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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER TRABALHO DE PSICOLOGIA JURIDICA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA [...] toda e qualquer forma de agressão ocorrida no espaço de convívio permanente de pessoas com ou sem vínculo familiar, sendo a mulher a maior vítima por conta de uma cultura patriarcal reproduzida pela sociedade onde o homem é considerado um ser superior, por sua virilidade, coragem, agressividade e principalmente por ser considerado o provedor do lar, logo a mulher é considerado um ser frágil, estando sempre associado aos afazeres domésticos e a educação dos filhos (GOMES et al., 2007). MAS, AFINAL QUAL A CAUSA MAIS FREQUENTE DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA ATUALIDADE? • A causa da constante violência contra a mulher está ligada às concepções machistas e patriarcais, a desigualdade de gênero, ao ciúme e a posse da mulher como se fosse um objeto de propriedade do homem e a emancipação da mulher moderna. Por outro lado, está também diretamente ligada à impunidade existente na sociedade em que vivemos, a falta de divulgação das delegacias da mulher nos municípios, a falta de ações que coíbem o infrator de responsabilidade fora do flagrante, deixando a vítima com medo de agir de forma latente, impossibilitando denúncias e afins. RELACIONAMENTO ABUSIVO • O relacionamento pode ser abusivo de inúmeras formas, e o que mais importa é o sentimento da vítima: se você tem medo da pessoa com quem se relaciona, se você evita dizer ou fazer certas coisas com medo da repercussão, ou sente que está presa numa situação sem saída, o relacionamento é abusivo, e o melhor a fazer é sair. Infelizmente, sair de um relacionamento abusivo não é fácil RELAÇÕES ABUSIVAS – QUEBRANDO O TABU MARIA DA PENHA • Maria da Penha Maia Fernandes é uma farmacêutica brasileira que, no ano de 1983, sofreu severas agressões de seu marido, o professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia Viveros. Em duas ocasiões, Marco tentou matar Maria. Na primeira, com um tiro de espingarda, deixou-a paraplégica. Depois de passar quatro meses no hospital, Maria voltou pra casa, ocasião em que Marcos tentou eletrocutá-la durante seu banho. • Escreveu um livro em 1994 retratando as agressões sofridas; alguns anos depois, conseguiu contato com duas organizações – Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e Comitê Latino Americano do Caribe para a Defesa dos direitos da Mulher (CLADEM) – que a ajudaram a levar seu caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1998. • No ano de 2001, o Estado brasileiro foi condenado pela Comissão por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres. Foi recomendada a finalização do processo penal do agressor de Maria da Penha (que ocorreria finalmente no ano de 2002); a realização de investigações sobre as irregularidades e atrasos no processo; reparação simbólica e material à vitima pela falha do Estado em oferecer um recurso adequado para a vítima; e a adoção de políticas públicas voltadas à prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher. POR QUE A LEI MARIA DA PENHA FOI CRIADA? • O caso de Maria da Penha não foi uma exceção. Na verdade, ele apenas deixou clarividente para o Brasil e para o mundo um problema grave da justiça brasileira: a sistemática conivência com crimes de violência doméstica e a falta de instrumentos legais que possibilitassem a rápida apuração e punição desses crimes, bem como a proteção imediata das vítimas. • Antes da Lei Maria da Penha, os casos de violência doméstica eram julgados em juizados especiais criminais, responsáveis pelo julgamento de crimes considerados de menor potencial ofensivo. Isso levava ao massivo arquivamento de processos de violência doméstica, conforme levantado pela jurista Carmen Hein de Campos. Na falta de instrumentos efetivos para denúncia e apuração de crimes de violência doméstica, muitas mulheres tinham medo de denunciar seus agressores. Pelo menos três fatores colaboravam para isso: 1) dependência financeira do agressor; 2) muitas vítimas não têm para onde ir, por isso preferiam não denunciar seus agressores por medo de sofrer represálias piores ao fazer a denúncia; e 3) as autoridades policiais muitas vezes eram coniventes com esse tipo de crime. Mesmo em casos em que a violência era comprovada, como foi no caso de Maria da Penha, eram grandes as chances de que o agressor saísse impune. O QUE MUDOU COM A LEI? 1) Competência para julgar crimes de violência doméstica • Antes: crimes eram julgados por juizados especiais criminais, conforme a Lei 9.099/95, onde são julgados crimes de menor potencial ofensivo. • Depois: com a nova lei, essa competência foi deslocada para os novos juizados especializados de violência doméstica e familiar contra a mulher. Esses juizados também são mais abrangentes em sua atuação, cuidando também de questões cíveis (divórcio, pensão, guarda dos filhos, etc). Antes da Maria da Penha, essas questões deveriam ser tratados em separado na Vara da Família. 2) Detenção do suspeito de agressão • Antes: não havia previsão de decretação de prisão preventiva ou flagrante do agressor. • Depois: com a alteração do parágrafo 9o do artigo 129 do Código Penal, passa a existir essa possibilidade, de acordo com os riscos que a mulher corre. 3) Agravante de pena • Antes: violência doméstica não era agravante de pena. • Depois: o Código Penal passa a prever esse tipo de violência como agravante. 4) Desistência da denúncia • Antes: a mulher podia desistir da denúncia ainda na delegacia. • Depois: a mulher só pode desistir da denúncia perante o juiz. 5) Penas • Antes: agressores podiam ser punidos com penas como multas e doação de cestas básicas. • Depois: essas penas passaram a ser proibidas no caso de violência doméstica. 6) Medidas de urgência • Antes: como não havia instrumentos para afastar imediatamente a vítima do convívio do agressor, muitas mulheres que denunciavam seus companheiros por agressões ficavam à mercê de novas ameaças e agressões de seus maridos, que não raro dissuadiam as vítimas de continuar o processo. • Depois: o juiz pode obrigar o suspeito de agressão a se afastar da casa da vítima, além de ser proibido de manter contato com a vítima e seus familiares, se julgar que isso seja necessário. 7) Medidas de assistência • Antes: muitas mulheres vítimas de violência doméstica são dependentes de seus companheiros. Não havia previsão de assistência de mulheres nessa situação. • Depois: o juiz pode determinar a inclusão de mulheres dependentes de seus agressores em programas de assistência governamentais, tais como o Bolsa Família, além de obrigar o agressor à prestação de alimentos da vítima. 8) Outras determinações da Lei 11.340 • Além das mudanças citadas acima, podem ser citadas outras medidas importantes: 1) a mulher vítima de violência doméstica tem direito a serviços de contracepção de emergência, além de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST’s); 2) a vítima deve ser informada do andamento do processo e do ingresso e saída da prisão do agressor; 3) o agressor pode ser obrigado a comparecer a programas de recuperação e reeducação. INDICES A LEI MARIA DA PENHA • A Lei nº 11.340 objetiva orientar as práticas a favor da mulher e orientar de forma clara a população, sancionada em 7 de agosto de 2006 estabelece que é crime e que deve ser punida, foi ampliada com uma punição de até três anos de cadeia. Crimes esses, que devem ser julgados nos Juizados Especializados de Violência Doméstica contra a Mulher ou nas cidades em que não existem essas varas, deverão ser julgados na vara criminal. • A mulher violentada deve procurar a Delegacia de Defesa da Mulher (DEAM), deve prestar queixa por meio de um boletim de ocorrência (BO), onde contém todasas informações sobre o ocorrido e que visam orientar o policial, qual a tipicidade penal e como proceder nas investigações. É importante que a mulher denuncie a violência para que o crime não passe impune e que encoraje outras vítimas que sofram dessas humilhações, torturas e das marcas físicas deixadas. FORMAS DE AGRESSÃO • A lei Maria da Penha define cinco formas de agressão, presente no Art. 7° da Lei 11.340 (2006, [n.p.]), como violência doméstica e familiar: • Violência física: ofender a integridade ou saúde corporal – bater, chutar, queimar, cortar, mutilar; • Violência moral: ofender com calúnias, insultos ou difamação – lançar opiniões contra a reputação moral, criticas mentirosas e xingamentos; • Violência psicológica: causar dano emocional, diminuir a autoestima, prejudicar e perturbar o pleno desenvolvimento social, controlar os comportamentos, ações, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação e isolamento, tirar a liberdade de pensamento e de ação; • Violência patrimonial: reter, subtrair, destruir parcial ou totalmente objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos; • Violência sexual: presenciar, manter ou obrigar a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força, que induza a mulher a comercializar ou utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade. A LEI ASSEGURA A lei assegura as vítimas apoio como ajuda psicologia e social encontrada no Centro de referência e Assistência Social (CRAS), programas no qual a mulher deve solicitar ao juizado ou Ministério público como: Programas de Assistência e de inclusão Social dos governos federal, estadual e municipal e tem-se, também, os programas de Qualificação profissional e inserção no Mercado de Trabalho. A lei Maria da Penha foi um marco de grande relevância para uma luta igualitária entre homens e mulheres, uma luta para a liberdade e a justiça considerado pela sociedade “sexo frágil” que na verdade, muitas vezes foi vítima de graves lesões e ameaças e tornou-se frágil para tal agressor. • A lei Maria da Penha tem o intuito de proteger a mulher, sendo assim não vale somente para pessoas casadas ou as que têm um vínculo como namoro ou noivado, a lei se enquadra até após o fim do relacionamento o que vale, também, para casais formados por duas mulheres. • A vítima violentada não deve temer a perda da guarda dos filhos ou/e a perda patrimonial, pois a lei assegura a ela a guarda dos filhos assim como a pensão alimentícia e ela não perderá seus bens. REFERÊNCIAS CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Lei Maria da Penha. CNJ, Brasília, [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 18 mai. 2018. LEI MARIA DA PENHA. Lei nº11.340 de 7 de agosto de 2006. Brasília: Presidência da República, 2006. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm>.Acesso em: 18 mai. 2018 • JACOBUCCI, Patrícia G.; CABRAL, Maria Aparecida A. Depressão e Traços de Personalidade em Mulheres Vítimas de Violência Doméstica. Revista Brasileira de Psiquiatria. v. 26, n. 3, São Paulo, 2004. • LIMA, F. R. de; SANTOS, C. (Coord.). Violência Doméstica; Vulnerabilidades e Desafios na Intervenção Criminal e Multidisciplinar. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. • LIMA, Paulo M. F. O Homicídio Privilegiado e a Violência Doméstica. São Paulo: Atlas, 2009. • MISAKA, Marcelo. Yukio. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher em Busca do seu Conceito. Juris Plenum. Doutrina, Jurisprudência, Legislação, n. 13. Caxias do sul, 2007.
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