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1 Aula 1 – Introdução à Metodologia Científica Meta Apresentar os conceitos básicos e expor um breve histórico sobre a metodologia científica e seus elementos fundamentais. Objetivos Após esta aula, você será capaz de: 1. distinguir os conceitos chaves relacionados à metodologia científica e sua evolução; 2. reconhecer a importância da leitura na construção do saber; 3. identificar os conceitos básicos para uma pesquisa bibliográfica e seus caminhos. Introdução Nos dias atuais, a sociedade já não se baseia nas produções agrícolas ou industriais, mas na produção do saber. A informação nunca foi tão acessível às pessoas e o seu volume tão intenso, porém o desafio tem sido filtrar e classificar esse fluxo. Compreender as ferramentas adequadas para a busca do conhecimento é parte do aprendizado acadêmico e desenvolvimento intelectual. Figura 1.1: A fluência na Era da Informação Fonte: https://www.flickr.com/photos/langwitches/5603842003/ A transmissão do saber adquirido precisa de métodos que assegurem a assimilação e o registro de conceitos e fundamentos para a evolução da informação. Dessa forma, 2 chegamos à construção da ciência através da busca constante do homem ao longo da história pelo conhecimento. Essa busca reflete a importância da pesquisa como progresso intelectual e o avanço tecnológico através da aquisição de conhecimento. A curiosidade científica provoca a arguição das leis da ciência e dos fenômenos da natureza em geral e, como resultado desse questionamento, o cientista formula as hipóteses que são submetidas às análises lógicas e à experimentação que a confirma ou rejeita (BAZZO, 2006). A pesquisa é uma ferramenta fundamental na busca de informações e conhecimento, contudo, a investigação científica necessita de métodos e técnicas normatizados. Então, a metodologia científica tem por objetivo apresentar conceitos e teorias que orientam a instrumentalização da pesquisa através dos métodos científicos, visando ao processo crítico e à elaboração de trabalhos acadêmicos. 1- A Metodologia Científica Ao aluno que acaba de ingressar no nível superior, serão apresentados diversos problemas e questões que o farão adotar uma postura crítica para pesquisar as soluções. Por isso, a metodologia científica é geralmente apresentada ao aluno no início do curso, para orientá-lo na investigação científica e na composição de estudos e trabalhos. O progresso científico decorre não só de descobertas importantes, mas principalmente do esforço sistemático para interpretar os fenômenos. O estudo deve estar fundamentado e metodologicamente estruturado em procedimentos científicos validados, com o intuito de satisfazer questionamentos e/ou esclarecer suas diretrizes, para alcançar o princípio da pesquisa. A metodologia científica refere-se à forma como funciona o conhecimento científico. Figura 1.2: O conhecimento científico com o desenvolvimento reflexivo Fonte: http://www.freeimages.com/photo/987763 3 O objetivo da disciplina de metodologia científica é favorecer e estimular a capacidade reflexiva e a produção escrita do aluno na prática da pesquisa científica. Esta disciplina, num nível aplicado, oferece o instrumental científico metodológico básico para a formação acadêmica. A metodologia científica é a disciplina que "estuda os caminhos do saber" que pretende orientar e possibilitar condições para o pesquisador iniciante utilizar procedimentos sistemáticos e racionais para obter fidedignidade dos dados, envolvendo princípios e normas que possibilitem trabalhos com resultados confiáveis. Entende-se metodologia como o estudo dos princípios e dos métodos de pesquisa (Laville e Dionne, 1999). É preciso conhecer e compreender os diversos caminhos para a construção do conhecimento para aproveitarmos os frutos da pesquisa e construirmos nossos próprios saberes. A disciplina de metodologia científica apresenta-se como um manual com o objetivo de apresentar a natureza da pesquisa científica hoje, suas práticas e reflexões metodológicas. 1.1 – A origem da Metodologia Científica A origem remota do método científico situa-se na Grécia clássica, surgindo com o nascimento da dialética, que se apresentava como método de pesquisa e busca da verdade por meio da formulação adequada de perguntas e respostas. A primeira pergunta relaciona-se à definição do tema do diálogo, ou debate. Obtida a resposta, faz-se nova pergunta com base no conteúdo da primeira resposta; assim por diante, até chegar à verdade. Os métodos gregos não sofreram grandes modificações no Ocidente até o século XVII, quando o saber científico acumulado exigiu uma revisão da metodologia. As influências das ideias humanísticas do Renascimento, que compreendiam o homem como ser criador e investigador do cosmo, se viram plasmadas no método hipotético-dedutivo, inaugurado por Galileu (ARRUDA, 2008). Início boxe multimídia Para começar a estudar e entender sobre método científico e sua história, uma boa dica é assistir ao filme sobre a vida de Galileu Galilei, que empreendeu uma verdadeira 4 revolução no pensamento científico. Ou assistir ao documentário Galileu Galilei no link: https://www.youtube.com/watch?v=LCws5J7AwIA Galuleu Galilei é conhecido como o “pai da ciência moderna”, pois ele foi um dos responsáveis principais pela revolução científica. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cc/Galileo.arp.300pix.jpg Foto: Justus Sustermans Fim Box Galileu estabeleceu um novo método para a ciência natural, ao combinar o uso da linguagem matemática na construção das teorias com o recurso aos experimentos que permitem comprovar empiricamente as hipóteses científicas. René Descartes, na obra Discours de la méthode (1637; Discurso sobre o método), questiona a certeza sobre a existência da realidade apreendida pelos sentidos. Introduziu a dúvida metódica, que consiste em duvidar de tudo o que é dado pelos sentidos, e mesmo da Matemática, o que leva à única certeza: a consciência de duvidar, que leva à consciência de existir. Então, a Metodologia Científica que conhecemos tem sua origem no pensamento de Descartes, e foi posteriormente desenvolvida empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes. Essas proposições definiram a base da pesquisa científica. O Círculo de Viena acrescentou a esses princípios a necessidade de verificação e o método indutivo (positivismo lógico). O método indutivo é aquele que parte de questões particulares até chegar a conclusões generalizadas. 5 Verbete Círculo de Viena foi o nome como ficou conhecido um grupo de filósofos que se juntou informalmente na Universidade de Viena, de 1922 a 1936, com a coordenação de Moritz Schlick. O círculo surgiu por uma necessidade de fundamentar a ciência, a partir das concepções ou acepções que a Filosofia da Ciência ganhou no século XIX. fim do verbete A estrutura metodológica da ciência moderna, apoiada na comprovação dos fenômenos por meio de leis de inspiração matemática imutáveis no tempo, sofreu um forte revés com as doutrinas evolucionistas do século XIX e as teorias quântica e relativista, no início do século XX. O século XX também testemunhou a afirmação das ciências humanas, surgidas como tais no século XIX, e sua preocupação em adquirir uma base metodológica, inspirada na Física, com o que deixaram definitivamente de ser consideradas disciplinas subordinadas (ARRUDA, 2008). Ainda no século XX, o filósofo Karl Popper,entre outros, fez a distinção entre matérias científicas e não científicas, que estabeleceu a noção de falsificabilidade como critério dedutivo de validação das teorias científicas. Karl Popper demonstrou que nem a verificação nem a indução serviam ao método científico, pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja, deve fazer uma hipótese e testá-la, não procurando provas de que ela está certa, mas de que ela está errada (HAWKING, 1988). Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são elementos essenciais do método científico, sendo os momentos de mudança de paradigmas chamados de revoluções científicas. Verbete Paradigma é a representação de um modelo ou padrão a ser seguido. Pode ser entendido também como uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas. fim do verbete Mais recentemente, a Metodologia Científica tem sido debatida pela crítica ao pensamento cartesiano elaborada pelo filósofo francês Edgar Morin. Ele propõe, no lugar da divisão do objeto de pesquisa em partes, uma visão sistêmica, do todo. Esse novo 6 paradigma é chamado Teoria da Complexidade (complexidade entendida como abraçar o todo). As noções acerca do mundo estão em constante mudança. É possível o surgimento de novas teorias e situações com base nos conhecimentos firmemente estabelecidos ou novas contestações. Por isso, a ciência admite que mesmo seus princípios gerais e seguros podem ser refutados (ARRUDA, 2008). Os métodos científicos, seus conceitos e suas características serão detalhados numa aula específica à frente. Contudo, de uma forma geral, as etapas do método científico podem ser apresentadas de forma resumida como: -Observação: análise crítica dos fatos. -Questionamento: elaboração de uma pergunta ou identificação de um problema a ser resolvido. -Formulação de hipótese: possível resposta a uma pergunta ou solução de um problema. -Realização de dedução: previsão possível baseada na hipótese. -Experimentação: teste da dedução ou novas observações para testar a dedução. Ao se realizar o experimento deve-se trabalhar com grupo de controle. -Conclusão: Etapa em que se aceita ou se rejeita uma hipótese. 1.2 – A Metodologia Científica e a Engenharia de Produção A assimilação dos conceitos da pesquisa deve ter por objetivo o desenvolvimento de um espírito crítico e observador, características pertinentes aos alunos de engenharia. A inclusão desta disciplina nos cursos de engenharia está intrínseca ao processo de globalização do conhecimento e à necessidade do aluno de engenharia dominar novas tecnologias, monitorando os avanços científicos. A engenharia busca a solução para um problema que está diretamente associado à forma como se realiza a investigação, ou seja, o método que é utilizado. Pode-se dizer que o engenheiro terá sua competência reconhecida e será remunerado por isso na medida em que, com habilidade e sensibilidade, puder transformar o conhecimento em soluções úteis 7 para a empresa e, consequentemente, para a sociedade (GUIMARÃES FILHO; PEREIRA, 2003). Figura 1.3: A engenharia e suas soluções Fonte: http://www.freeimages.com/photo/913660 A resolução CNE/CES 11, de 11 de março de 2002, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia diz em seu artigo 3º: O Curso de Graduação em Engenharia tem como perfil do formando egresso/profissional o engenheiro, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade. Para identificar e analisar as soluções utilizando os métodos adequados num mundo em constante transformação tecnológica, o profissional de engenharia precisa de conhecimentos multidisciplinares com competências técnicas. A formação desse profissional exige leitura, estudo e reflexão, um longo caminho iniciado pela introdução à pesquisa. A pesquisa científica tem sido a plataforma das ciências da engenharia para atender à demanda histórica por soluções otimizadas. Desde a revolução industrial, a organização empresarial tem evoluído em ritmo acelerado na procura de melhorias e desenvolvimento da eficiência e a eficácia do trabalho realizado em processos industriais. Dessa forma, a engenharia de produção investiga métodos e técnicas para o progresso da gestão dos meios produtivos. 8 Figura 1.4: Esfera de ação característica dos diversos profissionais nos processos decisórios Fonte: Cunha (2002) O ramo de Engenharia de Produção concentra-se na gestão dos sistemas de produção, definidos como todo conjunto de recursos organizados, de modo a obter produtos ou serviços de modo sistemático. A gestão dos sistemas de produção é realizada via utilização de métodos e técnicas que visam otimizar o emprego dos recursos existentes no próprio sistema de produção. Contudo, no mercado atual o engenheiro de produção precisa enxergar além dos métodos e dos sistemas, ele precisa integrar e motivar o capital humano na organização. A empresa na Era da Informação considera as pessoas como um ativo das organizações. Verbete O capital humano é composto pelo conhecimento, expertise, poder de inovação e habilidade dos empregados adicionados aos valores, à cultura e à filosofia da empresa. fim do verbete Início boxe multimídia Essa mudança de paradigma pode ser observada no filme Tempos Modernos, em que um operário sofre com a exigência quase escrava da indústria. O filme apresenta a necessidade de humanização da indústria e chama atenção para a necessidade de uma perspectiva mais abrangente em relação às pessoas. 9 Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/36/Modern_Times_poster.jpg Fim Box O engenheiro de produção precisa ser capaz de atuar fundamentalmente na organização das atividades de produção e estabelecer as interfaces entre as áreas que atuam diretamente sobre os sistemas técnicos, entre a área administrativa da empresa e a gestão de pessoas. Este perfil tem tornado este profissional muito procurado pelas empresas por sua capacitação híbrida gerencial-técnica (Cunha, 2002). Verbete Capacitação híbrida é uma expressão que indica a união de qualidades e de características de áreas distintas no desempenho de um único profissional. fim do verbete As propostas de aprendizagens nesse livro estão associadas às aplicações práticas em situações que envolvem os fundamentos de metodologia científica e que serão de grande importância ao longo do curso em engenharia de produção, nas diversas disciplinas. Então, propõe-se uma aprendizagem continuada baseada nos métodos científicos fundamentais em resultados, análises e conclusões. 10 2- A Leitura A pesquisa é um ato a ser internalizado através de vários caminhos e experiências. Uma das formas necessárias para essa conversão de informações e conhecimento é o desenvolvimento da leitura de forma continuada e constante. O ato de ler desperta as percepções, desenvolve as ideias, proporciona o entendimento, avança para a interpretação e culmina no nível mais complexo que é o processo crítico. Figura 1.5: A evolução através da leitura Fonte: http://zelmar.blogspot.com.br/2013/05/sociedade-ilimitada.html A leitura estrutura o ato de estudar e o ato de escrever, condições básicas para qualquer aluno que deseja o sucessono aprendizado. O hábito de ler nasce da iniciativa e da perseverança do aluno em tornar esse ato parte do seu cotidiano. A assimilação passiva não produz nenhum resultado eficaz, ou seja, o estudante precisa se convencer que sua aprendizagem é uma tarefa sobremaneira pessoal e desenvolver o hábito da leitura faz parte do amadurecimento do aluno acadêmico. A leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, o enriquecimento de vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras (Lakatos e Marconi, 2003). Para que você consiga uma leitura proveitosa é interessante que você faça o fichamento e siga algumas dicas valiosas: 11 Verbete Fichamento é retirar do texto informações essenciais utilizando marcações; o fichamento é o resumo das referências que serão consultadas ao longo do trabalho. fim do verbete Ter atenção: é necessário concentração para buscar o entendimento, a assimilação e a apreensão dos conteúdos básicos do texto. Intenção: propósito de conseguir um aproveitamento intelectual por meio da leitura. Reflexão: observar todos os ângulos e ponderar as informações, descobrir novas perspectivas e pontos de vista. A reflexão favorece o entendimento e a assimilação das ideias do autor, aprofundando, assim, nosso conhecimento. Espírito crítico: implica julgamento, comparação, aprovação ou não do texto. É a avaliação do texto. Análise: (a) divisão do tema em partes e (b) determinações das relações existentes entre elas. Síntese: tem como objetivo não perder a sequência lógica do pensamento. É a reconstituição das partes decompostas pela análise. Agora faça uma reflexão sobre a presença da leitura na sua vida...Quantos livros você já leu?...Qual foi o último livro que você leu?...Quais foram as suas impressões sobre esse livro? ...Qual foi o livro de que você mais gostou?...Quantos livros você lê por ano? Figura 1.6: A leitura é uma fonte de inspiração para ideias. Fonte: http://www.freeimages.com/photo/1439841 12 Após a análise das respostas sobre as questões de leitura, você pode desafiar a si mesmo, começar ou intensificar ainda hoje o hábito da leitura! Comece com os assuntos que você se identifica, conheça os tipos de textos (informativo, descritivo, contos, poemas, crônicas), reserve um tempo e um local para a leitura e entre em grupos de discussão na internet ou com seus amigos. Com o tempo, você vai notar que sua percepção ficará mais sensível e seu censo crítico mais apurado. A leitura contínua também irá deixá-lo mais íntimo das diversos tipos de texto, entre eles o texto científico com as suas especificações. Numa forma de sintetizar as ideias sobre a importância da leitura, Teixeira (2010) apresenta um diagrama sobre a leitura: Figura 1.7: O que é leitura Fonte: Teixeira, 2010 É interessante observar como o ato de ler pode ser desdobrado em diferentes objetivos e classificações. A leitura é mais do a simples decodificação das palavras escritas. Na verdade, a leitura possui sutilezas intrínsecas aos seus níveis inter-relacionados que podem expressar respostas a estímulos como na leitura sensorial. Internalizar as experiências do autor ou estimular lembranças e experiências pessoais como na leitura emocional; ou ainda perceber no objeto lido o que interessa ao sistema de ideias ao qual o leitor está buscando através da leitura racional. 13 Existem elementos auxiliares na identificação do texto para uma leitura adequada (Marconi e Lakatos, 2003). Título: estabelece o assunto e, às vezes, até a intenção do autor. A data de publicação: contextualiza o texto e fornece elementos para certificar-se de sua atualidade e aceitação. A “orelha” ou contracapa: local que possibilita aferir as credenciais ou qualificações do autor. Podemos identificar para qual público a obra é destinada. O índice ou sumário: apresenta todos os tópicos abordados na obra e como ele está dividido. A introdução, prefácio ou nota do autor: indica os objetivos do autor e muitas vezes a metodologia por ele empregada. A bibliografia: fornece as informações a respeito das obras consultadas. Há algumas formas de entender a leitura com suas características e objetivos. Para a disciplina de metodologia, o que nos interessa particularmente é a leitura informativa ou de estudo. Essa leitura visa à absorção mais completa do conteúdo e de todos os significados, devendo-se ler, reler, utilizar o dicionário, marcar ou sublinhar palavras ou frases-chave e fazer resumos (Marconi e Lakatos, 2003). A leitura de estudo ou informativa apresenta três objetivos predominantes (Marconi e Lakatos, 2003): certificar-se do conteúdo do texto, constatando o que o autor afirma, os dados que apresenta e as informações que oferece; correlacionar os dados coletados a partir das informações do autor com o problema em pauta; verificar a validade dessas informações. Lembre-se de que você é responsável por desenvolver as suas competências, buscando conhecimento através de estudo, leitura e escrita. Esses três atos são primordiais para o sucesso num curso acadêmico. Eles precisam de interação e profunda prática. 14 4- Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica faz parte do cotidiano de todos os estudantes e pesquisadores. Atualmente, para realizar uma pesquisa bibliográfica contamos com uma série de recursos que não existiam tempos atrás. Hoje, não precisamos consultar apenas os livros, pois há várias informações e referências na rede. Além dos livros usamos a Internet e os programas audiovisuais. Figura 1.8: O que é leitura Fonte: http://www.freeimages.com/photo/1109833 É de extrema relevância citar as fontes utilizadas para que a pesquisa tenha credibilidade e possamos obter o conhecimento. A etapa da pesquisa bibliográfica é importante para qualquer projeto de pesquisa, independente da área. Então O QUE É UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA??? É o estudo sistematizado de um determinado tema, processado em bases de dados nacionais e internacionais, que contêm artigos de revistas científicas, livros, teses e outros documentos. O primeiro passo para iniciar uma pesquisa bibliográfica é definir qual é o seu objetivo. A pergunta de pesquisa é essencial para determinar o foco da pesquisa. Não esqueça que delimitar o assunto também é igualmente importante. A pesquisa bibliográfica deve se estender a vários tipos de textos como periódicos, dissertações e teses e a coleta de documentos e contatos importantes, compondo o acervo documental, conforme o caso de objeto de estudo. 15 As pesquisas são feitas segundo contextos específicos, tais como assunto, autores, período de tempo, e combinações entre eles. Para facilitar este primeiro passo faça listas de palavras-chave com os contextos. Use palavras-chave específicas associadas ao tema pesquisado. Verbete Palavras-chave são as palavras que representam o conteúdo do artigo; resume os temas principais de um texto. fim do verbete O próximo passo é onde procurar. As bases multidisciplinares de dados bibliográficas são as mais indicadas, elas são fontes secundárias que remetem para identificação de fontes primárias. Geralmente elas armazenam grande quantidade de informação estruturada, de forma que possa ser consultada rapidamente. Verbete Fontes primárias são descritas como fontes mais próximas à origem da informaçãoou ideia em estudo. São documentos com texto completo e outros documentos que contenham o seu conteúdo na íntegra. fim do verbete De posse da pesquisa realizada nas distintas bases de dados, o passo seguinte é a leitura crítica. A principal base da pesquisa bibliográfica consiste em análise e leitura de texto. Essas fontes de informação devem ser bem utilizadas, e lembre-se de que O CONHECIMENTO PRECISA SER CONSTRUÍDO, E NÃO PODE SER COPIADO. Esta afirmação deve estar registrada na atitude do aluno do século XXI, usuário assíduo da rede eletrônica. A Internet pode ser utilizada, desde que sejam feitas as corretas referências. Lembre-se sempre de que a cópia de trabalhos (plágios), além de ser uma prática desonesta, é ilegal. Os professores Agma Traina e Caetano Traina dão algumas dicas para a seleção de artigos durante uma pesquisa bibliográfica (o texto completo está disponível em http://www.univasf.edu.br/~ricardo.aramos/comoFazerPesquisasBibliograficas.pdf): 16 Analisar um artigo é um processo pessoal de cada um, mas a regra geral é: Avalie o título. Se ele estiver dentro do que você está procurando, ou se estiver incerto, leia o resumo. Com isso, você já poderá ter uma ideia de que o artigo tem algo que lhe interessa. Se não tiver, descarte-o. Se o artigo for interessante, ou você ainda estiver incerto disso, obtenha agora o texto completo, e dê uma folheada rápida, vendo as seções, figuras e tabelas que contém. E leia as conclusões. Agora você deve ter uma ideia boa sobre o artigo ser interessante ou não. Daqueles que interessam, leia a introdução, e se suas expectativas se confirmarem, salve o arquivo, faça anotações de por que você se interessou e estude o artigo. Quando estiver acostumado com o processo, analisar um artigo não deverá tomar mais do que três ou quatro minutos, quinze minutos se você chegar a ler a introdução. Mas quando um artigo interessar, invista nele o tempo que precisar. Mas onde encontrar as fontes? Algumas organizações e/ou base de dados oferecem acervo digital e físico. Podemos iniciar pelas instituições oficiais do governo que possuem arquivos importantes que guardam uma enorme quantidade de diversos materiais, como dados estatísticos, plantas, projetos, jornais, revistas, atas e documentos oficiais. Inicialmente é recomendado que você conheça as regras de cada instituição e suas exigências na apresentação de identificação específica como, por exemplo, uma carta formal da faculdade, quando necessário. Outra base de dados importante é a biblioteca. As bibliotecas possuem livros, arquivos, revistas, catálogos, entre outros acervos com uma infinidade de temas. Atualmente, muitas bibliotecas disponibilizam esses acervos através da internet, inclusive o acervo físico disponível para possível empréstimo. 17 Podemos encontrar na rede eletrônica várias bases de dados virtuais, sites de pesquisa e sites de busca. Lembre-se de que a informação precisa ter referência fidedigna na composição de um trabalho acadêmico. Seguem alguns links úteis à pesquisa: CAPES (http://www.periodicos.capes.gov.br) - O Portal de Periódicos da Capes é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza às instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional. Ele conta atualmente com um acervo de mais de 35 mil periódicos com texto completo, 130 bases referenciais, 11 bases dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual. Web of Science – Base multidisciplinar, acesso através do Portal da CAPES. Scopus - Base multidisciplinar, acesso através do Portal da CAPES. SciELO (http://www.scielo.org) - Disponibiliza periódicos científicos da América Latina e Caribe. CNPq (www.cnpq.br) - O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tem como principais atribuições fomentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a formação de pesquisadores brasileiros. IPEA (www.ipea.gov.br) - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. IBGE (www.ibge.gov.br) – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (http://bdtd.ibict.br/) Banco de Teses da CAPES (http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses) 18 Outra dica interessante para a sua pesquisa é identificar os grupos de pesquisa/pesquisadores que atuam na área de interesse. Isso pode ser feito acompanhando as páginas pessoais desses pesquisadores, ou utilizando portais de bibliotecas digitais. Agora que você já sabe os passos iniciais de uma pesquisa bibliográfica, faça uma visita virtual e conheça o acervo digital do CECIERJ – TECA (http://teca.cecierj.edu.br/). Aproveite e faça uma pesquisa sobre o conhecimento científico. Aproveite a navegação pelo conhecimento!!!! Resumo Na nossa primeira aula, você foi apresentado aos conceitos fundamentais da pesquisa científica e como ela tem grande importância para a construção do conhecimento, principalmente para a Engenharia. Aprendeu sobre os conceitos da disciplina de metodologia científica, sua evolução histórica e o emprego de suas diretrizes na engenharia de produção. Também foi destacada a importância da leitura para o melhor aproveitamento da disciplina, assim como o hábito de ler interfere em sua formação no curso acadêmico para a reflexão crítica, o estudo e a escrita. A leitura possui elementos auxiliares e objetivos predominantes. A aula foi concluída com as orientações sobre os conceitos e procedimentos de uma pesquisa bibliográfica que será usada ao longo de todo o curso. A pesquisa bibliográfica é o primeiro passo para qualquer pesquisa com um tema definido. Ela deve ser iniciada com a definição do objetivo, seguida da realização da busca em fontes primárias e finalizada com a análise crítica do material pesquisado. Fim resumo Informações sobre a próxima aula Na Aula 2, serão introduzidos os conceitos da ciência, seu papel na sociedade, os tipos de conhecimentos. Nas demais aulas, serão incluídos os novos métodos e as técnicas usadas na estruturação de um texto científico, assim como as normas em vigor. Referências Bibliográficas ARRUDA, G. C. D. Metodologia científica. 1ª ed., Curitiba: Camões, 2008. BAZZO, W.A.; PEREIRA, L.T. do V. Introdução à Engenharia: conceitos, ferramentas e comportamentos. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006, 270p. 19 Cervo, A.L.; Bervian, P.A. Metodologia Científica. 5ª ed, Prentice Hall, 2002. CNE. Resolução CNE/CES 11/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de abril de 2002. Seção 1, p. 32. CUNHA, G. D. Um Panorama da Engenharia de Produção. Porto Alegre, 2002, disponível no site da ABEPRO, < www.abepro.org.br >. Acesso em 06/03/2014. GUIMARÃES FILHO, A.B.F; PEREIRA, T.R.D.S. Confecção de modelos em miniatura no processo de ensino-aprendizagem no Curso de Engenharia de Produção Civil da UNEB. In: XXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2003, Ouro Preto. CD Room. Ouro Preto, BH: UFOP, 2003. HAWKING, Stephen. Uma breve história do tempo. Lisboa: Gradiva, 1988. Rio de Janeiro: Rocco, 1988. Laville, C.; Dionne, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. V. Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed., São Paulo: Editora Atlas, 2003. SALOMON, J.J. Ciencia y política. México, DF:Siglo XXI, 1974. Teixeira, E. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. 7ª ed. Rio de Janeiro, Vozes, 2010. TRAINA, Agma Juci Machado; TRAINA JR., Caetano. Como fazer uma pesquisa bibliográfica. SBC Horizontes, v. 2, n. 2, p. 30-35, ago. 2009. Disponível em: <http://www.univasf.edu.br/~ricardo.aramos/comoFazerPesquisasBibliograficas.pdf>. Acesso: 08 março. 2014.
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