Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr MÓDULO 03 – PRODUTO ESCALAR E PROJEÇÕES, PRODUTOS VETORIAL E MISTO 1. Produto Escalar e Projeções 1.1 Definição Definição: Sejam 1 1 1 T u x y z e 2 2 2 T v x y z vetores do espaço geométrico tridimensional. O produto escalar de u por v é o número real 2 1 2 1 2 1 2 1 1 1 2 2 T x u v x x y y z z x y z y u v z Observação: Na Álgebra Linear, a definição fornecida para o produto escalar é extensível a espaços n-dimensionais. De fato, sejam os vetores 1 2 T nu u u u e 1 2 T nv v v v do n . Então: 1 1 2 2 T n nu v u v u v u v u v . (*) Propriedades: Para quaisquer vetores u , v e w e qualquer valem as propriedades: a) u v v u b) u v u v u v c) u v w u v u w d) 22 2 2 1 1 1u u x y z u , ou seja, u u u e) 0 0u u u 1.2 Ângulo entre Vetores Definição: O ângulo entre os vetores não-nulos u e v , com 0 , é o ângulo formado pelos representantes dos vetores u e v construídos a partir de uma origem comum O. u v O u v lê-se “ u escalar v ” MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Existe uma relação entre o produto escalar de dois vetores e o ângulo por eles formado. Para examinar esta relação, seja o espaço geométrico bidimensional 2 . Todo vetor unitário desse espaço pode ser escrito na forma cos sen T u , como mostra a figura. Nela, é o ângulo formado entre os vetores u e 1 0 T i – vetor unitário que tem a direção do eixo Ox. O x y u i cos sen 1 Então, 1 cos sen cos 0 u i – como visto em (*). Similarmente, o produto escalar entre u e o vetor unitário 0 1 T j – com direção do eixo Oy – vale senu j . Estes resultados podem ser ampliados para dois versores quaisquer do 2 . De fato, o produto escalar entre dois vetores unitários do 2 é exatamente igual ao cosseno do ângulo formado por tais vetores. Para demonstrar este resultado, sejam os vetores unitários cos sen T a e cos sen T b , em que e são os ângulos formados entre os respectivos vetores e o eixo Ox. O x y a b Assim: cos cos sen sen cos cosa b , com a,b . Se u e v forem vetores não-unitários, então: cos u v u v u v u v . Logo, vale a expressão cosu v u v , com u,v , para quaisquer u e v . Como mencionado em (*), o raciocínio aqui descrito vale para espaços vetoriais n- dimensionais. Em especial, para o espaço geométrico tridimensional 3 , sejam os vetores 1 1 1 T u x y z e 2 2 2 T v x y z . O produto escalar entre estes vetores é determinado por: 1 2 1 2 1 2 cos com0 x x y y z z u v u v , u,v A relação entre o produto escalar e o ângulo entre vetores u e v (pertencentes a espaços geométricos bi ou tridimensionais) permite concluir que: MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Ouv é agudo 0 2 0u v Ouv é obtuso 2 0u v O u v é reto 2 0u v 1.3 Projeção Ortogonal O projua v u bv A projeção ortogonal de um vetor v na direção de um vetor não- nulo u é o vetor a paralelo ao vetor u , como mostra a figura. Assim: projua v u , com . É possível escrever o parâmetro em função dos vetores u e v . Para tanto, deve-se notar que b a v e 0b u b u . Assim, 2 0 0 0 0a v u a u v u u u v u u u v . Então, 2 u v u e, consequentemente, 2 proju u v a v u u u . O vetor projeção ortogonal projua v é também denominado componente vetorial de v ao longo de u , ao passo que o vetor b v a designa a componente vetorial de v ortogonal a u . 1.4 Exercícios propostos Esc1. Nos itens a seguir, a notação " " indica o produto escalar. Em cada um deles, existe um erro. Aponte-os. a) u v w b) u v w c) u v d) k u v Esc2. Se v ai bj ck , prove que a v i , b v j e c v k . Esc3. Sejam 2 0 1 T a , 1 2 T b e 1 T c . Calcule os parâmetros , e para que os vetores a , b e c fiquem dois a dois ortogonais. MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Esc4. Os vetores não nulos u e v são ortogonais e têm normas iguais. O vetor w é combinação linear de u e v . Sabendo-se que w u w v e que 0w , obtenha as medidas angulares entre u e w e entre v e w . Esc5. Sendo 2u e 3v , calcule u,v para que tenhamos 2u v . Esc6. Sejam 0u v . Use o produto escalar para provar que: a) u v u v se, e somente se, u e v são paralelos e de mesmo sentido. b) u v u v se, e somente se, u e v são paralelos e de mesmo sentido. Neste caso, por que empregar u v ? c) u v u v (Desigualdade de Schwarz). d) u v u v (Desigualdade de Minkowski) e) Interprete geometricamente os resultados dos itens a, b e d. Esc7. Seja ABCD um tetraedro regular de aresta unitária. Calcule AB DA . Esc8. Os lados do triângulo equilátero ABC têm medida 2. Calcule AB BC BC CA CA AB . Esc9. São dados os números reais positivos a e b e o vetor u , de norma a. Dentre os vetores de norma b, qual é o que torna máximo o produto escalar u v ? E mínimo? Quais são esses valores? Esc10. Sejam os vetores 1 3 1 T u a a e 1 1 1 T v a a , com a , e seja ang u,v . Discuta, em função do parâmetro a, quando é agudo, reto ou obtuso. Esc11. Determine as coordenadas de um vetor v tal que: 3v , 1 1 0 T v x , 1 0 1 T v y e v,Oy é obtuso. Esc12. Decompor o vetor 1 0 3 T u como soma dos vetores v e w tais que: 1 1 1 1 1 2T TS v,a ,b é l.d.,w a e w b . Esc13. Mostre que se u , v e w são vetores não nulos e ortogonais dois a dois, então S u,v,w é um conjunto l.i.. Esc14. Sabendo-se que 0u v w , 3 2u , 1 2v e 2w , calcule u v v w w u . MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Esc15. Sejam u , v e w vetores de norma unitária tais que 1 2u v v w w u . Verifique se w é combinação linear de u e v . Esc16. Sabendo-se que 2u , 3v e 45u,v , calcule o ângulo entre os vetores p e q , onde p u v e q v u . Faça um esboço representando os vetores u , v , p e q a partir de uma origem comum O. Esc17. No trapézio ABCD tem-se: 1u , 2 2v e 45u,v ; 4 2AB u DC e AD v ; M é o ponto médio de BC. Pede-se: a) Expressar p AM e q BD como combinações lineares de u e v . u v A B CD Mp q 45 b) O maior ângulo das retas AM e BD. c) Expressar como combinação linear de u e v a projeção ortogonal a de v na direção de p . d) Mostrar que este trapézio é um trapézio retângulo. r A BR S C v AC u AB 3 s Esc18. Seja ABC um triângulo equilátero com lados de comprimento 3 0 e 1 4 AR SB AB . Pede-se: a) Expressar r CR e s CS como combinações lineares de u AB e v AC ; b) Expressar r em função de ; c) Calcular o ângulo de r e s . Esc19. Seja o tetraedro OABC em que a OA , b OB , c OC e 1a b c . Os pontos R, S, P e Q são pontos de trissecção dos lados correspondentes. Pedem-se os comprimentos de p OP e r OR e o ângulo destes vetores. a bc O A B C RS PQ p r MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Esc20. Na figura os vetores 1AP u e 2AQ u são representados sobre os lados de um triângulo equilátero APQ. Pede-se: a) Construir o paralelogramo ABCD em que 13u AB u e 22v AD u . b) Desenhar no paralelogramo ABCD um representante do vetor u v . c) Calcular u v , v AC , AC e v,AC . Esc21. São dados o ponto 1 1 1R , , e os vetores 4 1 1 T RS e 3 1 2 T RT . Pede-se: a) Determinar o vetor RX , projeção ortogonal de RT na direção de RS . b) As coordenadas do ponto X. c) As coordenadas de um vetor h que dê a direção da altura do triângulo RST relativa ao vértice T. d) As coordenadas do ponto Y simétrico de T em relação à reta RS. Esc22. Sendo 2 2b a e a b , pede-se: a) Representar, a partir de uma mesma origem O, os vetores a , b , u a b e v b a . b) Determinar ang u,v . Esc23. Usando o produto escalar, prove a “Lei dos Cossenos” para um triângulo qualquer ABC: 2 2 2 2 ˆa b c bc cos A . Sugestão: Faça b AC , c AB , a BC c b , a a , b b , c c e 2a a a . Esc24. No triângulo ABC temos 2 1 2 T AB u e 3 5 1 T AC v . Pedem-se: a) A projeção ortogonal a de v na direção de u ; b) Um vetor não nulo cH que dê a direção da altura relativa ao vértice C; c) O comprimento ch da altura relativa ao vértice C; d) As coordenadas do vetor AC , em que C é o ponto simétrico de C em relação à reta suporte do lado AB. P A Q 12 u 1u Ac C B b aAˆ Ac C B b aˆA SR X T MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Esc25. O tubo mostrado na figura está sujeito à força F de intensidade 80 lb. Determine o ângulo entre F e o segmento BA do tubo e os módulos das componentes de F paralela e perpendicular a BA. Esc26. O cabo BC da figura exerce uma força de intensidade 28 N sobre o topo do mastro. Determine a projeção desta força ao longo do eixo z do mastro. Esc27. Determine as projeções das forças 1F e 2F nas direções dos cabos de suporte AB e AC, respectivamente. Esc28. Sabe-se que 2 3 1 T AB e 1 3 1 T AC . a) Verifique que A, B e C são vértices de um triângulo. b) Calcule o comprimento da altura relativa ao vértice A e a área do triângulo ABC. Esc29. Determine os vetores unitários T u x y z tais que a projeção ortogonal de u sobre k seja 2k e a medida angular entre 0 T v x b e i seja 6 radianos. Esc30. a) Mostre que, se u é unitário, então projuv v u u . b) Seja B i , j ,k uma base ortonormal. Mostre que todo vetor u é a soma de suas projeções ortogonais sobre i , j e k . MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr 2. Produto Vetorial 2.1 Introdução à orientação do espaço geométrico tridimensional A palavra orientação traz consigo uma carga de significados geométricos. Reta orientada, circunferência orientada e segmento orientado são expressões já familiares. No entanto, os conceitos de orientação de um plano e, de forma mais geral, a orientação do espaço tridimensional, são um tanto quanto contra-intuitivos. Nesta breve introdução ao assunto, os temas relevantes serão abordados de forma um tanto quanto superficial, embora seja empregado um formalismo matemático adequado. O procedimento de orientação do espaço tridimensional 3 segue três etapas: i) Escolhe-se uma base M do 3 , adotando-as como padrão; ii) São construídas duas classes de bases: as concordantes com M (ou de mesma orientação) e as discordantes de M (ou de orientação contrária), conforme a Definição 1 (à frente); iii) Opção arbitrária por uma das duas classes. Desta forma, o 3 estará orientado. Primeiramente, será estabelecido o significado geométrico da expressão orientação do espaço. O conceito em que se fundamenta esta orientação é variação de uma base. Para compreender melhor esta noção, sejam 1 2 3, ,M m m m (escolhida como padrão, conforme i) e 1 2 3, ,N n n n duas bases quaisquer do 3 e suas variações ilustradas na Figura 1. 1m 2 m 3m 1n 2n 3n 2m1 m 3m 3n 2n 1n a b Figura 1: Variações (transformações) da base M para a base N em duas situações MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaaAAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr É interessante associar três hastes telescópicas (que permitem rotação e ajuste de comprimento) fazendo as vezes de representantes dos vetores 1m , 2m e 3m e articuladas no ponto de origem. O processo de variação consiste na transformação gradual de M em N, aplicando rotações e dilatações ou contrações em 1m para obter 1n , em 2m para obter 2n e, finalmente, em 3m para obter 3n . Há uma importante diferença entre as situações (a) e (b) ilustradas na Figura 1. Em (a), nota-se que é possível transformar M em N de tal modo que, em cada etapa, os três vetores envolvidos mantenham-se l.i. (isto é, as hastes articuladas jamais ficam coplanares). No caso ilustrado em (b), em que as hastes que representam 1m , 1n , 2m e 2n repousam em um plano, ocorre o contrário: é impossível manter a independência linear dos três vetores ao longo de todo o processo de variação (em alguma etapa, as hastes ficam obrigatoriamente coplanares). Assim, aplicando um abuso de linguagem, é necessário “virar a base M do avesso” para garantir a independência linear. Esta diferença é que determina o orientação das bases, conforme a definição a seguir: Definição 1: Sejam 1 2 3, ,M m m m (escolhida como padrão, conforme i) e 1 2 3, ,N n n n duas bases quaisquer do 3 . Durante o processo de conversão de M em N: caso os vetores envolvidos mantenham-se linearmente independentes, diz-se que M e N são concordantes, ou compartilham a mesma orientação; caso contrário, ou seja, se em alguma etapa da conversão os três vetores tornem-se linearmente dependentes, diz-se que M e N são discordantes, ou possuem orientações contrárias. Fundamentando-se na Definição 1, é possível classificar todas as bases do espaço geométrico tridimensional 3 , tomando-se como padrão a base 1 2 3, ,M m m m . Para tanto, seja B o conjunto de todas as bases do 3 . Divide-se B em dois subconjuntos disjuntos 1B e 2B de tal modo que 1 2B B e 1 2B B B . Assim, 1B contém todas as bases do espaço que tem mesma orientação da base M e 2B contém todas as bases do espaço que tem orientação contrária a da base M. Observações: a) A divisão do conjunto de todas as bases do espaço tridimensional 3 em duas classes, 1B e 2B , implica em que uma base qualquer 1 2 3, ,X x x x pertence à apenas uma e somente uma dessas classes! b) A classificação das bases não depende da escolha da base inicial 1 2 3, ,M m m m . MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Após esta conceituação geométrica, faz-se necessário também estabelecer um critério algébrico para a determinação da orientação das bases do espaço 3 . Sejam as bases 1 2 3, ,M m m m e 1 2 3, ,N n n n . Uma vez que M é uma base, é possível escrever cada um dos vetores de N em função dos vetores de M. Ou seja, 1n , 2n e 3n podem ser escritos como combinações lineares de 1m , 2m e 3m . Assim: 1 11 1 12 2 13 3 1 11 12 13 1 2 21 1 22 2 23 3 2 21 22 23 2 3 31 32 33 33 31 1 32 2 33 3 A n a m a m a m n a a a m n a m a m a m n a a a m n a a a mn a m a m a m Seja a matriz A que reúne os coeficientes das combinações lineares expressas anteriormente. Demonstra-se que: i) As bases M e N possuem a mesma orientação se det 0A . ii) As bases M e N possuem orientações contrárias se det 0A . 2.2 Bases Ortogonais e Ortonormais Definição 2: Uma base 1 2 3, ,M m m m do 3 é dita ortogonal se,e somente se, os vetores 1m , 2m e 3m são dois a dois ortogonais. Definição 3: Uma base 1 2 3, ,M m m m do 3 é dita ortonormal se, e somente se: M é uma base ortogonal; os vetores 1m , 2m e 3m são unitários, ou seja, 1 2 3 1m m m . As definições 2 e 3 implicam em que a base canônica do 3 , , ,C i j k é uma base ortonormal. De fato, é comum adotar esta base como base padrão para a orientação do 3 . Diz-se que a orientação da base C é positiva, pois seus vetores obedecem à Regra da Mão Direita, razão pela qual a base canônica C é dita uma base ortonormal positiva ou dextrógira (esta regra será abordada na seção seguinte). Desta maneira, todas as bases do 3 concordantes com C são chamadas bases de orientação positiva. De forma análoga, todas as bases discordantes de C são chamadas bases de orientação negativa, ou levógiras, ou ainda sinistras (pois seus vetores obedecem à Regra da Mão Esquerda). MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr 2.3 Produto Vetorial Sejam os vetores 1 1 1 T u x y z e 2 2 2 T v x y z do espaço tridimensional 3 , escritos na base canônica ortonormal positiva , ,C i j k . Definição 4: O produto vetorial entre os vetores u e v é o vetor u v expresso por 1 1 2 2 1 2 2 1 1 1 2 1 1 2 1 2 2 1 2 1 1 2 1 2 2 1 1 1 1 2 2 1 2 2 1 2 2 2 1 1 2 2 y z y z y z y z i j k x z u v x z x z y z y z i x z x z j x y x y k x y z x z x y x y x y z x y x y Propriedades: Sejam os vetores u , v e w do 3 e os escalares e . Valem as propriedades: a) u v v u d) u v u v b) u v w u v u w e) 0 0u c) u v w u w v w f) 0u u g) 2 2 2 2 u v u v u v (Identidade de Lagrange) O produto vetorial u v é um vetor: i) Ortogonal aos vetores u e v . Este fato é facilmente verificado ao se mostrar que 0u u v e 0v u v . ii) Com sentido definido pela Regra da Mão Direita – com os dedos da mão direita procure levar o vetor u para o vetor v ; o sentido do vetor produto vetorial será dado pelo polegar. iii) Tal que senu v u v , em que ,u v . Demonstração de iii: A Identidade de Lagrange atesta que 2 2 2 2 u v u v u v . Também sabe-se que cosu v u v . Daí: 2 2 2 2 2 2 2 2 22 2 2cos 1 cos senu v u v u v u v u v Uma vez que ,u v , tem-se 0 e, consequentemente, sen 0 . Então: senu v u v . lê-se u vetorial v Notação !! MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr 2.4 Interpretação Geométrica do Produto Vetorial A área S do paralelogramo ABCD da figura é dada por S b h . A B CD h A B CD hu v Associando aos segmentos AB e AD os vetores u AB e v AD tem-se b u AB e sen senh v AD . Então, a área S do paralelogramo ABCD podeser expressa por: senS u v u v . 2.5 Exercícios propostos Vet1. Sendo 1 0 0 T u , 1 1 0 T v e 1 1 1 T w , mostre que: a) 0 0 1 T u v e 1 1 0 T v w . b) 1 1 0 T u v w e 0 0 1 T u v w . Estes cálculos são suficientes para garantir que o produto vetorial não é associativo? Por quê? Vet2. Sendo 26u , 3v e 72u v , calcular u v , sabendo que u e v formam um ângulo obtuso. Vet3. Sejam 3 2w a b a b , 2a , 3b e a b . Calcule w . Vet4. O ângulo entre os vetores a e b é 60 e suas normas são, respectivamente, 1 e 2. Sendo u a b e v a b , calcule u v . Vet5. Seja 2v r s r s , , em que 2r , 1s e 3 4r ,s rad. Pede- se calcular o valor do parâmetro para que 1v . Vet6. Um paralelogramo ABCD possui sobre suas diagonais os vetores 0 2 3 T AC e 2 4 1 T BD . Calcule a área do paralelogramo ABCD. MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Vet7. Seja o triângulo ABC em que 0 1 3 T AB e 2 0 1 T CB . Pede-se: a) Um vetor não-nulo n que dê a direção normal ao plano do triângulo ABC. b) A área do triângulo ABC. c) O comprimento h da altura do triângulo, relativa ao vértice C. d) Um vetor H que dê a direção da altura do triângulo relativa ao vértice C. Vet8. Seja o triângulo ABC, em que 1 1 0 T BA e 2 0 1 T BC . Pede-se: a) A área do triângulo. b) O comprimento Bh da altura do triângulo relativa ao vértice B. c) Um vetor BH que dê a direção da altura do triângulo relativa ao vértice B. Vet9. ABC é um triângulo e P e Q são pontos tais que 3AP AC e 3 2BQ BC . Calcule a razão entre as áreas dos triângulos BPQ e ABC. Vet10. Seja o triângulo ABC em que 1 0 T u AB m m e 3 1 1 T v AC . Pede-se: a) A área do triângulo ABC expressa em função exclusivamente do parâmetro m. b) Determinar o valor 0m de m onde a área é mínima. Qual é a área mínima? Vet11. Sejam os pontos 3 1 2A , , , 4 0 3B , , , 2 3C , ,m e 2 6D n, , dados em um sistema cartesiano Oxyz. Pede-se: a) Encontrar os valores de m e n para os quais o quadrilátero ABCD é um paralelogramo. b) A seguir, calcular a área do paralelogramo. Vet12. A máquina de radiografia ilustrada na figura é utilizada em um diagnóstico médico. Se a câmara e seu compartimento em C têm uma massa de 150 kg e um cento de massa localizado em G, determine o momento de seu peso em relação ao ponto O quando estiver na posição mostrada. MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Vet13. Determine T z a b c tal que 2 1 3 1 2 1 3 1 8 2 T T T z z . Vet14. Seja 0u . Prove: 0 e 0 0u v u v v . Em outras palavras, se v é simultaneamente paralelo e ortogonal a um vetor 0u , então 0v . Vet15. Prove: se 1z e 2z são combinações lineares de u e v , então 1 2z z é paralelo a u v . Interprete geometricamente este resultado. Vet16. Prove: 0u v w u v v w w u . Vet17. Utilize o resultado anterior e deduza a Lei dos Senos para um triângulo quaisquer. Vet18. Prove que, se u v w t e u w v t , então u t e v w são linearmente dependentes. Vet19. Prove que, se u,v é l.i. e 0w u w v , então 0w . Interprete geometricamente. 3. Produto Misto 3.1 Definição Sejam 1 1 1 T u x y z , 2 2 2 T v x y z e 3 3 3 T w x y z vetores do espaço geométrico tridimensional 3 . O número real u v w é denominado produto misto dos vetores u , v e w . Em termos de coordenadas, o produto misto é expresso por: 2 2 3 3 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 3 3 y z y z x y z x z y z x z x y u v w x y z x y z x y z x z y z x z x y x y z x y x y Importante: Sabe-se que a permutação de duas linhas em um determinante resulta na aletração do sinal deste determinante. Assim, pode-se afirmar que: u v w w u v v w u . MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr 3.2 Interpretação Geométrica do Produto Misto Antes de abordar a interpretação geométrica do produto misto, é interessante investigar um aspecto relativo aos determinantes de ordem 2. * Sejam os vetores 1 1 T u x y e 2 2 T v x y do 2 . A área do paralelogramo determinado pelos vetores u e v é dada por: 1 1 2 2 Área det x y x y . Demonstração: Como visto na figura ao lado, é possível representar os vetores u e v no espaço geométrico tridimensional. Assim, tem-se: 1 1 0 T u x y e 2 2 0 T v x y . x y z u v1x 2 x 1y 2y O A B C Neste cenário, torna-se possível determinar a área do paralelogramo OABC utilizando o produto vetorial: 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 Área 0 det 0 OABC i j k x y x y x y u v x y k k x y x y x y x y * Sejam os vetores (não-coplanares) 1 1 1 T u x y z , 2 2 2 T v x y z e 3 3 3 T w x y z 3 , como ilustra a figura. O volume do paralelípedo gerado por u , v e w é calculado a partir de: Volume Área da base altura bA h . A C BO u v w v w proj v w u Tem-se: bA v w e proj v wh u . Daí: 1 1 1 2 2 2 3 3 3 Volume proj det v w x y z u v w v w u v w u v w x y z v w x y z . MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Deste fato, conclui-se que os representantes de três vetores u , v e w – com mesmo ponto de origem – são coplanares se, e somente se, 0u v w . Como consequência, quatro pontos A, B, C e D do 3 são coplanares se 0AB AC AD . A B DAD ABCAC 3.3 Exercícios propostos Mix1. A medida angular entre os vetores unitários ue v é 30 , e o vetor w , de norma 4, é ortogonal a ambos. Sabendo que a base u,v,w é positiva, calcule u v w . Mix2. Sejam u e v dois vetores l.i. e w um vetor não nulo. Sendo u,v e u v,w , exprima u v w em função de , e das normas dos vetores. Mix3. Sejam A, B e C pontos não colineares. Exprima a distância de um ponto D ao plano ABC em função de AB , AC e AD . Mix4. Sendo 2 2 2 T AB , 0 2 1 T AC e 1 5 3 T AP , pede-se a distância d do ponto P ao plano de A, B e C. Mix5. Dados 1 1 0 T OA a , 0 1 1 T OB b e 2 1 0 T OC c , pede-se o vetor OP x tal que tenhamos simultaneamente: i) x coplanar com a b e b c ii) x seja ortogonal a a c iii) o volume do tetraedro OPBC seja igual ao dobro do volume do tetraedro OABC. Mix6. As arestas AO, OB e OC do tetraedro OABC medem, respectivamente, a, b e c, e as medidas dos ângulos ˆAOB , ˆBOC e ˆCOA , são (respectivamente) , e . Calcule o volume do tetraedro em função de a, b, c, , e . Mix7. Sejam os vetores 2 1 3 T AB , 2 0 1 T AC e 2 34 2 T AD m m , com m , pede-se o valor de m para o qual o volume do tetraedro ABCD é mínimo. Qual é o volume mínimo? MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Mix8. Sendo 1 1 1A , , , 2 0 2B , , , 3 1 2C , , e 22 1 2 3D m ,m , , pede-se: a) Expressar o volume do tetraedro ABCD em função exclusivamente do parâmetro m. b) Encontrar, caso exista, o valor 0m de m para o qual o volume V é mínimo; calcule o volume mínimo 0V . Mix9. Utilize o produto misto para verificar se os vetores coluna das matrizes A e B são l.i. ou l.d. 1 1 2 6 8 2 1 2 1 A ; 1 0 1 0 2 2 1 5 0 B Mix10. É dado o tetraedro OABC: OA a , OB b e OC c . Sendo M, N e P os pontos médios, respectivamente, de AC, AB e BC, qual é a relação entre o número OM ON OP e o volume V do tetraedro? Mix11. Seja B u,v,w uma base do 3 , pede-se mostrar que: a) se B é uma base ortonormal positiva, então 1u v w . b) se B é uma base ortonormal negativa, então 1u v w . 4. Respostas dos exercícios propostos Esc1. a) escalar u v w u k não se aplica o produto escalar entre um vetor e um escalar k b) escalar u v w k w não existe a soma entre um escalar k e um vetor c) u v k o conceito de norma não se aplica a um escalar k d) vetor k u v k w não se aplica o produto escalar entre um vetor e um escalar k Esc2. Tem-se: 2 v i ai bj ck i a i i b i j c i k a i a 2 v j ai bj ck j a i j b j j c k j b j b 2 v k ai bj ck k a i k b j k c k k c k c Outra solução: 2i v i ai proj v i v i i a v i i e assim, analogamente para b e c. MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Esc3. 1 , 5 e 2 . Esc4. 45 ou 135 Esc5. 3 138 6 4 arccos , Esc7. 1 2 AB DA Esc9. 6AB BC BC CA CA AB Esc9. max b v u a , min b v u a , maxu v ab e minu v ab Esc10. O ângulo é agudo quando 1a ou 3a ; é obtuso quando 1 3a ou; é reto quando 1a ou 3a . Esc11. 1 1 1 T v Esc12. 1 3 2 2 2 T v ; 1 3 1 2 2 T w Esc14. 13 4 u v v w w u Esc16. 7 arccos 40 60 85 , Esc17. 1 3 2 p u v e 4q u v , 121 , 1 30 5 17 a u v Esc18. 1 4 r u v , 3 4 s u v , 3 13 4 r l , 32 2, Esc19. 7 3 p r e 11 38 21 14 arccos , Esc20. a,b) A representação geométrica a seguir soluciona os itens a e b. c) 3u v ; 7v AC ; 19AC e 7 arccos 36 59 2 19 , . Esc21. a) 2 1 2 1 2 T RX ; b) 1 3 2 3 2X , , ; c) 1 3 2 5 2 T h ; d) 0 3 4Y , , . Esc22. a) Construção geométrica: b) O ângulo é tal que: 3 arc cos 5 MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Esc23. Adotando os vetores sugeridos no enunciado, tem-se: 2 22 2 22 2a a a a c b c b c c b b c b c b c b 22 2 2 22 cos 2 cosˆ ˆc b c A b a b c ab A . Esc24. 1 2 1 2 3 T a , 1 7 16 1 3 T b , 7 16 1 T Ch , 34 , 1 5 17 1 3 T''AC Esc25. 7 arccos 42 45 3 10 , ; 1 1 59lbF BA F ; 2 2 54 lbF BA F . Esc26. 1 proj 24 0 0 24 T k F F k . Esc27. 1 1proj 8 79 26 36 13 18 T AB P F , , , e 2 2proj 7 24 10 86 8 14 T AC P F , , , . Esc28. Altura relativa ao vértice A = 2; Área do triângulo ABC = 3. Esc29. 3 1 0 2 2 T u e 3 1 0 2 2 T v Vet2. 30u v Vet3. 21 2w Vet4. 2 3u v Vet5. 0 ou 1 Vet6. 38 Vet7. a) 1 6 2 T n AB CB ; b) 41 2 ; c) 41 10 h ; d) 20 3 1 TH AB CB AB . Vet8. 6 2 , 66 11 , 1 7 4 T BH Vet9. 4 Razão 9 . Vet10. a) 22 3 1 2 m m ; b) 0 1 6 m e 1 22 4 3 min . Vet11. a) 7m e 1n ; b) 6 . Vet12. 1 5 cos60 0 1764 1,2 0 1102 5 Nm 150 9 8 01 5 sen60 , M r F , ,, . Vet13. 2 0 1 T z MMóódduulloo 0033 –– PPrroodduuttoo EEssccaallaarr ee PPrroojjeeççõõeess,, PPrroodduuttooss VVeettoorriiaall ee MMiissttoo EEFFBB110022 –– GGeeoommeettrriiaa AAnnaallííttiiccaa ee ÁÁllggeebbrraa LLiinneeaarr Mix1. 2u v w Mix4. 14d . Mix5. 1 2 3 3 7 T x ou 1 2 3 3 7 T x . Mix7. 0 2m e 0 2 3 V . Mix8. a) 21 2 3 6 V m m ; b) 0 1m e 0 1 3 V . Mix9. Como det det 0TA A tem-se que o produto misto dos vetores coluna da matriz A é zero. Assim, as colunas de A são ld e, portanto, os vetores são coplanares. Já na matriz B temos det det 8 0TB B . Assim os vetores coluna da matriz B são li (não coplanares). Mix10. 3 4 OM ON OP V .
Compartilhar