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O CONTRATO DE COMPRA E VENDA: A BOA FÉ OBJETIVA E OS DEVERES LATERAIS

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ESCOLA PAULISTA DA MAGISTRATURA
 JOSÉ ROBERTO GIRADI
O CONTRATO DE COMPRA E VENDA: A BOA FÉ OBJETIVA E OS DEVERES LATERAIS
São Paulo/SP 
2018�
O CONTRATO DE COMPRA E VENDA: A BOA FÉ OBJETIVA E OS DEVERES LATERAIS 
Monografia apresentada à Escola Paulista da Magistratura, como exigência parcial para aprovação no Curso de Pós-Graduação ‘Lato Sensu’ – Especialização em Direito Civil; nome do orientador; local (cidade) da instituição onde será apresentado o trabalho e ano de entrega.
Orientadora: Profª. Ana Rita de Figueiredo Nery 
São Paulo/SP 
2018�
RESUMO
O presente estudo abordará os contratos de compra e venda e a boa-fé, delimitando-se no princípio da boa-fé objetiva. A relevância do estudo se dá por dar ênfase ao negócio jurídico om base no artigo 422 do Código Civil Brasileiro. Objetiva-se aplicabilidade do Princípio da boa-fé e seus deveres laterais nas relações contratuais com base no disposto do artigo 422 do Código Civil Brasileiro. Adentrar-se-á num breve histórico, verificando os conceitos contratuais da teoria geral do contrato e seus princípios, o contrato de compra e venda, os deveres laterais no que tange aos contratos, a boa-fé e os deveres laterais a violação positiva do contrato, finalizando com a Jurisprudência e a Doutrina acerca do assunto desenvolvido. Quanto à metodologia, usar-se-á a pesquisa bibliográfica. O estudo levou a conclusão que há preocupação dos legisladores na aplicabilidade do Princípio da boa-fé e seus deveres laterais nas relações contratuais.
Palavras-chave: Boa-fé objetiva; Princípios; Contrato.
�
ABSTRACT
The present study will deal with sales contracts and good faith, delimiting on the principle of objective good faith. The relevance of the study is given by emphasizing the legal business based on article 422 of the Brazilian Civil Code. The principle of good faith and its lateral duties are applied in contractual relations based on the provisions of article 422 of the Brazilian Civil Code. It will be a brief history, checking the contractual concepts of the general theory of the contract and its principles, the contract of purchase and sale, the lateral duties with regard to the contracts, the good faith and the lateral duties to the positive violation of the contract, finalizing with Jurisprudence and Doctrine on the subject developed. As for the methodology, bibliographic research will be used. The study has led to the conclusion that there is concern by lawmakers in the applicability of the Principle of Good Faith and its lateral duties in contractual relations.
Keywords: Objective good Faith; Principles; Contract.
�
SUMÁRIO
71.	INTRODUÇÃO	�
92. REVISÃO BIBLIOGRAFICA	�
9CAPÍTULO 1 O CONTRATO DE COMPRA E VENDA 	�
91.1	Breve histórico	�
101.2 Objeto	�
111.3 Aspectos conceituais	�
151.4 Deveres Laterais e os Contratos de Compra e Venda	�
1.419.1 Modalidade das cláusulas abusivas	�
241.4.2 Contrato no Direito Comparado	�
26CAPÍTULO 2 O CONTRATO E SEUS PRINCÍPIOS 	�
262.1. Princípios gerais dos contratos	�
282.2 Princípios aplicáveis à proteção contratual	�
302.3 Princípios fundamentais do direito contratual	�
312.3.1 Autonomia da Vontade	�
322.3.2 Relatividade das convenções	�
322.3.3 Força Obrigatória das cláusulas contratuais	�
34CAPÍTULO 3 A BOA-FÉ OBJETIVA	�
403.1 Da Violação positiva do contrato e seus efeitos	�
42CAPÍTULO 4 JURISPRUDÊNCIA E DOUTRINA	�
49CONCLUSÃO	�
52REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS	�
57ANEXO 1	�
57Apelação Cível TJRS	�
57Acórdão	�
58Relatório	�
58Votos	�
��
INTRODUÇÃO
Apresentar-se-á com este estudo os contratos de compra e venda e a boa-fé, delimitando-se no princípio da boa-fé objetiva.
O tema em estudo se torna importante por poder adentrar no contrato de compra e venda no que tange à boa-fé objetiva e, respectivamente, aos deveres laterais, os quais advêm daquela, a qual influencia de modo direto na eficácia dos negócios jurídicos. A conduta que trata sobre a relação contratual é tipificada no artigo 422 do Código Civil Brasileiro - CCB�, no qual se enfatiza, outrossim, a boa-fé. Tratando-se sobre boa-fé, tem-se a boa-fé objetiva e a subjetiva, tratar-se-á neste estudo a boa-fé objetiva que possui função interpretativa, controladora e integrativa, devendo ser respeitadas ambas as partes, tanto na negociação quanto na parte pós-contratual. 
Quanto às estratégias metodológicas que foram utilizadas para o alcance dos objetivos desta pesquisa, foram baseadas em Sylvia M. Roesch�, que usa a pesquisa bibliográfica, sendo um estudo sistematizado com base em material publicado em livros, artigos, redes eletrônicas. Buscou-se respaldo na Constituição Federal de 1988.� 
Apresentar-se-á, outrossim, detalhes, discussões e o contexto jurídico-político sobre o artigo 422 do Código Civil Brasileiro�. Utilizar-se-á, ainda, a doutrina e jurisprudência pertinentes ao assunto. O método utilizado foi o hipotético-dedutivo e a técnica aplicada foi o levantamento bibliográfico, como leitura analítica, fichamento, análise comparativa e interpretação das normas.
O presente estudo aborda os contratos de compra e venda e a boa-fé, sendo delimitado no princípio da boa-fé aplicada aos precitados contratos.
A discussão do tema é relevante para o aprofundamento sobre a influência da boa-fé bem como os deveres laterais nos contratos, mostrando a observância de tais deveres na esfera contratual, uma vez que influem sobremaneira nos negócios jurídicos, em especial na validade e eficácia dos contratos celebrados.
O Código Civil Brasileiro, em seu artigo 422, descreve a conduta a ser respeitada na relação contratual, enfatizando a boa-fé. Sabe-se que, oriundos da boa-fé, em que pese a ausência de expressa previsão legal, os deveres laterais também hão que ser observados.
Nesse diapasão, inevitável o surgimento da seguinte questão: qual é a função do princípio da boa-fé e dos deveres laterais frente aos contratos?
Na prática, no que diz respeito ao contrato, agir com boa-fé é entender que as partes estão obrigadas a agir com honestidade e lealdade desde o início das negociações até a fase pós-contratual.
Objetiva-se com este estudo analisar a aplicabilidade do Princípio da boa-fé e seus deveres laterais nas relações contratuais com base no disposto do artigo 422 do Código Civil Brasileiro�. Especificamente: Abordar a evolução histórica do contrato e negócio jurídico; Identificar os conceitos contratuais que regem a teoria geral do contrato; Mostrar os princípios contratuais que regem a teoria geral do contrato.
Assim, o estudo tem como premissa analisar como se aplica nesta situação o Princípio da boa-fé objetiva e seus deveres laterais com base no citado artigo 422 do CCB, adentrando-se brevemente na parte histórica do contrato e negócio jurídico, identificando os conceitos contratuais da teoria geral do contrato e seus princípios, mostrando, logo após, o contrato de compra e venda e as suas peculiaridades, seguido dos deveres laterais no que tange aos sobreditos contratos. Seguindo as prerrogativas do estudo falar-se-á sobre a boa-fé e os deveres laterais e a violação positiva do contrato e seus efeitos e por fim será mostrada a Jurisprudência e a Doutrina acerca do assunto desenvolvido.�
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
CAPÍTULO 1 O CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
Breve histórico
A proteção ao consumidor é uma preocupação antiga, desde o século XVIII a.C., na Babilônia Antiga, existia o Código de Hamurabi, que continha regras para tratar questões de cunho patrimoniais, assuntos relativos ao preço, qualidade e quantidade de produtos.� 
Neste antigo Código certas regras já tinham como visão a proteção nas relações de consumo, rezava-se que na Lei nº 233 “o arquiteto que viesse a construir uma residência, na qual a parede revelasse alguma deficiência teria a obrigação de reconstruí-las ou consolidá-las às suas próprias custas”.Caso houvesse que reparar danos causados ao empreitador, haveria de sofrer punição (morte) e se houvesse ainda no mencionado o desabamento vitimando o chefe de família; caso morresse o filho do dono da obra, pena de morte para o respectivo parente do empreiteiro, e assim por diante. Da mesma forma o cirurgião que operasse alguém com bisturi de bronze e lhe causasse a morte por imperícia: indenização cabal e pena capital. Consoante a Lei nº 235 o construtor de barcos estava obrigado a refazê-lo em caso de defeito estrutural, dentro do prazo de até um ano [...].�
Tendo sua origem na prática da troca, a compra e venda é o mais usual de todos os contratos. Com o aparecimento da moeda passou-se a trocar coisa por dinheiro. Na compra e venda, há geração de direitos pessoais às partes, efeitos de cunho obrigacional�. 
1.2 Objeto
A compra e venda por ser evidenciada como um contrato, no qual as partes ser obrigam a transferir a outra o domínio de uma coisa, se faz mediante o pagamento convencionado como preço, ou em valor fiduciário que a ela corresponda, conforme artigo 481 do Código Civil Brasileiro� �, onde se verifica que: Artigo. 481. “Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.” 
Assim, compreende-se que no contrato de Compra e venda uma das partes se obriga a passar/transferir o domínio de uma determinada coisa a outrem, mediante o pagamento em dinheiro já acordado, onde as partes se consentem entre si o pacto. Desta forma, o princípio da boa-fé permeou-se pelas relações jurídicas, tanto de direito contratual, direito de família, de coisas ou de sucessões, dentre outros.
Quanto ao objeto, o contrato pode ter bens materiais ou imateriais, quanto aos elementos constitutivos: extrínsecos e intrínsecos. Os pressupostos que validam um contrato são: Capacidade pessoal, legitimação contratual e objeto ilícito (objeto mediato da relação). Requisitos: a. Consentimento recíproco (Consensualismo); b. idoneidade da operação juridicial (objeto imediato da relação); c. adequação da forma; d. Causa final lícita�.
1.3 Aspectos conceituais
Maria Helena Diniz aponta que “contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial”.� 
Para Caio Mário, contrato é um “acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos”�, ou mais sucintamente, o “acordo de vontades com a finalidade de produzir efeitos jurídicos”.� Washington Monteiro conceitua contratos como o “acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir um direito”.� 
Ressalta Alexandre Cortez Fernandes, que no contrato de compra e venda não se transfere a propriedade, não é o modo aquisitivo de direito real, mas se configura numa justa causa para a transferência da propriedade, uma vez que obriga juridicamente o vendedor a transferir o domínio da coisa vendida�. 
O contrato é um acordo de vontades, pois sem este quesito não há um contrato. Tal acordo é referenciado no Código Civil brasileiro por meio do artigo 539: “ O doador pode fixar prazo ao donatário para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo�.”
Percebe-se que o contrato de compra e venda não é possuidor de poderes o bastante para efetuar a transferência da propriedade do objeto, tal pacto gera obrigações às partes contratantes que são de transferência do domínio (vendedor) e pagamento do preço (comprador), criando-se a partir de tal contrato, efeitos que obrigam às partes a bem cumpri-lo, sendo este bilateral, sinalagmático e oneroso. 
A legislação que se aplica aos contratos está presente no Código Civil nos artigos 421 a 853 e por leis especiais, como no Código Direito Civil - CDC. O contrato é identificado por Rui Carvalho Piva� como:
- um acordo de vontades entre duas ou mais pessoas;
- uma fonte de obrigações; um fato jurídico, na sua espécie negócio jurídico; 
- uma relação jurídica.
A obrigação é uma relação jurídica estabelecida entre vendedor e comprador, três são as fontes de obrigação, segundo Rui Carvalho Piva �:
- Os contratos;
- os atos unilaterais (promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa);
- os atos ilícitos
No regime jurídico da compra e venda, não estão legitimados, conforme abaixo, para firmar compra e venda, sob pena de nulidade�:
Tutor e curador durante o exercício dessas funções;
Testamenteiro e administrador;
Durante o exercício de sua função;
Servidor público, que não pode adquirir bens da administração pública na qual atual;
Leiloeiro e seu preposto, que não pode adquirir o bem que está para ser por ele vendido dentre outros.
O contrato é um fato jurídico bilateral, já o testamento, que também é um negócio jurídico, difere-se do primeiro por ser unilateral, conforme expresso nas tabelas 1 e 2 abaixo:
Tabela 1: Negócio jurídico
	
	Unilateral
	Bilateral
	Negócio jurídico 
	Testamento
	Contrato
Tabela 2: Contrato
	
	Unilateral
	Bilateral
	contrato
	apresenta-se com deveres para somente um dos contratantes
	apresenta-se com deveres para o vendedor e comprador 
	Exemplo
	comodato e a doação sem encargos
	compra e venda e a locação
O contrato sendo um fato jurídico é “um acontecimento previsto em lei, em decorrência do qual nasce, modifica-se, extingue-se e subiste uma relação jurídica�:” Tal fato classifica-se como: fato jurídico natural ou fato jurídico humano�. 
	Fato Jurídico
	
	Natural 
	Humano
	ordinário
	(nascimento, maioridade, morte, decurso do tempo etc.)
	-
	extraordinário
	(caso fortuito e força maior)
	-
	voluntário
	-
	ato jurídico – no qual a vontade do agente provoca os efeitos contidos na lei – como, por exemplo, a mudança de domicílio, negócio jurídico no qual as partes manifestam a vontade de obter certos resultados dentre os permitidos pela lei, a exemplo um contrato
Tabela 3: Contrato como relação jurídica
	Contrato como relação jurídica
	Contrato como Relação Jurídica
	Vínculo entre pessoas que incide sobre bens
	Exemplo
	Contrato de compra e venda que incide sobre o bem (objeto da compra e venda) e sobre o bem (objeto do preço.)
Contrato de locação (vínculo entre proprietário e o inquilino)
A relação jurídica que envolve o contrato é dividida em elementos, conforme explícito na tabela 4 abaixo:
Tabela 4: Elementos da Relação Jurídica e Contrato
	Elementos da Relação Jurídica e Contrato
	Sujeito
	Objeto
	Ativo: Titular do direito subjetivo ativo e de um dever jurídico
	Mediato: É o bem jurídico sobre o qual incide o interesse dos sujeitos 
	Passivo: Obrigado a respeitar o direito do sujeito ativo, sendo o titular de um dever jurídico
	Imediato: detentor de toda e qualquer relação jurídica (contrato) imposta ao sujeito passivo
Para Monteiro, “o contrato mútuo ocorre por meio do qual uma ou mais pessoas transferem a propriedade de coisa fungível a outros, que se obrigam a lhes pagar algo de mesma espécie, qualidade, gênero e quantidade” É a definição que se extrai do art. 586 do Código Civil de 2002� [...].”�
1.4 Deveres Laterais e os Contratos de Compra e Venda
No contrato bilateral sinalagmático e oneroso legalmente correspondem a deveres entre as partes, onde ao vendedor incumbe passar a propriedade, ao comprador cabe o pagamento do preço ajustado. A caracterização de compra e venda se dá por ser um contrato oneroso, possibilitando-se juridicamente ser gratuita, pois poderia alterar a essência do instituto; tendo-se a doação, se for prescindido o preço.A compra e venda pode ser comutativa ou aleatória, devendo as partes optarem pelo conhecimento prévio de todas as bases contratuais. A compra e venda é um contrato consensual por excelência, podendo, conforme se demonstre o objeto a ser transacionado – se móvel ou imóvel – ser contrato solene, pois a compra e venda de imóveis conforme artigo 108 do CCB, não pode prescindir do competente registro�.
A natureza jurídica dos contratos é ser um negócio jurídico e que por isso reclama, como pressuposto de validade, agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei, de acordo com o art. 104 do Código Civil brasileiro�: 
agente capaz: a capacidade e a incapacidade de celebrar atos da vida civil estão descritos nos arts. 1º, 3º, e 5º do Código Civil: 
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia. 
Assim, classificando-se o contrato como típico ou atípico, estará sujeito aos requisitos de validade como qualquer outro negócio jurídico, pela ínsita obrigatoriedade, como aponta Fábio Ulhoa Coelho�:”A doutrina costuma afirmar que os contratos são fontes de obrigações. Tal ideia é uma simples metáfora, podendo no máximo auxiliar na compreensão do assunto, mas nunca conseguiria efetivamente explicá-lo” 
Desta forma, os contratos celebrados por pessoas capazes são: válidos; pela incapazes: nulo e pelas relativamente incapazes: anuláveis. O objeto lícito, possível, determinado ou determinável - Objeto lícito é o que não afeta a moral, os bons costumes e a ordem pública. Serão ilícitos, por exemplo, as convenções que fomentem a usura, a exploração dos jogos de azar e o tráfico de substâncias entorpecentes.� A possibilidade do objeto deve ser física e legal. Haverá impossibilidade legal sempre que a estipulação se refira a objeto proscrito ou condenado pelo direito.� A determinação do objeto diz respeito a sua capacidade de se transformar, direta ou indiretamente, em dinheiro. O objeto sempre deverá ser suscetível de apreciação econômica. Forma prescrita ou não defesa em lei – obediência à forma, quando prescrita em lei, sob pena de nulidade do negócio jurídico.
No que diz respeito às obrigações presentes nos contratos em geral, torna-se necessário analisar a figura contratual pelas prestações que nela se consignam, para saber se o pacto está enquadrado em alguma das convenções legalmente reguladas, caso não se enquadre, enquadrar-se-á no domínio dos contratos atípicos�.
Afirma Marino Luiz Postiglione� que a existência e a extensão de uma obrigação contratual estão atreladas às disposições de direito positivo ou ainda da vontade das pessoas diretamente interessadas. Tal conceito de obrigação esta presente em cada contrato, havendo sempre um lado credor no aguardo do cumprimento, pelo devedor, de uma prestação jurídica de dar, fazer ou não fazer algo, no interesse daquele, que possui como garantia dessa execução, o patrimônio do mesmo devedor, com obrigatório atendimento ao princípio constante no artigo 476 do Código Civil, que trata dos contratos bilaterais. Nenhuma das partes que contrata poderá exigir o cumprimento obrigacional da outra se não cumprir sua obrigação, portanto, facilmente se verifica a relação jurídica obrigacional.
Imediatamente ao momento em que há investigação das prestações contratuais, a natureza jurídica das contratações precisam surgir de forma clara. Não se pode dizer que um contrato com obrigações incorporadas seja previamente determinado, com regramento próprio na lei, tendo em vista a predominância ou proximidade com outras regras que vislumbrem apenas prestações simples. Estas semelhanças não são específicas ao contrato obrigacional, principalmente quando a definição e a extensão da obrigação não se encontrem exauridas em uma disciplina legal, reservando-se à vontade dos contratantes a faculdade dessa determinação�.
O direito tradicional interpreta os contratos aplicando indiscriminadamente o princípio do pacta sunt servanda não levando em consideração a boa-fé do contratante. 
Devido à necessidade de se adquirir o bem ou o serviço, o indivíduo acaba por aceitar as condições que lhe são impostas, e que por vezes não são esclarecidas ou notificadas ao consumidor por parte dos funcionários responsáveis pela realização do contrato. Os contratos de adesão, por exemplo, são unilaterais, motivo pelo qual se faz necessária à fixação de mecanismos tendentes a equilibrar os interesses em causa, sempre que se firmam os contratos. 
Assim, as normas do CDC sobre proteção contratual deverão ser aplicadas em todos os contratos (exceto os trabalhistas). Contratos estes denominados de “contratos de consumo” sejam eles de compra e venda, de locação, de deposito, de seguro, de abertura de conta corrente, de empréstimo, entre outros. 
O CDC estabelece o equilíbrio contratual, invocando o princípio da boa-fé, da equidade, ou seja, da função social dos contratos, prevendo um regime, onde a Administração pública e a privada, através de mecanismos jurídicos próprios, equilibram as relações de consumo. 
O consumidor fica protegido de qualquer mecanismo contratual abusivo que os fornecedores lhe queiram impor. A finalidade principal é harmonizar os interesses contrapostos em jogo, preservando as atividades produtivas e protegendo o consumidor de abusos. 
O art. 46, do CDC tem como objetivo principal eliminar qualquer vício de prevalecimento da vontade do consumidor devendo-se, assim, ter acesso à qualquer informação à respeito do contrato que está celebrando, veja-se:
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
O CDC instituiu um novo e amplo dever para o fornecedor: o dever de informar ao consumidor não só sobre as características do produto ou serviço, como também sobre o conteúdo do contrato. 
Esse princípio, por consequência, impõe ao fornecedor o dever da efetiva e direta informação sobre as condições do negócio a ser realizado, abrangendo tanto a oferta, como o texto do próprio compromisso quando escrito, ou a divulgação ampla das condições, quando em decorrência do pequeno negócio, for verbal. 
Assim é que o contrato deverá ser elaborado e redigido de forma clara e tudo no sentido de proporcionar ao consumidor amplo, pleno e prévio conhecimento de todas as condições reguladoras da vinculaçãoe sob pena. 
O fornecedor ao celebrar um contrato deverá certificar-se de que o consumidor tem total ciência de todas as cláusulas contratadas. Agindo assim, estará protegendo seus próprios interesses, visto que o art. 6º, VIII, do CDC nos traz a inversão do ônus da prova. 
1.4.1 Modalidade das cláusulas abusivas
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
§ 3° (Vetado).
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
Inciso I - A responsabilidade por vícios
Os vícios a que se refere o CDC são os vícios que a doutrina e a jurisprudência já detectaram de forma pacifica: vícios e defeitos de qualidade. 
O Código Civil Brasileiro, no art.85, determina "nas declarações de vontade, se atenderá mais à sua intenção que ao sentido literal da linguagem". E ao estabelecer normas atinentes aos defeitos dos atos jurídicos, o legislador prende-se aos vícios da vontade decorrentes do erro ou ignorância, de dolo, de coação, de simulação ou fraude. 
Em resumo, é limitada a faculdade de renuncia do consumidor ao direito de vir a ser indenizado por vícios de qualquer natureza dos produtos ou serviços que lhe forem fornecidos; mas o fornecedor não pode ter sua responsabilidade, no que se refere à vícios de qualquer natureza de seus produtos ou serviços, diminuída. 
Como pode-se ver no art.1º, do CDC, ele abrange normas de ordem pública não podendo ser afastada pelo mero interesse de particulares.
Inciso II - Opção de reembolso subtraída
O consumidor não pode abrir mão do seu direito de reembolso das parcelas já pagas em caso de rescisão. 
No caso em questão terá o consumidor, ainda, o direito à restituição das parcelas já pagas acrescidas da devida correção monetária, por ser um mero instrumento de atualização da moeda. Desta forma a correção é devida ainda que o contrato não tenha cláusula à respeito.
Inciso III - Transferência de responsabilidade à terceiros
A cláusula de transferência de responsabilidade a terceiros não deverá ser impostas ao consumidor por serem nulas de pleno direito em quaisquer circunstâncias. 
A inserção desse tipo de cláusula é uma das formas mais comuns utilizadas no comércio jurídico para tentar se isentar da responsabilidade contratual.
Inciso IV - Obrigações iníquas, abusivas que colocam o consumidor em desvantagem exagerada
Este inciso deixa a encargo do juiz analisar cada caso concreto e aplicar a norma de acordo com as circunstancias que lhe forem peculiares. 
Resta clara a intenção do legislador de atribuir equilíbrio à relação contratual. 
O legislador dá condições ao magistrado de verificar se há cláusulas incompatíveis com a boa-fé e a equidade. 
Inciso VI - Cláusulas que invertam o ônus da prova
O art. 38, do CDC já estabeleceu que: o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. Assim, será nula de pleno direito a convenção à respeito do ônus da prova.
Inciso VII - Utilização compulsória da arbitragem
A cláusula compulsória criada antes da instituição da lide não tem validade. Mas isto não impede a utilização do compromisso arbitral quando surgir controvérsias entre fornecedor e consumidor. 
Maria Helena Diniz� ensina que: Deve-se aqui distinguir o compromisso pelo qual as partes submetem o litígio a árbitros da cláusula compromissória pela qual as partes se obrigam a submeter-se a decisão de um juízo arbitral no tocante a todas as divergências que entre elas possam surgir em relação a determinado negocio. A cláusula compromissória é promessa de sujeição ao juízo arbitral, devendo posteriormente ser realizado o compromisso no momento em que surgir o litígio.
Inciso VIII - Impor representante para concluir ou realizar outro negócio pelo consumidor 
O consumidor poderá ser representado desde que ele o tenha escolhido de livre e espontânea vontade.
 
Inciso IX - Deixem ao fornecedor a obrigação de concluir ou não o contrato
O intuito primordial aqui é estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo. O código proíbe, neste inciso, o arrependimento unilateral de conclusão do contrato, em favor do fornecedor.
Inciso X - Permitam ao fornecedor variação de preço de maneira unilateral
Trata-se de vedação à acréscimos ao preço já fixado de maneira unilateral, sob o prejuízo do consumidor. 
Ocorrendo alterações econômicas que gerem a necessidade da alteração de preços, isto deverá ser feito junto ao consumidor, devendo ser feita as alterações necessárias em comum acordo.
Inciso XI - Autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente
Trata-se de mais uma cláusula que dá poderes exclusivamente ao fornecedor, sendo assim, é nula de pleno direito. Será válida a cláusula que permita o cancelamento do contrato por ambas as partes.
Inciso XII - Obrigue o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação
O legislador aqui insiste em proibir cláusulas que beneficiem apenas uma das partes contratantes. O equilíbrio contratual é o principal objetivo deste inciso.
Inciso XIII - Autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração
Aqui firma-se o princípio da inalterabilidade dos contratos. É mais uma cláusula que ensejaria no desequilíbrio darelação contratual.
Inciso XIV - Infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais
O direito ambiental é uma garantia constitucional não podendo ser alterado por inciativa privada. Somente a União poderá ditar normas ambientais.
Inciso XV - esteja em desacordo com o sistema de proteção do consumidor
Este inciso deixa claro ser o art. 51, do CDC meramente enunciativos, pois será nula de pleno direito qualquer cláusula que esteja em desacordo com o sistema de proteção do consumidor. 
No sistema de proteção ao consumidor há de se entender não apenas o Código de Defesa do Consumidor, mas também aqueles diplomas legais, que indiretamente, visam a proteção do consumidor, entre os quais pode-se citar a Lei de Economia Popular (Lei. 1.521/51)
Inciso XVI - Possibilitem a renuncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias
Esta cláusula é frequentemente encontrada nos contratos de locação de imóveis, pela qual o inquilino abdica de qualquer indenização por benfeitorias necessárias. 
Após analisar as cláusulas abusivas chega-se as seguintes conclusões: 
1. as cláusulas abusivas na prática foram explicadas em lei e fulminadas de nulidade; 
2. o exame do interprete é que, na prática, definirá o alcance da cláusula cumprindo analisá-la em conformidade com as fórmulas gerais inseridas na lei; 
3. na interpretação dessas cláusulas, em divergências, omissões, ou obscuridades, deve a conclusão favorecer o economicamente mais fraco.
1.4.2 Contrato no Direito Comparado
Na França, conforme Marino Luiz Postiglione� a legislação determina que todo contrato, mesmo com cláusula contrária, todo contrato ou convenção em que o titular de um determinado estabelecimento concede completa ou de forma parcial alugando a um gestor, que explorará por seus próprios riscos e regulado por lei específica. A técnica é tratada de forma legal relativamente simples, podendo preparar a transmissão de empreendimento em troca de uma remuneração periódica ou haver a devolução da empresa ao final do prazo estipulado. 
Ainda conforme o citado autor�, na Itália, o Código Civil em seu artigo 1.615 trata da administração e do usufruto da coisa produtiva. Caso a locação tenha por objeto o usufruto de algo produtivo, móvel ou imóvel, o exploratório deve administrar conforme a destinação econômica da coisa e dos interesses da produção, pois dele dependem os frutos e demais utilidades da coisa.
Em Portugal no regime do arrendamento urbano, define-se por exclusão: “não é havido como arrendamento de prédio urbano ou rústico o contrato pelo qual alguém transfere temporária ou onerosamente para outrem, juntamente com a fruição do prédio, a exploração de um estabelecimento comercial ou industrial nele instalado” �.
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CAPÍTULO 2 O CONTRATO E SEUS PRINCÍPIOS 
Os Princípios contratuais têm como designação algo que é base inicial, que alicerça, fundamenta, sustenta para determinado assunto�. Aponta Fábio Ulhoa Coelho� que os princípios do direito contratual são normas de grande generalidade, contidas em dispositivos de direito positivo ou destes retiradas de maneira argumentativa, o que ajuda a direcionar os juízes nas demandas sobre a existência do contrato, validade e cumprimento deste.
2.1 Princípios gerais dos contratos
Os princípios gerais dos contratos, conforme Roberto Senise Lisboa� são parâmetros que inspiram a previsão normativa, assim como a doutrina e a jurisprudência, que serão falados no último capítulo, as quais sofreram modificações devido às transformações socioeconômicas resultantes da revolução industrial e da revolução informacional. Os princípios são: autonomia da vontade, consensualismo, igualdade, obrigatoriedade, intangibilidade, inalterabilidade, relatividade dos efeitos e boa-fé.
De acordo com Sílvio Rodrigues "o princípio da autonomia da vontade consiste na prerrogativa conferida aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que se submetam às regras impostas pela lei e que seus fins coincidam como o interesse geral, ou não o contradigam"�. Prossegue ensinando o douto professor: "desse modo, qualquer pessoa capaz pode, através da manifestação de sua vontade, tendo objeto lícito, criar relações a que a lei empresta validade".�
No consensualismo, há de se entender que só haverá contrato quando as vontades forem acordadas entre os contratantes, que deve ser declarado de forma livre, séria e no sentido da contratação desejada�.
Quanto a igualdade contratual, verifica-se a igualdade formal, onde as normas jurídicas de ordem pública e as de interesse social (cláusulas gerais e de contratação) foram meios encontrados para se buscar a igualdade concreta e real�.
No que diz respeito a obrigatoriedade contratual, verifica-se que há vínculo de seus subscritores. O contrato faz a lei entre as partes. A obrigatoriedade foi se tornando relativizada, admitindo-se a desvinculação em determinadas hipóteses, como, por exemplo, mediante a exceção de contrato não cumprido� No princípio da obrigatoriedade dos contratos, afirma Mônica Yoshizato Bierwagem� que: 
O princípio da obrigatoriedade dos contratos, também conhecido como pacta servanda, as partes que por meio dele se vinculam devem dar pleno cumprimento às suas disposições, pois o contrato vale como se fosse lei entre os contratantes. Na concepção clássica, justifica-se o extremismo de tal princípio em virtude da igualdade que esse mesmo modelo exigia: se o contrato era celebrado entre pessoas livres para dispor o que quisessem, em igualdade de condições de negociação, logicamente o que fosse avençado entre elas deveria ser cumprido com a máxima exatidão e pontualidade, pois, afinal, liberdade se exerce com responsabilidade.
Abordando-se a intangibilidade, esta subsiste como garantia para o contratante vulnerável ou hipossuficiente. No entanto, a relativização da intangibilidade contratual viabilizou-se por meio dos chamados aditamentos contratuais que devem seguir a mesma forma adotada para a contratação�.
Entende-se por inalterabilidade quando a alteração de uma cláusula contratual somente é possível caso haja aditamento livremente pactuado entre os contratantes, ou por força da revisão judicia�l.
Na relatividade dos efeitos o contrato possui efeitos limitados às partes, assim, em princípio o contrato não pode sofrer impugnação ou oposição por terceiros. Já os contratantes poderão defender sua posição contratual perante qualquer pessoa. Trata-se da oponibilidade interna�. Neste princípio, apõe Vilhaça Álvaro Azevedo� o seu pensamento afirmando que: 
O princípio da relatividade dos efeitos representa um elemento de segurança nas relações sociais, ou seja, o contrato só ata aqueles que dele participam, seus efeitos não podem prejudicar e nem tirar proveito de terceiros, sendo este princípio ato da autonomia, as partes podem regular seus próprios interesses.
Por fim, a boa-fé é onde estabelece-se regra de conduta resultante como dever de prestação mais amplo do que o expressamente fixado no contrato ou na lei, por força do comportamento que razoavelmente se pode esperar por quem o pratica, o que será visto em maiores detalhes no decorrer deste estudo�.
2.2 Princípios aplicáveis à proteção contratual
Alguns dos instrumentos de proteção apresentados pela Lei nº 8.078, de 1990 serão aqui citados, especialmente os que se referem à proteção contratual.
O Código de Defesa do Consumidor traz expresso o princípio da boa-fé em seus artigos 4º, III e 51, IV. Contudo, o mais importante desta positivação é a adoção, ainda que não seja expressa implicitamente, da cláusula geral de boa-fé, que mesmo não expresse deverá ser reputada como inserida e existente em todas as relações de consumo.�
Afinal, se os princípios da Política Nacional das Relações de Consumo são a harmonização das partes interessadas na relação, seja de consumo, seja contratual, a compatibilização da proteção do consumidor com as necessidades de desenvolvimento tecnológico deverão ser efetuadoscom base na boa-fé (art.4º, III, CDC), assim como serão reputadas como abusivas, e, portanto nulas de direito pleno, as cláusulas contratuais que se mostrem incompatíveis (art.51, IV, CDC), resta evidente, que na relação de consumo, tem-se a necessidade de respeito e atendimento a esta regra.
Dentre os inúmeros direitos básicos do consumidor dispostos no artigo 6º, dois são aqui examinados, quais sejam, aqueles previstos nos incisos V e VIII.
A regra disposta no art. 6º, inciso V, CDC que prevê a modificação ou revisão das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou que se tornem excessivamente onerosas em virtude de fato superveniente, está diretamente relacionada à proteção do consumidor nas relações contratuais, temática que por sua importância, recebeu do legislador capítulo próprio - Capítulo VI -, a dispor sobre a Proteção Contratual.
A norma deste art. 6º, inciso V, do CDC reflete a relativização do princípio da pacta sunt servanda (locução latina que significa a obrigatoriedade do cumprimento das cláusulas contratuais), e ao mesmo instante a inserção do princípio da conservação dos contratos. Pois, diferente da ordem civil tradicional que determina a resolução dos contratos que venham a possuir cláusulas abusivas, o CDC garante às partes a manutenção da substância do contrato, mesmo diante das citas iniquidades, pois esse sistema possui instrumentos por meio dos quais deve se proceder a adequação ou modificação das cláusulas de contratos capazes de gerar vantagem exagerada, ou ainda a revisão daquela que torne excessivamente oneroso o contrato para o consumidor.�
Através da norma contida art. 6º, inciso VIII, CDC, o legislador instituiu como direito essencial do consumidor a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova em seu favor. Nesta garantia encontra-se aplicação do princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório (art. 5º, LV, da CF), além é claro do princípio da igualdade:
Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Partindo do pressuposto de vulnerabilidade do consumidor é essencial para restabelecimento do equilíbrio e garantia de justiça, que seu acesso à justiça e o amparo de seus direitos sejam promovidos, sob pena de durante o curso da ação, esta desvantagem se acentuar ainda mais.�
A inversão do ônus da prova, sempre que presente, a critério do juiz, a verossimilhança das alegações do consumidor ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências, é o modo de se possibilitar o acesso do consumidor, vulnerável, se não na essência, circunstancialmente, às garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa, requisitos do devido processo legal.
Com relação a esta tutela específica, no CDC, destacam-se: o artigo 47, que prevê que as cláusulas contratuais possuirão interpretação favorável ao consumidor, determinando a interpretação dos contratos de consumo.
Considerando a revolução trazida ao ordenamento jurídico por criação do CDC, há de se afirmar que um dos campos em que esta se mostrou mais evidente foi justamente o das relações contratuais.
Para a relação contratual sofrer a incidência das normas do CDC, terá que apresentar partes contratantes em situação de desigualdade e, inseridas nos conceitos de consumidor e fornecedor apresentados pelo código.
2.3 Princípios fundamentais do direito contratual
A doutrina identifica três princípios básicos, que constituem a base da teoria dos contratos: autonomia da vontade; relatividade das convenções e a força vinculante do contrato.
2.3.1 Autonomia da Vontade
Roberto Senise Lisboa� entende que na autonomia da vontade as partes possuem liberdade para escolher com quem contratar, o que contratar e em que termos devem fazê-lo, porém, na maioria dos contatos ajusta-se sem que uma das partes possa elaborar o conteúdo da operação jurídica. Na autonomia da vontade, plena no Direito clássico, passou a ser delimitada por normas jurídicas de ordem publica e de interesse social, sendo assim o que se chama de cláusulas gerais de contratação. 
Conforme visto acima, o contrato surge de forma acordada, livre e soberana das partes envolvidas. Wellington Pacheco de Barros frisa que 
O princípio da autonomia da vontade consistente na plenitude de agir dos contratantes, pensamento estruturado na doutrina da liberdade sem peias do homem, cuja derivação é a liberdade econômica, geravam direitos e obrigações que exauriam o alcance do contrato. Neste contexto, o princípio que norteava as relações contratuais era o do predomínio da autonomia de vontade ou a pacta sun servanda dos romanos. Diante disto, nada além da vontade dos contratantes, importa na formação e execução dos contratos.
Vê-se com a visão do referido autor que o contrato é realizado mediantes liberdade e vontade das partes.
De grande valia são também os ensinamentos de Washington de Barros Monteiro:
Mercê do primeiro, têm os contratantes ampla liberdade para estipular o que lhes convenha, fazendo assim do contrato verdadeira norma jurídica, já que o mesmo faz lei entre as partes. Em virtude desse princípio, que é a chave dos sistemas individualista e o elemento de mais colorido na conclusão dos contratos, são as partes livres de contratar, contraindo ou não o vínculo obrigacional.�
Conforme a análise acima, que trata sobre o direito civil pátrio, a autonomia da vontade nada mais é do que a própria liberdade de cada indivíduo em deliberar, dentro dos limites legais, sobre qualquer interesse, o qual venha a ter consequências na órbita jurídica.
Já na autonomia privada, afirma Enzo Roppo� que tal princípio implica que a vontade das partes deve ser considera como principal fonte de determinação do regulamento contratual, significando a liberdade de organizar e desenvolver as iniciativas econômicas na forma do contrato, segundo modalidades e condições que melhor correspondam aos seus respectivos interesses, afastando-se as modalidades conflituosas com os mesmos.
2.3.2 Relatividade das convenções 
Com fulcro no princípio em tela, os contratos somente surtem efeitos sobre os contratantes, não atingindo terceiros alheios à relação jurídica contratualmente estabelecida. Atente-se a respeito, para a lição da Waldiro Bulgarelli:
O princípio da relatividade das convenções consubstancia-se no preceito de que os efeitos do contrato se circunscrevem apenas partes que nele se obrigam. Exprimindo-se pela parêmia "rés inter alios acta, aliis neque prodeste", significa que o contrato não alcança terceiros, prejudicando-os ou beneficiando-os.�
2.3.3 Força Obrigatória das cláusulas contratuais
Pela também chamada força vinculante dos contratos, como se sabe, o contrato faz lei entre as partes, ou seja, torna-se obrigatório entre elas (pacta sunt servanda), e assim, o que foi pactuado deve ser cumprido.
Pertinente acerca do tema é o comentário de Washington de Barros Monteiro: 
[...] aquilo que as partes, de comum acordo, estipularem e aceitarem deverá ser fielmente cumprido [...] sob pena de execução patrimonial contra o devedor inadimplente. A única derrogação a essa regra é a escusa por caso fortuito ou força maior (Cód. Civil de 2002, art. 393, parágrafo único). Fora dela, o princípio da intangibilidade ou da imutabilidade contratual há de ser mantido [...].�
E ainda, Waldirio Bulgarelli diz que [...] a obrigatoriedade do cumprimento das obrigações assumidas pelos contratantes é a consequência fulgurante do contrato. Se o contrato decorre da manifestação da vontade livremente expressa (autonomia da vontade) e se afirma tão somente pelo consenso (sollus consnsus obligat) torna-se obrigatório, ficando as partes submissas ao contratado (pacta sunt servanda), obrigadas a cumprir a prestação ajustada.�
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CAPÍTULO 3 A BOA-FÉ OBJETIVA 
A boa-fé, na visão deMiguel Reale� é 
condição essencial à ética jurídica caracterizando-se pela probidade dos seus participantes. A boa-fé é a forma de conduta e norma de comportamento, sendo ainda um “cânone hermenêutica” integrativo do Contrato; como norma de limitação ao exercício de direitos subjetivos.
Da mesma forma Renata Domingues Balbino Munhoz Soares� aponta que sobre a boa-fé como “um dever de agir de acordo com determinados padrões socialmente recomendados” 
Antes de adentrar-se na boa-fé objetiva em si, será explicado sobre a diferença entre esta e boa-fé subjetiva, não expandindo-se neste segundo por não ser o tema cerne deste estudo, mas explicitando-se para o entendimento da diferença entre boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva. 
Com a ascensão das relações contratuais e também pela maneira que tais relações tornaram-se vultosas, criaram-se contratos-padrões utilizados por números indeterminados de pessoas, perquirindo-se como outro aspecto relacionado à boa-fé no que diz respeito às relações contratuais, sendo este o aspecto objetivo. Sob o aspecto subjetivo, entendeu-se como ausência de conhecimentos de vícios que maculam determinada relação jurídica. Assim, enquanto a boa-fé subjetiva é investigada no campo psicológico da pessoa, sendo também ausente de princípios, a boa-fé objetiva remete ás conduta externa do indivíduo, sendo aferida mediante as condutas do sujeito da relação contratual e detentora de princípios.�.
Na visão de Maria Helena Diniz�, ainda acerca da boa fé subjetiva:
A boa-fé subjetiva é atinente ao dato de se desconhecer algum vício do negócio jurídico. E a boa-fé objetiva, prevista no artigo sub examine, é alusiva a um padrão comportamental a ser seguido baseado na lealdade e na probidade (integridade de caráter), proibindo o comportamento contraditório, impedindo o exercício abusivo de direito por parte dos contratantes, no cumprimento não só da obrigação principal, mas também das acessórias, inclusive do dever de informar, de colaborar e de atuação diligente 
A boa-fé deve estar presente no contrato de compra e venda para que ele se torne eficaz, o que tratando-se de boa-fé objetiva, estabelece-se, além das obrigações, os requisitos contratuais dividindo-se em elementos essenciais�: coisa (item o qual pretende-se adquirir, ou seja, o controle empresarial); objeto (relação contratual estabelecida entre o contratante e o contratado) preço (valores acordados entre as partes, referente a numerário/quantia em dinheiro) e consentimento (estabelecimento da livre vontade das partes de forma leal). Este último item é verificado, outrossim, por meio da conduta dolosa, seja ativa ou omissiva de uma das partes, possuindo uma relação estreita tida como boa-fé objetiva. Confirmando tal aspecto vê-se no artigo 482 do CCB que “A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço”.
Assim, a boa-fé objetiva possui três funções:1. Função interpretativa; 2. Função controladora e 3. Função integrativa. Na função interpretativa está presente a interpretação objetiva (análise das condutas) e subjetiva (intenção das partes contratantes). A função controladora (evitar desequilíbrios) e Função integrativa (integradora de qualquer relação obrigacional).
Afirma Mônica Yoshizato Bierwagem� acerca da boa-fé-objetiva que esta pode definir-se na esfera jurídica remetendo ao senso da probidade, quer no exercício leal e não caviloso dos direitos e das obrigações que dele derivam, que no modo de fazê-los valer e de observá-los, respeitado em qualquer caso o escopo visado pelo ato jurídico, a harmonia dos interesses das partes e as exigências do bem comum.
A boa-fé além das citadas obrigações e requisito essenciais, aponta que os contratantes e contratados deverão agir conforme padrões de lisura e lealdade, obrigando-se mutuamente a bem cumprirem o que foi proposto, ou seja, transferir, efetuar o pagamento e ter boa conduta, o que consolida também na boa-fé objetiva: proteção (ambas as partes se protegerem em sua pessoalidade); lealdade (onde se tenha confiança) e por fim o dever de negociação honesta�. 
O princípio da boa-fé tem como escopo evitar a má-fé, onde uma das partes poderá enganar ou abusar da outra parte. Assim, afirma Carlos Roberto Gonçalves� que 
O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. A regra da boa-fé é uma cláusula geral para a aplicação do direito obrigacional, que permite a solução do caso levando em conta fatores meta-jurídicos e princípios jurídicos gerais.
Afirma Clóvis do Couto e Silva� que a boa-fé não pode ser desprezível, uma vez que trata de preposição jurídica, conduzindo-se a uma regra de conduta. Não se devem omitir informações que sejam capazes de produzir um negócio jurídico verdadeiramente legal. Estabelece-se, desta forma, no artigo 113 do Código Civil brasileiro�, a presença do princípio da boa-fé objetiva, onde é determinado que aqueles que estabelecem um contrato devem ter ética, transparência e serem entre si honestos remetendo à expectativas de um contrato aspirado pelas partes�.
Aponta Carlos Roberto Gonçalves� que:
A boa-fé enseja, também, a caracterização do inadimplemento mesmo quando não haja mora ou inadimplemento absoluto do contrato. É o que a doutrina moderna denomina violação positiva da obrigação ou do contrato. Desse modo, quando o contratante deixa de cumprir alguns deveres anexos, por exemplo, esse comportamento ofende a boa-fé objetiva e, por isso, caracteriza inadimplemento do contrato. 
A boa fé objetiva edificou-se no Código civil de 2002 em três categorias jurídicas, como: 
A boa fé como elemento de interpretação do contrato;
A boa-fé como elemento controlador do exercício dos direitos contratuais
Da boa-fé objetiva como norma de conduta da parte contratante (deveres anexos ou laterais)
Tais categorias jurídicas, são explicadas conforme abaixo elencadas:
1. A boa-fé como elemento de interpretação do contrato
Versa no art. 113 do Código Civil de 2002 que a boa-fé deve ser tida como um elemento que demarca o entendimento sobre contrato, tendo em vista que as partes, ou aquele que tenha contato numa relação contratual precisar ter conhecimento que tal situação surge a partir de um dever de boa-fé. Assim, para Maria Helena Diniz o princípio da boa-fé está atrelado “ao interesse social das relações jurídicas, uma vez que as partes devem agir com lealdade, retidão e probidade, durante as negociações preliminares, a formação, a execução e a extinção do contrato” (2014, p. 195). Vê-se que a boa-fé deve estar presente em todas as fases do contrato, seja antes, durante ou depois. As negociações devem ser de boa-fé desde a fase pré-contratual até o momento pos-contratual, de forma que não represente haja prejuízo para nenhuma das partes, e sim seja um elemento fomentador de benefícios para os contratantes.
2. A boa-fé como elemento controlador do exercício dos direitos contratuais
O contrato estabelece limitações entre as partes, bem como deve ser exercida dentro da boa-fé, o desrespeito quando do exercício de um direito contratualmente construído direciona a conduta civilmente ilícita com responsabilidade civil, conforme disposto no art. 187 do CC.
Para Flávio Tartuce�, a ausência de respeito à boa-fé objetiva leva ao caminho sem retorno da responsabilidade independente de culpa.
3. Da boa-fé objetiva como norma de conduta da parte contratante (deveres anexos ou laterais)
A boa-fé objetiva é tida como norma de conduta, nela impõe-se aos sujeitos de direito certa conduta, quanto às suas relações obrigacionais, seja ela omissiva ou comissiva. Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho� expõem que a boa-fé objetiva consiste em uma verdadeira regra comportamental, de grande ética e exigibilidade jurídica, sendo que as condutas (omissivas e comissivas) dão conteúdo à boa-fé objetivadevendo ser respeitadas, o que é admitido pelo enunciado n. 168 das Jornadas de Direito Civil. 
Ainda na mesma linha de pensamento, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho� explicam o caráter lateral dos deveres que compõem a boa-fé objetiva:
(...) o contrato não se esgota apenas na obrigação principal de dar, fazer ou não fazer.
Ladeando, pois, esse dever jurídico principal, a boa-fé objetiva impõe também a observância de deveres jurídicos anexos ou de proteção, não menos relevantes, a exemplo dos deveres de lealdade e confiança, assistência, confidencialidade ou sigilo, confiança, informação etc. 
Renata Domingues Balbino Munhoz Soares� elucida que a boa-fé objetiva é possuidora de dois sentidos diferenciados, um sentido negativo e um positivo. O negativo diz respeito à obrigação de lealdade, já o sentido positivo tange à obrigação de cooperação entre as partes contratantes, para fiel cumprimento do objeto do contrato adequadamente. Desta forma, o comportamento exigível das partes, ante a boa-fé objetiva, é que não se prejudique nenhuma das partes, sendo as ações cooperativas entre si, onde tais deveres são denominados como laterais, pois derivam da obrigação principal. 
Tratando-se ainda dos deveres laterais, o Conselho de Justiça Federal – CJF reconhece a condução do Código Civil de 2002 para exigência do file cumprimento dos deveres laterais do contrato, decorrentes, estes da boa-fé objetiva, sob pena de atuação jurisdicional para a respectiva correção, apõe-se conforme enunciados nº 26 e 363:
Nº 26:
O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial.
A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes.
Nº 363:
Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, sendo obrigação da parte lesada apenas demonstrar a existência da violação.
Flávio Tartuce� dá como exemplo de deveres laterais, de observância cogente: a) O cuidado, o respeito, a informação, o agir, sempre conforme a confiança, a lealdade, a probidade, a colaboração e a cooperação, o que é complementado por Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona� com confianças recíprocas, assistência e sigilo.
Judith Martins-Costa� destaca acerca dos deveres laterais que estes constituem “deveres de adoção de determinados comportamentos, impostos pela boa-fé em vista do fim do contrato”
3.1 Da Violação positiva do contrato e seus efeitos
	
Oriunda do Direito alemão, esta teoria responsabiliza a pessoa que ofende o direito por causa de uma conduta comissiva para contratação ou em decorrência da contratação�.
A violação da boa-fé objetiva caracteriza o inadimplemento no qual a responsabilidade deve ser objetivamente. Assim, aponta Maria Helena Diniz, uma riqueza na jurisprudência, admitindo a objetividade da responsabilidade civil de quem abusa de um direito.
Em decisões proferidas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo - TJSP há reconhecimento da violação positiva do contrato com respaldo na inobservância dos deveres laterais ao contrato em decorrência da boa-fé objetiva. A violação se dá na ausência de cumprimento dos deveres laterais, no que diz respeito a lealdade dentre outros. 
A ausência de observação dos deveres laterais como: informação, colaboração e cooperação remetem a violação positiva do contrato e consequentemente reparação cabível. O fiel cumprimento dos deveres de probidade decorre da boa-fé objetiva sendo observados se as partes atuam além do proposto no contrato. Tal conduta impede prejuízos no cumprimento adimplindo obrigações. O adimplemento é vinculado ao atendimento da concretude da avença, não sendo desta forma uma satisfação do interesse das partes.
Existem quatro hipóteses segundo Jorge Cesar Ferreira da Silva� que são agrupadas na violação positiva do contrato, são elas: 1. A ausência de cumprimento de obrigações negativas; 2. A falta do cumprimento dos deveres laterais, 3. A falta de negligência no cumprimento dos deveres e 4. O mau cumprimento de obrigações que se estendem, colocando em risco o que se propôs no contrato.
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CAPÍTULO 4 JURISPRUDÊNCIA E DOUTRINA
Após apresentar teoria que respalda o tema deste estudo e sua aplicação nos contatos, falar-se-á sobre as experiências jurisprudenciais e doutrina com os princípios da boa-fé-objetiva.
Alguns julgados salientam sobre a Inobservância da boa-fé por parte dos contratantes, pois há muita lide deste tipo no judiciário. Existem casos em que se postula a resilição dos contratos de compra e venda, nos casos aqui citados compra e venda prestação de serviços e compra e venda de veículo de forma verbal. 
A seguir serão destacadas algumas decisões judiciais fundamentadas na boa-fé objetiva como um princípio que se fundamenta nas obrigações contratuais, sendo destaques dos Tribunais do Rio Grande do Sul. 
Primeiramente, na jurisprudência abaixo, será visto a compra e venda de veículo (anexo 1), na busca de indenização, detectando que não houve boa-fé, o que poderia contrariar a vontade das partes se soubesse da ausência de pagamento, não havendo apresentação de recibo, alegando-se que por ser chefe ficou o contrato feito de forma verbal. 
GAVA
Nº 71005705074 (Nº CNJ: 0041609-45.2015.8.21.9000) �
2015/Cível
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO DE FORMA VERBAL. CONFISSÃO DE DÍVIDA ASSINADA PELO RÉU. AUSENTE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INTEGRAL DA DÍVIDA. APLICAÇÃO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA DOS CONTRATOS. TESTEMUNHAS QUE CORROBORARAM AS ALEGAÇÕES DO AUTOR. MANTIDA SENTENÇA. RECURSO DESPROVIDO.
	Recurso Inominado
	Quarta Turma Recursal Cível
	Nº 71005705074 (Nº CNJ: 0041609-45.2015.8.21.9000)
	Comarca de Ijuí
	RAFAEL DA SILVA
	RECORRENTE
	JONATAN RAFAEL KITTLAUS SCHULZ
	RECORRIDO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Juízes de Direito integrantes da Quarta Turma Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores Dr.ª Glaucia Dipp Dreher (Presidente) e Dr. Luiz Felipe Severo Desessards.
Porto Alegre, 22 de setembro de 2015.
DRA. GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA,
Relatora.
RELATÓRIO
JONATAN RAFAEL KITTLAUS SCHULTZ ajuizou ação de cobrança em face de RAFAEL DA SILVA.
Narrou ser credor do réu da importância de R$ 12.845,01, referentes ao pagamento parcial de venda de carro. Disse que o réu não pagou conforme pactuado, salientando ter tentado a composição amigável, na qual não obteve sucesso. Requereu a condenação do réu ao pagamento de R$ 12.845,01.
O demandado apresentou contestação à fl. 13 e ss. Sustentou ter realizado o pagamento integral do valor do veículo, motivo pelo qual estranhou a presente ação. Disse não ter guardado os recibos de pagamento, pois estes aconteceram há mais de dois anos. Destacou o fato de ficar constrangido em pedir ao autor, que era seu chefe, o respectivo recibo de quitação. Postulou pela improcedência.
Percebe-se que na ação de cobrança o demandado sustenta inicialmente que pagou o valor total pelo bem adquirido e ficou surpreso com a ação de cobrança, porém não mostra o comprovante de quitação da obrigação pactuada alegando motivo fútil sem sentido algum para uma transação de elevado valor. Ainda não se pode constatar a ausência de boa-fé, mas já pode-se presumir o fechamento do caso. 
Colhido o depoimento pessoal do autor e ouvidas duas testemunhas às fls. 15, 16 e 17.
A ação foi julgada procedente para condenar o réu ao pagamento de R$ 10.600,00. (fls. 18 a 20)
Recorreu o demandado. (fls. 21 a 24)
A.J.G concedida à fl. 27.
Com contrarrazões. (fls. 29 a 33)
É o relatório.
VOTOS
Dra.Gisele Anne Vieira de Azambuja (RELATORA)
Eminentes colegas.
Analisados os pressupostos de admissibilidade estipulados pelo art. 42 da lei 9.099/95 passo ao exame do recurso.
A sentença merece ser mantida.
Incontroversa a relação negocial mantida entre as partes, referente à venda de um veículo, tendo a entrega do bem sido confirmada pela prova oral, mediante a oitiva dos funcionários e colegas de trabalho de ambas as partes (fls. 16/17).
Com a ação julgada procedente e o réu condenado a pagamento da obrigação adquirida a sentença é mantida o que foi logo após confirmada por testemunhas. Assim, verifica-se baseado na boa-fé objetiva dos contratos a cobrança do montante faltante referente ao bem adquirido pelo réu por meio de contratação verbal. 
O réu admite ter efetuado a compra do bem, alegando ter realizado o pagamento integral da dívida. Todavia, não apresenta qualquer comprovante de pagamento e ou de depósito que corrobore as suas alegações, carecendo de verossimilhança.
Ademais, o réu não impugnou o documento apresentado à fl. 06, em que confessa faltar o pagamento de R$10.600,00.
Com base na aplicação da boa-fé objetiva dos contratos, tenho que devida a cobrança do saldo devedor referente a vendo do veículo, tendo as testemunhas ouvidas em audiência confirmado a tese apresentada pelo autor, desincumbindo-se do seu ônus, nos termos do art. 333, I do CPC.
Nesse sentido:
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. CONTRATAÇÃO VERBAL. NEGOCIAÇÃO INCONTROVERSA. INEXISTÊNCIA DE DOCUMENTO DANDO QUITAÇÃO. PAGAMENTO DO PREÇO. ÔNUS DA PROVA. DUT. SENTENÇA MANTIDA. 
A negociação se mostrou incontroversa pelos contratantes verbais, sendo sustentado pelo autor a ausência de recebimento dos numerários acordados pela venda do automóvel, sendo ônus da recorrente os recibos. Alegou-se, como comprovante o DUT que poderia ser visto como recibo, porém a atitude não se prosperou tendo em vista o valor ainda em débito.
Prova do pagamento que deveria ter sido feita com a juntada aos autos dos recibos fornecidos pelo autor ou comprovantes de depósito em conta, não sendo verossímil que a recorrente, uma revenda de carros devidamente constituída, tenha entregue R$4.250,00 em espécie sem qualquer cautela. Ausente comprovação de fato extintivo ou modificativo do direito do autor, ônus que cabia a ré, nos termos do art. 333, II, do CPC é de ser mantida a sentença. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. (Recurso Cível Nº 71004985081, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em 25/02/2015)
Considerando-se a ofensa ao Princípio da boa-fé objetiva, quando o contrato, ainda que seja feito de forma errada, no caso específico feito de forma verbal, a forma de interpretá-lo redundou no prejuízo de forma injusta para o vendedor do veículo. Assegurar o princípio da boa-fé num contrato impõe, conforme já visto no decorrer deste estudo, impõe as partes um padrão de conduta recíproca, entrega do bem, pagamento do mesmo, cooperação esta que satisfaça os interesses das partes que se remetem a um fim que seja bom antes, durante e depois da realização do negócio jurídico.
Afirma Jorge Cesar Ferreira da Silva�, que: 
A boa-fé amplia as fontes dos deveres de obrigação, posicionando-se ao lado da vontade e dotando a obrigação de deveres orientados aos interesses distintos dos vinculados estritamente à prestação, tais como o não-surgimento de danos decorrentes da prestação realizada ou a realização do melhor adimplemento
Consequentemente, amplia-se o suporte fático do inadimplemento obrigacional, considerando-se violação ao contrato o descumprimento de deveres laterais, a dar lugar não apenas à pretensão de ressarcimento.
Concluindo tal assertiva, observa-se que o princípio da boa-fé objetiva surge as partes deveres laterais ou anexos, mesmo que não tenha havido um contrato por escrito, mas havendo uma violação ou rompimento do pacto celebrado, deflagra-se a inadimplência e prejuízo a uma das partes, devendo assim o réu sofrer as punições cabíveis.
Já no segundo caso aqui elencado, especificamente da Compra e venda na prestação de serviços Reparação de danos materiais contrato de prestação de serviços conforme segue abaixo:
PROCESO: 71005699889RS
Órgão Julgador: Segunda Turma Recursal Cível
Publicação: Diário da Justiça do dia 29/01/2016
Julgamento: 27 de Janeiro de 2016
Relator: Robero Behrensdorf Gomes da Silva
Ementa
RECURSO INOMINADO. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. SERVIÇO DE LIXAMENTO E PINTURA EM EDIFICAÇÃO. QUEBRA DO CONTRATO. BOA-FÉ OBJETIVA.
1. Narrou a empresa autora que firmou contrato com a empresa requerida, consistente na prestação de serviços de pintura interna e externa na obra do Residencial Alcebíades Jobim, na cidade de Santa Maria. Referiu que a ré determinou a interrupção dos serviços, quando já realizados 80% do total previsto no contrato. Requereu indenização pelos danos materiais.
2. Inexistência de defeito na representação da autora. Procuração outorgada por sócio da autora e ratificada, implicitamente, pela sócia com poderes de representação que se fez presentes às audiências aprazadas. Possibilidade de outorga verbal de poderes ao advogado, no âmbito do Juizado Especial Cível.
3. O contexto probatório dos autos (planilhas de pagamentos, notificação extrajudicial - fls. 41-43 e fotografias das fls. 21-29) aponta que os serviços de pintura foram prestados nos moldes do contrato, até o momento em que foi solicitada pela ré a interrupção destes.
4. Ademais, a empresa ré não logrou êxito em comprovar suas alegações de que a autora teria prestado serviço de má qualidade, que houve atraso na entrega dos módulos do edifício, tampouco que foi necessário contratar novos profissionais para refazer o serviço prestado pela autora.
5. Ônus da ré, para se esquivar do pagamento contratado, de demonstrar a inexecução dos serviços, encargo... do qual não se desincumbiu.
6. Inservível, para tanto, depoimento de mero informante, funcionário seu, fl. 83, sobretudo quando vai de encontro à narrativa de dois outros informantes, estes funcionários da autora, fls. 81/82. 
7. Em atendimento ao princípio da boa-fé objetiva, cabível se mostra o pagamento do valor correspondente ao último serviço de pintura prestado e não pago, e mais a multa estipulada pela sentença, conforme previsão contratual, uma vez que houve a quebra do contrato avençado por parte da empresa ré (fls. 37-40). 8. Vai, portanto, mantida a sentença, por seus próprios fundamentos. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005699889, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em 27/01/2016).�
A transformação no sistema de bens e serviços atinge o campo contratual, onde a boa-fé objetiva indica que as partes contratantes devem agir de forma leal, fiel e clara reciprocamente, desta forma, para validação do contrato devem estarem atentas aos pressupostos de validade do negócio jurídico tal qual imposto no artigo 104 do CCB, o que manifesta a vontade das partes, com a finalidade de modificar ou extinguir o que se foi celebrado.
A classificação do contrato se faz pertinente, pois parte-se do princípio que cada contrato apresenta particularidades diferentes. Busca então a doutrina facilitar a interpretação do contrato, reunindo as classes, sendo este um trabalho de análise e observação na busca de possíveis semelhanças e diferenças.
Sob o ângulo da boa-fé as vontades não devem ser orientadas somente pela vontade dos contratantes e sim por manter a lealdade, a honestidade respeitando direitos e deveres firmados em lei e que também já foram estabelecidos livremente entre as partes. 
O art. 422 no novo Código Civil é definido como segunda norma tratando-se de contratos, no qual “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé.”
No caso específicoo contrato a prestação deveria ocorrer com a execução imediata, cumprida em somente em um ato, conforme acordado entre a empresa e o prestador de serviços, esta foi interrompida quando já se estava com a maior parte concluída, ou seja, com 80% do serviço previsto no contrato. Houve assim, danos materiais e inexistência de defeitos na representação da autora. Aponta-se que os serviços obedeceram ao proposto no contrato até a interrupção. A empresa ré não obteve êxito em comprovar o alegado, a má qualidade na prestação de serviços, nem atraso na entrega do mesmo e nem mesmo contratou outros profissionais para refacção do serviço. 
Tal princípio está de acordo com o princípio da boa-fé objetiva, sendo cabível o valor correspondente ao último serviço prestado e não saldado, bem como a multa estipulada, havendo a quebra do contrato aderido livremente.
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CONCLUSÃO
Estruturou-se este estudo em cinco capítulos onde se pode verificar inicialmente pode ser visto neste estudo a proteção ao consumidor sendo uma preocupação com questões patrimoniais, já tida desde a antiguidade. No código de Hamurabi as regras remetiam a proteção nas relações de consumo, por exemplo um erro na construção de um imóvel geraria problemas para quem o fez, tendo que realizar o trabalho novamente, prevalecia a boa-fé.
Tratando-se sobre os princípios contratuais, estes são normas contidas em dispositivos de direito positivo, o que auxilia os juízes nas demandas sobre o contrato. Nos princípios gerais dos contratos, inspiram-se a previsão normativa, tal qual a doutrina e a jurisprudência, as quais sofreram modificações devido às transformações socioeconômicas. Os princípios são: autonomia da vontade (conferida aos indivíduos envolvidos em relações do direito), consensualismo (acordo de vontades dos contratantes, livre e sério), igualdade (busca de igualdade contratual), obrigatoriedade (vínculo entre os subscritores), intangibilidade (garantia para o contratante), inalterabilidade (alteração somente com aditamento livremente pactuado), relatividade dos efeitos (efeitos limitados às partes) e boa-fé (regra de conduta). 
Os princípios aplicáveis a proteção contratual tem como instrumento de proteção a Lei 8.078/1990, o Código de Defesa do Consumidor. O princípio da boa-fé orientará a atuação dos sujeitos processuais, remetendo-se a deveres que vedará o comportamento contraditório. 
Nos Princípios fundamentais do direito contratual identificam-se três princípios básicos, que são a base da teoria dos contratos: autonomia da vontade; relatividade das convenções e a força vinculante do contrato.
Ao falar sobre contrato, verifica-se que é um fato jurídico bilateral sinalagmático e oneroso legalmente correspondente a deveres entre as partes. A caracterização de compra e venda se dá pelo contrato oneroso, podendo ser feito de forma gratuita. A natureza jurídica é um negócio jurídico que possui pressupostos de validade. A classificação se dá como típico ou atípico, estando sujeito aos requisitos de validade como qualquer outro negócio jurídico. Assim, os contratos celebrados por pessoas capazes são: válidos; pela incapazes: nulo e pelas relativamente incapazes: anuláveis. A determinação do objeto diz respeito a capacidade de se transformar, direta ou indiretamente, em numerários. 
O objeto do contrato sempre deverá ser suscetível de apreciação econômica. Nas obrigações é preciso analisar a figura contratual pelas prestações que nela se consignam. Verifica-se que o legislador tem a preocupação em proteger as partes quanto às cláusulas que beneficiem apenas um dos envolvidos. Por proteção ao consumidor, não existe apenas o Código de Defesa do Consumidor, existe também diplomas legais, que indiretamente, visam a proteção do consumidor, entre os quais pode-se citar a Lei de Economia Popular ( Lei. 1.521/51).
A eficácia do contrato de compra e venda está pautado também na boa-fé, estabelecendo-se, além das obrigações, os requisitos contratuais dividindo-se em elementos essenciais: coisa; objeto; preço e consentimento. Na boa-fé estabelece-se padrões de padrões de lisura e lealdade, obrigando-se mutuamente a bem cumprirem de forma legal de forma que a negociação seja honesta. 
Com tantas inovações, a boa-fé objetiva confunde-se com a boa-fé subjetiva, ou ainda a conduta dolosa, com propósito de lesar a outrem, o que é punível no direito público e no direito privado. A boa fé objetiva edificou-se no Código civil de 2002 em três categorias jurídicas, como: A boa fé como elemento de interpretação do contrato; A boa-fé como elemento controlador do exercício dos direitos contratuais e Da boa-fé objetiva como norma de conduta da parte contratante (deveres anexos ou laterais). 
O artigo 5º do novo Código Civil de 2015 apõe a boa-fé objetiva processual, como princípio fundamental que visa à lisura. Pode-se constatar que a boa-fé objetiva é revelada no comportamento correto, de confiança, ou seja, comportamento adequado e ético. Já a boa-fé subjetiva pode-se acreditar que há ilicitude no ato, sendo tal fato levando em consideração pelo legislador. 
Determinou-se no novo Código Civil de 2002, que os comportamentos dos sujeitos processuais devem pautar-se na boa-fé, em seu seus detalhes, remetendo a boa-fé objetiva.
Na boa-fé manifesta-se repleta de proteção, onde os comportamentos dos sujeitos pautam-se na ética de conduta, comportamentos devidos. A boa-fé objetiva é o mesmo que princípio da boa-fé, ou princípio da boa-fé processual. O princípio da boa-fé objetiva aplica-se tanto para os fins de responsabilidade contratual como nas hipóteses de responsabilidade pré-contratual e de responsabilidade pós-contratual. Consequência da adoção do princípio da boa-fé objetiva na teoria dos contratos e do negócio jurídico é a teoria da violação positiva do contrato.
O caráter lateral dos deveres que compõem a boa-fé objetiva não deve-se esgotar somente na obrigação principal de dar ou fazer, a exemplo de tais deveres há: O cuidado, o respeito, a informação, o agir, sempre conforme a confiança, a lealdade, a probidade, a colaboração e a cooperação, com confiança recíprocas, assistência e sigilo. A inobservância dos deveres laterais remetem a violação positiva do contrato, cabendo reparação cível. 
No que concerne a Violação positiva do contrato e seus efeitos esta é caracterizada pelo inadimplemento no qual a responsabilidade deve ser objetivamente. Há quatro hipóteses que são agrupadas na violação positiva do contrato, são elas: 1. A ausência de cumprimento de obrigações negativas; 2. A falta do cumprimento dos deveres laterais, 3. A falta de negligência no cumprimento dos deveres e 4. O mau cumprimento de obrigações que se estendem, colocando em risco o que se propôs no contrato.
O estudo levou a conclusão que há preocupação dos legisladores na aplicabilidade do Princípio da boa-fé e seus deveres laterais nas relações contratuais com base no disposto do artigo 422 do Código Civil Brasileiro, pois no texto tem-se dois jurisprudências que enfatizam tal situação com proteção as partes contratuais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
AZEVEDO Vilhaça Álvaro. Teoria geral dos contratos típicos e atípicos. p. 27 
BIERWAGEM. Mônica Yoshizato. Princípios e Regras de interpretação dos contratos no novo Código Civil. p. 51.
BRASIL. Lei n. 9.278/96. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9278.htm > Acesso em: set. 2016.
BRASIL. LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Código Civil Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm> Acesso em: fev. 2018.
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BRASIL. LEI No 10.406,

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