Buscar

ONLINE 10

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ONLINE 10
RACIONALISMO E SUA CRÍTICA: friedrich nietzsche sigmund Freud
Introdução
A História do Pensamento Contemporâneo é formada por diversas nuances que analisamos aqui ao longo de nossas aulas e, agora, estamos nos aproximando do término de nossa disciplina. 
Para compreendermos melhor ainda as relações que se processam ao longo do período designado como História Contemporânea, analisaremos aqui dois conceitos considerados muito importantes para nosso estudo: a Teoria da Justiça e o Igualitarismo. 
Ambos são primordiais para a análise que nos propomos a estudar e os analisaremos a luz de importantes teóricos que fundamentaram solidamente os estudos nessas áreas: John Rawls, Ronald Dworkin, Peter Singer e Amartya Sen.
ANALISANDO A TEORIA DA JUSTIÇA
Quando pensamos em Teoria da Justiça, imediatamente vem a nossa mente que essa teorização pode conter uma fórmula básica para a solução de todos os problemas da ordem da justiça, em uma dada sociedade, e que essa análise possa vir a dar conta de todas as injustiças existentes e apontar os caminhos corretos para que os problemas dessa ordem possam ser resolvidos. Ledo engano! 
Não é seu papel tecer soluções para os problemas, mas fundamentar as discussões para uma prática mais adequada da noção de justiça e ampliar o olhar para as questões que envolvem essa temática.
Perante ao aumento crescente da violência e do acirramento das disputas que permeiam o cidadão contemporâneo, assuntos como esse passam a fazer parte da pauta de debates que envolvem os rumos necessários para o alcance do melhor equilíbrio social possível.
Diante disso, temos muitos estudos, dos mais variados, objetivando entender a questão da justiça e seu alcance, buscando mobilizar a sociedade para atingir o maior nível de tolerância e convivência mais harmoniosas possíveis.
Iremos agora analisar dois importantes estudiosos desse assunto.
John Rawls
John Rawls nasceu em 1921, em Baltimore, estado de Maryland, EUA, e faleceu em 2002, em sua casa, em Massachusetts. 
Foi um importante filósofo norte-americano que contribuiu largamente para a concepção de uma sociedade mais justa e seu mais importante trabalho, Uma Teoria da Justiça, publicado em 1971, foi de extrema importância para a análise da questão da justiça e seu alcance, e fortaleceu o debate sobre os limites de sua atuação nas sociedades contemporâneas.
Para o filósofo, a concepção de justiça é de suma importância para o equilíbrio da sociedade e ele vê a plena necessidade da eleição de alguns princípios que tornariam as sociedades mais equilibradas. Para ele, a liberdade é anterior a qualquer outro princípio e deve ser preservada ao máximo possível.
Uma curiosidade a ser destacada sobre John Rawls vem do seu interesse por questões sociais. Isso ocorreu devido ao envolvimento de sua mãe com movimentos feministas e por sua indignação diante da situação das populações negras da cidade de Baltimore, que viviam em condições muito inferiores aos brancos, além de ter tido contato com brancos pobres em outras regiões.
John Rawls – Principais obras
Abaixo, estão as principais obras de John Rawls.
Em seu livro, Uma Teoria da Justiça (1971), Rawls afirma que:
“Deve-se, então, considerar que uma concepção de justiça social fornece primeiramente um padrão pelo qual se devem avaliar aspectos distributivos da estrutura básica da sociedade. Esse padrão, porém, não deve ser confundido com os princípios que definem outras virtudes, pois a estrutura básica e as organizações sociais em geral podem ser eficientes ou ineficientes, liberais ou não liberais, e muitas outras coisas, bem como justos ou injustos. Uma concepção completa, definidora de princípios para todas as virtudes da estrutura básica, juntamente com seus respectivos pesos quando conflitante entre elas é mais que uma concepção da justiça; é um ideal social.
Os princípios da justiça são apenas uma parte, embora talvez a parte mais importante, de uma tal concepção. Um ideal social está, por sua vez, ligado a uma concepção de sociedade, uma visão do modo como os objetivos e propósitos da cooperação social deve ser entendida. As diversas concepções da justiça são o resultado de diferentes noções de sociedade em oposição ao conjunto de visões opostas das necessidades e oportunidades naturais da vida humana. Para entender plenamente uma concepção da justiça precisamos explicitar a concepção de cooperação social da qual ela deriva. Mas ao fazermos isso não deveríamos perder de vista o papel especial dos princípios da justiça ou o objeto principal ao qual eles se aplicam.”
Em seu livro O Liberalismo Político (1993), Rawls aponta dois princípios muito importantes de justiça:
a) Toda pessoa tem um direito igual a um sistema plenamente adequado de liberdades fundamentais iguais que seja compatível com um sistema similar de liberdades para todos.
b) As desigualdades sociais e econômicas devem satisfazer duas condições. A primeira é que devem estar vinculadas a cargos e posições abertos a todos em condições de igualdade equitativa de oportunidades; e a segunda é que devem redundar no maior benefício possível para os membros menos privilegiados da sociedade.
Ao fazermos uma leitura dos princípios enunciados por Rawls anteriormente descritos, percebemos que sua concepção de igualdade procura abarcar a todos e estabelecer condições para minimizar as desigualdades.
Ronald Dworkin
Outro importante teórico que está presente em nossas discussões é Ronald Dworkin. Filósofo da área de Direito, nasceu em 1931, em Rhode Island, e faleceu em 2013.
Para ele, há a necessidade de reconhecer os direitos individuais e liberais como inerentes ( INSEPARÁVEIS) aos indivíduos e elementos primordiais para a lei. Ele enxergava a igualdade e a dignidade como fundamentais para o indivíduo, não devendo as decisões jurídicas serem rigidamente aplicadas de forma mecânica e as leis devem ser interpretadas levando-se em conta os princípios da justiça, procurando melhorá-la sempre que possível. 
O filósofo defendia que era possível existir Direito onde não houvesse norma legislada, superando certo positivismo jurídico. 
A questão da igualdade balizou toda a obra de Dworkin, pois para ele, esse era um dos princípios mais importantes para as sociedades.
CASOS DIFÍCEIS
Dworkin enfatizou em sua obra o que chamou de “casos difíceis”. Vamos analisar o que é isso!
De acordo com a regra jurídica normal, o juiz deve analisar um caso e julgá-lo de acordo com as regras da justiça já existentes, sem propor a aplicação de nada novo. No entanto, há o poder de criar regras novas caso não existam ainda, mas isso deve ser feito com coerência, aplicando a questão dos princípios. 
Os juízes devem aplicar os princípios que estejam vigentes dentro do sistema jurídico e reconhecendo, em uma dada sentença, a razão de uma das partes aplicando a existência dos princípios, fator que deve nortear a prática de decisões judiciais de forma a alcançar o maior nível de coerência possível.
Para Dworkin, o Direito está muito associado à questão da moral e, apesar de suas regras e princípios, a existência da moralidade política não pode ser de forma alguma desconsiderada, estando Direito e moral unidos de forma intrínseca( INTERNA). 
A prática jurídica é claramente passível de interpretação e deve ser comum a todos os âmbitos sociais, de forma a enfocar a justiça como princípio básico.
De acordo com Dworkin, um juiz, ao decidir sobre um caso de difícil solução, onde não haja regras ou precedentes de jurisprudência, deve fazer uso do senso moral da prática jurídica para tomar a melhor decisão, não se distanciando em momento algum das ideias de liberdade e igualdade, que devem ser as mesmas para todos. 
Assim, concluímos que para Dworkin, os princípios da justiça devem ser aplicados à luz da igualdade para todos, e questões morais e políticas devem ser debatidas em maiores proporções.
Há que se ter a melhor interpretação possível das práticas em vigor dentro de uma determinada sociedade, considerandoque todos os indivíduos nessa sociedade devem ser tratados iguais independente de condições sociais, econômicas, raciais.
Igualmente, as decisões jurídicas de difícil solução não devem se ater apenas ao que já foi discutido sobre o assunto, mas, às questões que envolvem aspectos mais amplos do que a simples norma estabelecida.
Peter Singer
Outro pensador que faz parte de nossa análise é Peter Singer, um filósofo australiano que aborda diversos temas acerca da liberdade e seus desdobramentos e da ética aplicada, debatendo esses aspectos na defesa do direito à vida, também no âmbito do mundo animal aplicando a máxima de que todos têm os mesmos direitos de igualdade e liberdade. 
Em sua obra Libertação Animal (1975), pretendeu trazer à luz o debate sobre os tratamentos dispensados aos animas e o grau de igualdade que eles têm em relação aos homens, principalmente no quesito dor e sofrimento.
Singer defende que os juízos devem ser formados a partir de uma análise universal, a fim de evitar que posições exclusivas possam interferir em determinadas decisões. 
Para ele, a questão da igualdade é de uma grande abrangência e, nesse sentido, destaca dentre outros aspectos que homens e animais têm os mesmos direitos de valor à vida, em uma clara alusão ao Direito dos Animais, enfocando que sua dor deve ser minimizada ao máximo. 
Defende ainda que a distribuição de renda entre ricos e pobres deve ser feita de forma igualitária, e a necessidade de indivíduos sempre agirem moralmente e de forma ética na defesa de seus pontos de vista, agindo de acordo com o certo e convencidos de que sua ação resultará em algo positivo.
Singer analisa a questão da igualdade, que deve ser aplicada a todos de forma igual, pois todos a sentem da mesma maneira. Para ele “dor é dor”, independente de quem a sente, sendo irrelevantes aspectos como orientação sexual, raça, espécie ou qualquer outra distinção. 
No entanto, o filósofo chama a atenção para o tema da igualdade considerando os interesses de cada um, pois oportunidades iguais para quem tem interesses diferentes são algo que também deve ser pensado. 
Mesmo analisando a questão da igualdade, que deve ser acessível para todos, há que se priorizarem as situações, de forma a que a igualdade alcance a todos, mas de acordo com a realidade de cada um.  
PETER SINGER – OBRA
Em seu livro Ética Prática (2000), diversos questionamentos são apontados acerca de como igualdade pode ser analisada e várias perguntas podem ser feitas. Ao olharmos os temas abordados pelo autor, identificamos sua proposta de trabalho e o quão ampla ela pretende ser.
Singer aborda os seguintes temas:
• A natureza da ética
• A noção de igualdade
• Os direitos dos animais
• A eutanásia
• O aborto
• A fome no mundo
• O problema dos refugiados
• A ética do meio ambiente
• A desobediência civil
• A natureza da ação ética
• O sentido da vida
Mais sobre a obra Ética Prática de Peter Singer
O autor nos leva a refletir acerca da questão da igualdade em um sentido bem amplo. De acordo com ele: “Se um ser sofre, não pode haver justificação moral para a recusa de tomar esse sofrimento em consideração. Independentemente da natureza do ser, o princípio da igualdade exige que o sofrimento seja levado em linha de conta em termos igualitários relativamente a um sofrimento semelhante de qualquer outro ser, tanto quanto é possível fazer comparações aproximadas. Se um determinado ser não é capaz de sofrer nem de sentir satisfação nem felicidade, não há nada a tomar em consideração É por isso que o limite da senciência Capacidade de um animal não-humano de sentir prazer e dor manifestando felicidade e sofrimento; incluindo seus anseios, sonhos, pensamentos e lembranças (para usar o termo como uma abreviatura conveniente, ainda que não estritamente precisa, da capacidade de sofrer ou de sentir prazer ou felicidade) é a única fronteira defensável da preocupação pelo interesse alheio. Marcar esta fronteira com alguma característica como a inteligência ou a racionalidade seria marcá-la de modo arbitrário. Por que motivo não escolher uma outra característica qualquer, como, por exemplo, a cor da pele? 
Os racistas violam o princípio da igualdade atribuindo maior peso aos interesses de membros da sua própria raça quando há um confronto entre os seus interesses e os de outra raça. Os racistas de ascendência europeia não aceitavam geralmente que a dor conta tanto quando é sentida pelos africanos, por exemplo, como quando é sentida pelos europeus. Do mesmo modo, aqueles a quem chamo “especistas” atribuem maior peso aos interesses dos membros da sua própria espécie quando há um conflito entre esses interesses e os das outras espécies. Os “especistas” humanos não aceitam que a dor sentida por porcos ou ratos seja tão má como a dor sentida por seres humanos. 
Na realidade, este é, pois, o argumento completo para alargar o princípio da igualdade aos animais não humanos; mas surgem algumas dúvidas sobre o que esta igualdade implica na prática. Em particular, a última frase do parágrafo anterior pode levar algumas pessoas a responder: “É claro que a dor sentida por dois um rato não é tão má como a dor sentida por um ser humano. Os seres humanos têm maior consciência do que lhes está a acontecer e este fato torna o seu sofrimento mais intenso. Não se pode comparar a dor de uma pessoa, digamos, que morre de câncer numa agonia prolongada com a de um rato de laboratório que sofre o mesmo destino”. 
Aceito perfeitamente que, no caso descrito, a vítima humana de câncer sofre mais que a vítima não humana. Este fato não põe em causa a igualdade na consideração de interesses dos não humanos. Significa antes que temos de ter cuidado quando comparamos os interesses de diferentes espécies. Em algumas situações, um membro de uma espécie sofrerá mais do que o de outra. Neste caso, devemos continuar a aplicar o princípio da igualdade na consideração de interesses, mas o resultado dessa atitude consiste, é claro, em dar prioridade ao alívio do maior sofrimento.” (Ética e Prática, 2000)
Amartya Sem
O desenvolvimento de um país está diretamente ligado às oportunidades que este oferece a seus cidadãos, de poderem fazer suas próprias escolhas e praticarem o exercício da cidadania, principalmente no que diz respeito à igualdade.
Autoridade mundial em análise em liberdade e justiça social e foi um dos inventores do IDH (ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO), índice que pretende ser um fator de medição de desenvolvimento humano a partir dos diferentes aspectos tais como dimensões econômicas, culturais, políticas, educacionais dentre outras.
Procura analisar em suas obras diversos assuntos que caracterizam a sociedade contemporânea e, apesar de desenvolver diversos estudos na área de Filosofia, sempre defendeu seu amor pela economia.
Amartya Sen – Obra
Em sua obra Desigualdade Reexaminada (2008), ele analisa a questão do igualitarismo e inicia seu trabalho questionando a igualdade com duas perguntas principais: Por que igualdade? e Igualdade de quê ? Afirma ainda que para delimitarmos o espaço de ambas e temos que compreender do que estamos falando quando tratamos da noção de igualdade. 
 A igualdade pode ser compreendida como um desejo a ser alcançado pelas sociedades, mas devemos nos questionar sobre como os seres humanos são desiguais.
Afirmação de Amartya Sen
“Os seres humanos diferem uns dos outros de muitos modos distintos”. Diferimos quanto a características externas e circunstanciais. Começamos a vida com diferentes dotações de riqueza e responsabilidade herdadas. Vivemos em ambientes naturais diferentes – alguns mais hostis do que outros. As sociedades e comunidades às quais pertencemos oferecem oportunidades bastante diferentes quanto ao que podemos ou não podemos fazer. Os fatores epidemiológicos da região em que vivemos podem afetar profundamente nossa saúde e bem-estar. 
Mas, além dessas diferenças nos ambientes natural e social e nas características externas, também diferimosem nossas características pessoais (p. ex., idade, sexo, aptidões físicas e mentais). E estas são importantes para avaliar a desigualdade. Por exemplo, rendas iguais podem ainda deixar bastante desiguais nosso potencial de fazer o que podemos valorizar fazer. Uma pessoa incapacitada [disabled] não pode realizar funcionamentos [function] do modo que uma pessoa com o “corpo hábil” [able-bodied] pode, ainda que ambas tenham exatamente a mesma renda. Portanto, a desigualdade em termos de uma variável (p. ex., renda) pode nos conduzir no sentido de outra variável (p. ex., o potencial para realizar funcionamentos ou bem-estar).”
Conclusão
Agora que conhecemos um pouco mais sobre alguns teóricos que debateram temas de suma importância, em nossa sociedade, tais como igualdade, liberdade e justiça, devemos construir a nossa análise crítica acerca desses assuntos e ampliar o nosso olhar, fugindo do senso comum e consolidando nosso saber acadêmico.

Continue navegando