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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA PRODUÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DE DIFERENTES PLANTAS FORRAGEIRAS Amanda Brandão Cavalcante Ingrid Barbosa Batista Larissa Silva França Taíla Cristina Campos Silva Talita Conceição da Silva CRUZ DAS ALMAS, 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA PRODUÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DE DIFERENTES PLANTAS FORRAGEIRAS Trabalho realizado por discentes de Medicina Veterinária, com vistas obtenção de nota para complementar o semestre, sob orientação da professora Danielle Rebouças Santana, para a Disciplina de Pastagens e Plantas Forrageiras – curso de Bacharelado em Medicina Veterinária. CRUZ DAS ALMAS, 2018 RESUMO Combustível é qualquer substância capaz de produzir calor, gases ou chamas, sendo que os mais utilizados são os fósseis, de alto valor e produtores de gases poluentes. Os biocombustíveis, combustíveis de origem biológica não fóssil, surgiram com o objetivo de resolver esses problemas, podendo produzir energia elétrica, térmica e mecânica. Seus grandes problemas provem do balanço energético, quantidade de energia fóssil necessária para produzir uma determinada quantidade de bioenergia, e a necessidade de terras. A cana-de-açúcar é a mais utilizada no Brasil para a produção de etanol, possuindo ótimo balanço energético, devido a co-geração, e ótima produtividade por espaço. A palma é uma forrageira que pode ser utilizada para a produção de energia devido às suas propriedades de sobreviverem em condições climáticas adversas e de poder ser utilizada de outras maneiras, sendo apenas sustentável se utilizada somente para a produção de energia. O Capim-elefante possui foco de produção para biocombustíveis celulósicos em substituição aos eucaliptos de produção mais demorada. O sorgo é um biocombustível de tipo açucarado semelhante a cana-de-açúcar, mas que é pouco pesquisado para ser utilizado como biomassa. Palavras-chave: biocombustível, bioenergia, palma-forrageira, capim-elefante. SUMÁRIO Revisão de Literatura 05 Cana-de-açúcar 06 Palma 07 Capim-elefante 08 Sogro 08 Considerações Finais 10 Referências Bibliográficas 11 REVISÃO DE LITERATURA Combustível é caracterizado por ser qualquer substância que, ao reagir com o oxigênio, produz calor, gases ou chamas. Os mais utilizados são os fósseis (petróleo, carvão e gás natural). A utilização de combustíveis fósseis tem feito surgir uma série de questões ambientais como o aquecimento global, poluição atmosférica, combustível finito e de alto custo, subprodutos não renováveis. Os biocombustíveis, combustível de origem biológica não fóssil, surgiram como alternativa para diminuir os impactos ambientais e solucionar os problemas advindos do uso de combustíveis fósseis, diminuindo as emissões de gases ou partículas que são diretamente prejudiciais à saúde humana ou ao meio ambiente ou do “efeito estufa”, como o monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de enxofre e nitrogênio (URQUIAGA et al., 2005), diminuindo ainda a dependência externa de combustíveis, já que o petróleo brasileiro é refinado no exterior, sendo esta a grande influenciadora do início das buscas pelos biocombustíveis (LEITE & LEAL, 2007). As principais utilizações da biomassa como produtora de energia são através da energia térmica (carvão vegetal, lenha e resíduos agroflorestais), energia mecânica (álcool combustível e biodiesel para motores de combustão) e energia elétrica (por combustão direta, gaseificação e queima de gases). Cerca de 5% da matriz brasileira de geração de energia elétrica provém da queima de biomassa (CONAB, 2011). As propriedades intrínsecas das plantas em ter alto teor de lignina e de celulose garantem à biomassa alto poder calorífico e a possibilidade de plantas lignificadas continuarem viáveis, podendo ser colhidas tardiamente sem desperdícios. Balanço energético de biocombustível pode ser definido pela relação ente o total de energia contida no biocombustível e o total de energia fóssil investida na sua produção, incluindo-se o processo agrícola e industrial (URQUIAGA et al., 2005). Nos EUA e Europa há vários trabalhos de biocombustível com balanços negativos, como os de PIMENTEL (2001), GOVER et al. (1996). Os balanços energéticos da produção de etanol de milho e de trigo possui uma proporção de 1,1 a 1,5 (LEITE & LEAL, 2007). O espaço de terras necessário para a produção de biocombustíveis também é considerado por LEITE & LEAL (2007), concluindo que o etanol de cana-de-açúcar seja mais produtivo. Existem três tipos de biomassa: amiláceos, açucarados e celulósico. Os amiláceos são os grãos dos cereais, sendo que o milho e a cevada são as mais utilizadas. O tipo açucarado é liderado pela sacarina, no Brasil, mas também há o sorgo. Os celulósicos são a madeira e resíduos de culturais, sendo esta a menos viável a curto prazo. Existem diversas rotas para a produção de biocombustíveis, entre elas temos a obtenção de hidrocarbonetos através de óleos vegetais, e o craqueamento térmico e termocatalítico. A primeira tem como resultado resíduos inutilizáveis enquanto que a segunda permite a utilização desses resíduos de baixa pureza e custo (SUAREZ et al., 2009). As plantas mais utilizadas e que ganham destaque na produção dos biocombustíveis são a cana-de-açúcar, a mamona e a palma, mas existem outros. CANA-DE-AÇÚCAR O biodiesel vem chamando muita atenção no Brasil devido a aumentos no preço dos derivados do petróleo, diminuição das emissões de CO2, chances de captar recursos internacionais por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Acordo de Quioto (URQUIAGA et al., 2005). No processamento da cana de açúcar, há a co-geração de energia, caracterizada pela produção de uma forma de energia em mais de uma forma de energia útil (ODDONE, 2001), pois o vapor produzido pela queima do bagaço da cana é utilizado para a produção das fontes de energia necessárias para a produção do álcool, promovendo a autossuficiência das usinas. O Balanço energético das usinas produtoras de etanol costumava ser negativo antes da co-geração de energia, passando a valores extremamente satisfatórios após essa autossufiência das usinas (URQUIAGA et al., 2005). PALMA A palma é uma cactácea usada na fabricação de óleos para culinária, para a indústria farmacêutica, para a alimentação de rebanhos e para a produção dos biocombustíveis (ARAUJO et al., 2015). Suas características de possuir grande capacidade de adaptação climática, surpreendente aproveitamento hídrico e conversão de massa vegetal dez vezes maior que a da soja, tornou-se uma grande opção aos biocombustíveis. Outros benefícios como a capacidade de suportar a falta de água, altas temperaturas, solos pobres, fácil manejo no plantio, proporciona alimento e forragem para a agricultura de subsistência, estão presentes na palma forrageira (ARAUJO et al., 2015), havendo ainda grande capacidade de sequestro de carbono da atmosfera, fazendo com que a atividade seja mais agradável ainda para o meio ambiente. Sua produtividade gira em torno de 200 toneladas por hectare ao ano, possuindo exigências de irrigação semelhantes as da cana- de-açúcar, devendo ser plantada onde a cana não pode. Pode ser utilizada para a produção de energia ou para aumentar a eficiência dos campos agrícolas, são bons materiais para a geração de biogás, sejam purosou misturados com excrementos de gado bovino ou caprino (VARNERO et al., 1990), tendo ainda uma ótima produção de biomassa para a produção de energia. Para produção de alta biomassa, precisariam de muitos fertilizantes, problema que pode ser resolvido com a passagem de todo o material residual pelos biodigestores, reduzindo a quantidade de fertilizantes químicos e substituindo-os por biofertilizantes. A fermentação de resíduos pode ainda servir para produzir combustíveis baratos e reciclar elementos caros, diminuindo custos. ARAUJO et al., 2015, concluiu que a produção de palmas pode garantes sustentabilidades se a meta principal for a produção de energia, ou seja, se toda a biomassa for utilizada para a bioeletricidade. Necessita de grandes quantidades de fertilizantes iniciais e posteriormente apenas para manutenção da produção. CAPIM-ELEFANTE O capim-elefante também é uma opção para a produção de energia, e tem sido foco para a produção de combustível sólido, para produção de bioeletricidade, e de etanol de segunda geração. Seus benefícios englobam a grande produção de matéria seca produzida por hectare em menor ciclo produtivo que o eucalipto, mais cultivada para obtenção de biomassa celulósica, produz cerca de 10 a 20 toneladas ao ano a menos que o capim-elefante nas suas melhores condições, sendo[ extremamente eficiente na fixação de CO2 e na acumulação de matéria seca, melhor fluxo de caixa e possibilidade de mecanização total do cultivo (SANTOS et al., 2014). Pode ser transformado em carvão queimado ou obter energia diretamente da obtenção de calor, desde que não através de caldeiras pois podem causar danos devido as incrustações de oxalato de cálcio na superfície das caldeiras (TAVARES & SANTOS, 2013), dando um rumo diferente ao mais utilizado atualmente que é a alimentação animal. A sua inserção como fonte de energia renovável contribuiria significativamente para o agronegócio, diminuindo impactos ambientais causados pelo uso de florestas nativas. SORGO O sorgo sacarina é um biocombustível açucarado, é menos exigente em água e azoto que o milho e pode contribuir para a produção de bioetanol (LOURENÇO et al., 2007), acumulando açucares nos caules e é mais resistente a securas e a praga. Manejo e técnica similar a do milho, exceto na colheita dos caules. Os grãos e os caules podem ser utilizados na produção de etanol, sendo que os subprodutos dos grãos ainda podem ser utilizados na alimentação animal e o bagaço e caules para geração de energia (LOURENÇO et al., 2007). Apresenta os seguintes benefícios: ciclo curto de quatro meses, pode ser totalmente mecanizável, produz grãos, é útil a alimentação humana, animal, além da produção de biocombustível, bagaço serve para a co-geração de energia e possível autossuficiência das usinas, possui um balanço energético favorável, cultura boa para ser utilizada na entressafra de cana-de-açúcar, visando reforçar a produção nacional do etanol ao aumentar o período de funcionamento das destilarias (PARRELA et al., 2011). O Sorgo pode ser utilizado para a produção de biomassa, segundo pesquisa realizada por RABELO et al., em 2014. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de diversas forrageiras poderem ser utilizadas na produção de biocombustíveis, a palma possui maior foco nas pesquisas sobre o assunto, junto com o capim elefante, devido suas altas produtividades de matérias seca e captação de CO2. Sendo que a palma ainda possui a possibilidade de ser utilizada nas regiões semiárida, onde normalmente há problemas com a produção de vegetações devido as condições adversas do clima. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de Araújo, F. S., de Souza, F. M., de Araújo, A. A., Lima, E. C. S., & de Andrade Meira, F. F. D. USO DA PALMA FORRAGEIRA COMO BIOCOMBUSTÍVEL E INCENTIVO NA CAPTAÇÃO DE CO2. Dos Santos Souza, Andressa; Pedro Luma, João; Fernandes Meira, Jared & Britto, Luma. FORRAGEIRAS PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA. 2013. Rabelo, M. M., PARRELLA, R. D. C., Netto, D. A. M., SCHAFFERT, R., de SOUZA, V. F., FRANÇA, A., ... & Oliveira, M. S. (2014, October). Avaliação de sorgo biomassa visando a produção de bioenergia. In Embrapa Milho e Sorgo-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIOENERGIA, 9., 2014. São Paulo. Anais... Curitiba: Porths Eventos, 2014. Urquiaga, S., Alves, B. J. R., & Boodey, R. M. (2005). Produção de biocombustíveis A questão do balanço energético. 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D. C., Schaffert, R. E., Cota, L. V., Tardin, F. D., de MENEZES, C. B., Rodrigues, J. A. S., ... & May, A. (2011). BRS 511: variedade de sorgo sacarino para produção de etanol. Embrapa Milho e Sorgo-Comunicado Técnico (INFOTECA-E). SOARES, L. D. B., Alves, B. J. R., Urquiaga, S., & Boddey, R. M. (2009). Mitigação das emissões de gases efeito estufa pelo uso de etanol da cana-de-açúcar produzido no Brasil. Embrapa Agrobiologia-Circular Técnica (INFOTECA-E).
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