tarifas públicas e analisa atos de concentração excessiva em determinado segmento da economia. Atua em sintonia com as Agências Reguladoras Federais no sentido de combater regulamentações impróprias, estimulando a concorrência nos mercados. Aplicação Prática Teórica Estudo de Caso: Empresas brasileiras adotam nova estrutura corporativa (O Globo On-Line, 26/01/2016) Boas práticas de governança andam de mãos dadas com reputação, transparência e credibilidade das empresas. Elas não apenas ajudam a solidificar a imagem de uma corporação como pavimentam o caminho do crescimento estruturado, que tem a eficiência como meta principal. Em uma economia globalizada, com fluxo constante de informações, o tema ganha relevância cada vez maior no meio empresarial. A governança corporativa traduz uma cultura de responsabilidade e de visão estratégica. Além de fornecer diretrizes para o bom funcionamento da empresa " seja de capital aberto, fechado ou misto", busca o equilíbrio entre os interesses de controladores, acionistas e diretoria. É preciso alinhar condutas para o bom desempenho da companhia. No Brasil, essa cultura começou a ganhar corpo no fim dos anos 1990, ao abranger conceitos de Administração, Contabilidade, Direito, Economia e Finanças. O modelo empresarial brasileiro encontra-se num momento de transição. Em lugar de grandes oligopólios, empresas de administração exclusivamente familiar e controle acionário altamente concentrado, o país caminha para uma nova estrutura corporativa. Esse ambiente é marcado pela participação crescente de investidores institucionais, pela pulverização do controle acionário das empresas e pelo foco na transparência da gestão. O novo cenário impõe grandes desafios às empresas, que devem passar da teoria à prática. Segundo Elismar Álvares, professora da Fundação Dom Cabral (FDC), a adoção de uma política efetiva de governança tornou-se um dos requisitos básicos exigidos pelos investidores e pelas instituições do mercado, pois ajuda a reduzir os riscos da empresa e a melhorar as condições para captação de recursos e atração de investimentos. De quebra, contribui para harmonizar as relações internas de poder. "O custo do capital será muito mais baixo se a empresa agir com correção e transparência. São princípios que trazem mais segurança para qualquer investidor ou acionista. O mercado precisa conhecer o modo de atuação das companhias, incluindo o processo de tomada de decisões. Quem não trilha este caminho está arriscado a fazer um voo cego" afirma Elismar, coautora do livro "Governança Corporativa - Um modelo brasileiro" (Editora Campus/Elsevier). Segundo especialistas, não há futuro para companhias que decidem seus rumos em reuniões a portas fechadas, sem consultar sócios e investidores nem dar ciência ao público. O compartilhamento das informações é decisivo para gerenciar melhor riscos e oportunidades. Quando esses fatores revertem em uma gestão eficaz e confiável, a empresa consolida uma boa reputação perante o mercado. É a chamada criação de valor, processo determinante para a longevidade das companhias. Esse processo exige integrar a gestão de negócios a políticas de desenvolvimento sustentável, parte indissociável da governança corporativa, que descortina novas possibilidades para as empresas. "Além do retorno financeiro, é preciso buscar também o retorno do capital ambiental e social. Esse conceito deve nortear o cotidiano das empresas" alerta a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi. [...] Segundo Marina, uma empresa que incorpore preocupações socioambientais ao modelo de gestão dificilmente irá desconsiderá-las nos processos decisórios. "É preciso deixar claro o que se ganha e o que considerar com a sustentabilidade. Se essa incorporação não for feita, a empresa não terá ferramentas para calcular corretamente suas estratégias. E não há forma de governança corporativa que possa suprir essa ausência" conclui. Indagações: A partir do texto, como os órgãos de defesa da concorrência podem contribuir para melhorar a governança corporativa das empresas atendendo aos desejos de seus consumidores. Comente, com base no texto, sobre os riscos de uma concentração excessiva da produção nacional nas mãos de poucas empresas. Exemplifique sempre que possível. Pontos a serem abordados: O aluno deverá comentar a partir do texto sobre a importância da governança corporativa para melhorar a qualidade dos bens e serviços oferecidos ao consumidor. Então, explanar como os órgãos de defesa da concorrência podem ajudar no processo de implantação da governança corporativa. Comentar também sobre a estrutura de mercado brasileira ainda dominada por poucas empresas em cada setor da atividade econômica. Poderá ser consultado o site www.cade.gov.br. QUESTÕES PARA A AULA 1) No Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), a Secretaria de Acompanhamento Econômico SEAE têm função: a) de tribunal administrativo. b) de julgar processos no âmbito da defesa da concorrência. c) meramente protocolar. d) de instância superior de julgamento. e) analítica e investigativa, atuando na instrução dos processos. 2) Em relação a defesa da concorrência, NÃO consta da Constituição Federal brasileira de 1988: a) a repressão do abuso ao poder econômico. b) o combate a dominação dos mercados. c) a preservação da concorrência. d) o estímulo a formação de oligopólios. e) o combate ao aumento arbitrário dos lucros. 3) É característica da formação de Cartel na atividade econômica: a) as empresas sendo dependentes uma das outras. b) as empresas promovendo a dominação de mercado de modo geral, através da combinação de preços. c) a cooperação interna entre empresas do mesmo segmento da atividade econômica. d) a dependência histórica das empresas que atuam no mesmo segmento da atividade econômica. e) o estímulo a competição no mercado de consumo. 4) NÃO está previsto no art. 170 caput e incisos da Constituição Federal brasileira no sentido de preservar a concorrência: a) a livre iniciativa. b) a livre concorrência. c) a centralização da produção. d) a defesa do consumidor. e) o tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país.
Compartilhar