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Trabalho Biodireito A CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL

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Disciplina: Biodireito
Professor: Leonardo Rossano
Turma: DIN 92 Data: 25/04/2018 
Acadêmicos: Adailto Mendes, Brenda B. de Sá, Caetano Soares, Camila Coradini, Isadora Valente, Izabelle Coradini, Kellyn G. Menegat, Leticia M. Bittencourt, Lizandra N. Moreira, Thiago Ramos.
TEMA: 
A CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL: NEOCOLPOVULVOPLASTIA E NEOFALOPLASTIA
DEFINIÇÃO E TIPOS DE CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
	A cirurgia de redesignação sexual (também chamada, popularmente, de cirurgia de mudança de sexo) é o termo usado para os procedimentos cirúrgicos pelos quais a aparência física de uma pessoa e a função de suas características sexuais são mudadas para aquelas do sexo oposto. Cabe frisar que o termo “cirurgia de mudança de sexo” é considerado impreciso, ou mesmo equivocado, por pressupor, implicitamente, que o sexo de um indivíduo é definido exclusiva ou principalmente por sua conformação anatômico-fisiológica, relegando, portanto, a segundo plano, os aspectos psicossociais que influem na constituição sexual de um indivíduo. Para enfatizar a relevância desses últimos aspectos sobre o quesito meramente biológico, foram cunhados outros termos para nomear o referido procedimento cirúrgico, tais como: cirurgia de redesignação de gênero, cirurgia de transgenitalização, cirurgia de confirmação de gênero e, mais recentemente, cirurgia de afirmação de sexo.  
	Existem dois tipos de procedimentos cirúrgicos para fazer a adequação sexual de um indivíduo, realizados paralelamente a uma terapia hormonal: são a neocolpovulvoplastia (que transforma a genitália masculina em feminina) e a neofaloplastia (que transforma a genitália feminina em masculina).
	A neocolpovulvoplastia consiste na remoção dos testículos, com utilização da pele para a constituição dos lábios vaginais, e na construção do orifício da neovagina, quando a pele do pênis é invertida e colocada dentro do orifício, mantendo-se os corpos cavernosos, as veias e a glande, ou seja, toda a parte sensória do aparelho sexual.
	Por sua vez, a neofaloplastia é geralmente feita em três tempos cirúrgicos: retirada do útero e dos ovários; retirada da vagina e construção de um neopênis e do escroto; e, por fim, implantação de uma prótese peniana, visando a permitir a ereção do neopênis.  
OBJETIVOS DA CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
	A cirurgia de redesignação sexual não é modificadora do sexo, é, apenas e tão somente, uma cirurgia de adequação sexual, que visa a reajustar o sexo biológico ao psicológico do indivíduo e, sobretudo, visa à diminuição do sofrimento pelo qual passam os transexuais. Assim, a intervenção cirúrgica possui, nitidamente, caráter terapêutico.
PRÉ-REQUISITOS PARA REALIZAÇÃO DA CIRURGIA
	A resolução nº 1.955/2010 do CFM, em seu Artigo 4º, estabelece, com clareza, os pré-requisitos que devem ser atendidos para que um indivíduo possa se submeter a uma cirurgia de transgenitalização:
(...) a seleção dos pacientes para cirurgia de transgenitalismo obedecerá a avaliação de equipe multidisciplinar constituída por médico psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social, obedecendo os critérios a seguir definidos, após, no mínimo, dois anos de acompanhamento conjunto:
1) Diagnóstico médico de transgenitalismo;
2) Maior de 21 (vinte e um) anos;
3) Ausência de características físicas inapropriadas para a cirurgia.
	Como a idade mínima para realização da cirurgia é de 21 anos e como o acompanhamento preparatório deve ser realizado por dois anos, a idade mínima para início do tratamento hormonal e psicológico estabelece-se em 18 anos. Cabe frisar que o retrospecto da literatura médica referente ao tema aponta que a idade mais apropriada para a realização da cirurgia seria no início da quarta década de vida, uma vez que os mecanismos adaptativos do indivíduo estariam mais maduros, minimizando-se, assim, a probabilidade de arrependimento pós-operatório.
ASPECTOS PSICOLÓGICOS
	Quando nasce um menino ou menina, mesmo que tenha externamente os órgãos sexuais bem definidos, não podemos afirmar que esta criança possua uma identificação sexual, ou seja, uma identificação de gênero. Esta depende de fatores psicossociais, que vão surgindo durante o desenvolvimento infantil. 
	A consciência que se tem de ser do gênero masculino ou feminino é, portanto, adquirida e induzida pelo comportamento e pelas atitudes dos pais, dos familiares e do meio social em que se pertence, além da percepção e interiorização das experiências vividas.
PORTARIAS 457/08, 1.707/08 E 2.803/13 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
O Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde foi instituído por meio da Portaria nº 1.707/GM/MS, de 18 de agosto de 2008 e da Portaria nº 457/SAS/MS, de 19 de agosto de 2008. Estas portarias estavam pautadas na habilitação de serviços em hospitais universitários e na realização de procedimentos hospitalares.  
Considerando a grande demanda dos Movimentos Sociais LGBT pela ampliação do atendimento especializado às pessoas transexuais e travestis e pelo acolhimento sem discriminação, tanto na atenção básica quanto na atenção especializada, em 30 de julho de 2013 foi publicada a Portaria nº 859 com o objetivo de revisar a “lógica do cuidado” por meio da estruturação de uma linha de cuidado organizando a atenção à saúde desde a atenção básica à especializada, sendo esta última focada não somente no procedimento cirúrgico e hospitalar, mas também na estruturação e ampliação dos serviços de atenção ambulatorial. 
No entanto, tendo em vista a necessidade de definição de protocolos clínicos de atendimento no âmbito do processo transexualizador, foi publicada a Portaria nº 1. 579, de 31 de julho de 2013, que suspendeu os efeitos da Portaria SAS nº 859 até que fossem definidos os referidos protocolos. Em 19 novembro de 2013 foi, então, publicada a Portaria nº 2.803 que redefiniu e ampliou o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde - SUS. 
O objetivo é atender as pessoas que sofrem com a incompatibilidade de gênero, quando não há reconhecimento do próprio corpo em relação à identidade de gênero (masculino ou feminino). 
A condição transexual, em nossa sociedade, gera um intenso sofrimento ao não se reconhecerem no corpo biológico. Esta situação leva a diversos distúrbios de ordem psicológica acompanhados de tendências à automutilação e ao suicídio. A implementação do Processo Transexualizador no SUS, que regulamenta os procedimentos para a readequação sexual, se insere no contexto da Política Nacional de Saúde Integral LGBT e o desafio subsequente é a garantia do acesso a todas as pessoas que necessitam desta forma de cuidado. 
Desde 2008, o SUS oferece cirurgias e procedimentos ambulatoriais para pacientes que precisam fazer a redesignação sexual. Entre agosto de 2008 a maio de 2017, foram realizados ao todo 400 procedimentos hospitalares, incluindo as cirurgias de mudança de sexo, e 18.241 procedimentos ambulatoriais relacionados ao processo transexualizador.
PAÍSES QUE REALIZAM CIRURGIAS DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL
	Entre os países com tradição em cirurgias de redesignação sexual, estão a Tailândia, a Grã-Bretanha, o Marrocos e o Equador. No xiismo islâmico, pensadores como o aiatolá Khomeini defenderam a legalização das operações de mudança de sexo se um homem se sente mulher, uma vez que o Alcorão não diz nada contra a mudança de sexo e, de fato, essas intervenções são legais atualmente no Irã.
	No Brasil, a primeira cirurgia de adequação sexual foi realizada pelo Doutor Roberto Farina no paciente Waldir Nogueira, em 1971: 
O transexual havia sido examinado por conceituados médicos, tendo todos, por unanimidade, diagnosticado ser o interessado um transexual primário, aconselhando-o a submeter-se à cirurgia de mudança de sexo como a única terapia indicada para o caso. Realizada a cirurgia, com pleno êxito, pelo Dr. Roberto Farina, tendo ocorrido a redesignação sexualdo paciente. 
	Todavia, o procedimento cirúrgico rendeu ao cirurgião um processo criminal por lesão corporal.
	Em 1997, a cirurgia foi reconhecida pelo CFM em caráter experimental. Em 2002, a prática deixou de ser experimental. Por fim, em 2008, o Ministério da Saúde deu ao tema status de questão de saúde pública, ao assumir os custos da cirurgia de redesignação sexual para adaptação da genitália masculina para a feminina.
PROBLEMAS JURÍDICOS DECORRENTES DA REDESIGNAÇÃO SEXUAL
O direito à autodeterminação, consiste no poder que todo ser humano possui de autodeterminar-se, de decidir por si mesmo o que é melhor para si. O poder de autodeterminação corresponde a possibilidade que cada indivíduo tem no sentido da sua evolução, e da formação da sua personalidade. Esta capacidade é reconhecida pela Constituição Federal, quando há a tutela de um direito geral da personalidade. No transexual há uma busca pelo direito de exercício da sua personalidade psíquica. A intervenção cirúrgica é o meio de unir o sexo morfológico ao psíquico, e decorre do direito à autodeterminação sexual, variante do direito a personalidade
	O direito do transexual realizar a cirurgia de transgenitalização, baseia-se também no princípio da beneficência, no qual a cirurgia é realizada com o objetivo do bem geral, da saúde do indivíduo. Mesmo que a cirurgia não cure por inteiro o transexual, pois funções como a procriação este nunca mais poderá atingir, exceto por meio da adoção ou reprodução assistida, ao menos ameniza o problema por ele sofrido, conseguindo a sua inserção social.
	Os princípios da justiça e da igualdade são amplamente utilizados, porque se não há nenhum óbice ou qualquer discussão ética em torno da cirurgia em pessoas portadoras de hermafroditismo e pseudo-hermafroditismo, pois o caráter terapêutico, e a melhoria da saúde é o bem maior justificando a intervenção, não poderá existir discriminação na realização das cirurgias em transexuais, visto que faz parte de um tratamento de saúde, visando manter sua integridade psicofísica.
	Portanto, não se poderá negar o direito à saúde do transexual, direito assegurado a todos pela Constituição (art. 196), como também a tutela da dignidade humana (art. 1º, III). Não se pode vetar a felicidade do transexual, seu direito a viver na sociedade de acordo com seu sexo psíquico, por preconceito e por falta de uma legislação específica sobre o tema. O seu direito à vida, a saúde, a dignidade como pessoa humana, ao próprio corpo, à identidade sexual amplamente assegurados pela constituição é pressuposto que autoriza a cirurgia de transgenitalismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A sociedade está em constante mutação, e novas concepções para antigos fenômenos surgem a todo tempo. Com a sexualidade, não é diferente. O sexo não pode ser considerado apenas em seu aspecto anatômico-fisiológico, de acordo com a genitália externa. A noção de sexo é complexa, pois engloba diversos componentes, inclusive o psicológico. Qualquer concepção (inclusive ética e jurídica) que não leve em conta tais componentes é, por conseguinte, incompleta. 
	Nesse sentido, o transexual é uma pessoa que possui um sexo morfológico, porém, psicologicamente se identifica com o sexo oposto. Considerando-se princípios éticos como o da dignidade da pessoa humana e o da minimização do sofrimento, a cirurgia de readequação sexual mostra-se como medida eticamente justificável e, mais do que isso, imprescindível para a solução deste problema, pois, através dela, o transexual poderá viver uma vida plena. 
	Por essa razão, para acompanhar os anseios éticos que trazem os novos tempos, a legislação deve sempre buscar acompanhar as demandas relativas à reivindicação de direitos fundamentais por parte dos transexuais.

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