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Revogação de Medida Cautelar em Processo Criminal

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ
CONSULTA DE PROCESSOS DO 1º GRAU
Nº Processo: 0012412-30.2018.8.14.0401
28/06/2018Data da Distribuição:
DADOS DO PROCESSO
Vara:
Instância:
8ª VARA CRIMINAL DE BELEM
1º GRAU
Gabinete: GABINETE DA 8ª VARA CRIMINAL DE BELEM
DADOS DO DOCUMENTO
Nº do Documento: 2018.02972357-04
Comarca: BELÉM
Vistos, etc.
O advogado dos réus MARCELO DA CONCEIÇÃO LUCENA MACIEL, BRUNO HENRIQUE LOPES DE OLIVEIRA e ROMULO
LOPES SENA ingressa com pleito de REVOGAÇÃO DA MEDIDA CAUTELAR PREVENTIVA/SUBSTITUIÇÃO POR OUTRAS
MEDIDAS CAUTELARES DIVERASAS DA PRISÃO, argumentando, em síntese, que a prisão é desnecessária, arguindo que os
denunciados não apresentam risco à ordem pública, à instrução criminal e para a aplicação da lei, fazendo ênfase a presunção de
inocência, argumentando que não bastam para decretação da cautelar com a finalidade d garantia as ordem pública ilações abstratas
sobre a possibilidade de que venha o a delinquir, bem como menciona sobre atributos pessoais do acusado, tais como: ter família
constituída, ser primário, etc..., asseverando que apresenta ele os pressupostos para substituição da cautelar segregativa por outras
medidas diversas da prisão, previstas no artigo 319, do CPP.
A representante do Ministério Público, manifestando-se sobre o pleito formulado pelo advogado dos réus, opinou pelo seu
indeferimento, fazendo menção aos requisitos necessários para decretação da medida cautelar, arguindo, em resumo, a presença do
fumus comissi delicti e do periculum libertatis, referindo que resta demonstrado nos autos a gravidade concreta do delito, seja pelo
modus operandi seja pelas condições subjetivas dos agentes e que resta comprovada, de forma satisfatória, a necessidade de
acautelamento dos pleiteantes em face dos requisitos objetivos e subjetivos autorizadores de sua manutenção.
Passo a análise:
A exordial acusatória, embasada na peça vestibular de inquérito policial, relata que os denunciados, portando um simulacro de arma
de fogo, produziram grave ameaça e anunciaram assalto, subtraindo bens e valores de pessoas que se encontravam em um carro
lanche.
Ao estudo do constante dos autos, concluo que embora tenham produzido grave ameaça para a prática do delito, esta ameaça foi
efetuada com um simulacro de arma de fogo, não tendo havido atos de violência contra o corpo das vítimas, apenas imposição de
voz, sendo que os réus não apresentam antecedentes criminais e não há nos autos prova cabal de alta periculosidade, a merecer
que a cautelar preventiva venha a ser mantida.
Em que pese se tratar de assalto com qualificadora do concurso de pessoas, não vieram até o momento aos autos elementos ou
indícios que levem ao entendimento que a liberdade dos denunciados acarretará risco à colheita de provas, à ordem pública ou para
a aplicação da lei, apresentando-se elementos que demonstram ser plenamente viável a substituição da medida cautelar preventiva
por outras medidas diversas da prisão, contidas no artigo 319, do CPP.
Embora se trate de assalto, crime considerado grave, não há indicativos de que os réus, se em liberdade, voltarão a reiterar conduta
criminosa, obstruirão provas ou prejudicarão a aplicação da lei.
Portanto, o modus operandi não indica fato de alta gravidade que espelhe periculosidade dos agentes ao ponto de indicar que os
colocar em liberdade acarretará prejuízos à sociedade, à colheita de provas ou a futura aplicação d lei penal e que a segregação seja
necessária,
Conforme preceito esculpido no artigo 282, do CPP, as medidas cautelares previstas no Título IX, da lei adjetiva Penal somente
deverão ser aplicadas quando houver necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e nos
casos expressamente previstos para evitar a prática de infrações penais, devendo ser observada a adequação da medida à
gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
O artigo 312, do CPP, por sua vez, elenca as hipóteses que autorizam a prisão preventiva, sendo estas: garantia da ordem pública;
da ordem econômica; para conveniência da instrução criminal e para a aplicação da lei penal, o que no presente caso não se torna
CONTEÚDO
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extremamente necessária.
Assim, não resta demonstrado os pressupostos para mantença da cautelar preventiva, contidos no artigo 312, do CPP, sendo
plenamente possível a substituição da Medida Cautelar Extrema por outras medidas diversas da prisão.
Portanto, REVOGO A CUSTÓDIA CAUTELAR PREVENTIVA DOS RÉUS MARCELO DA CONCEIÇÃO LUCENA MACIEL, BRUNO
HENRIQUE LOPES DE OLIVEIRA e ROMULO LOPES SENA, PROCEDENDO A SUBSTITUIÇÃO PELAS SEGUINTES MEDIDAS
CAUTELARES PROVISÓRIAS;
a) comparecimento mensal e obrigatório a Juízo para apresentar e justificar suas atividades, com assinatura de frequência;
b) comunicar ao Juízo qualquer mudança de endereço residencial;
c) não se ausentar do distrito da culpa quando a presença for exigida ou necessária;
d) requerer, sempre que precisar se ausentar desta Comarca para Comarca longínqua da área metropolitana e por tempo superior a
20 vinte dias, autorização para que assim possa fazê-lo, ouvido o RMP;
e) não praticar qualquer ato que seja reputado como crime ou contravenção, pelo qual venha a ser processado, sob pena de
revogação do benefício;
f) monitoramento eletrônico;
g) assinar termo de compromisso perante este Juízo, devendo, para tanto, comparecer a esta 8ª. Vara Criminal no primeiro dia útil
após sua liberação e no horário de expediente.
O não cumprimento de qualquer das imposições supra acarretará revogação do benefício e Decretação novamente da cautelar
segregativa.
Expeça-se os respectivos Alvarás de soltura para que sejam postos incontinenti em liberdade, se por outro fato não estiverem presos.
Intimem-se. Cumpra-se integralmente com deliberações anteriores
Belém, 24 de julho de 2018.
Dr. Jorge Luiz Lisboa Sanches
Juiz de Direito Titular da 8ª. Vara Criminal
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