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Cemitério de San Cataldo

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Aldo Rossi 
Cemitério San Cataldo 
Módena, Itália 
Trabalho da disciplina de Introdução ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo 
Maio/2018 
O Arquiteto 
 
 
Aldo Rossi foi um arquiteto, designer e teórico da arquitetura italiano. Nascido 
em 1931, em Milão, iniciou em 1949, logo aos 18 anos, o curso superior de 
arquitetura na Universidade Politécnica de Milão. Formou-se em 1959. 
 Naquele período havia na Europa a necessidade de reconstrução das cidades 
afetadas pela Segunda Guerra Mundial, e estava em evidência o movimento 
modernista, com o uso de novas tecnologias de construção, particularmente o vidro, o 
aço e o concreto. Aldo acreditava que as novas construções modernistas destoavam 
da arquitetura das cidades europeias, e era, portanto, grande crítico do movimento. 
Entendia que a identidade coletiva das cidades deveria prevalecer sobre aquela do 
indivíduo e que a funcionalidade dos edifícios mudava com o tempo. Seria então 
necessária a criação de obras que se adaptassem a tais mudanças, e não se tornassem 
obsoletas. Fazia, em suas obras, uso de formas geométricas simples, de influência 
clássica. 
 Inicialmente sua carreira profissional era dedicada à teoria da arquitetura e ao 
desenvolvimento de pequenas construções, mas no final da década de 60 começa a 
participar da concepção de grandes projetos. Torna-se extremamente influente nas 
décadas de 70 e 80 devido ao conteúdo de seu livro A Arquitetura da Cidade (1966), 
e recebe o Prêmio Pritzker em 1990 pelo projeto do Museu Bonnefanten. Morre em 
1997 em decorrência de um acidente automobilístico. 
 Na arquitetura, estão entre suas obras de destaque o Cemitério de San Cataldo 
(Modena, Itália), o Museu Bonnefanten (Maastricht, Holanda), o Teatro del Mondo 
(Veneza, Itália) e o Edifício Quartier Schützenstrasse (Berlin, Alemanha). No design 
industrial Aldo buscava inspiração para suas criações em construções, e era notável 
sua paixão por cafeteiras. Já na literatura, suas principais publicações foram A 
Arquitetura da Cidade (1966) e Autobiografia Científica (1981). 
 
O Projeto 
 
 O projeto elaborado por Aldo Rossi foi feito em colaboração com Gianni 
Braghieri, e consiste na expansão do cemitério já existente, construído no século 
XIX, e é por vezes também chamado de Cidade dos Mortos ou Casa dos Mortos. A 
obra é considerada um dos primeiros trabalhos pós-modernistas na arquitetura, ainda 
que Aldo negasse fazer parte do movimento. 
 Ganhador de um concurso para a elaboração do projeto, Aldo acreditava na 
representação de tipologias e traduções do passado, teorias básicas argumentadas em 
seu livro A Arquitetura da Cidade, de 1966. O projeto foi reformulado em 1976, 
antes do início da construção, em 1978. No entanto, apenas uma parte do conjunto de 
edifícios foi concluída seguindo as intenções iniciais do arquiteto. 
 Ao cemitério já existente Rossi juntou um segundo pátio, igualmente cercado 
por longas galerias que assentavam em pórticos, com dois ou três pisos e que 
continham os nichos para as urnas cinerárias. No interior desta ampliação ficava um 
conjunto de elementos que se organizavam axialmente. No centro ficavam os 
ossuários lineares, repetidos paralelamente de forma a inscreverem-se num triângulo. 
Rematando o eixo, uma construção em forma de cubo que continha o sacrário dos 
mortos em guerra – um grande bloco com uma série de perfurações, desprovido de 
janelas e telhado – e, no lado oposto, um cone que tapava a fossa comum e constituía 
o culminar do percurso através das galerias dos ossuários. Estas galerias aumentam 
de altura em direção ao cone e são rematados e contidos por um elemento de maior 
dimensão, em forma de U. 
 Considerado uma obra religiosa, o cemitério de Rossi pode ser visto 
esteticamente como mais ou menos atraente, mas o importante é que o arquiteto 
milanês consegue encontrar uma maneira de fazer arquitetura metafísica, onde o 
visitante é confrontado com a ideia da morte inevitável. 
 
Análise de forma e espaço 
 
Aldo é vítima de um acidente anteriormente à concepção do projeto, e 
enquanto hospitalizado reflete sobre a ideia de que seu corpo é um conjunto de 
fragmentos a serem unidos novamente. Este conceito mostra-se presente no projeto, e 
é percebido tanto na linha central de nichos que levam ao cone das covas comuns, em 
distribuição simétrica que remete à coluna humana ou ainda a um esqueleto humano 
em repouso; como nas “janelas” e “portas” do ossuário principal, que parecem 
fragmentar a construção. Certas projeções de luz através destas aberturas contra as 
estruturas metálicas no interior criam ainda um jogo de sombra e luzes que remete 
novamente à ideia de fragmentação. 
A linha triangular central de nichos que leva ao cone evoca, de certa forma, a 
ideia de ascensão, e pode ser vista certa semelhança com o conceito de ascensão das 
pirâmides egípcias. A vista superior desta combinação de triângulo e cone remete 
ainda à imagem da Virgem Maria, e pode-se ir mais longe ao dizer que a semelhança 
com a estrutura óssea de um peixe remete ao Ichthus, um dos símbolos mais antigos 
do Cristianismo. Desta forma a disposição das estruturas estaria em ressonância com 
as tradições religiosas Cristãs inerentes à cultura local. 
O prédio onde fica o ossuário dos mortos em guerra, em forma de cubo, parece 
refletir, de forma forte e constante, a solidez, a grandeza, a inevitabilidade e o 
repouso da morte. Suas aberturas parecem, ao ligar o interior ao exterior, exibir-nos 
nossa fragilidade; como a morte não pode ser confinada e pode alcançar-nos por 
diversos caminhos. Essas mesmas aberturas forçam-nos ainda a enxergar a morte, a 
contemplá-la, ainda que por pequenos orifícios. Esta construção, isolada do restante 
dos nichos, causa a sensação de abandono, de ruína e decadência, ou ainda de 
esquecimento; de maneira a fazer-nos contemplar novamente a relação da morte com 
estes sentimentos. No interior, quando observamos do chão a abertura superior, 
forma-se com as barras metálicas que sustentam as plataformas uma imagem que traz 
à mente uma prisão; como a dizer-nos que não podemos evitar a morte, a lembrar-
nos, novamente, de sua iminência e inevitabilidade. 
Há ainda no local um conceito remoto de um campo de concentração pelo qual 
Aldo foi criticado quando da concepção do projeto, especialmente pela semelhança 
do cone com as chaminés de crematórios daqueles locais. Esse pensamento força-nos 
novamente a contemplar o horror da morte ao pensar em situações nas quais diversas 
vidas terminam abruptamente. 
Outra ideia presente é a de “democratização” da morte. A Cidade dos Mortos 
assemelha-se de certa maneira a um conjunto de apartamentos, a um verdadeiro 
“condomínio”; e a ausência de sepulturas diferenciadas, a forma como todos os 
ossuários apresentam-se iguais uns aos outros, mostra-nos como todos perecemos 
igualmente. 
O conjunto parece por vezes confuso, e reflete nossa perplexidade e falta de 
compreensão perante a morte. Diferente de cemitérios tradicionais que trazem a 
noção de paz e descanso, a obra de Aldo Rossi causa grande impacto psicológico ao 
levar-nos a debates internos desagradáveis, mas de grande importância para o 
entendimento de nossa própria finitude.

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