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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Métodos Numéricos Aplicados Aula 4 Professora Celina Jarletti CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá! Estamos na quarta aula de Métodos Numéricos Aplicados. Nela abordaremos os principais aspectos da interpolação e da extrapolação. Vamos começar? Contextualizando Nesta aula, apresentaremos os conceitos e os procedimentos para o emprego da interpolação e da extrapolação. É importante informar que tanto a interpolação quanto a extrapolação são procedimentos empregados sobre dados numéricos apresentados normalmente na forma de tabelas, sem definição ou conhecimento de uma equação geradora desses dados. Inicialmente será abordada a interpolação, com destaque as condições de empregabilidade dos procedimentos. Há diferentes formas de realizar a interpolação, tais como, a interpolação linear, a interpolação polinomial, a forma de Lagrange e a forma de Newton. Todas elas são detalhadas na sequência com exemplos aplicativos Os últimos temas envolverão a extrapolação. Nestes casos, será empregado o método dos mínimos quadrados para realizar a escolha da melhor curva que se ajusta aos dados analisados. Exemplos com situações reais e cotidianas serão apresentados ao longo do desenvolvimento dos temas. Que tal iniciarmos assistindo à introdução da professora Celina Jarletti no material online? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Pesquise TEMA 1: Interpolação Interpolar consiste em aproximar uma função desconhecida 𝑓(𝑥) (ou muito complexa), por outra função 𝑔(𝑥) escolhida entre um grupo de funções e que satisfaça algumas propriedades. Normalmente empregam-se funções simples como função linear e funções polinomiais e trigonométricas (senos e cossenos) para a interpolação, por serem funções sempre contínuas no conjunto dos Reais. A interpolação é empregada quando: São conhecidos somente valores numéricos da função para um conjunto de pontos, e é necessário calcular o valor da função em um ponto não tabelado, interior à tabela. A expressão da função em estudo é muito complexa, e operações como diferenciação ou integração são muito difíceis ou até impossíveis de serem feitas. É importantíssimo observar que as técnicas de interpolação são aplicáveis a dados confiáveis, ou seja, normalmente apresentados em apêndices de livros, ou catálogos técnicos onde tenha ocorrido a consideração de uma teoria fundamentada e aplicável aos estudos. Não se aplica a interpolação a dados de algum experimento ou de algum censo ou pesquisa que terão erros inerentes envolvidos nas informações. Conceito de Interpolação: Considerando 𝑛 + 1 pontos distintos de uma tabela, denotados por 𝑥0, 𝑥1, … , 𝑥𝑛 (denominados nós da interpolação) e os valores da função nestes pontos 𝑓(𝑥0), 𝑓(𝑥1),… , 𝑓(𝑥𝑛). A interpolação apresenta uma função 𝑔(𝑥) tal que: 𝑔(𝑥0) = 𝑓(𝑥0), 𝑔(𝑥1) = 𝑓(𝑥1), ... , 𝑔(𝑥𝑛) = 𝑓(𝑥𝑛), ou seja, nos nós de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 interpolação os valores obtidos pela função interpoladora 𝑔(𝑥) são iguais aos valores de 𝑓(𝑥) apresentados na tabela. Isto é representado na figura a seguir. Interpolação Linear. É o processo mais simples de interpolação, e por isto, o mais comumente empregado. Nele, utiliza-se somente dois pontos da tabela de valores para realizar a interpolação, sendo estes dois pontos o imediatamente anterior e o imediatamente posterior ao valor que se deseja interpolar. Os demais pontos da tabela de valores são desconsiderados, o que torna a interpolação linear uma aproximação grotesca porque não analisa características da função 𝑓(𝑥) que podem ser observadas pelos valores de todos os pontos da tabela. A forma para a equação interpoladora 𝑔(𝑥) é a de uma equação de reta passando por dois pontos. 𝑦 − 𝑦1 = 𝑦2 − 𝑦1 𝑥2 − 𝑥1 . (𝑥 − 𝑥1) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Exemplo 1. Considerando a tabela que relaciona a temperatura da água e o calor específico: Calcule o calor específico da água à temperatura de 27ºC. Solução: Os pontos considerados são (25;0,99852) e (30; 0,99826) onde a abscissa representa a temperatura e a ordenada do ponto representa o calor específico. Desejamos calcular o valor do calor específico, então, usando a equação da reta que passa por 2 pontos: 𝑦 − 𝑦1 = 𝑦2 − 𝑦1 𝑥2 − 𝑥1 . (𝑥 − 𝑥1) 𝑦 − 0,99852 = 0,99826 − 0,99852 30 − 25 . (27 − 25) 𝑦 = 0,99852 + (−0,00026) . 2 5 = 0,998416 O valor do calor específico para a água é 0,998416 quando a água está à temperatura de 27ºC. Veja o que a professora Celina Jarletti tem a dizer sobre interpolação linear no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 TEMA 2: Interpolação Polinomial Neste caso, a função interpoladora é um polinômio que tem forma dada por: O grau do polinômio interpolador pode ser menor ou igual a 𝑛 tendo 𝑛 + 1 pontos na tabela de valores, ou seja, se a tabela apresentar 5 pontos (𝑥; 𝑓(𝑥)) poderemos obter polinômio de grau até 4 para a função interpoladora. A interpolação polinomial atende a condição 𝑓(𝑥𝑘) = 𝑝𝑛(𝑥𝑘) 𝑐𝑜𝑚 𝑘 = 0, 1, 2,… , 𝑛 que leva ao sistema, com 𝑛 + 1 equações e 𝑛 + 1 variáveis. { 𝑎0 + 𝑎1𝑥0 + 𝑎2𝑥0 2 +⋯+ 𝑎𝑛𝑥0 𝑛 = 𝑓(𝑥0) 𝑎0 + 𝑎1𝑥1 + 𝑎2𝑥1 2 +⋯+ 𝑎𝑛𝑥1 𝑛 = 𝑓(𝑥1) … … … … … … 𝑎0 + 𝑎1𝑥𝑛 + 𝑎2𝑥𝑛 2 +⋯+ 𝑎𝑛𝑥𝑛 𝑛 = 𝑓(𝑥𝑛) Usando a notação matricial, vem: | 1 𝑥0 … 𝑥0 𝑛 1 𝑥1 … 𝑥1 𝑛 … … … … 1 𝑥𝑛 … 𝑥𝑛 𝑛 | . | 𝑎0 𝑎1 … 𝑎𝑛 | = | 𝑓(𝑥0) 𝑓(𝑥1) … 𝑓(𝑥𝑛) | A matriz dos coeficientes é denominada matriz de Vandermonde, e terá det (𝐴) ≠ 0 desde que os valores de 𝑥𝑘 𝑐𝑜𝑚 𝑘 = 0, 1, 2,… , 𝑛 sejam distintos, o que nos leva a um sistema possível e determinado (solução única). Exemplo 2: Considerando a tabela de valores abaixo, determine o polinômio interpolador de grau ≤ 2 e calcule 𝑝(1). 𝑔(𝑥) = 𝑝𝑛(𝑥) = 𝑎𝑛 . 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1. 𝑥 𝑛−1 +⋯+ 𝑎2. 𝑥 2 + 𝑎1. 𝑥 + 𝑎0 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Solução: Tem-se: 𝑝(𝑥) = 𝑎0 + 𝑎1𝑥 + 𝑎2𝑥 2 = 𝑓(𝑥) Para 𝑥 = −1 tem-se: 𝑎0 + 𝑎1 . (−1) + 𝑎2. (−1) 2 = 4 Para 𝑥 = 0 tem-se: 𝑎0 + 𝑎1. 0 + 𝑎2 . 0 2 = 1 Para 𝑥 = 2 tem-se: 𝑎0 + 𝑎1 . 2 + 𝑎2 . 2 2 = −1 Ou { 𝑎0 − 𝑎1 + 𝑎2 = 4 𝑎0 = 1 𝑎0 + 2𝑎1 + 4𝑎2 = −1 com solução: 𝑎0 = 1; 𝑎1 = − 7 3 ; 𝑒 𝑎2 = 2 3 Então 1 − 7 3 𝑥 + 2 3 𝑥2 = 𝑝(𝑥) é o polinômio interpolador. Calculando 𝑝(1) = 1 − 7 3 . 1 + 2 3 . 12 = − 2 3 = −0.66666… Exemplo 3 A tabela a seguir, apresenta a máxima demanda de energia diária em uma cidade. Determine o polinômio interpolador e estime o consumo na data de 5 de fevereiro Solução: 𝑛 + 1 = 4 (número de pontos da tabela) ∴ 𝑛 = 3 (𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑙𝑖𝑛ô𝑚𝑖𝑜) Polinômio interpolador é: 𝑝3(𝑥) = 𝑎0 + 𝑎1𝑥 + 𝑎2𝑥 2 + 𝑎3𝑥 3 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 As datas devem ser transformadas para não envolver os meses, mas dias do ano, ou seja, 21 de janeiro é o 21º dia, 31 de janeiro é o 31ºdia, 10 de fevereiro é o 41º dia, e 20 de fevereiro é o 51º dia do ano que são os valores de x. Gerando o sistema de equações, vem na forma matricial: | 1 21 212 213 1 31 312 313 1 41 412 413 1 51 512 513 | . | 𝑎0 𝑎1 𝑎2 𝑎3 | = | 10 17 20 14 | Resolvendo o sistema obtém-se: 𝑎0 = 4,522 𝑎1 = −0,579 𝑎2 = 0,0575 𝑎3 = −8,33 . 10 −4 Resultando o polinômio interpolador: 𝑝(𝑥) = 4,522 − 0,579𝑥 + 0,0575𝑥2 − 8,33.10−4𝑥3 Para o dia 5 de fevereiro, (36º dia do ano), com 𝑥 = 36 , resulta uma demanda de energia de 19,33 Mw. Podemos observar que no exemplo 2 a solução do sistema linear foi um processo simples e exato para a obtenção de 𝑝(𝑥). No exemplo 3, também foi possível determinar o polinômio interpolador, porém com maior dificuldade, visto que a matriz de Vandermonde envolve valores elevados e com maior dificuldade para solução do sistema linear. Dependendo do sistema que estejamos resolvendo, a matriz dos coeficientes (Vandermonde) pode ser mal condicionada e nos levar a situações onde não se verifica a definição de interpolação, ou seja, ocorre desigualdade entre valor obtido pelo polinômio interpolador e o valor da função. Analise o exemplo a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Exemplo 4 Considerando os dados da tabela: Resulta o sistema linear: { 𝑎0 + 0,1 𝑎1 + 0,1 2𝑎2 + 0,1 3𝑎3 = 5 𝑎0 + 0,2 𝑎1 + 0,2 2𝑎2 + 0,2 3𝑎3 = 13 𝑎0 + 0,3 𝑎1 + 0,3 2𝑎2 + 0,3 3𝑎3 = −4 𝑎0 + 0,4 𝑎1 + 0,4 2𝑎2 + 0,4 3𝑎3 = −8 Realizando os cálculos com três dígitos e empregando o método de eliminação de Gauss, tem-se como solução: Calculando para 𝑥 = 0,4 obtém-se 𝑝(𝑥) = −8.88 ≠ −8 = 𝑓(𝑥) Sistemas de equações mal condicionados ocorrem quando estivermos trabalhando com valores muito grandes ou muito pequenos. No exemplo acima, ocorreram termos na ordem de 10−3 tais como 0,13 = 0,1 . 0,1 . 0,1 = 0,001 = 10−3. Existem outros procedimentos para determinar o polinômio interpolador. Veremos eles no próximo tema. Entenda melhor a interpolação polinomial assistindo à explicação da professora Celina Jarletti no material online. 𝑝(𝑥) = −0,66 . 102 + 0,115 . 104 𝑥 − 0,505 . 104 𝑥2 + 0,633 . 104 𝑥3 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 TEMA 3: Polinômio Interpolador por Lagrange e por Newton Lagrange nos oferece uma forma alternativa para determinar o polinômio interpolador sem a resolução de sistemas de equações lineares, sendo as incógnitas os coeficientes dos termos do polinômio. Considerando 𝑛 + 1 pontos distintos de uma tabela de valores, escritos na forma (𝑥𝑖; 𝑦𝑖) onde 𝑦𝑖 = 𝑓(𝑥𝑖) e 𝑖 = 0, 1, 2,… , 𝑛. O polinômio interpolador de grau ≤ 𝑛 pode ser escrito sendo: Onde: 𝐿𝑘(𝑥) = ∏ (𝑥−𝑥𝑗) 𝑛 𝑗=0 𝑗≠𝑘 ∏ (𝑥𝑘−𝑥𝑗) 𝑛 𝑗=0 𝑗≠𝑘 Nota: O símbolo ∏ (𝑥 − 𝑥𝑗) 𝑛 𝑗=0 𝑗≠𝑘 denota o produtório dos termos (𝑥 − 𝑥𝑗) sendo 𝑗 o índice que identifica cada valor de x da tabela. Vejamos no próximo exemplo: Exemplo 5 Determine o polinômio interpolador pela forma de Lagrange para a tabela de valores a seguir: 𝑝𝑛(𝑥) = 𝑦0 . 𝐿0(𝑥) + 𝑦1 . 𝐿1(𝑥) + ⋯+ 𝑦𝑛 . 𝐿𝑛(𝑥) = ∑𝑦𝑘 . 𝐿𝑘(𝑥) 𝑛 𝑘=0 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Solução: 𝑝2(𝑥) = 𝑦0. 𝐿0(𝑥) + 𝑦1. 𝐿1(𝑥) + 𝑦2. 𝐿2(𝑥) 𝐿0(𝑥) = (𝑥 − 𝑥1). (𝑥 − 𝑥2) (𝑥0 − 𝑥1). (𝑥0 − 𝑥2) = (𝑥 − 0). (𝑥 − 2) (−1 − 0). (−1 − 2) = 𝑥2 − 2𝑥 3 𝐿1(𝑥) = (𝑥 − 𝑥0). (𝑥 − 𝑥2) (𝑥1 − 𝑥0). (𝑥1 − 𝑥2) = (𝑥 + 1). (𝑥 − 2) (0 + 1). (0 − 2) = 𝑥2 − 𝑥 − 2 −2 𝐿2(𝑥) = (𝑥 − 𝑥0). (𝑥 − 𝑥1) (𝑥2 − 𝑥0). (𝑥2 − 𝑥1) = (𝑥 + 1). (𝑥 − 0) (2 + 1). (2 − 0) = 𝑥2 + 𝑥 6 Calculando 𝑝(𝑥) = 4 . ( 𝑥2−2𝑥 3 ) + 1 . ( 𝑥2−𝑥−2 −2 ) + (−1)( 𝑥2+𝑥 6 ) = 1 − 7 3 𝑥 + 2 3 𝑥2 Observe que os dados utilizados neste exemplo são os mesmos dados do exemplo 2 e o polinômio interpolador resultou na mesma expressão. Verifica-se que a forma de Lagrange é um recurso para determinar o polinômio de interpolação sem a necessidade de resolver um sistema de equações lineares com incógnitas sendo os coeficientes dos termos do polinômio. Forma de Newton Newton apresenta um processo por operador de diferenças divididas para escrever o polinômio interpolador utilizando a forma: Onde os 𝑑𝑖 𝑐𝑜𝑚 𝑖 = 0, 1, . . , 𝑛 são as diferenças divididas (de ordem 𝑖) calculadas por: 𝑑0 = 𝑓(𝑥0) 𝑑1 = 𝑓(𝑥0, 𝑥1) = 𝑓(𝑥1) − 𝑓(𝑥0) 𝑥1 − 𝑥0 𝑑2 = 𝑓(𝑥0, 𝑥1, 𝑥2) = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) − 𝑓(𝑥0, 𝑥1) 𝑥2 − 𝑥0 𝑝(𝑥) = 𝑑0 + 𝑑1. (𝑥 − 𝑥0) + 𝑑2. (𝑥 − 𝑥0). (𝑥 − 𝑥1) +⋯+ 𝑑𝑛(𝑥 − 𝑥0)… (𝑥 − 𝑥𝑛−1) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Exemplo 6 Determinar o polinômio interpolador pela forma de Newton, e calcular 𝑓(1,3). Solução: 𝑑0 = 𝑓(𝑥0) = 1 Cálculo das diferenças divididas de ordem um: 𝑑1 = 𝑓(𝑥0, 𝑥1) = 𝑓(𝑥1) − 𝑓(𝑥0) 𝑥1 − 𝑥0 = 1 − 1 0 − (−1) = 0 1 = 0 𝑓(𝑥1, 𝑥2) = 𝑓(𝑥2) − 𝑓(𝑥1) 𝑥2 − 𝑥1 = 0 − 1 1 − 0 = − 1 1 = −1 𝑓(𝑥2, 𝑥3) = 𝑓(𝑥3) − 𝑓(𝑥2) 𝑥3 − 𝑥2 = −1 − 0 2 − 1 = − 1 1 = −1 Cálculo das diferenças divididas de ordem dois: 𝑑2 = 𝑓(𝑥0, 𝑥1, 𝑥2) = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) − 𝑓(𝑥0, 𝑥1) 𝑥2 − 𝑥0 = −1− 0 1 − (−1) = − 1 2 𝑓(𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = 𝑓(𝑥2, 𝑥3) − 𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝑥3 − 𝑥1 = −1 − (−1) 2 − 0 = 0 2 = 0 Cálculo das diferenças divididas de ordem três: 𝑑3 = 𝑓(𝑥0, 𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) = 𝑓(𝑥1, 𝑥2, 𝑥3) − 𝑓(𝑥0, 𝑥1, 𝑥2) 𝑥3 − 𝑥0 = 0 − (− 1 2) 2 − (−1) = 1 2 3 = 1 6 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 O polinômio interpolador é dado por: 𝑝(𝑥) = 𝑑0 + 𝑑1. (𝑥 − 𝑥0) + 𝑑2. (𝑥 − 𝑥0). (𝑥 − 𝑥1) + 𝑑3(𝑥 − 𝑥0)(𝑥 − 𝑥1)(𝑥 − 𝑥2) 𝑝(𝑥) = 1 + 0(𝑥 − (−1)) − 1 2 (𝑥 − (−1))(𝑥 − 0) + 1 6 (𝑥 − (−1)). (𝑥 − 0)(𝑥 − 1) 𝑝(𝑥) = 1 − 1 2 (𝑥 + 1)𝑥 + 1 6 (𝑥 + 1)𝑥(𝑥 − 1) 𝑝(𝑥) = 1 6 𝑥3 − 1 2 𝑥2 − 2 3 𝑥 + 1 Calculando 𝑓(1,3) = 𝑝(1,3) = 1 6 (1,3)3 − 1 2 (1,3)2 − 2 3 . 1,3 + 1 = −0,3455 Exemplo 7 Utilizando a forma de Newton, determine o polinômio que interpola 𝑓(𝑥) nos pontos dados: Solução: 𝑝(𝑥) = 4 + (𝑥 − (−1)). (−3) + (𝑥 − (−1)). (𝑥 − 0). 2 3 𝑝(𝑥) = 2 3 𝑥2 − 7 3 𝑥 + 1 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Observa-se que a forma de Newton ou das diferenças divididas resultou o mesmo polinômio interpolador já obtido anteriormente para os dados utilizados no problema. Isto leva a conclusão que a forma de Newton e a forma de Lagrange são procedimentos para determinar o polinômio interpolador sem a necessidade de resolução de sistemas de equações lineares. Quer saber mais sobre o polinômio interpolar por Lagrange e por Newton? Assista à explicação da professora Celina Jarletti no material online. TEMA 4: Extrapolação, Regressão ou Ajuste de Curvas A Extrapolação, Regressão ou Ajuste de Curvas é um procedimento empregado quando: É preciso obter um valor aproximado da função em algum ponto fora do intervalo de tabelamento, ou seja, quando é necessário extrapolar. Os valores tabelados provêm de algum experimento físico ou de alguma pesquisa ou censo, que contém erros inerentes, que não sãoperceptíveis e nem possíveis de correção. A ideia é ajustar esta função tabelada a outra função que seja uma “boa aproximação” e que permita “extrapolar” com certa margem de segurança. A escolha da função de ajuste, de regressão ou extrapolação vem da consideração dos dados da tabela que devem ser plotados em uma representação cartesiana que se apresenta como o diagrama de dispersão. Observando o diagrama de dispersão é possível visualizar como os pontos estão dispersos (ou um pouco esparramados) nas proximidades do gráfico da função a ser escolhida como a função de ajuste. Vejamos a tabela do exemplo 8: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 O diagrama de dispersão é dado pela figura: Observando o diagrama de dispersão é natural escolhermos o traçado de uma parábola passando pela origem como a função de ajuste para os dados da tabela. A equação seria 𝜑(𝑥) = 𝛼 . 𝑥2 Exemplo 9: Considerando os dados da tabela a seguir, qual função escolher para o ajuste dos dados a uma equação? Solução: Construindo o diagrama de dispersão: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Analisando a dispersão dos pontos é escolhida uma função exponencial (sempre positiva) e decrescente, cuja equação pode ser escrita como 𝜑(𝑥) = 𝛼1. 𝑒 −𝛼2𝑥. O problema de ajuste de curvas consiste em: dada uma função 𝑓(𝑥) contínua em um intervalo [ 𝑎; 𝑏] com dados representados em uma tabela, e escolhidas as funções 𝑔1(𝑥); 𝑔2(𝑥);… ; 𝑔𝑛(𝑥) todas contínuas em [ 𝑎; 𝑏], determinar 𝑛 constantes 𝛼1; 𝛼2; … ; 𝛼𝑛 de modo que 𝜑(𝑥) = 𝛼1. 𝑔1(𝑥) + 𝛼2. 𝑔2(𝑥) + ⋯+ 𝛼𝑛 . 𝑔𝑛(𝑥) se aproxime ao máximo de 𝑓(𝑥) no intervalo [ 𝑎; 𝑏]. A questão da proximidade pode ser avaliada em valores numéricos através do desvio, que é a diferença entre o valor da função 𝑓(𝑥) e o valor da aproximação 𝜑(𝑥) para todo ponto da tabela de valores. Os resultados para os desvios podem ser positivos ou negativos e poderíamos pensar que cálculos feitos de forma majorada seriam compensados por valores calculados a menor. Esta ideia somente é válida para desvios pequenos em alguma aproximação de ajuste de curva. É compreensível que pontos muito distantes do traçado da curva de ajuste poderiam ter os desvios compensados por outros pontos, porém não teríamos uma curva de “boa aproximação”. O traçado da curva de ajuste deve passar suficientemente próximo de todos os pontos do diagrama de dispersão. Para garantir esta condição, calcula- se o resíduo que é a soma dos quadrados dos desvios de todos os pontos. Quanto menor o valor do resíduo, melhor será a aproximação, ou seja, melhor será o ajuste dos dados a uma curva. Este procedimento é que define o Método dos Mínimos Quadrados. Assim, o resíduo é dado por: 𝑅 =∑|𝑓(𝑥𝑖) − 𝜑(𝑥𝑖)| 2 𝑛 𝑖=1 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Para podermos calcular o resíduo e avaliar se uma função 𝜑(𝑥) é um bom ajuste, é necessário conhecer a equação desta função. Muitas vezes optamos por funções simples (polinomiais, senóides e cossenóides, e exponenciais) que são funções contínuas nos reais. Na sequência serão apresentados procedimentos e exemplos para estes tipos de ajustes, com comparação entre diferentes possibilidades para uma mesma tabela de valores. A professora Celina Jarletti explica melhor o conceito e a aplicação da Extrapolação, Regressão ou Ajuste de Curvas no material online. TEMA 5: Ajuste Polinomial e Outros Considerando a forma polinomial: Pode-se determinar os coeficientes de cada termo do polinômio de grau 𝑛 através da resolução do sistema de equações, denotado na forma matricial: | | 𝑚 ∑𝑥𝑖 ∑𝑥𝑖 ∑𝑥𝑖 2 … ∑𝑥𝑖 𝑛 … ∑𝑥𝑖 𝑛+1 … … ∑𝑥𝑖 𝑛 ∑𝑥𝑖 𝑛+1 … … … ∑𝑥𝑖 2𝑛 | | . | 𝑎0 𝑎1… 𝑎𝑛 | = | | ∑𝑦𝑖 ∑𝑥𝑖. 𝑦𝑖 … ∑𝑥𝑖 𝑛 . 𝑦𝑖 | | Esta formulação geral pode ser empregada para diversas funções tais como na regressão linear (polinômio de primeiro grau), e polinômios de qualquer grau. 𝑝𝑛(𝑥) = 𝑎0 + 𝑎1. 𝑥 + 𝑎2. 𝑥 2 + +⋯+ 𝑎𝑛−1. 𝑥 𝑛−1 + 𝑎𝑛 . 𝑥 𝑛 = 𝑦 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Exemplo 10: Considerando a tabela de dados a seguir, verifique qual das curvas melhor se ajusta aos valores. a) Equação do primeiro grau: regressão linear b) Equação de segundo grau (quadrática) c) Equação do terceiro grau (cúbica) Solução: a) Regressão linear: 𝜑(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏 = 𝑎0 + 𝑎1. 𝑥 Calculando: M = 6 (número de pontos da tabela) ∑𝑥𝑖 = 0 + 1+ 2 + 3 + 4 + 5 = 15 ∑𝑥𝑖 2 = 02 + 12 + 22 + 32 + 42 + 52 = 55 ∑𝑦𝑖 = 0 + 0,7 + 3,2 + 5,3 + 7,8 + 9,3 = 26,3 ∑𝑥𝑖 . 𝑦𝑖 = 0 . 0 + 1 . 0,7 +2 . 3,2 + 3 . 5,3 + 4 . 7,8 + 5 . 9,3 = 100,7 Substituindo vem: | 6 15 15 55 | . ⌈ 𝑎0 𝑎1 ⌉ = | 26,3 100,7 | | 𝑚 ∑𝑥𝑖 ∑𝑥𝑖 ∑𝑥𝑖 2 | . | 𝑎0 𝑎1 | = | ∑𝑦𝑖 ∑𝑥𝑖. 𝑦𝑖 | CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Com solução: 𝑎1 = 1,9971 e 𝑎0 = −0,60952 𝑦 = −0,60952 + 1,9971𝑥 = 𝜑1(𝑥 Calculando o Resíduo: 𝑅1 =∑|𝑓(𝑥𝑖) − 𝜑1(𝑥𝑖)| 2 𝑛 𝑖=1 𝑅1 = |0 + 0,60952| 2 + |0,7 − 1,38758|2 + |3,2 − 3,38468|2 + |5,3 − 5,38178|2 + |7,8 − 7,3788|2 + |9,3 − 9,37598|2 𝑅1 = 1,069033811 b) Regressão para 𝜑(𝑥) = 𝑎0 + 𝑎1. 𝑥 + 𝑎2. 𝑥 2 Utilizando os valores já conhecidos e calculando os ainda faltantes: ∑𝑥𝑖 3 = 03 + 13 +⋯+ 53 = 225 ∑𝑥𝑖 4 = 04 + 14 +⋯+ 54 = 979 ∑𝑥𝑖 2. 𝑦𝑖 = 0 2. 0 + 12. 3,2 +⋯+ 52. 9,3 = 418,5 Substituindo na forma matricial, vem: | | 𝑚 ∑𝑥𝑖 ∑𝑥𝑖 2 ∑𝑥𝑖 ∑𝑥𝑖 2 ∑𝑥𝑖 3 ∑𝑥𝑖 2 ∑𝑥𝑖 3 ∑𝑥𝑖 4 | | . | 𝑎0 𝑎1 𝑎2 | = | | ∑𝑦𝑖 ∑𝑥𝑖 . 𝑦𝑖 ∑𝑥𝑖 2 . 𝑦𝑖 | | CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 | 6 15 55 15 55 225 55 225 979 | . | 𝑎0 𝑎1 𝑎2 | = | 26,3 100,7 418,5 | Resultando para as incógnitas: 𝑎0 = −0,3714 ; 𝑎1 = 1,64 𝑒 𝑎2 = 0,07, e para a função de regressão ou de ajuste: 𝜑2(𝑥) = −0,3714 + 1,64𝑥 + 0,07𝑥 2 Utilizando esta equação, pode-se construir a tabela com os valores em cada ponto. Calculando o Resíduo: 𝑅2 =∑|𝑓(𝑥𝑖) − 𝜑2(𝑥𝑖)| 2 𝑛 𝑖=1 𝑅2 = |0 + 0,3714 | 2 + |0,7 − 1,3386|2 + |3,2 − 3,1886|2 + |5,3 − 5,1786|2 + |7,8 − 7,3086|2 + |9,3 − 9,5786|2 𝑅2 = 0,8797077 c) Regressão para 𝜑(𝑥) = 𝑎0 + 𝑎1. 𝑥 + 𝑎2. 𝑥 2 + 𝑎3. 𝑥 3 | | 𝑚 ∑𝑥𝑖 ∑𝑥𝑖 2 ∑𝑥𝑖 3 ∑𝑥𝑖 ∑𝑥𝑖 2 ∑𝑥𝑖 3 ∑𝑥𝑖 4 ∑𝑥𝑖 2 ∑𝑥𝑖 3 ∑𝑥𝑖 4 ∑𝑥𝑖 5 ∑𝑥𝑖 3 ∑𝑥𝑖 4 ∑𝑥𝑖 5 ∑𝑥𝑖 6 | | . | 𝑎0 𝑎1 𝑎2 𝑎3 | = | | ∑𝑦𝑖 ∑𝑥𝑖 . 𝑦𝑖 ∑𝑥𝑖 2 . 𝑦𝑖 ∑𝑥𝑖 3 . 𝑦𝑖 | | CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Utilizando os valores já conhecidos e calculando os ainda faltantes: ∑𝑥𝑖 5 = 05 + 15 +⋯+ 55 = 4425 ∑𝑥𝑖 6 = 06 + 16 +⋯+ 56 = 20515 ∑𝑥𝑖 3. 𝑦𝑖 = 0 3. 0 + 13. 3,2 +⋯+ 53. 9,3 = 1831,1 Substituindo na forma matricial, vem: | 6 15 55 225 15 55 225 979 55 225 979 4425 225 979 4425 20515 | . | 𝑎0 𝑎1 𝑎2 𝑎3 | = | 26,3 100,7 418,5 1831,1 | Resultando para as incógnitas: 𝑎0 = −0,05 ; 𝑎1 = 0,17 ; 𝑎2 = 0,88 𝑒 𝑎3 = −0,11 e para a funçãode regressão ou de ajuste: 𝜑3(𝑥) = −0,05 + 0,17𝑥 + 0,88𝑥2 − 0,11𝑥3 Utilizando a equação acima, pode-se construir a tabela com os valores em cada ponto. Calculando o Resíduo: 𝑅3 =∑|𝑓(𝑥𝑖) − 𝜑3(𝑥𝑖)| 2 𝑛 𝑖=1 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 𝑅3 = |0 + 0,05 | 2 + |0,7 − 0,89|2 + |3,2 − 2,93|2 + |5,3 − 5,41|2 + |7,8 − 7,67|2 + |9,3 − 9,05|2 𝑅3 = 0,203 Comparando as três equações de ajuste através dos resíduos tem-se: Observa-se que o resíduo da terceira equação foi menor que das demais equações utilizadas. Quanto menor a resíduo, melhor será o ajuste da equação aos dados da tabela. Neste caso, o polinômio dado por 𝜑3(𝑥) = −0,05 + 0,17𝑥 + 0,88𝑥 2 − 0,11𝑥3 é a melhor equação de ajuste, e é a escolhida para estimar valores dentro e fora da tabela de valores. No material online a professora Celina Jarletti explica melhor o ajuste polinomial. Não deixe de assistir! Trocando ideias Está com alguma dúvida sobre o conteúdo? Não perca tempo e entre em contato com o nosso tutor. Ele sempre está disponível para ajudá-lo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Na Prática Em quais momentos a interpolação e a extrapolação são utilizadas na prática engenheira? Confira a resposta da professora Celina no material online. Síntese E assim terminamos a aula de hoje. Nela, vimos várias técnicas para a interpolação e a extrapolação (ou ajuste de curvas). Estes procedimentos são de emprego frequente na Engenharia. É importante lembrar que interpolação requer dados de procedência confiável e somente avaliam valores internos ao intervalo da tabela. Já a extrapolação ou ajuste de curvas podem ser empregados com dados com erros inerentes para estimar valores internos e além da tabela de dados. Pronto para assistir as considerações finais da professora Celina Jarletti sobre os tópicos abordados nesta rota? Acesse o material online! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Referências RUGGIERO, M.A.G. e LOPES, V.L.R. Cálculo Numérico, Aspectos Teóricos e Computacionais. 3ª ed. São Paulo: Pearson, 2014. BURDEN, R.; FAIRES, J. Douglas. Análise numérica. São Paulo: Pioneira, 2003. BURIAN, R., HETEM JUNIOR, A. Cálculo Numérico. Rio de Janeiro: LTC, 2007 CASTANHERIA, N. P; ROCHA, Alex; MACEDO, Luiz Roberto Dias de. Tópicos de Matemática Aplicada. Curitiba: InterSaberes, 2013 FRANCO, N. B. Cálculo Numérico. São Paulo: Pearson, 2006. LEITHOLD, L. O Cálculo e Geometria Analítica Vol.1. São Paulo: Harbra, 1986. RUGGIERO, M.A.G. e LOPES, V.L.R. Cálculo Numérico, Aspectos Teóricos e Computacionais. 3ª ed. São Paulo: Pearson, 2014. SPERANDIO, D. Cálculo Numérico. 2ª ed. São Paulo: Pearson, 2014.