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Aula 7 Hipomagnesemia

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CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO II
Universidade Federal Rural Do Rio De Janeiro – Campus Seropédica
Medicina Veterinária - Jeferson Bruno Da Silva – Matrícula: 201406074-4
Hipomagnesemia
Doença metabólica relacionada a uma diminuição rápida do magnésio no sangue e no líquido intracelular. Pode cursar associada com a diminuição do cálcio ionizado. 
Em cadelas a maior parte dos quadros é de hipomagnesemia associada a hipocalcemia, e não a “febre do leite”. O magnésio é um íon de ação intracelular, então ele pode estar até normal no sangue e estar diminuído no liquido celular e ocorrer sintomas. Mais de 70% das vezes tem também uma hipocalcemia associada a hipomagnesemia.
É uma doença comum e muito séria em casos de insuficiência renal, alcoolismo, doenças crônicas, etc. Ocorre principalmente em vacas de alta lactação, durante o pico da produção de leite 60 a 90 dias após o parto, difere da hipocalcemia que ocorre 24h após o parto. Pode acometer qualquer idade, qualquer sexo, em qualquer nível de produção e manejo. 
Tem importância clássica nos ruminantes, mas pode acometer outras espécies, a hipomagnesemia tem uma incidência maior do que a hipocalcemia nos ruminantes. 
Não é uma deficiência primária, ou seja, não é por falta de magnésio do solo. Pois os alimentos (capim) fornecem cerca de 40% de mg dia aos animais, suprindo suas necessidades que são de 2 a 3 mg/kg/ms. 
É diferente em bezerros. Podem apresentar uma tetania por hipomagnesemia, de forma diferente do adulto. Ele precisa de 1g para cada 45Kg de peso vivo.
Um bezerro de 50kg precisa de 2.250mg/dia
O leite tem aproximadamente 120 mg/L, assim ele precisaria de mais de 20L de deite por dia.
Um bezerros toma apenas 8% do seu peso vivo, 4L de leite. 
Então, na fase de crescimento onde ele deveria estar fixando Mg no osso ele está retirando, porque o leite é fraco nutricionalmente. Na criação de vitelo o animal só toma leite e ele desenvolve anemia. Esse tipo de criação é a única que a deficiência de Mg acontece realmente.
Acomete de 3 a 5% do gado adulto, e 1 a 3% do gado adulto morre devido a hipomagnesemia. Isso pode acontecer devido a diminuição de absorção, diferente concentrações de outros minerais, aumento da perda, pasto.
Se todos os animais praticamente têm um alimente o que supre sua necessidade diária, por que que 3 a % dos bovinos são acometidos por hipomagnesemia e por que que 1 a 3% morrem de hipomagnesemia por ano? 
Absorção diminuída de Mg
Desequilíbrio em outros minerais, que podem interferir na absorção de magnésio
Aumento da perda de Mg
Diminuição da ingestão
Pasto ruim
O magnésio no sistema digestivo é absorvido no retículo ou rúmen, por meio de transporte ativo, ou seja, é dependente de energia e da atividade da bomba de Na+k+ atpase, em pH ácido, depende ainda da função de elementos interferentes, agem como antagônicos nitrogênio, fósforo e potássio, esses elementos muito presentes no adubo impedem a absorção efetiva do magnésio no tubo digestivo. Fazem com que esses minerais ajam negativamente na absorção e o animal entra no quadro de hipomagnesemia
O magnésio se encontra principalmente nos ossos (70%), nos tecidos (30%), e no plasma (1,8 a 2,4% em cada 100ml de sangue). A grande reserva de magnésio teoricamente se encontra nos ossos, mas essa reserva não é facilmente removível como seria o cálcio, não existem um hormônio específico para remoção, os mecanismos que removem o cálcio fazem indiretamente o equilíbrio do magnésio. 
O rim pode reter ou eliminar o Mg. Não existe ação hormonal (o PTH é para o Ca++, age indiretamente pro Mg).
Deve-se observar no rebanho alguma coisa que esteja afetando a ingestão e absorção do Mg. 
A hipomagnesia vai acontecer dependendo de alguns fatores como: fatores individuais, relacionados ao clima e à dieta.
Fatores:
Individuais: lactação, crescimento, gestação, fatores que fazem com que as fêmeas tenham uma necessidade maior. IRC em cães também leva a hipomagnesemia, pois a reabsorção é menor. Quadros de diarreia aguda, pois a reabsorção é menor. Em quadros de hipomagnesemia, podem ocorrer câimbras, pode ser semelhante a problemas musculares. 
Relacionados ao clima: animais que saem do estabulamento direto para os pastos, sol e chuva com crescimento exuberante de plantas jovens, o animal acaba comendo mais as plantas jovens. 
Relacionados a dieta: plantas jovens, excesso de N, P, K, falta de MS e Energia.
Animais que comem menos, e demora muito para fazer a digestão, leva a hipomagnesemia.
Em algumas situações o cálcio pode substituir o magnésio em algumas funções, assim no tratamento podemos usar cálcio como tratamento, o cálcio substitui o magnésio. Esses fatores vão aumentar a demanda ou o gasto, vão aumentar a perda, vão diminuir a ingestão ou vão diminuir a absorção.
A gente tem o Mg no pasto ou na comida que vai ser ingerido e vai passar pelo tubo digestivo, e vai para o sangue. 
Que fatores vão interferir na concentração de Mg no pasto ou no alimento que o animal está ingerindo?
No pasto, o teor de magnésio depende do tipo de planta. Então uma gramínea tem menos Mg que uma leguminosa. 
A idade da planta também interfere na quantidade de Mg, pois as plantas jovens possuem mais MS que as plantas adultas. 
Nitrogênio, fosforo e potássio e sódio também interferem na absorção por competição. N, K e P são utilizados para adubo, fazendo-a crescer mais rápido.
O pH do rumem precisa ser ácido. 
O que interfere no pH fazendo com que ele aumente e fique alcalino? 
O teor de AGV produz mais ácido, então quanto menos AGV, menos ácido. Então a alimentação tem tudo a ver com isso. O pH alcalino ele dificilmente vai ser, mas tende a aumentar devido ao excesso de proteína e NNP.
No tubo digestivo deve ter ENERGIA, deve ter Mg suficiente e menos N, K e P, tem que ter pH ácido. Imediatamente ZERA na urina quando diminui no sangue. Então se faz a dosagem na urina.
A doença está relacionada a diferentes condições, por isso recebeu diferentes nomes:
Tetania (contração muscular involuntária, pode chegar a levar uma convulsão): tetania dos pastos, tetania da lactação, tetania dos transportes.
Os animais estabulados no inverno rigoroso da Europa, devido ao frio. Eram levados aos pastos em brotação no início da primavera, e assim os animais desenvolviam a doença, principalmente as vacas em lactação devido a maior necessidade de magnésio.
O pasto em brotação tem muita energia, proteína, muita água, pouca matéria seca, menos minerais e mais fósforo. – Todos os fatores pra diminuir os níveis de magnésio no sangue.
Então ele sai de uma alimentação normal com concentração adequada de magnésio para uma alimentação que mudava completamente o quadro, levando a uma tetania e quadros de morte.
Na planta a concentração do magnésio varia, está mais presente nas leguminosas do que nas gramíneas, e mais presente nas plantas mais velhas. Os animais recebiam uma alimentação muito rica em magnésio (feno e concentrado) no estabulamento, para entrarem em uma condição de plantas jovens em brotamento com pouco magnésio, por isso ocorria a doença.
Diminuição do sangue > diminui LIC 
1,8-2,4mg%
1,5mg% - Subclínico.
1,2mg% - sinais aparecem.
< 1,0mg% - Tetania grave.
O Mg atua no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. Principalmente na glicólise e na gliconeogênese.
A hipomagnesemia se apresenta em 3 formas:
Hiperaguda, aguda e crônica.
Hiperaguda:
Cursa com morte súbita, em segundos ou em até 1h. normalmente encontra-se o animal morto. 
DD: planta tóxica, raios, cobras, deficiência de cobre. 
Aguda:
Inquietude, agitação, hipersensibilidade, hiperreflexia, tremores generalizados, diminui a produção de leite, alerta, incomodado, cauda levantada, olhos esbugalhados, responde exageradamente a estímulos. Ocorre de dias a semanas. A forma aguda pode vir a cura, ou evoluir para convulsões e morte. 
O animal em convulsão pode morrer por aumento da temperatura corporal, que gera o edema cerebral,a hipertermia é muito perigosa, assim deve-se sempre resfriar a cabeça do animal
Na hipocalcemia o coração bate acelerado mas fraco, já na hipomagnesemia a contração muscular é tônica, muito forte e com alta pressão, altera a pressão arterial do animal e fluxo cardíaco, e o animal pode morrer de insuficiência cardíaca e respiratória. 
Na hipocalcemia a glicose aumenta devido ao baixo gasto energético, na hipomagnesemia devido a intensa contração muscular a glicose diminui. 
Crônica: 
Dura meses com mesmos sinais da forma aguda. 
Ações do magnésio
São cofatores ou catalizadores enzimáticos, o magnésio atua em função estrutural (ossos), atua no relaxamento muscular, metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas, da mesma forma que o cálcio (há substituição Ca/Mg). Atuam em diferentes etapas do processo da glicólise e da glicogenólise.
Atuam na estabilidade das membranas celulares na permeabilidade de íons, ativador de bombas de prótons, sódio potássio ATPase, atua na síntese e liberação de acetilcolinesterase.
Síntese da Acetilcolinesterase: é quem degrada a acetilcolina, entra sódio e sai potássio originando a despolarização, essa onda despolarizante chega até a fenda sináptica libera a entrada do cálcio, faz a liberação de acetilcolina das vesículas neurotransmissoras, que se liga com receptores da fenda pós sináptica, e a acetilcolinesterase tem que agir de forma a degradar esse excesso de acetilcolina liberada na fenda sináptica para finalizar a transmissão nervosa. 
Na hipocalcemia há falta da acetilcolina, o cálcio não entra ou está diminuído e assim não se rompe a vesícula para liberação da acetilcolina, não há contração e sim relaxamento muscular completo. 
Na falta de magnésio, ocorre o contrário, libera muita acetilcolina e contrai, só que não repolariza, e não há degradação da acetilcolina para promover o relaxamento e ficar receptivo a um novo estímulo. 
Na vaca a hipomagnesemia, tem contração muscular tônica, devido ao não relaxamento. Há uma diferença do limiar do cálcio. 
Porque tem contração e não relaxamento?
Quando há magnésio para funcionar a bomba, jogando o sódio para fora e o potássio para dentro e degradar a acetilcolina, há a promoção do relaxamento. Assim na vaca a hipomagnesemia tem contração muscular tônica, parece tétano, pois não há magnésio para agir na bomba impedindo a degradação da acetilcolina. 
Se faltar cálcio, o que ocorre?
Cálcio diminuído, magnésio diminuído = sintomas de hipomagnesemia.
Cálcio diminuído, magnésio normal = sintomas de hipocalcemia.
Sintomas:
Temperatura aumentada
FC aumentada, força de contração do coração alta
Motilidade gastrointestinal aumentada
Diminui a concentração de magnésio do liquido cefalorraquidiano, e leva a tetania. 
Diagnóstico: 
Clínico.
E pode fazer para a confirmar: Realizar a dosagem do cálcio, magnésio e da glicose. E todos estão diminuídos. Pode ser dosado do sangue, ou em caso do animal morto dosar do humor vítreo do olho até 48h entre 23 e 25ºC; Então as enzimas musculares e hepáticas vão estar aumentadas.
Se fizer um hemograma, vai aparecer aumento do VG, aumento de leucócitos sem DE (significa estresse), aumento de neutrófilos, diminuição dos eosinófilos e dos monócitos. 
Vacas em pico de lactação, tirando leite há alguns dias seguidos, há sinais musculares, aumento de temperatura.
Diagnóstico Diferencial: tétano, encefalopatia espongiforme, intoxicação por organofosforados (geram uma reação colinérgica), cetose, hipocalcemia, intoxicação por chumbos, intoxicação por plantas tóxicas. 
Tratamento: 
Se possível esse necessário, fazer um relaxante muscular
Manter o animal, durante uma convulsão, com a cabeça resfriada (pano molhado, pano gelado, etc) e usar um tratamento por via endovenosa ou intramuscular, dar um relaxante muscular, e resfriar a temperatura do animal. Hidrato de cloral – uso como pré-anestésico. Não é possível comprar o magnésio puro para administração, devido a sua ação excessiva no relaxamento.
Só usamos soluções a base de 20% cálcio e 5% magnésio, usamos cerca de 500ml dessa solução para uma vaca de 500kg, cerca de 1ml/kg. 
Prevenção com sulfato, oxido, cloreto, hidróxido, hipofosfato de magnésio. Qualquer desses produtos podem ser usados e não devemos usar o cloreto de magnésio, e o hidróxido de magnésio, fazem um efeito osmótico excessivo e geram diarreia no animal. São chamados de sal amargo popularmente.

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