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Aula 2 DIREITO NO BRASIL COLONIAL

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DIREITO 
NO BRASIL COLONIAL
Primeiros conquistadores:
Portugal e Espanha 
Sistemas de dominação 
e seu formato legal
Sistema de concentração de poder na mão do monarca – saída da estrutura feudal para a formação dos Estados Monárquicos.
1500 – 1530 – Feitorias – extração do produto da terra; sistema de trocas. (ênfase mercantil nas Índias).
1530 – aumento da concorrência nas Índias (Holanda, França, Inglaterra) e primeiras demonstrações de interesse estrangeiro nas terras americanas  necessidade de um novo sistema de ocupação.
1534-1549 CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Direitos do Donatário:
posse e usufruto da capitania, 
caráter vitalício 
e hereditário (transmissível por herança para 1 único herdeiro – preferência de filhos legítimos, mais velho, preferência varões.)
Deveres do donatário:
ocupar, defender e administrar a capitania com seus próprios recursos. 
cobrar impostos para si - o controle da parte da arrecadação destinada à metrópole era feito por funcionários do rei de Portugal.
Poderes do donatário (nos limites de sua capitania)
Fundar vilas, 
exercer a justiça, 
criar cargos, 
nomear funcionários 
empregar mão-de-obra nativa. 
conceder lotes de terra (sesmarias).
Problemas do sistema de capitanias
Empreendimento pouco lucrativo
Custos do capitão e donatários
Terras de difícil penetração, com resistência do povo local;
Para a Metrópole: perda de controle, desmandos dos capitães e donatários de terra, problemas de comportamento dos habitantes.
Alteração do sistema
GOVERNOS GERAIS – 1549...
Transposição da legislação portuguesa, com as devidas adaptações – textuais ou interpretativas;
A colônia visa servir a Metrópole; precisa ser controlada, colonizada, mas com a finalidade de dar lucros ou fornecer bens.
Legislação base - Ordenações:
Afonsinas (1446)
Manuelinas (1521)
Filipinas (1603)
LEI DA BOA RAZÃO (1769) – Reformas Pombalinas
Centralização normativa, regras de interpretação: prevalência da lei pátria, utilização do D. Romano apenas subsidiariamente
Finalidade principal das leis na colônia 
Interesses econômicos da Metrópole. 
Legislação mais bem cuidada era a legislação de cunho penal (controle social) comercial e tributário, especialmente em épocas de crise econômica portuguesa ou de grande arrecadação na colônia.
Sistema patrimonial – utilização do público como se fosse privativo do governante; partilha dos interesses com a elite agrária, que apoiava o sistema – e que se beneficiava da interpretação da norma no território colonial.
Inexistência de legislação específica para os escravos, salvo para importação (1559)
SISTEMAS LEGAIS PARALELOS
Sistema formal, impositivo – português
Coexistência de sistemas paralelos 
missões jesuíticas – proibição de penas particulares (finalidade da pena era servir de exemplo), pena máxima era a pena perpétua (não havia pena de morte); penas aplicadas pelos próprios índios. Na falta de legislação, os padres tinham autorização papal para suprir;
Quilombos – estruturas baseadas no comunitarismo;
Reduções – comunidades indígenas, com base em comunitarismo solidário;
Servidão indígena e a lei
Séc. XVI – previsão legal de redução para serviços e envio para Lisboa;
Bula papal de 1452 – atacar, conquistar e submeter [...] e outros infiéis, reduzir a escravidão e apropriar-se de seus bens;
1595 – proibição do rei do cativeiro de indígenas;
1609 – reitera o conteúdo de 1595 e entrega o cuidado do índio aos jesuítas (?!?!?!);
1647 – retorno da servidão.
Tese: a Coroa mantinha-se volúvel entre Igreja e colonos, para evitar comprometer-se e desagradar uma das partes.
Amazônia como sede maior do problema.
Operadores jurídicos e 
a administração da justiça
Ouvidor geral – homem de confiança do Rei português – de sua decisão na maior parte das vezes não cabia qualquer tipo de recurso.
O crescimento da colônia pediu o alargamento do quadro de funcionários – juízes de primeira instância – ouvidores, juízes ordinários, juízes especiais. 
De segunda instância – desembargadores dos Tribunais da Relação (inicialmente Bahia e Rio).
Terceira instância – Casa de Suplicação, em Lisboa.
Tribunal da Relação da Bahia – 1652-1751
Tribunal da Relação do Rio de Janeiro – 1751
Mudança do eixo de interesses no território
TRIBUNAIS DA RELAÇÃO:
Necessidade de um corpo burocrático letrado
Formado na Metrópole - Coimbra
Ideias comuns, independente do local de nascimento
Existência de uma “carreira” para a magistratura – de juiz de fora até juiz colegiado; ascensão por indicação – não meritória ou antiguidade (influências);
Funções judicantes, administrativas e políticas;
Majoritariamente portugueses, embora a proporção de nascidos no Brasil aumente no TR Rio;
Carreira para ascensão social (pequena nobreza e funcionalismo) – restrições a comerciantes e cristãos novos.
Criada para ser burocrática, a carreira no Brasil também foi muito baseada nas relações pessoais – parentesco, amizade, apadrinhamento e suborno:
Estabelecimento do juiz em território brasileiro, formação de família ou riqueza, estabelecimento como senhor de terras, relações de compadrio, interesses políticos no novo território;
 Desinteresse em promoções funcionais.
Por que não eram afastados da função?
  Porque atendiam aos interesses da Coroa, inclusive em seu papel político e administrativo.
Existência paralela de poder judicante particular, exercido no interior por proprietários rurais:
Seu poder não era contestado (muito forte e a estrutura burocrática central era insuficiente – ninguém queria sair das cidades costeiras para exercer justiça no interior) e eram poucos os letrados no território;
Sua existência se contrapunha as políticas centralizadoras;
Os juízes municipais eram ligados à esses senhores rurais, os advogados mancomunados, os funcionários vendidos – sustentando a situação;
Ciente, a Metrópole geria a situação, mantendo seu interesse principal – produção dos bens de seu interesse, controle comercial e arrecadação de tributos.

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